On the run 99: K-bootie, por DJ Masa

É o gênero musical que a Gente Bonita apresenta hoje, em nova festa, a K-Pop. O nome entrega: como o J-pop é o pop japonês, o k-pop é o pop que se ouve na Coréia. A pequena diferença é que a base do K-Pop tem mais a ver com a dance music deste lado do planeta e pode fazer a ponte entre oriente e ocidente através da pista de dança. Para inaugurar a festa OK Pop, hoje no Lab, chamamos o DJ paraense Masa, que já é um astro do lado de lá do mundo (graças à internet, veja a matéria que saiu com ele em uma revista da Cingapura aí em cima) e aos poucos começa sua carreira aqui no Brasil. E além dele, a Gente Bonita também toca na festa, que ainda tem a presença do coletivo Hang the DJ e do compadre Camilo Rocha. Separei um set do Masa aí embaixo, sente o nível:

K-bootie, por DJ Masa (MP3)

“Lolliphone 2” (Big Bang vs. Lady Gaga) (MV)
“Run Up Run” (Girls’ Generation vs. Muse)
“Try To Say Aha” (2NE1 vs. Santigold)
“Wanna A Rude Boy” (KARA vs. Rihanna)
“Yours and I” (Park Bom vs. Jason Mraz)
“We Walk Because Of You” (After School vs The Ting Tings)
“Smooth Criminal Is Coming” (Rain vs. Michael Jackson)
“Because I’m Beautiful” (SS501 vs. Akon)
“One At A Time” (TaeYang vs. Justin Bieber)
“Sorry, Smells Like Easy Ding Dong” (U-KISS vs. SHINee vs. Super Junior vs. Nirvana) (MV)
“Burning Abracadabra” (Brown Eyed Girls vs. 2NE1 vs. Sean Kingston)


DJ Masa – “K-Pop in a G6”

Cinco anos de Gente Bonita!

Há cinco anos desmereciam o mashup como moda passada, nicho geek ou um jeito fácil de remixar uma música, quando começamos a erguer a bandeira do gênero no Brasil. Em setembro de 2006, no falecido Bar Treze, em frente à Faap, tinha início uma nova era da noite paulistana, quando os brasilienses Luciano Kalatalo e Alexandre Matias juntaram suas forças para mudar o jeito de se fazer festa. Era um tempo em que indies só ouviam new rock e indie rock, manos só ouviam hip hop, dance music era coisa de playboy e roqueiros dançavam fazendo air guitar. A norma da noite era a cara fechada, o ar blasé, virar o rosto se alguém tivesse tirando foto. Em nossas jornadas noturnas por aquela São Paulo pré-Vegas, reclamávamos dessa segregação, um jeito xiita de olhar pra música.

Crescemos em Brasília, nascemos em 1975 e fizemos parte de uma geração que descobriu rock clássico ao mesmo tempo em que o rock brasileiro, a MPB, o indie rock (“guitar”, era como nos referíamos na época), a soul music, a música eletrônica e o hip hop. Estávamos lá quando o Technotronic, o New Order, os Beastie Boys e o Nirvana destruíram as barreiras entre gêneros e hierarquias entre músicos, não-músicos,
produtores e popstars. Essa bagagem cultural não nos permitia viver em uma cidade que não se permitia a troca de músicas.durante a noite.

Foi por isso que erguemos a bandeira do mashup. Se dois gêneros conviviam na mesma música, óbvio que conviveriam numa mesma festa. E aos poucos a noite de São Paulo foi sendo mudada. A começar pelo nome da festa, Gente Bonita Clima de Paquera, que ia de encontro a todos os nomes em inglês e metidos a sério que existiam nas festas da época.

Fora a experimentações sonoras: fomos palco para a primeira discotecagem séria de muita gente boa que hoje seguiu seu próprio rumo, como Dani Arrais, do Don’t Touch My Moleskine, o DJ Goos além dos primeiros nomes do mashup brasileiro, que tocaram pela primeira vez em São Paulo em duas Gente Bonita: João Brasil e André Paste.

