“I’m going back to New York City, I do believe I’ve had enough”

Dylan está voando em mais uma turnê Outlaw pelos Estados Unidos, novamente dividindo as noites com Wilie Nelson e convidados, quando aproveita para desenterrar músicas antigas de seu repertório que não tocava há uma cara bem como pinçar versões para clássicos alheios que ouvia pelo rádio na adolescência. A novidade da semana veio no show que fez na cidade de Nampa na terça-feira, quando tocou pela primeira vez desde 2014, sua clássica “Just Like Tom Thumb’s Blues” com vocais, em vez da versão instrumental que apresentou apenas seis vezes nos últimos onze anos. E apesar de tocar o piano como principal instrumento nos últimos anos, ele tocou um pouco de guitarra – ainda que de costas para o público, no início da canção.

Assista abaixo:  

Novidades do Dylan!

O sujeito está prestes a completar 84 anos e não para de nos surpreender. Primeiro foi nesta terça, quando realizou o primeiro show de mais uma turnê que vem fazendo com Willie Nelson (a tal Outlaw Tour, que fez os dois se encontrar no ano passado), em Phoenix, nos EUA, e pinçou algumas músicas que não tocava há tempos, como sua clássica “Mr. Tambourine Man” e versões de músicas que nunca havia tocado, como “Axe In The Wind” de George “Wild Child” Butler, “I’ll Make It All Up To You” de Jerry Lee Lewis e “A Rainy Night In Soho”, clássico dos Pogues, que encerrou a noite (assista aos vídeos abaixo). Não bastasse isso, parece que ele está prestes a lançar o segundo volume de suas Crônicas, algo que os fãs já haviam desistido. A notícia, no entanto, veio de uma fonte pouco provável, quando Sean Penn, que foi o narrador da versão em áudio do livro autobiográfico que Dylan lançou em 2004, deixou escapar em uma entrevista para o podcast de Louis Theroux no Spotify, que “parece que irei fazer o segundo também. É, Crônicas Dois!”. Dedos cruzados!  

Minha lista de melhores de 2024 dentro da votação do Scream & Yell

Não passou o carnaval ainda então dá tempo de remoer o ano que terminou tem quase um mês e meio, por isso segue abaixo a minha votação na lista mais tradicional de melhores do ano da internet brasileira, promovida pelo heróico Scream & Yell do compadre Marcelo Costa.

Leia abaixo:  

Um completo desconhecido no Saturday Night Live

Timothée Chalamet conseguiu mais uma vez e ao apresentar-se neste sábado no Saturday Night Live – tanto como ator quanto como músico convidado – defendeu bonito sua indicação ao Oscar ao apresentar três músicas de Bob Dylan no programa humorístico que completa meio século este ano. E em vez de seguir o riscado de A Complete Unknown, preferiu inovar – e fez bem. Optou nem por fantasiar-se de Dylan como por não ficar preso ao período do filme, além de ter convidado James Blake para acompanhá-lo ao piano. Começou com duas músicas num só take ao misturar “Outlaw Blues” do clássico Bringing It All Back Home, de 1965, com “Three Angels” de seu New Morning, de 1970, ambas pouco familiarizadas com o palco (Dylan só tocou a primeira uma única vez ao vivo e nunca tocou a segunda). Depois foi mais ousado ainda ao pegar o violão e cantar “Tomorrow Is A Long Time”, que nunca foi gravada em estúdio e só saiu em disco numa versão ao vivo incluída na coletânea Bob Dylan’s Greatest Hits Vol. II, de 1971. Mandou bem, pequeno Timmy.

Assista abaixo:  

Um completo conhecido

Há uma ironia inescapável proposta por James Mangold ao batizar a cinebiografia que fez sobre Bob Dylan como Um Completo Desconhecido, mantido em português sem precisar incluir o nome do biografado no título. Verso do refrão de sua música-símbolo (“Like a Rolling Stone”), ele é usado para mostrar a época em que o senhor Zimmerman era um anônimo literal, encontrando ídolos e personagens que o ajudaram a moldar sua reputação e personalidade. A ironia vem do fato de que quase tudo que é retratado no filme – seus encontros com Woody Guthrie, Johnny Cash e Pete Segeer, sua relação com Joan Baez e com outros músicos que se tornaram parceiros, seu ataque elétrico contra a cena folk que o deificava – é amplamente conhecido até pelos ouvintes mais desatentos. O que Um Completo Desconhecido faz, portanto, é enfileirar causos e passagens (como toda cinebiografia atenuando questões mais polêmicas, exagerando alguns trechos e deixando outros pra lá) para que quem realmente não sabe quem é Bob Dylan possa ter uma vaga ideia sobre o porquê de sua importância. Nesse sentido é uma história de origem, como reza o evangelho dos filmes sobre super-heróis, sublinhando feitos e acontecimentos que foram cruciais para tornar o protagonista daquele jeito. Nesse sentido, Timothée Chalamet está irrepreensível e faz um Dylan convincente o suficiente para encantar o próprio Dylan, trazendo-o para o século 21 com aquela cara de brechó descolado, usando a pátina artificial do cinema atual a seu favor, inclusive quando canta (vale procurar a trilha sonora do filme, já lançada, em que o jovem ator segura bem a onda como cover do novo ídolo). Um Completo Desconhecido certamente desagradará os fãs mais radicais por estes detalhes e minúcias, mas ele foi feito para apresentar esse artista – e suas contradições – para um público mais jovem ou alheio à sua história (como certamente serão os quatro filmes sobre os quatro Beatles que Sam Mendes está prometendo para 2027). Acerta em cheio e faz com que a chama que Dylan mantém acesa consiga atingir um público ainda maior, menos refinado e exigente – o que é ótimo para sua vida e obra. E não duvide se Chalamet sair em turnê tocando as músicas do filme… O filme estreia no Brasil em fevereiro.

