Acompanho a cena independente do interior de São Paulo desde que comecei a trabalhar em jornal e foi com muita satisfação que recebi o convite para participar da primeira Febre, uma conferência musical que reúne shows e debates em diversos lugares de Sorocaba, a 100 quilômetros de São Paulo e começa nessa sexta 24. Minha participação acontecerá na conferência sobre novas mídias e converso com o compadre Camilo Rocha, com mediação do jornalista local Felipe Shikama.
O convite veio de Peu, que atua como produtor musical há dez anos e cultural há cinco, como parte do coletivo sorocabano Rasgada. Ele me contou que está há dois anos amadurecendo o conceito do evento: “Fui pro SXSW ano passado depois de assistir a um doc sobre ele onde mostrava o começo de tudo em 87 e vi que existiam muitas similaridade Austin de 87 com a Sorocaba de agora. Daí resolvi fazer um formato parecido com o que rolou lá.”
“Não posso falar muito pelo interior todo, mas sei que Sorocaba é uma das cidades do interior onde mais surgem artistas de todas as vertentes e, com certeza, é a que mais recebe show autoral. Estamos com uma secretaria de cultura que, pela primeira vez, abriu diálogo com os artistas locais e com o Sesc que é super parceiro dos coletivos e produtores da cidade. A cena aqui cresce a passos largos e, agora, começa a se profissionalizar”, explica.
Peu quer que o Febre seja anual: “Assim as pessoas, aos poucos, vão se apropriando e a coisa começa a ficar digna de ser chamada de festival”. Além da mesa que participo, outras atrações incluem Marcelo Yuka, Cidadão Instigado, Pedra Branca, Boogarins, Jair Naves, Wry, Single Parents, Sombra, Charme Chulo, Inky, entre outros. A programação completa pode ser vista no site do festival.
O pioneiro projeto de lei sobre legislação digital finalmente passou na Câmara dos Deputados depois de quatro anos desde sua concepção, mas mesmo ainda faltando ser aprovado pelo Senado para tornar-se uma nova forma de encarar a internet à luz da justiça, já é um senhor avanço. O Marco Civil da Internet começou como uma alternativa à Lei Azeredo, que punia os infratores de “crimes digitais” e chegava, em suas versões mais extremas, a exigir que qualquer um para se conectar à internet tivesse que digitar o CPF para acessar à rede (além dos cobrar que os provedores de acesso – servidores ou lan houses – guardassem os acessos de seus usuários por pelo menos seis meses). Não por acaso foi rotulado de “AI-5 digital”, devido à quantidade de restrições que impingia à rede.
A mudança de lógica começou com uma consulta pública proposta pelo Ministério da Justiça sobre o que realmente deveria tratar um projeto de lei – e assim foi lançado um site em que as pessoas poderiam palpitar nos principais temas relacionados ao assunto. Dei o assunto na capa do Link há exatamente quatro anos, em março de 2009, e por um bom tempo, o Link foi o único veículo na mídia tradicional a dar atenção ao tema, acompanhando o parto que foi chegar a um consenso sobre uma série de assuntos sem criar leis ou punições que diferenciavam quem cometesse alguma infração dentro e fora da rede. Nossa cobertura no Link aos poucos fez o projeto de lei ganhar vulto e vimos a discussão sendo aprofundando a partir do acompanhamento que fazíamos, mas foram as revelações feitas por Edward Snowden no ano passado – que os EUA vigiavam seus próprios cidadãos e estrangeiros pelo mundo através da internet – que o processo foi acelerado. O trabalho do deputado Alessandro Molon foi crucial para que o projeto conseguisse ser aprovado – principalmente após tirar o fardo imposto pelo PMDB que travava um dos principais pontos do projeto de lei, a neutralidade de rede.
O trabalho que comecei no caderno de cultura digital do Estadão há quatro anos rendeu bem e hoje vejo com orgulho, Tatiana de Mello Dias na Galileu e o Murilo Roncolato no Link, sob a batuta do atual editor do caderno, Camilo Rocha, darem uma verdadeira aula de cobertura sobre o tema além de frisar de forma didática o que é informação do que é desinformação. Os três foram da minha equipe no Link e tomaram consciência da importância deste tema a partir da cobertura que lá fizemos. Confirma os textos do Murilo e da Tati que explicam detalhadamente a importância do tema, são claros e bem elucidativos. E se ler tá difícil, o Marco Gomes desenhou via Twitter:
Mas ainda temos chão pela frente e o Senado é a próxima parada antes de termos a legislação mais moderna e avançada no que diz respeito à internet no mundo. Claro que no meio do caminho ainda veremos o aumento do jogo de desinformação (como o desserviço que foi esta entrevista no Jornal da Record ou as vítimas desse tipo de análise enviesada reunidas neste tumblr Sabe de Nada, Inocente) e vamos voltar a ouvir falar em asneiras como “controle de mídia”, “cubanização” ou “o fim do Facebook”.