Cinco anos depois, a noite de São Paulo é outra. As pessoas sorriem quando dançam, o carão acabou, flashes pipocam na frente de meninas fazendo gracinhas pra câmera, indie rock, hip hop, música brasileira e techno convivem em pistas de danças espalhadas pela cidade, as festas assumiram a diversão, os DJs abriram a cara, a noite de São Paulo ganhou o toque de frescor das velhas festas na Asbac no início dos anos 90.

Mas seguimos mudando e a primeira novidade dos 5 anos de Gente Bonita, é a festa OK Pop, que engloba um novo gênero – o K-Pop, pop produzido na Coreia que mashup tudo que a gente conhece com tudo que eles conhecem do outro lado do mundo. E pra mostrar que distâncias não são barreiras, trazemos para a primeira festa o DJ Masa, principal DJ brasileiro de K-Pop, que mora em Belém (!) mas já tocou mais de uma vez para coreanos. Engrossando o caldo da noite, a Gente Bonita ainda recebe o mestre Camilo Rocha e os compadres da Hang the DJ – ampliando os horizontes da GB sem perder suas principais características: as melhores músicas do mundo e as melhores músicas pra dançar. Venha se acabar conosco nessa sexta, no Lab, na Augusta. E ver o início da nova fase de perto.

Londres 2011: Don’t panic

O que fazer caso você seja fotografado num tumulto:

  • Não entre em pânico. Fotos não são necessariamente provas. Só porque eles tem uma foto borrada de você, não significa que saibam quem você é.
  • Não se entregue. A polícia se aproveita da pressão psicológica de saber que eles tem sua foto para convencê-lo a “se apresentar” quando eles não sabem quem você é nem têm provas contra você.
  • Não ache que só porque você se reconhece numa foto, um juiz conseguirá fazer o mesmo. “Esse não sou eu” já livrou a cara de muita gente.
  • Se livre de todas as roupas que estava usando na manifestação… incluindo seus sapatos, sua bolsa e quaisquer jóias chamativas que você possa ter.
  • Seja discreto por um tempo. A polícia estará procurando em outras manifestações por pessoas que estão na sua lista de procurados.
  • Pense em mudar sua aparência. Corte o cabelo, pinte, use barba, use óculos.
  • Deixe sua casa limpa. Livre-se de latas de spray, coisas relacionadas à manifestação, textos e fotos comprometedoras no celular. Não facilite para eles, mantendo drogas, armas ou qualquer coisa ilegal em casa.
  • Tenha muito cuidado com quem você fala sobre isso. Admita seu envolvimento apenas com pessoas em quem confia de verdade. Cuidado com o que você fala na internet.
  • Tente controlar os nervos e o pânico. Ficar esperando aquela batida na porta pode ser extremamente estressante. Mas você precisa tentar levar a vida da maneira mais normal possível. Se não logo estará cumprindo pena.
  • Tradução de um panfleto distribuído pelas ruas de Londres. Vi no Camilo.

    Festa nova do Camilo!

    Quando o Camilo tá no comando de algo não precisa nem pensar duas vezes pra saber se é bom. E é assim que ele inaugura mais uma festa, a I Feel Love, que ele faz acontecer no Teatro Coletivo, ali na Consolação. Além dele, também tocam na noite de sábado o Bo$$ in Drama e o Pedro Dubstrong, dono do set abaixo, que dá um climão de como vai ser a noite proposta pelo compadre Camilo. Ele dá mais coordenadas sobre a festa no Bate-Estaca – além de dar as dicas pra conseguir entrar sem pagar.


