Friendly Fires – “Hawaiian Air”
Já o disco novo do Friendly Fires, batizado candidamente de PALA, já está circulando por aí. O Camilo até escreveu um post sobre o clipe que eles fizeram pra uma das primeiras musicas que apareceram online, “Live Those Days Tonight”, como combustível para aquele debate sobre internet x DJ do YouPix, que acabou resvalando na nostalgia de uma pista de dança do passado.
Friendly Fires – “Live Those Days Tonight”
E aproveitou para linkar uns vídeos velhos, feitos nos Quadrant Park, em Liverpool, em 1990
Foto: revistapix
Camilo continua o papo que a Claudia começou, que virou assunto no YouPix e coluna minha no Estadão:
Hoje, os DJs “profissionais” não tem mais o monopólio da novidade e dos recursos para montar e executar uma seleção de músicas (culpa, respectivamente, da internet e das novas tecnologias de software e hardware). Ao mesmo tempo, conseguir mobilizar uma galera para ir numa festa via Facebook passou a ser quesito valioso. E ter o playlist certo para ferver seus amigos na pista também, tipo festinha em casa. Acabam caindo no óbvio. Representam meio que uma volta ao tempo onde o DJ era meio jukebox.
Ele segue lá no Bate-Estaca.
A minha coluna no Caderno 2 foi sobre o debate sobre música eletrônica e redes sociais que mediei no YouPix, semana passada.
O DJ e a internet
Redes sociais e vida noturna
No dia 2 de abril, a colunista do C2+Música Claudia Assef publicou o artigo A Música Eletrônica Cresceu Demais?, em que comentava que os hábitos noturnos de São Paulo haviam mudado e como a noite paulistana havia deixado de se importar com música. Conversando com Facundo Guerra, empresário da noite e dono de casas como o Lions e o Vegas, ela ouviu que “os clubes já não são mais templos de música. São extensões das redes sociais, ponto de encontro. O cara vai na boate pra encontrar aquela menina que ele cutucou no Facebook. A música virou trilha de fundo”. E com as redes sociais, o artigo correu sozinho pela internet, gerando comentários acalorados e discussões enfurecidas.
Foi o suficiente para que a publicitária Lalai Luna, que também produz festas, resolvesse entrar na discussão, incentivando-a. Lalai estava na curadoria de uma das áreas do festival YouPix, que cresce ano após ano e que pode ter fôlego para disputar com a Campus Party o título de principal evento de cultura digital do País. E resolveu convidar algumas pessoas para continuar a discussão iniciada nas páginas do caderno. Além da Claudia e de Facundo, Lalai também participou da mesa e chamou a blogueira e produtora de festas Flávia Durante, o produtor e publicitário Bruno Tozzini e o jornalista e DJ Camilo Rocha e este nada modesto missivista para mediar a mesa. O título da discussão era propositalmente polêmico – As redes sociais estão matando a música eletrônica? –, mas o debate fugiu de rusgas fáceis e a discussão chegou a alguns pontos interessantes, que resumo aqui.
Sim – a noite virou uma extensão das redes sociais. As pessoas estão realmente mais interessadas em “reencontrar” pessoalmente os amigos com quem passaram o dia conversando, seja no Twitter, via Gtalk, no Facebook ou pelo MSN. E não é que as pessoas deixaram de se interessar por música, mas é que elas querem ouvir músicas que já conhecem, daí um fenômeno recente – de uns dez anos para cá – do frequentador que pede música para o DJ, algo considerado profano nos tempos em que o DJ era o soberano da noite. Talvez isso ocorra porque as pessoas estão ouvindo menos rádio e encontram, na noite, uma alternativa à zona de conforto que era o rádio em seus dias de glória.
Acontece que o DJ está perdendo a importância vertical que tinha sobre a pista – algo que afetou qualquer área que tenha sido invadida pela internet. Do mesmo jeito que as indústrias da música, do cinema, dos games, das notícias, entre outras, a cultura noturna também foi afetada pela horizontalização imposta pela rede. Agora é hora de aprender a lidar com isso para seguir a história.
