E fuçando no site do Beck, vi a pequena homenagem que ele fez ao Alex Chilton, descrevendo “Kangaroo” (abaixo em duas versões, uma no braço japonês da turnê do disco Sea Change e outra na BBC em 2003) como “one of my favorite songs from one of the best songwriters who ever lived”.
Beck – “Kangaroo (ao vivo no Japão)”
Beck – “Kangaroo (ao vivo na BBC)”
Mesmo esquema da semana passada, dando uma geral em períodos históricos recentes bem distintos.
Rolling Stones – “Dancing with Mr. D”
Beck – “I’ll Be Your Mirror”
Cream – “Wrapping Paper”
Pulp – “Birds in Your Garden”
Jorge Ben – “Eu Sou Da Pesada”
Cyz – “Eu Tenho Pena”
Pacific! – “Hot Lips”
Digitalism – “Digitalism in Cairo”
Gal Costa – “Tuareg”
Pink Floyd – “Free Four”
Deep Purple – “Lazy”
XTC – “Merely a Man”
Miike Snow – “Cult Logic”
Céu – “Comadi”
Silver Jews – “People”
Mais uma do clube do disco do Beck e desta vez ele une-se a um baterista da pesada (James Gadson, um mito da black music) e ao Jamie Lidell pra outra faixa do Skip Spence…
Mais uma do Beck Record Club, desta vez com o Wilco.
Charlotte Gainsbourg + Beck – “Heaven Can Wait”
Autoramas – “Eu Vou Vivendo”
Simian Mobile Disco + Beth Ditto – “Cruel Intentions”
Vampire Weekend – “Cousins”
Wiley + Chew Fu – “Take That”
Spiritualized – “Come Together”
Beck, Wilco, Jamie Lidell e Feist – “Little Hands”
Plasticines – “Bitch”
Bruno Morais – “Hino dos Corações Partidos F.C.”
Pixies – “Monkey Gone To Heaven”
Não acredito que os álbuns irão morrer como a ditadura do single da era MP3 parece antever. Óbvio que não sobreviverão como um pedaço de plástico que toca música envelopado numa cartolina ou numa caixa de plástico ilustrado com uma capa legal. Nos tempos digitais que tornaram obsoletos tudo aquilo que só faz uma coisa que vivemos, é natural que o próprio formato álbum seja cobrado de algo entre a imersão e a interatividade. Algo que antes nos satisfazia – tirar uma tarde para ouvir um disco, ver a capa e folhear o encarte – agora parece muito trivial e limitado para os parâmetros atuais. Hoje o site de um artista faz muito mais as vezes de uma capa de disco, embora o próprio conceito de site torne-se obsoleto em breve. O fato é que a música vai encontrar uma forma de se apresentar envelopada em um conceito – seja visual, temático ou momentâneo.
Beck já vem há algum tempo tentando entender como a música será experimentada no futuro, dando um MP3 aqui, fazendo show com o Flaming Lips como banda de apoio ali, deixando o fã escolher a disposição das imagens na capa do disco (no disco The Information, que repetia a brincadeira da capa recorta-e-cola da Arca de Noé, de Toquinho e Vinícius) mais adiante. Mas com seu Record Club, Beck dá alguns passos para frente.
A brincadeira é simples: ele se tranca no estúdio com uns amigos para recriar, em um dia, um disco clássico escolhido aleatoriamente para ir soltando aos poucos as versões online. É um dia de trabalho que rende semanas e semanas de visitação e linkagem sobre o projeto que, à medida que vai tomando forma, funciona também como uma celebração do formato ameaçado pelo mundo digital. “Record Club” é um trocadilho entre o Clube do Registro – sobre o encontro de um dia de Beck com seus camaradas – com Clube do Disco. E, mais do que uma estratégia online, ele pode crescer e virar um disco de fato, um show, uma turnê. Na pior das hipóteses é uma respeitosa e ousada discografia paralela lançada oficialmente – mais ou menos como os trocentos CDs ao vivo que o Pearl Jam lançou no início da década.
Pra começar, ele preferiu chamar o time de casa. Juntou sua banda de apoio (Joey Waronker, Brian Lebarton, Bram Inscore, Chris Holmes) ao produtor Nigel Godrich (o de OK Computer, você sabe), o ator Giovanni Ribisi e a cantora islandesa Thorunn Magnusdottir para recriar o primeiro disco do Velvet Underground, o clássico banana. O disco finalmente foi consolidado e, como se esperar de uma gravação feita em apenas um dia, tem seus altos e baixos. Magnusdottir até funciona como uma Nico decente, dando a austeridade necessária à “Femme Fatale” e “All Tomorrow’s Parties” e a banda improvisada se comporta bem em versões bucólicas para “Sunday Morning” e “Run Run”. Mas quando tentam soar noise, são terríveis: “Waiting for the Man” e “There She Goes Again” têm guitarras retorcidas por pura idiossincrasia e as jam sessions de “Heroin” e “Venus in Furs” só funcionam como curiosidade mórbida. Os melhores momentos do disco, no entanto, acontecem quando Beck ressalta sua veia country, transformando “Black Angel’s Death Song” numa levada folk interminável, “I’ll Be Your Mirror” e “Europpean Son” em duetos de casal. Vale como experiência, não como produto – e é aí que Beck acerta com seu Record Club. É só uma brincadeira, uma tarde livre, mas ao mesmo tempo é um formato novo, um registro
E ele já está no segundo volume do projeto. Juntou-se ao MGMT, ao Devendra Banhart e à Binki do Little Joy para recriar o primeiro disco de Leonard Cohen (não duvide se o Amarante der as caras por lá). Outro projeto, já gravado, homenageia o único disco (o clássico Oar) de Alexander “Skip” Spence, ex-integrante do Jefferson Airplane e do Moby Grape, gravado ao lado de ninguém menos que o Wilco. E entre os discos já citados como próximos projetos estão um do Ace of Base (?!) e outro do Digital Underground.
Fui atrás de discos velhos pro programa de hoje – com uma pitadinha, de nada, de 2009.
Neu! – “Neuschnee”
Jackie Mittoo – “Reggae Rock”
Erasmo Carlos – “Mané João”
Yo La Tengo – “When Doves Cry”
Maximo Park – “Postcard of a Painting”
Klaxons – “Magick”
Washed Out – “Hold Out”
Memory Cassette – “Listen to the Vacuum”
Nancy – “Cinema Nacional”
Superbug – “Ice Cream Headache”
Of Montreal – “The Past is a Grotesque Animal”
Steely Dan – “Rikki Don’t Lose That Number”
Midnight Juggernauts – “Aurora”
Devo – “Girl U Want”
Javiera Mena – “Como Siempre Soñé”
A Tribe Called Quest – “Show Business”
Beck – “Heroin”
Pastels & Tenniscoats – “Modesty Piece”
The Pains of Being Pure at Heart – “Higher than the Stars”
Júpiter Maçã – “Modern Kid”
The Xx – “Crystalized”
Miike Snow – “Animal”
Beck – “Venus in Furs”
Franz Ferdinand – “No You Girls”
E o Beck segue com sua cruzada pessoal, dissecando desta vez “All Tomorrow’s Parties”.