    DJ Dubstrong – “Live@Groovelicious 2011

    Chegar chegando: Analógico/Digital – Alexandre Matias x Camilo Rocha

    E aí, ansiedade? Taquicardia? Disforia? Irritabilidade? Insônia? Náusea? Hipertensão? Até consigo imaginar os sintomas da síndrome de abstinência do Trabalho Sujo. O site só volta à ativa de fato na próxima segunda, dia 10, mas já nessa quinta-feira começo a matar as vontade pessoalmente, quando coordeno a primeira Analógico/Digital sem os meninos do Veneno Soundsystem. E sempre que a minha versão da festa ocorrer, acontecerão duelos – o primeiro deles, pra chegar chegando, é com ninguém menos que o bróder e mestre Camilo Rocha, que chega pra dividir os discos comigo, na primeira vez que discotecamos juntos. Quem fez o flyer foi o compadre Jairo. E se você quiser ir sem pagar nada, deixa seu nome e email aí nos comentários que até às 19h da própria quinta eu te aviso se dá pra você entrar no Alley na faixa. Bora lá?

    Analógico/Digital | Alexandre Matias x Camilo Rocha
    Quinta-feira, 7 de julho de 2011
    Alley Club: Rua Barra Funda, 1066. Barra Funda. São Paulo. Telefone: 3666-0611
    A partir das 23h
    Preços: R$ 30,00 de entrada (entrada gratuita das 23h às 0h com apresentação do cupom disponível no site do Alley – ou com nome na lista, comente esse post e deixe seu email para contato posterior)

    Quanto custam os ingressos nos EUA – e seus preços em reais

    Os números são da Pollstar, a lista foi feita pelo Digital Music News e a conversão em reais foi feita pelo Camilo:

    1. Paul McCartney R$ 231,52
    2. Cher, R$ 208,48
    3. Roger Waters, R$ 199,73
    4. Neil Young, R$ 173,26
    5. Rod Stewart, R$ 172,72
    6. Shen Yun Performing Arts R$ 170,94
    7. Stevie Nicks R$ 167,81
    8. Janet Jackson R$ 167,38
    9. Eagles R$ 161,63
    10. Lady Gaga R$ 160,12

    Tim Maia Racional Disco Club

    E essa pérola que o Camilo descolou? Tim sorriria.


    Jus’ Bros (a.k.a Paulo Jardim & Martin Dawson) – “The Truth

    Tron + Atari + Globo

    Sério, vocês não têm idéia do que eram os anos 80.

    Flashback do Camilo.

    E na marcha da liberdade de sábado, quem vai?

    Enquanto isso, a boa de sábado é ver o que vai acontecer na marcha da liberdade que foi proibida pela justiça (há uma poesia bizarra e triste nessa frase). Os organizadores dão as coordenadas para quem quer se defender de possíveis ataques, o Camilo dá dez motivos para ir à marcha e a Ana linka o manifesto da esquerda festiva para quem quiser entrar no clima.

    Marcha da Maconha em São Paulo: essa história só começou


    Foto: Folha

    Kassab, seu sem vergonha, o busão está mais caro que a maconha

    Cheguei em cima da hora no debate de sábado lá no Sesc e o Mesac estava contando que havia pego o maior trânsito para chegar no local, enquanto a Daniela já havia ligado pra dizer que iria se atrasar, pois estava no meio de uma confusão na avenida Paulista. Era a Marcha da Maconha. Mas não dava pra ter noção que tinha sido assim:

    Ricardo Galhardo, no Ig:

    Um grupo de manifestantes foi negociar com a PM. O capitão Del Vecchio deu prazo de 10 minutos para que a pista fosse desobstruída mas três minutos depois ordenou uma nova carga da Tropa de Choque.

    Até então não havia confronto. Os manifestantes continuavam marchando pacificamente pela avenida aos gritos de “eu sou maconheiro com muito orgulho, com muito amor“ ou “ão, ão, ão liberdade de expressão”. Quando os ataques da PM se intensificaram, já no final da avenida, perto da rua da Consolação, alguns responderam jogando garrafas de vidro. A reportagem contou três garrafas atiradas pelos manifestantes. Nenhum policial ficou ferido.

