Domingo agora completo mais um verão ao redor do sol e pra exorcizar o fim do inferno astral, convidei o chapa e mestre Camilo Rocha pra experiência coletiva transcendental que é a Noite Trabalho Sujo – e se você sabe da importância de Camilo para a pista de dança brasileira, pode recolher seu queixo do chão. No repertório, clássicos instantâneos e o obscuros, pérolas impensáveis e hits óbvios de todas as épocas – a trilha sonora perfeita para se acabar de dançar numa noite fria dum verão paulistano. Para chegar lá, basta seguir as dicas que estão tanto no site do Alberta e quanto na página do evento no Facebook – e os nomes para a lista de desconto podem ser enviados para o email noitestrabalhosujo@gmail.com até às 20h. Chega mais pra me dar os parabéns!
E que tal um set só de Pink Floyd? É o que nos propõe o Peter Kruder, da dupla Kruder & Dorfmeister indicado pelo Camilo…
A última encarnação do Link que comandei (em sentido horário a partir da esquerda): eu, Camilo, Thiago, Murilo, Vinícius, Carol, Filipe e Tati. sdds glr :~
Minha coluna de despedida da edição do Link. A coluna segue no caderno, toda segunda, mas desde a sexta-feira passada eu não frequento mais os corredores do sexto andar do prédio ocre perto da ponte do Limão na Marginal Tietê. Foi foda – saio com dorzinha no peito por perder determinadas convivências diárias, mas com a sensação de dever cumprido. Depois eu escrevo mais sobre isso…
Jornalismo, tecnologia, web e o que eu tenho a ver com isso
Sou feliz de trabalhar com quem trabalhei
Foi num jornal diário que comecei minha carreira e tomei gosto pelo jornalismo. A redação em que diferentes egos e perspectivas conversam e se chocam é um ambiente fantástico, circo-hospício seríssimo. Os assuntos mais pedestres trombam com as Grandes Questões da Humanidade, tudo correndo contra o relógio do fechamento, segundos contados para terminar o texto, chegar a foto, tratar a imagem, exportar a arte, pensar na página.
A primeira redação em que trabalhei tinha acabado de aposentar as máquinas de escrever e as trocado por PCs, mas não havia e-mail nem internet. Filmes eram revelados. Fumava-se na redação. Parece Mad Men, mas era 1994.
Lembro do primeiro PC com acesso à internet na redação, abandonado na sala de produção, ao lado dos computadores com matérias das agências de notícias, faxes e até uma máquina de telex. Eu era o único jornalista que me dedicava mais do que meia hora online, fuçando sites, listas de discussão e e-zines, antes de ter acesso à web em casa. Não à toa instiguei o próprio jornal a ter sua própria página na rede, ainda em 1996.
Mudei para a redação do jornal concorrente e tornei-me editor do caderno de cultura no mesmo ano em que o Napster popularizou o MP3. Foi quando percebi que internet não era só tecnologia – era cultura. Que baixar MP3 era o primeiro indício da transformação que o meio digital trazia. Não era só uma forma nova de “consumir cultura”, mas uma nova camada de experiência que atravessaria nosso cotidiano em breve.
E aconteceu: vieram os blogs, o Google cresceu, depois o YouTube, as redes sociais e o celular passou a acessar a internet. Passei por outras redações e cheguei a esta do Estadão no mesmo ano em que Steve Jobs mostrou seu iPhone. Novamente num jornal diário, mas o digital se impunha: fatos podiam ser checados online, fontes e personagens podiam ser descobertos em redes sociais, repórteres mandavam informações por celulares, todo mundo tinha e-mail, uma parte (pequena) da redação tinha blog. Ainda havia a máquina de fax e não era possível fumar no computador, mas ainda havia o fumódromo.
Quando comecei no Link, ainda editor-assistente, era relativamente fácil separar quem cobria que área no caderno. Mas os assuntos se misturaram e, ao ser promovido a editor em 2009, implodimos essas barreiras. Como passamos a escrever tanto para um caderno semanal quanto para um site diário – em vez de separar quem é do impresso com quem é do online. A mesma equipe também assumia o caderno em outras plataformas, que experimentou com as redes sociais antes do próprio jornal ter suas contas. Falamos do Twitter, do Marco Civil, do Facebook, da pirataria política e de impressão 3D antes de esses assuntos entrarem na pauta brasileira.
