Parece bem foda essa Human Planet, da BBC, que observa o ser humano como um documentário do Animal Planet. Assista o vídeo abaixo em tela cheia, porque as imagens merecem:
Numa rua em Berkeley, Califórnia, o epicentro da contracultura nos anos 1960 e 1970, eu achei o que poderia muito bem ter sido o local de nascimento do fenômeno.
Do lado de fora do que já foi uma loja de discos chamada Leopold’s Records, o ex-cientista de computação Lee Felsenstein me disse como, em 1973, ele e outros colegas colocaram um computador na loja, perto do mural de recados de músicos.
Eles haviam convidado as pessoas que passavam, em geral estudantes da Universidade da Califórnia, Berkeley, para entrar e digitar uma mensagem no computador.
À época, era a primeira vez que alguém que não estudasse temas científicos foi convidada a se aproximar de um computador.
“Achamos que haveria uma resistência considerável à invasão de computadores no que, segundo pensávamos, era território da contracultura”, explicou Felsenstein.
“Estávamos errados. As pessoas subiam as escadas, e tínhamos alguns segundos para lhes dizer, ‘você gostaria de usar o nosso mural de recados eletrônico, estamos usando um computador.’
“E com a palavra computador os olhos deles se abriam, brilhavam, e eles diziam: ‘uau, posso usá-lo’?”
Logo a máquina estava sendo preenchida por mensagens, que iam de um poeta promovendo seus versos e músicos oferecendo serviços a discussões sobre o melhor local para comprar pães.
O projeto, chamado Memória da Comunidade, sobreviveu por mais de uma década, instalando outros computadores na região de São Francisco. Mas só foi nos anos 1980 que um número considerável de pessoas aderiu à vida online.
Dica (antiiiiga) da Tati.
Um pequeno intervalo entre o Terra e o Paul.
Remember, remember…
E já que eu falei do Cronenberg, se liga nesse documentário da BBC sobre o mestre:
Um quadrinho de Stephen Collins, publicado na revista Prospect, e indicado por Alan Moore no podcast Infinite Monkey Cage, da BBC.
E eu que sempre fiquei com a impressão de que jornalismo feito na TV é… diferente.
Jimi na guita, Stevie na batera – alguma dúvida sobre o nível de groove? Aproveita, que esse é o tipo de material que sai do YouTube rapidaço.
Holocausto vermelho
M.I.A., Romain Gavras e o videoclipe
Um batalhão de choque entra em um prédio com truculência. Armas em riste, os soldados todos de preto atravessam corredores e abrem portas de supetão, em busca de suspeitos. Arrastam-nos para um ônibus cheios de pessoas da mesma etnia e seguem para um terreno baldio. Crianças atacam o veículo com garrafas. Ao chegar em seu destino, o pelotão tira todos os passageiros do ônibus à força e os põe para correr. Muitos percebem que serão alvejados e hesitam em fugir, até que um dos soldados atira à queima-roupa na cabeça de uma criança. A cena grotesca faz que todos saiam correndo – e, um a um. vão sendo mortos, culminando com uma imagem de uma pessoa sendo despedaçada em frente às câmeras.
Sim, câmeras. O novo clipe da cantora cingalesa Mathangi “Maya” Arulpragasam – ou simplesmente M.I.A – é uma bordoada nos sentidos. Chocante ao extremo, o vídeo de Born Free, divulgado online na segunda-feira da semana passada, não impressiona só por suas imagens fortes. Há uma série de símbolos e valores que permitem alguns níveis de leitura. Os soldados remetem tanto à SS nazista quanto a batalhões de choque do terceiro mundo ao mesmo tempo em que ostentam a bandeira dos Estados Unidos no braço. Os perseguidos pelos quase dez minutos do clipe são todos ruivos.
Mas o assunto aqui não é a mensagem por trás do clipe dirigido pelo filho do cineasta grego Constantin Costa-Gavras, Romain Gavras – mas o fato dos dois artistas (a cantora e o diretor) terem escolhido disponibilizar o clipe (um formato velho) na internet (um suporte novo) para divulgar suas obras.
Porque Born Free não é apenas o primeiro single do próximo disco de M.I.A., ainda sem título, como também é um teaser do próximo filme de Gavras, batizado de Redheads, que deverá ser lançado ainda neste ano. Numa só tacada, os dois chamaram atenção para uma questão política em aberto – a eterna disputa entre os mocinhos oprimidos indefesos e vilões truculentos militarizados – e viraram o centro dos holofotes online e, consequentemente, da mídia.
No que diz respeito ao digital, o principal ponto neste episódio, pelo menos no que diz respeito à cultura e ao entretenimento, é o fato de seus protagonistas terem usado um formato típico dos anos 80 (o videoclipe) como único veículo para essa autopromoção.
O motivo? YouTube, claro – que, ironicamente, tirou o clipe do ar por considerá-lo “violento e pornográfico”. Mas a onipresença do site de vídeos online do Google no dia a dia fez que fosse respondida uma pergunta que ecoava há dez anos: com a ascensão do MP3 o single tornou-se maior que o álbum? Não. Como Lady Gaga havia dito em fevereiro com seu curta Telephone, o clipe é mais importante do que a música em si.
DJ
500 Essential Mix
Criado em 1993, o programa Essential Mix da rádio londrina BBC 1 é um dos mais tradicionais palcos para DJs e produtores de música eletrônica do mundo todo e revelou nomes como Daft Punk, Tiga, DJ Hell e brasileiros como DJ Marky, Twelves e Gui Boratto. Nesta semana o programa chegou às quinhentas edições e a rádio fez um especial para comemorar a data em seu site, disponibilizando versões enxutas dos principais sets para download além de uma linha do tempo com as atrações. Confira em www.bbc.co.uk/radio1/essentialmix/essentialmix500.