Meu camarada Carlos Albuquerque, o bom e velho Calbuque, está na equipe da recém-lançada edição brasileira da clássica revista norte-americana Esquire, que chega impressa ao Brasil em edições especiais. E no primeiro número, ele organizou uma enquete com um júri da pesada incluindo jornalistas, executivos da indústria e artistas (este que vos escreve incluso) para descobrir quais são os 20 discos mais importantes desde 2020 até hoje e o resultado (que pode ser visto abaixo) está nas bancas com um texto de apresentação do próprio Calbuque.
Não passou o carnaval ainda então dá tempo de remoer o ano que terminou tem quase um mês e meio, por isso segue abaixo a minha votação na lista mais tradicional de melhores do ano da internet brasileira, promovida pelo heróico Scream & Yell do compadre Marcelo Costa.
Ela de novo: Beyoncé acaba de anunciar que fará o show no intervalo do jogo de natal da liga de futebol norte-americana, que será transmitido pela Netflix para todo o mundo. E assim ela coroa o ótimo ano que teve com o lançamento do segundo ato de sua trilogia, Cowboy Carter, com uma versão particular da final do campeonato de futebol dos ianques.
Se você ainda não ouviu o disco novo da Beyoncé, Cowboy Carter, lançado nessa sexta-feira, faça isso agora, pois ela conseguiu de novo. O segundo ato de uma trilogia iniciada há dois anos, é um disco ainda mais complexo e cheio de camadas que o primeiro volume, Renaissance, e a quantidade de referências, citações, vinhetas, vocais maravilhosos e sentimentos suscitados ergue seu trono ainda mais rumo ao topo do pop desta década – e deste século. É uma obra que mantém o sarrafo altíssimo durante toda sua duração, seja na inacreditável e fidedigna versão para “Blackbird” dos Beatles às aparições de Willie Nelson, Linda Martell, Chuck Berry e Dolly Parton, passando pela montanha russa de emoções de faixas épicas como “Ya Ya” (citando Beach Boys e Nancy Sinatra), a sequência “Riiverdance”/”II Hands II Heaven”/”Tyrant” e “Sweet ★ Honey ★ Buckin'”, os duetos de chorar ao lado de Miley Cyrus (“II Most Wanted”) e Post Malone (“Levii’s Jeans”), as irresistíveis “Bodyguard” (meu hit até agora, que entrou no meu set desde os primeiros segundos), “Spaghettii” e “Just for Fun” e sua versão maravilhosa do hino “Jolene”. Com seu olhar implacável, ar de rádio em seus melhores momentos e sentimentos à flor da pele, ela estabelece um parâmetro não apenas para 2024 quanto para o resto dos anos 20, cobrando artistas de todos os gêneros a desafios tanto artísticos quanto comerciais mais ousados. Disco do ano em pleno março, Cowboy Carter é nota 10 e é pouco provável que algum artista chegue perto – e olha que estou me referindo a um ano que, esperamos, ainda veremos discos de Dua Lipa, Taylor Swift, Rihanna, Charlie XCX, Lorde e Billie Eillish, o que não é pouca coisa. E, como ela mesma disse, não é um disco country, é um disco dela.
O lançamento de Cowboy Carter, segundo volume de trilogia que Beyoncé iniciou em 2021, acontece nessa sexta-feira e junto com a expectativa aumentam as especulações – e confirmações. Ao divulgar a lista das faixas em seu Instagram nesta quarta-feira, a maestra parece ter confirmado dois boatos que já estavam no ar: que regravaria um clássico perene de Dolly Parton, e uma música dos Beatles. “Jolene” e “Blackbird” surgem entre as músicas anunciadas, bem como a referência à Linda Martell, primeira artista negra de sucesso comercial na música country, na faixa chamada “The Linda Martell Show”. O anúncio também confirma a participação de Willie Nelson em uma das faixas (justamente uma chamada “Smoke”) e o nome de Dolly Parton (ou melhor, “Dolly P”) está no meio das faixas do novo disco.
