Há dez anos alimento a idéia de uma festa vespertina. Que começaria um pouco antes de um almoço lento e demorado num sábado, teria chefs convidados e bandas e DJs tocando um sonzinho tranqüilo à medida em que a tarde cai. Cheguei a tentar algo do tipo na época da Gente Bonita, quando comecei a conversar sobre isso com o pessoal do Espaço +Soma, mas não foi pra frente – e olhando em retrospecto, foi bom que tenha sido dessa forma. Até que, quando o Alberta #3 suspendeu suas atividades por quase três meses no início do segundo semestre, bateu a crise de abstinência de discotecagem e comecei a caçar lugares onde poderia fazer uma edição extra das Noites Trabalho Sujo. Falei com o velho compadre Dago sobre a disponibilidade de noites do Neu e ele me falou que pra agendar alguma noite tava meio em cima da hora e emendou “mas estamos começando a fazer festas no domingo, começando a tarde e o próximo domingo está vago…”
Plim!, acendeu-se a velha lâmpada sobre minha cabeça. Acionei os suspeitos de sempre da Noites Trabalho Sujo – meus queridos irmãos Babee, Danilo e Pattoli – e o Klaus, com quem já vinha conversando sobre esse tipo de festa devido a afinidades sonoras, e os lembrei da idéia da Sussa. “Vamos nessa!”, responderam todos em uníssono digital. O famoso “plus a mais adicional” veio por intermédio da minha esposa, cujo recém-sócio Bruno Alves (2014 promete!), estava disposto a levar seus hambúgueres artesanais, que ele só fazia para os amigos, para a rua. Acionei o Silvano, que faz os flyers das Noites Trabalho Sujo, para pensar em um conceito visual para a festa, criei uma conta no Instagram apenas para a novidade, conversa daqui, conversa de lá e no dia 29 de setembro estreamos a primeira Sussa no quintal do Neu. O tempo estava dos piores, aquele domingo domingo nublado em que você implora para não ter de sair da cama, mas mesmo assim 70 heróis vieram ver o que seriam a versão vespertina da festa que começou no Alberta #3.
A festa evoluiu intercalando edições entre o Neu e a Casa do Mancha – pois já havia assuntado outro velho compadre, o Mancha, quem havia chamado para dividir outra festa na Trackers, sobre a possibilidade de fazer uma Sussa em sua casinha na Vila. Soube que a Fefa vinha para São Paulo com seus Sweet Grooves, que já acompanhava via internet, e perguntei se eles não queriam fazer uma jornada dupla depois da festa em que tocariam no sábado, e eles vieram. Na edição seguinte, o Dago perguntou se eu não era a fim de fazer shows e, no domingo anterior à terceira edição da festa, morreu o Lou Reed. Perguntei pra Lulina se ela não animava fazer um show em homenagem ao nosso herói e, no estilo “vambora” que tem sido uma das marcas da festa, ela topou e ensaiou um show em menos de uma semana. Na última edição do ano foi a vez de colocar Rafael Castro e Bárbara Eugênia para tocarem músicas próprias e de compositores de sua geração. E o tempo frio foi desanuviando, o sol começou a abrir e o clima foi ficando cada vez mais na medida.
Enquanto o Bruno virava seus Kød Burgers Artesanais e o som variava entre o Washed Out, o Blood Orange e os Boogarins, crianças corria pelo quintal e a pista virava atração secundária – estamos mais preocupados em fazer uma boa trilha sonora pra gente legal bater papo numa tarde de domingo do que fazer as pessoas dançar. E o povo vinha me cumprimentar sobre a iniciativa, que para mim sempre me pareceu inevitável e, com o passar dos anos, óbvia. Às vésperas dos 40 anos (faço 39 no próximo dia 13), muitos amigos que lamentam não poderem ir às minhas outras festas noturnas (ou por terem filhos pequenos ou por não se verem mais fora de casa depois das três da manhã) finalmente puderam comparecer e aos poucos estou definindo meu futuro na manha. Fora que depois de uma certa idade, a noite fora de casa perde um pouco o sentido se for além de um jantarzinho.
Só tivemos cinco Sussas até agora. Por isso, aproveito esse momento retrospectiva 2013 para agradecer publicamente o empenho de quem esteve diretamente envolvido na festa – Dago, Gui e o povo do Neu, Mancha, Tomáz e a rapeize da casinha, Klaus, Danilo, Babee e Pattoli (que ainda tá devendo a discotecagem numa Sussa – do ano que vem não passa!), a Dre (♥) e a Helena (♥) que toparam fotografar, além da Lulina, Bárbara Eugênia, Rafael Castro e os Sweet Grooves, que aceitaram tocar de tarde quase sempre de supetão – e de coração aberto. A festa já é um sucesso graças ao carinho de vocês – e prometo fazer tudo para que 2014 seja bem mais… Sussa 😉
O dia tava lindaço e a galera veio numa boa – e a tarde entrou bonito na noite do domingo passado, na última Sussa do ano, que rolou no Neu. E o showzinho do Rafael com a Bárbara rolou bonito, já já os vídeos tão no ar. Por enquanto, fiquem com as fotos da Dre.