    Bombas e tiros foram disparados contra quem estava nas calçadas. O repórter do iG foi ferido nas costas por estilhaço de uma bomba de efeito moral quando estava na calçada. O repórter Fabio Pagotto, do “Diário de S. Paulo”, foi atropelado pela moto do tenente Feitosa e agredido por outros policiais quando tentou reclamar. O tenente se desculpou dizendo que a moto da Polícia Militar estava sem freio.

    Grupos conservadores
    A tensão começou ainda na concentração. Enquanto os manifestantes pró-maconha se reuniam no vão livre do Masp, um grupo de 25 manifestantes pertencentes às organizações conservadoras União Conservadora Cristã, Resistência Nacionalista e Ultra Defesa esperavam do outro lado da avenida, na frente do Parque Trianon.

    Eles foram revistados pela PM, que também checou os documentos para saber se algum deles tinha passagem pela polícia. Embora rejeitem os rótulos de skinheads ou neonazistas, quase todos tinham os cabelos raspados. Alguns exibiam tatuagens com suásticas, a cruz pátea (ou cruz de ferro) e outros símbolos nazistas como a caveira com ossos cruzados usada pela SS, a tropa de elite de Aldolph Hitler.

    “Não somos skinheads nem neonazistas. Somos conservadores. Alguns tiveram experiências na juventude e por isso têm tatuagens mas começaram a estudar a teoria conservadora e evoluíram. Alguns são carecas porque praticam jiu-jitsu”, explicou Antonio Silva, da Resistência Nacionalista.

    Quando mais de 700 manifestantes pró-maconha (segundo a PM, ou 1.500 segundo a organização) iniciaram o protesto, eles marcharam em fila até o vão livre do Masp e se posicionaram com cartazes contra as drogas.

    Apesar das orientações de ambas as partes para que não houvesse confronto, foi uma questão de minutos até que integrantes dos dois grupos partissem para a provocação. A situação quase saiu de controle quando o vendedor Bruno Leonardo, vestindo terno preto e óculos escuros, chamou os conservadores de egoístas.

    Os manifestantes anti-maconha começaram a gritar de forma ameaçadora “fora CQC”, confundindo o vendedor com os apresentadores do programa humorístico da Band.

    “Não era o CQC? Putz! Que mancada”, admitiu Antonio Silva.

    A situação se acalmou quando a marcha saiu pela avenida Paulista aos gritos de “ei, polícia, maconha é uma delícia” ou “onha, onha, onha, eu quero debater”, ou ainda “ei Plínio Salgado (líder integralista brasileiro morto em 1975) fume um baseado”.

    Quando a Tropa de Choque partiu brandindo os cassetetes nos escudos no encalço dos manifestantes, os conservadores foram ao delírio gritando “fora maconheiro, fora maconheiro”.

    Acionada por meio da assessoria de imprensa, a PM não respondeu por que a ação foi violenta, por que jornalistas foram agredidos e por que o tenente Feitosa usava uma moto sem freio.

    Camilo, no Bate-Estaca:

    Outro dia, ouvi uma tiazinha reclamando sobre a “inversão de valores” dos dias de hoje.

    Bom, eu vou falar sobre uma inversão de valores de dar tontura. É uma cena que resume bem o que foi a tarde deste sábado (21) em São Paulo, quando a PM paulistana avançou com bombas, balas de borracha e cacetetes para cima dos manifestantes da Marcha da Maconha.

    Pois enquanto a PM “cumpria seu dever”, agredindo fisicamente cidadãos que exerciam seu direito à expressão e manifestação, skineads neo-nazis aplaudiam a cena. Tipo torcida mesmo.