Mas a melhor coisa nestes cinco anos e meio de Link, que terminam nesta edição (estou deixando o Estadão esta semana) foi estar junto a pessoas ótimas, amigos dispostos a encarar desafios e a aprender, sempre de bom humor. Pessoalmente é a principal dívida que tenho com o jornal: ter trabalhado com pessoas tão fodas que vocês conhecem pelo nome e sobrenome, mas que me refiro como amigos – Filipe, Tati, Camilo, Murilo, Carol, Vinícius, Thiago, Helô, Carla, Rafa, Fernando, Ana, Fred, Rodrigo, Bruno, Ju, Lucas, Gustavo, Marcus. Juntos, transformamos não apenas o suplemento de tecnologia em um caderno central para o jornal como aceleramos a mudança na cobertura de tecnologia no Brasil. Além de termos aprendido e nos divertido muito, neste processo.
Quis o destino que meu último Link viesse na mesma semana em que o primeiro jornal que trabalhei acabou; o Diário do Povo, de Campinas, parou de circular no primeiro domingo deste mês. Mas isso não significa que o impresso irá acabar – estamos começando a ver uma transformação bem interessante no que diz respeito ao jornalismo, à tecnologia e, claro, à cultura humana. Vamos ver o que virá.
Saio da redação, mas sigo nestas páginas. A Impressão Digital segue aqui, toda segunda. Foi muito bom, aprendi muito. E não se esqueçam: só melhora.
Essa eu tou devendo linkar aqui há um tempão: Camilo mostrou o que aconteceu com a Alicia Keys depois que o Jamie Xx deu um trato nela… Ficou foda.
Já até toquei esse edit num Vida Fodona outro dia desses, mas vale chamar atenção para o trato que o catarinense Binho CA deu para um dos grandes hits dos Titãs. O groove de “Comida”, primeiro single do inacreditável Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas, é posto em um loop interminável (baixo slap e bateria seca, aquele groove bem Prince) que tem suas guitarras Talking Heads postas em primeiro plano, até o ataque do teclado fantasma. Binho acerta lindamente ao retirar o vocal e deixar a melodia presa àquela frase rítmica daquela flauta peruana sintetizada. Quando o vocal de Arnaldo Antunes finalmente surge – quase um eco – a música já incendiou a pista.
É de se pensar quantas músicas dos Titãs nos anos 80 mereceriam um tratamento minimal. Dica fodaça do Camilo.
E pra começar o domingo, vamos de Johnny Jewel – o cabeça dos Chromatics, pai de um dos melhores discos de 2012 – fazendo aquilo que sabe melhor: criando aquele climinha pra não se fazer nada além de se espreguiçar entre os lençóis. Dica do Camilo, setlist abaixo.
OEsquema em dose dupla nessa terça-feira. No Rio, eu e o Bruno estaremos nos bastidores do Prêmio Multishow desse ano que ajudamos a redesenhar – os shows começam às 21h45 pela emissora fechada, mas nós iremos acompanhar de perto a discussão do Super Júri (formado por André “Cardoso” Czarnobai, André Forastieri, André Midani, Katia Lessa, Marcelo Castello Branco, Miranda, Pablo Miyazawa, Pedro Seiller, Ricardo Alexandre, Roberta Martinelli e Sarah Oliveira), que será transmitida integralmente pela internet.
Já em São Paulo, o bom e velho Camilo Rocha representa OEsquema na inauguração de mais um novo blog da casa – o Pense Livre, uma rede de discussão sobre a política em relação às drogas estréia seu canal de contato com o grande público a partir de um evento que acontece agora à noite, no Itaú Cultural, em São Paulo. Camilo já fazia parte do grupo antes mesmo de entrar para OEsquema, no ano passado, e foi ele quem fez a ponto entre nosso site a rede em si, cujo blog trará novidades do mundo todo sobre como diferentes países tratam a questão da legislação em relação às drogas. O evento também será transmitido online a partir das 19h30 pelo próprio site do Pense Livre nOEsquema.
Aparentemente, os dois eventos não têm muita relação – como se o parentesco com OEsquema fosse apenas genético pois alguns integrantes publicam no site. Mas, juntos, começamos a mostrar que, mais do que falar de programas de TV, modinhas de internet, bandas semidesconhecidas e links legais, estamos, todos (blogueiros e leitores, vocês também têm sua parcela de culpa) ampliando o horizonte do público brasileiro, trazendo novos assuntos, temas e pontos de vista e subindo o nível da discussão numa hora crucial para o país.
E o Camilo que linkou esse encontro fantástico entre o promissor Todd Terje e a lenda viva Bryan Ferry?
Muito bom.
E por falar no Terje, o Camilo já havia falado do remix que ele fez pra “Love is the Drug” (o que, só por cogitar mexer com tal material, já demonstra responsa), mas eu não tinha ouvido ainda… Sente o drama:
É infame, mas eficaz. Vi lá no Camilo.