O verão está chegando e domingo agora temos a última SUSSA de 2013, para ajudar a aquecer esse fim de ano e nos preparar para a estação mais sussa de todoas. Para isso, convidamos uma dupla conhecida por seus trabalhos solo, mas tocando juntos: Rafael Castro e Bárbara Eugênia tocam músicas um do outro num clima bem tranquilo, numa vibe festa em casa. No som, eu, Danilo Cabral e Klaus Kohut mantemos o climinha de sossego vespertino já característico das Sussas, misturando indie rock, chillwave, downtempo, música brasileira, hip hop na manha, músicas de hippie e R&B – tudo pra deixar a tarde em marcha lenta, longe da correria típica de São Paulo. E, claro, não podem faltar os já tradicionais Kod Burgers, outras estrelas da festa. Mais informações no site do Neu ou na página do evento no Facebook. Os ingressos custam R$ 15 (com nome na lista pelo email noitestrabalhosujo@gmail.com) e R$ 20 (sem nome na lista). Nos vemos lá?
Ainda nas listinhas…
Blood Orange – “You’re Not Good Enough”
Daft Punk + Julian Casablancas – “Instant Crush”
Toro y Moi – “Grown Up Calls”
Dorgas – “Hortência”
Teen Daze – “Forest at Dawn”
Cícero – “Asa Delta”
Guilherme Arantes – “Condição Humana”
Washed Out – “It All Feels Right”
Atoms For Peace – “Judge, Jury and Executioner”
Warpaint – “Biggy”
Disclosure + Nile Rodgers – “Together”
Leo Kalyan – “Why’d You Only Call Me When You’re High For This”
Miami Horror – “Real Slow”
Mombojó – “Pro Sol”
Bárbara Eugênia – “Por Que Brigamos”
Garotas Suecas – “Pode Acontecer”
Emicida – “Zoião”
Lorde – “400 Lux”
Darkside – “Paper Trails”
Wado – “Quarto Sem Porta”
…e eu aproveito esse sol pra dar o tom do feriado.
Arcade Fire – “Porno”
Lorde – “Tennis Court”
Of Montreal – “Colossus”
Unknown Mortal Orchestra – “From the Sun”
Daft Punk – “Fragments of Time”
Bárbara Eugênia – “O Peso dos Erros”
Yo La Tengo – “Ohm”
Glue Trip – “Lucid Dream”
Garotas Suecas + Lurdez da Luz – “A Nuvem”
Boogarins – “Lucifernandis”
Bonifrate – “Soneto Estrambólico”
Marcelo Jeneci + Laura Lavieri – “Pra Gente Se Desprender”
Arctic Monkeys – “Mad Sounds”
Eis o belo clipe de “Jusqu’a la Mort”, o segundo clipe do ótimo É o que Temos, que a cantora carioca lançou esse ano – precisa dizer que não dá pra ver no trabalho?
Daquele jeito que você gosta…
Holy Ghost – “Bridge and Tunnel”
Cut Copy – “Free Your Mind”
!!! – “One Girl/One Boy”
Arcade Fire + David Bowie – “Just a Reflektor”
RAC + MNDR + Kele – “Let Go”
Azealia Banks + Pharrell – “ATM Jam (Kaytranada Edition)”
Robin Thicke + Pharrell + T.I. – “Blurred Lines (Nehzuil RnB Remix)”
The Internet – “Dontcha”
Chela – “Romanticise”
Emicida + Dona Jacira – “Crisântemo”
Cícero – “Fuga no. 3 da rua Nestor”
Washed Out – “All Over Now”
Arctic Monkeys – “I Wanna Be Yours”
Bixiga 70 – “Retirantes”
MGMT – “Cool Song No. 2”
Garotas Suecas – “Pode Acontecer”
Of Montreal – “Obsidian Currents”
Bárbara Eugenia – “O Peso Dos Erros”
Lulina – “Areia”
Franz Ferdinand – “Oblivion”
Os The Darma Lóvers – “Toda Verdade”
É o inverno que chegou…
Doors – “Strange Days”
Do Amor – “Mindingo”
Feelies – “Fa-Ce-La”
Wilco – “Marquee Moon”
Mahmundi + Silva – “Balada do Amor Inabalável”
Madrid – “The One”
Phoenix – “Trying to Be Cool (Breakbot Remix)”
Daft Punk – “Lose Yourself to Dance”
Hot Chip – “Dark & Stormy”
Daftside – “Giorgio By Moroder”
Knife – “Full of Fire”
Bárbara Eugênia – “Não Tenho Medo da Chuva e Não Fico Só”
E para o dia dos namorados não passar em branco por aqui, eis o primeiro clipe do disco novo de Bárbara Eugênia, que só melhora à cada nova audição.