Assista a um trecho abaixo:  

Vida Fodona #831: Dezembro de 2024 tá intenso

…e tá longe do fim!

Ouça abaixo:  

Bob Dylan ♥ Timothée Chalamet

“Tem um filme sobre mim que vai estrear em breve chamado Um Completo Desconhecido (que título!). Timothée Chalamet atua como o protagonista. Timmy é um ator brilhante por isso tenho certeza que ele vai ser bem crível como eu. Ou como um jovem eu. Ou um outro eu. O filme é inspirado no Dylan Goes Electric do Elijah Wald – um livro que saiu em 2015. É uma narrativa fantástica dos eventos do início dos anos 60 que culminaram no fiasco em Newport. Depois de ver o filme, leia o livro”. Num tweet Dylan deu sua bênção ao filme de James Mangold (o mesmo de Walk the Line, Logan, Ford vs. Ferrari e o último Indiana Jones) e especialmente à atuação do jovem ator, que parece convincente a cada nova aparição. O filme ainda conta como Elle Fanning e Edward Norton no elenco e estreia no Brasil no dia 27 de fevereiro do ano que vem. Abaixo o tweet original de Dylan e mais um trecho do filme que foi divulgado pela produção:  

Centro da Terra: Dezembro de 2024

Estamos chegando ao fim do ano e a despedida da música no Centro da Terra sempre acontece com menos datas pois nossa programação encerra as atividades na metade do mês. Por isso não faremos temporada em dezembro, apenas quatro apresentações, mas escolhidas a dedo. Começamos na segunda (dia 2), com a banda Lost in Translation de Marcelo Rubens Paiva fazendo o espetáculo Pedras no Caminho, em que aborda o casamento de música com poesia a partir da influência de Bob Dylan, em canções do mestre traduzidas ao lado de obras de Patti Smith, Lou Reed, Jim Morrison, Rolling Stones e Caetano Veloso. No dia seguinte (dia 3), temos o encontro mágico de meio século de amizade, quando Léa Freire recebe Filó Machado e Alaíde Costa num espetáculo batizado de 50 Anos Juntos. Na segunda seguinte (dia 9), Lara Castagnolli faz sua estreia autoral mostrando as músicas que estarão em seu disco de estreia, batizado de Araribá (que também dá nome à apresentação), que terá produção de Mestrinho, que também participa da apresentação. E o último espetáculo musical de 2024 no Centro da Terra vem do Rio de Janeiro, quando o projeto Crizin da ZO apresenta seu Colapso Programado ao lado da banda Death Kids e de MNTH na terça (dia 10), numa apresentação apocalíptica inédita. Todos os espetáculos começam pontualmente às 20h e os ingressos já estão à venda na bilheteria e no site do Centro da Terra. E se preparem que 2025 promete…

#centrodaterra2024

Eis o trailer para A Complete Unknown, a cinebiografia de Bob Dylan com Timothée Chalamet

E se havia alguma dúvida de que A Complete Unknown, a cinebiografia de Bob Dylan com Timothée Chalamet dirigida por James Mangold, pode ser um bom filme, ela dissipa-se com a revelação de seu trailer principal nesta terça-feira. Não só o astro da vez está convincente como o protagonista- e não apenas cantando -, como algumas cenas e trechos de diálogo mostram que há um compromisso sério com a história de Dylan, mesmo que o próprio não se leve tão a sério – e fala sobre isso até no trailer (“As pessoas inventam seus passados, elas lembram-se do que querem e esquecem do resto!”). O trailer mistura cenas de sua chegada em Nova York, trechos de seu relacionamento com Joan Baez (vivida por Monica Barbaro) e Suze Rotolo (que transformou-se em Sylvie Russo por algum motivo, vivida por Elle Fanning), com seu empresário Albert Grossman (vivido por Dan Fogler) e com seus mestres Pete Seeger (vivido por Edward Norton), Johnny Cash (Boyd Holbrook), Alan Lomax (Norbert Leo Butz) e Woody Guthrie (Scoot McNairy). O filme estreia nos EUA dia 25 de dezembro e deve chegar por aqui em janeiro. Confira o trailer abaixo:  

Do nada, Bob Dylan tira uma chave de boca pra acompanhá-lo em “Desolation Row”

E o Dylan não para de surpreender em sua atual turnê, já acenou pro filme que foi feito sobre o início de sua carreira e pra playlist que Barack Obama fez no meio do ano e tirou onda com o John Mellencamp, um dos artistas que está abrindo seus shows, mas ninguém em sã consciência esperava que ele fosse tirar uma pequena chave de boca no meio de “Desolation Row” para bater no microfone enquanto canta. Tá maluco…

Veja abaixo: