Na última noite da temporada Aprendendo a Rezar, Luiza Brina reuniu duas sacerdotisas da canção como ela para transformar um conjunto de orações em uma missa à música. Ao lado de Iara Rennó e Josyara, ela passou por músicas de seu terceiro álbum Prece, que será lançado neste mês de abril, e por rogos escritos pelas duas convidadas, harmonizando cordas e vocais de três mulheres fortes de nossa música de forma sublime. A noite começou e terminou com a mesma canção, a prece “Oração 18”, que ela apresentou na terceira noite da temporada no Centro da Terra, e que será lançada ainda esta semana. Um desfecho divino.
A produtora e musicista Lorena Hollander conduziu o público que foi ao Centro da Terra nesta terça-feira em uma jornada interior. Apesar de apontar para o satélite natural do planeta ao batizar o espetáculo de seu projeto Ushan como Ao Redor da Lua, ela mergulhou em uma jornada interior dividida em três partes. Na primeira delas, entre apitos e um kotô, ela foi acompanhada pelo baixo de Samuel Bueno e pela bateria de Martin Simon e apresentou a paisagem sideral no cenário ao mesmo tempo em que conduzia o público para uma introspecção lisérgica que misturava baixo e bateria de rock psicodélico a beats, distorções digitais e mantras vocais ao timbre peculiar do instrumento asiático. Depois entrou numa viagem de improviso ao lado da convidada da noite, Sue, que trouxe sua guitarra e seus processadores sonoros para duelar com o kotô e os processadores de Lorena, em um improviso intenso. A terceira e última parte trouxe Samuel e Martin de volta ao palco, quando a líder da noite nos conduziu pelo momento mais expansivo e intenso da noite, entre efeitos e uma cimitarra na cabeça. De deixar todos perplexos.
Adoro quando essas coincidências acontecem. Conversei faz tempo com a Lorena Hollander, autora do projeto Ushan, sobre a possibilidade de fazermos uma apresentação no Centro da Terra e entre datas que vão e voltam, conseguimos acertar o espetáculo para o dia 19 de março – sem perceber que esse dia marcava justamente o fim do ano astrológico e de um ano regido pela lua! Seu projeto musical é regido por nosso satélite e o nome Ushan também faz referência à Lua, inspiração também para o disco Banho de Lua, de 2022, e o clipe “Lunar”, cuja equipe ela reuniu para esta celebração no Centro da Terra. Misturando música brasileira, música eletrônica e rock, a apresentação contará com Lorena tocando o instrumento asiático koto, além da guitarra, sintetizadores e voz, que ainda reuniu o baixista Samuel Bueno, o baterista Martin Simon, o cenógrafo Cleverson Salvaro, as projeções de Carol Costa e a luz de Morim Lobato, além de contar com a participação especial da Sue, tocando guitarra e disparando samples. O espetáculo Ao Redor da Lua começa pontualmente às 20h e os ingressos estão à venda neste link.
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“Pra viver junto é preciso viver só, pra gente se encontrar”, incitando o público a cantar o refrão da inédita “Oração 18”, que faz parte de seu Prece, rosário em forma de disco que lança em abril, e que será lançada como single na semana que vem, a mineira Luiza Brina resumiu a força tanto de sua temporada no Centro da Terra, quando apresentou-se pela terceira vez dentro de Aprendendo a Nadar, quanto de seu novo momento artístico, quando aproximou-se de outros artistas para somar forças e criar algo coletivo, ciente das respectivas individualidades. Desta vez ela chamou o carioca Castello Branco e o alagoano Batataboy e os três criaram momentos únicos, Castelo sempre ao violão, Batataboy entre o piano e o contrabaixo e Luiza entre o violão e o contrabaixo, os três entrelaçando vocais sem pausas entre as canções desde o primeiro dedilhado que abriu o show, parando só na citada última música, que recebeu todos os aplausos da casa. “Pra andar junto é preciso poder andar só, pra gente caminhar”, caminha Luiza!
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Foi bem bonito o encontro inédito que o baterista Pedro Fonte e a violonista Tori apresentaram nessa terça-feira, no Centro da Terra. Os dois reuniram seus repertórios e se acompanharam no espetáculo O Instante do Derretimento, em que o carioca e a sergipana puderam entrelaçar instrumentos, cantos e canções acompanhados do baixista baiano Toro. A apresentação ainda contou com a aparição surpresa do trombonista Antônio Neves – que também tocou trompete no show -, formalizando uma novidade que parecia já ter anos de convivência. Que sigam essa jornada juntos!
