Carnaval em Floripa?

, por Alexandre Matias

Daqui um mês é carnaval e esse ano a gente já tem uma ideia do nível de acabação que vai ser. Mas resolvi dar início aos trabalhos mominos de maneira recatada, ecoando o carnaval do centro de Florianópolis, capital do estado mais reacionário do país mas que resiste na marra à tragédia pesada que se abate em nossos tempos. Eis que surge o herói indie Fabio Bianchini, o eterno superbug, com seu projeto pessoal Gambitos mais uma vez celebrando esses quatro (cinco? seis?) dias de farra na singela e ingênua marchinha “Hercílio Luz”, que será lançada só no fim do mês mas que ele antecipa em primeira mão no Trabalho Sujo. Ouça abaixo:

“É uma fábula romântica que se passa no carnaval no centro de Florianópolis, que tem o componente da repressão, sempre à espreita”, me explica Bianchini por Whatsapp. “É uma maneira de lidar com a esperança e com essa ameaça que está sempre ali, em qualquer circunstância. O tempo que a gente vive tem um certo romantismo ingênuo e a esperança também é uma coisa ingênua , mas que combina com o negócio da marchinha, que acaba remetendo a um romantismo idealizado. Óbvio que eu sei do tamanho do carnaval de Florianópolis, que é doméstico se comparado ao vários carnavais do Brasil, mas é temos um componente de resistência e adequação política, um pouco como a vida”, ri. “A gente tem que celebrar, estar vivo e estar respirando. É uma celebração, uma fábula, mas também um alerta.” “Hercílio Luz” será lançada em fevereiro, num EP em que Fabio reúne outras faixas que fez nos carnavais destes anos pandêmicos que atravessamos.

Trivia: é a segunda vez que a velha ponte que liga a ilha ao continente é eternizada num título de canção – a primeira vez foi graças ao floripalagoano Wado, no disco Atlântico Negro, de 2009.

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