Já já tou no YouPix de novo, pra mediar um papo sobre como a internet matou (matou?) a música eletrônica como nicho de uma galerinha só:
* 19:00 – 20:00 > AS REDES SOCIAIS ESTÃO MATANDO A MÚSICA ELETRÔNICA? (música)
A música eletrônica não é mais nicho. Ganhou público, mas, dizem os puristas, perdeu sua essência. Resultado disso é a superlotação das pistas dos principais clubes de São Paulo, com público mais interessado no local como ponto de encontro transformado em uma extensão das redes sociais do que como um ambiente pra ouvir boa música. Alexandre Matias (Vida Fodona e Trabalho Sujo) tem a missão de pilotar uma mesa que conta com a presença de Facundo Guerra (empresário da noite, dono dos clubes Vegas e Lions, e dos bares Carniceria Z e Volt), Claudia Assef (DJ, autora do livro Todo DJ Já Sambou, diretora de conteúdo do Vírgula, colunista do Estadão), Flavia Durante (editora dos sites Trip e TPM, DJ e ativista cultural), Camilo Rocha (DJ e editor do Vírgula Música), Lalai Luna (publicitária, produtora de festas e DJ) e Bruno Tozzini (publicitário e produtor de festa).
Bora?
Camilo foi gente boa ao chamar essa nova música do Digitalism de “indie”. Eu achei só fuleira mesmo. E uma banda com uma estréia tão promissora… Que pena.
Digitalism – 2 Hearts” (MP3)
E por falar no Camilo, ele resolveu “atacar de DJ” (huahuahua) online e nos brinda com seu podcast, em que pergunta, logo na abertura: “Deixei essa primeira edição, meio Beta ainda, só com música, sem voz. Devo falar nas próximas, só no comecinho? Ainda não decidi, o que você acha?”. Acho massa tu assumir a influência do Vida Fodona, valeu aê, hahahahaah. Olha o que ele emenda na primeira edição do Podtudo:
Benga- “Zero M2”
Nôze + Wareika – “Exodus”
Criolo – “Subirudoistiozin”
The Waitresses – “I Know What Boys Like”
The Hundred In The Hands – “Lovesick”
Télépathique – “All Your Lovers”
Primal Scream – “Movin’ On Up”
Eric Clapton – “I Shot The Sheriff (Dj Disse Re-Work Edit)”
Gil Scott-Heron & Jamie XX – “The Crutch”
Crystal Fighters – “At Home (Fusty Delights Remix)”
Benoit & Sergio – “Principles”
Marlow – “Put Off”
Raw Silk – “Just In Time And Space (Dub)”
Staple Singers – “Respect Yourself”
A Noise, o Camilo e o Bruno me entrevistaram sobre a festinha do sábado que, olha, não é por nada não… Mas tudo indica que vai ser sinistro.
Ao contrário do abre-alas do novo disco, “Gasoline”, pinçada pelo Camilo, desequilibra pro bem.
O primeiro Top 75 com músicas de 2011 tem a capa assinada pelo mestre Camilo.
Falando no Camilo, ele volta ao Screamadelica, do Primal Scream, que viu ser lançado em clássica resenha da Bizz há vinte anos:
Levadas blues-soul a la Exile On A Main Street (Jimmy Miller, produtor desse clássico dos Stones, faz parte do time de Screamadelica), dub subaquático, jazz transcedental a la Sun Ra, trips PinkFloydianas, ambiências de Brian Eno, pisadas de house, beats de hip hop, coros gospel, discurso de Jesse Jackson, frases de Kraftwerk: o álbum tinha tudo isso e mais.
O texto faz parte da nova coluna que ele criou em seu blog, chamada DNA, que é uma espécie de Discoteca Básica de seu universo pop. Camilo, na minha nada humilde opinião, é um dos três nomes que mais me influenciaram como autor (os outros dois eu nunca sei quem são) e tê-lo como amigo há mais de quinze anos é prova de que ambos estamos certos em nossos rumos paralelos.
Mas loas aside, ao que tudo indica, corremos o risco de assistir ao Screamadelica ao vivo ainda este ano, no Brasil.
Será?
Dedos cruzados.