Outro boato que esquentou foi que o disco teria a participação de Rihanna, uma vez que esta divulgou esta semana fotos que fez para a edição chinesa da Vogue em que aparece vestida de caubói – e sabemos que o tema do disco novo de Beyoncé é música country. Ainda há o boato que Miley Cyrus dividiria os vocais com Beyoncé em “Blackbird”. Não bastasse tudo isso, surgiram dois outdoors anunciando o novo álbum em… Salvador, onde ela esteve no final do ano passado. Essa mulher vai mudar as regras do jogo… de novo!
Cowboy Carter é o nome do segundo ato da trilogia Renaissance, segundo a própria Beyoncé anunciou nesta terça-feira em um simples stories em sua conta no Instagram. O novo capítulo da saga é dedicado à country music e um dos singles lançados anteriormente, “Texas Hold’Em” (lançado no mesmo dia que “16 Carriages”), já entrou para a história ao colocá-la no topo da parada de singles country dos EUA, algo que nenhuma mulher negra havia feito. O disco está agendado para o dia 29 de março e já está em pré-venda. Ao anunciar o novo ato, ela mostrou uma imagem de uma sela de cavalo com decorada com uma faixa com o título do álbum, mas não sabemos se esta será a capa de fato, uma vez que em seu site o disco surge apenas com a cor preta, seu nome e o título do novo trabalho. E ainda há especulações que ela talvez tenha gravado (ou usado um sample) de “Jolene”, clássico da musa country Dolly Parton. Segura!
Beyoncé começou oficialmente o segundo ato do seu disco de 2022. Ainda sem anunciar o título do álbum – ainda não sabemos se será apenas o segundo ato de Renaissance ou se terá um novo título, como já foi especulado -, ela aproveitou a audiência do jogo da final de futebol norte-americano que aconteceu neste domingo para cravar a data do próximo lançamento, que acontecerá no dia 29 de março. A data foi marcada após ela apresentar uma propaganda que fez para uma operadora de celular dos EUA brincando com as possibilidades em que ela poderia “quebrar a internet”, misturando referências ao seu Lemonade, inteligência artificial, eleições presidenciais, viagem espacial e até à Barbie, terminando a propaganda anunciando não apenas uma, mas duas canções. E tanto “Texas Hold ‘Em” quanto “16 Carriages” apontam que o disco se aprofunda em um território que é caro, porém pouco frequentado, por Beyoncé – a música country. Nascida no Texas, ela já havia dado uma piscadela para o gênero quando fez sua “Daddy Lessons”, de seu clássico Lemonade ao lado das Dixie Chicks – que agora assinam apenas como The Chicks.
As duas novas faixas apontam rumos distintos dentro deste universo: enquanto “16 Carriages” é uma balada mais introspectiva, “Texas Hold ‘Em” é mais expansiva e aponta para ser um dos hits deste ano. Esta última foi apresentada com o início de um clipe que fez muita gente especular sobre uma participação de Lady Gaga em seu disco, pois traz Beyoncé dirigindo um táxi, o qu seria uma referência à parceria que as duas fizeram há mais de dez anos, “Telephone” (em que Bey dá uma carona para Gaga). O vídeo também cita nominalmente hits country de autores negros, como “Laughing Yodel” de Charles Anderson, “Grinnin’ in Your Face” de Son House e “Maybelline” de Chuck Berry.
Essa pegada já vinha sendo insinuada desde que ela apareceu vestida à caráter no último Grammy, com chapéu e tudo, e parece seguir o rumo do disco anterior, só que trocando de estilo musical. Enquanto o ato I sublinhava a relação da música negra com a música de boate pós-disco music, abraçando techno, funk e house music. ela agora parece querer mostrar que mesmo o branco azedo country tem dívidas com a música negra. Curioso esse movimento acontecer ao mesmo tempo em que Lana Del Rey anuncia seu próprio disco country, batizado de Lasso, mas parece ter a ver com o momento crítico que os Estados Unidos atravessam, especificamente devido ao fato de 2024 ter eleições para presidente por lá.