    Não era para ser o contrário? Não era para o fascista, aquele que abomina a diversidade de opinião e a sociedade plural, ser não o perseguido pelo cassetete, porque também não queremos isso, mas aquele que vive envergonhado, cochichando suas ideias rasteiras pelos cantos escuros?

    Mas não. No dia 21 de maio de 2011, em São Paulo, o fascista andou de cabeça erguida, peito cheio e muito à vontade, muito feliz com o que estava vendo.Não é o caso de entrar aqui no mérito da legalização, da descriminalização, do mal que a maconha pode fazer. Isso é assunto para outro (s) texto(s).

    Porque na Marcha da Maconha, a maconha é só um detalhe. O que se pede é algo bem mais amplo e que afeta quem fuma e quem não fuma: liberade de escolha e de expressão.

    Se o ex-presidente FHC (do mesmo partido do governador do Estado) pode participar de um filme que defende uma nova política para as drogas, por que os mais de mil participantes da marcha não podem sair na rua e também pedir mudança?

    Doente está uma sociedade e um governo que impedem cidadãos de dizerem o que pensam em público. E impedem com truculência e agressão.

    E linka o vídeo:

    Meu olho está vermelho é de gás lacrimogênio”, diz o Sakamoto, que emenda o PS:

    Ao trazer uma opinião dos organizadores da Marcha da Maconha nesta sexta, afirmei que a discussão não é apenas sobre como a sociedade encara o consumo de drogas tidas como ilícitas, mas também quais os limites para a liberdade de expressão. Pois não é compreensível que o Estado garanta a segurança de pessoas que protestem contra a sexualidade alheia e desça o cacete em quem defende um ponto de vista diferente sobre o consumo de maconha. Presenciando as cenas de hoje, acho que meu comentário foi bastante premonitório.

    O Torturra separou umas fotos

    E manda:

    Eu arrisco dizer que havia duas mil pessoas marchando pela Paulista. A causa não era mais a legalização da maconha, exatamente. Era um protesto pelo direito de pedir a legalização da maconha. Uma planta de inequívocas propriedades medicinais, industriais e e dona de uma amistosa psicoatividade. Eis todo o problema. Psicoatividade. Que, para mim, mostra o que está por trás dessa tarde de sábado: consciência. E o que fazer para alterá-la. Aos fatos:

    Análises médicas do gás lacrimogênio indicam que ele causa danos ao fígado e ao coração. Também é indutor de anomalias genéticas em células mamárias (aka câncer de mama). Quando metabolizado, o gás CS deixa traços de cianureto no corpo humano… coisas assim. Fatos que duvido que conste nas cartilhas de formação de um PM como o Cap. Del Vacchio (no mesmo sábado, 93 novos soldados ganharam seus espadins, gaba-se o único tweet do dia do @pmesp). Ou nos calhamaços dos exmos. juízes do TJ. Duvido que a toxidade do gás lacrimogênio conste no repertório do médico Geraldo Alckmin, hoje governador de São Paulo. Mas foi essa a substância que a Força sobre seu comando atirou, em pleno sábado de sol, em gente indefesa, pelas costas, por discordar de uma lei – o que apenas circulavam por São Paulo na hora errada.

    A troco de que? O parecer do desembargador Teodomiro Mendes é claro: “o evento que se quer coibir não trata de um debate de ideias, apenas, mas de uma manifestação de uso público coletivo de maconha, presentes indícios de práticas delitivas no ato questionado, especialmente porque, por fim, favorecem a fomentação do tráfico ilícito de drogas (crime equiparado aos hediondos)”.

    Sim, eu vi gente acendendo baseados na marcha. Imediatamente reprimidos pelos próprios participantes que, em grupo, falavam que “não era a hora”. Toda a argumentação que vi na Marcha é em torno de um debate de ideias que, invariavelmente, aponta para a extinção do tráfico (“equiparado aos crimes hediondos”) através do cultivo legal de canabis (equiparado à jardinagem).

    Sim, eu vi gente sendo presa na marcha. Ninguém por porte de drogas. Apenas por distribuir um jornal, e debater ideias, chamado “O Anti-proibicionista”, feito pelo coletivo DAR. A polícia não deu satisfações aos jornalistas que questionavam o motivo da prisão. Tive uma escopeta (com balas de borracha, suponho) apontada para mim quando tentei me aproximar para fotografar um dos membros do coletivo indo em cana.

    E o repórter da Folha apanhou da polícia. Pesado:

    Diz a Falha de S. Paulo, do Lino:

    Menos de 24 horas antes de seu começo ela foi proibida pela Justiça — o nobre magistrado entendeu que, se você quer discutir a lei, na verdade você faz apologia. A marcha estava pacífica. Mais: foi fechado um acordo com a polícia para que não fosse usada a palavra “maconha” e a passeata foi renomeada para passeata pela Liberdade de Expressão. “Eu estava lá quando esse acordo foi fechado, foi feita assembleia na frente de todo mundo. E tudo o que foi combinado com a polícia foi cumprido, mas de repente a Tropa de Choque chegou na avenida Paulista jogando bomba e gás lacrimogêneo”, conta à fAlha Alexandre Youssef, um dos amigos presente ao ato. “Não há justificativa alguma para o que a polícia fez. Não se pode impedir a discussão. Alguém tem que responder por isso”, comentou à fAlha o também amigo –e jornalista– Bruno Torturra.

    E o Pedro Alexandre também esteve por lá:

    Tudo são flashes na lembrança, mas o público a priori me pareceu diferente do da semana passada, bem ali do lado, na avenida Angélica, o churrascão a favor do metrô na “sofisticada” (e aparentemente pacata) Higienópolis. Parecia ter uma cor mais “roots” a passeata de hoje, não tenho certeza. Mas ela vinha estranhamente depressa, rápida demais.

    De slogans de manifestação, só consegui ouvir um, bastante agressivo: “Ei, polícia! Maconha é uma delícia”. “Xi, estão belicosos”, pensei. Mas a explicação foi quase simultânea. A tropa de choque vinha no encalço da turma. Jogando bombas.

    Vão falar que eram bombas de efeito moral, bombas que não matam ninguém, bombas que só fazem verter lágrimas amargas, bombas de licor narcótico permitido pela “lei”. Não importa. Tá, sou burguesinho aqui em São Paulo, mas nunca antes na história deste país (e deste Pedro) eu tinha ouvido uma bomba de gás lacrimogênio estourar do meu lado.

    O efeito que teve, para mim, foi de uma BOMBA. Uma. Duas. Três. Quatro. Cinco. Seis. Sete. Oito. Depois da primeira bomba explosão que ouvi, lançada na Consolação ainda acima da Maceió, a turma começou a correr. A passeata virou São Silvestre, amarga São Silvestre.

    A tropa de choque ultrapassou em um segundo o ponto onde eu estava, eles sabem perfeita e calculadamente dispersar uma multidão, se assim o quiserem. E eu continuei descendo a Consolação a pé. Até chegar na altura da rua Maria Antônia, ouvi no mínimo oito explosões de BOMBA. Tá, de gás para chorar, éter, lança-perfume, loló, droguinha legalizada pelo e para o poder público. Para mim eram BOMBAS. Cheguei a lacrimejar – mas essas lágrimas não foram nada perto das que já me tinham brotado nos olhos (e na esquina da Maceió), assim que comecei a entender o que estava acontecendo.

    Será que essa história vai ficar por aí? Será que não era o caso de aproveitar toda aquela animação do #churrascãodiferenciado? Nem a novela nova do SBT sobre a ditadura conseguiu produzir imagens tão fortes quanto essas da polícia do Alckmin (mentira, o beijo da Vendramini foi altos)… Isso é só truculência, não dá pra ficar só assistindo.

    Afinal de contas, a rua é de todo mundo.