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Nesta terça-feira, no Centro da Terra, a sergipana Tori e o carioca Pedro Fonte fundem o repertório dos discos que lançaram no ano passado (respectivamente Descese e Late Night Light) no espetáculo intimista O Instante do Derretimento, em que tocam seus instrumentos – guitarra e bateria – enquanto passeiam por suas canções, acompanhados do baixista Toro e com uma atração surpresa. A apresentação começa pontualmente às 20h e ainda há ingressos à venda neste link.
Linda linda a segunda apresentação que Luiza Brina fez de sua temporada Aprendendo a Rezar no Centro da Terra. Dessa vez acompanhada apenas de seu violão e da MPC conduzida pelo produtor de seu próximo disco, Charles Tixier, ela descortinou canções inéditas emendando uma na outra, borrando o final de uma com o começo da outra apenas com seu belo violão, que casa perfeitamente com sua voz tocante. Tixier, por sua vez, em vez de simplesmente disparar samples e trechos da orquestra que os dois reuniram para acompanhar a cantora mineira em seu álbum vindouro, optou por uma versão minimalista, tocando percussões sintéticas que apenas ajudavam a criar uma calma macia o suficiente para Brina deixar suas canções deslizar.
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A casa cheia nesta terça-feira foi conduzida para outras dimensões a partir do violão e do alaúde de Juliano Abramovay. Sua pesquisa musical que contempla a mescla entre música brasileira e músicas do leste do Mediterrâneo no espetáculo Amazonon teve diferentes nuances a partir dos músicos convidados. Seja sozinho no palco ou com alguns de seus parceiros, ele ia modelando o clima da noite à medida em que recebia novos instrumentistas no palco, seja a excelente cozinha formada pelo baixista Ricardo Zoyo e o baterista João Fideles, o clarinete hipnótico de João Barisbe (com quem gravou o disco Aló no ano passado), a voz transcendental de Yantó, os sopros do catalão Oscar Antoli (que revezou-se entre o clarinete e o balcânico kaval) e, meu momento favorito da noite, o cello e a voz da holandesa Chieko. A condução de Juliano, que pontuava ocasionalmente as peças instrumentais (parte de sua autoria, parte alheia), esbarrava em sua natureza de professor de conservatório, dando uma dimensão ainda maior à viagem no tempo e espeço que proporcionou aos presentes.
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Nesta terça-feiro, no Centro da Terra, o violinista Juliano Abramovay, um dos fundadores do grupo Grand Bazaar, apresenta a nova versão do seu projeto de encontrar pontos em comum entre a música do leste do Mediterrâneo, especificamente Grécia, Turquia e Oriente Médio à musicalidade brasileira. Morando há quatro anos na Holanda, ele aprofundou esta pesquisa no período em que fez seu mestrado em música turca na Conservatório de Rotterdam, onde leciona atualmente, e segue seu doutorado em etnomusicologia na Universidade de Durham. Para esta apresentação no Centro da Terra, ele reúne músicos como o baixista Ricardo Zoyo, o baterista João Fideles, os sopros de Oscar Antoli, a voz e o cello de Chieko, o clarinete de João Barisbe e a voz de Yantó, dando vida a esta nova fase de sua criação. O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos podem ser comprados neste link.
Delicada e didática, Luiza Brina começou sua temporada Aprendendo a Rezar no Centro da Terra nesta primeira segunda de março explicando tanto o conceito de seu próximo disco, Prece, que disse que sairá ainda no mês que vem, gravado com uma orquestra composta por 22 mulheres, quanto da própria ideia que faz para o conceito de oração, título de cada uma das vinte faixas que comporão o novo trabalho. Para a primeira noite, veio sozinha para o palco, de violão e peito abertos, para demonstrar músicas de outros autores que lhe fazem as vezes de conexão com o sublime, uma vez que, a princípio sem religião, entendeu que sua crença está na própria música. Assim, ela passeou por canções de ídolos nacionais (como Seu Humberto do Maracanã, Vander Lee, Caetano Veloso, Alzira E e versões deslumbrantes para “Estrela” e “Eu Preciso Aprender a Só Ser” de Gilberto Gil) e latino-americanos (como Edgardo Cardozo, Jorge Drexler e Silvana Estrada), além de cumprimentar seus contemporâneos como Luiza Lian, Luizga, Flávio Tris e Castello Branco (que vai passar pela temporada) para demonstrar o que quer dizer quando chama uma canção de prece. Foi bem bonito.
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