É preciso ter calma, afinal quanto mais perto algo está de ser mudado, mais quem vai sofrer esta mudança esperneia e grita. E isso não diz respeito somente a este tema, como vocês já devem ter percebido…
Domingo depois do carnaval e aquela leseira caiu como uma luva pra Sussa passada que juntou os beats sossegados do velho compadre Camilo Rocha e a performance acústica – sem microfones, em pleno quintalzinho do Neu – do Giancarlo Ruffato, que além de folks de sua autoria, ainda cantou músicas do Erasmo, do Roxette e do Raça Negra. Saca os vídeos que fiz abaixo e as fotos que a Natália fez pra gente, logo abaixo:
Giancarlo Ruffato – “It Must Have Been Love”
Mais uma SUSSA no Neu pra começar de vez 2014 depois de um carnaval apoteótico. O show da noite fica por conta do curitibano Giancarlo Ruffato que traz seu indie folk pra fechar o domingo, enquanto a tarde, além das discotecagens de Alexandre Matias, Babee, Danilo Cabral e Klaus Kohut ter o mestre Camilo Rocha como DJ convidado pra dar o tom vespertino. O clima fica ainda mais no jeito graças aos já clássicos Kod Burgers, do Bruno Alves. É um outro jeito de você terminar o fim de semana, sem tédio nem sacrifício – ócio e preguiça usados do jeito certo.
Vamos lá?
SUSSA – Tardes Trabalho Sujo
Domingo, 9 de março de 2014
A partir das 16h20
Show: Giancarlo Ruffato
DJ convidado: Camilo Rocha
DJs: Danilo Cabral, Babee, Alexandre Matias e Klaus Kohut
Neu Club
Rua Dona Germaine Burchard, 421. Água Branca. (mapa)
Telefone: 3862-0481
Aceita os cartões MasterCard, Visa, Diners
Ingresso: R$ 15 (com nome na lista pelo email noitestrabalhosujo@gmail.com) e R$ 20 (sem nome na lista)
As comemorações do meu aniversário começaram suave com a sexta em que dividi as picapes com o Camilo na Noite Trabalho Sujo do Alberta. Foi demais, como dá pra sacar pelas fotos do Bira, logo abaixo.
Janeirão, verão à toda e sempre que o ano começa eu, anfitrião das Noites Trabalho Sujo, decido comemorar seu aniversário em grande estilo. Pois repito a dobradinha feita no início de janeiro do ano passado para celebrar mais uma volta ao redor do sol chamando o bróder e mestre CAMILO ROCHA para derreter pernas e quadris de tanto dançar sem tirar o sorriso da cara da pista. Groovezeira de todas épocas, gêneros e idiomas selecionadas especialmente para tornar a melhor sexta-feira de São Paulo num paraíso temporário, daqueles que a gente perde a noção do tempo. Você sabe como chegar lá – todas as informações estão tanto no site do Alberta #3 quanto na página do evento do Facebook – e pra mandar nomes para a lista de desconto, basta enviá-los pelo email noitestrabalhosujo@gmail.com até às 20h. Vambora, que o finde promete!
O Tahira chamou alguns Bixiga 70 pra dar um trato na clássica “Toda Menina Baiana”, que o Gil lançou no final dos anos 70, e olha só como ficou…
Dica do Camilo.
Camilo manda avisar que vem aí o disco de remixes de The Next Day, o álbum que David Bowie lançou de supetão no início do ano para provar que ainda estava vivo – e a primeira luz a vir deste álbum é o remix feito por James Murphy, o antigo dono do LCD Soundsystem, que estica “Love is Lost” por dez minutos, sampleando “Ashes to Ashes”, do próprio Bowie, e “Clapping Music”, do Steve Reich. Sente só:
Plágio é exagero, mas a base de “Get Lucky” parece ter vindo desse exercício guitarrístico chamado “Robot Dance”, do guitarrista coreano Zack Kim.
Compara com a original aí embaixo.