Vida Fodona #496: Esse começo de abril trouxe uma série de novos discos

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O mês tá bom…

Marcos Valle – “Funga Funga”
Cidadão Instigado – “Dudu Vivi Dada”
Ava Rocha – “O Jardim”
Bárbara Eugênia – “O Peso Dos Erros”
Marcelo Camelo – “Pazpazpazpazpazpaz”
Warpaint – “No Way Out”
Toro y Moi – “Buffalo”
Tame Impala – “‘Cause I’m a Man”
Carly Rae Jepsen – “All That”
Jamie Xx + Romy Madley Croft – “Loud Places”
Jamie Lidell – “Believe in Me”
Grimes – “REALiTi”
John Talabot – “Machine (John Talabot’s Synthedit)”
8:58 + Robert Smith + Lianne Hall – “Please”
Tove Lo – “Not on Drugs (The Knocks Remix)”

Vem.

Circuito Cultural Paulista 2015: março e abril

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Durante 2015 sou um dos curadores da área de música do Circuito Cultural Paulista, programa que realiza uma série de apresentações gratuitas em cidades de pequeno e médio porte no interior de São Paulo. As atividades começam a partir deste fim de semana e entre março e abril sete atrações de diferentes gêneros musicais e regiões do país se apresentam por 42 cidades paulistas. A programação deste bimestre inclui Bárbara Eugênia (que toca em março por Miguelópolis dia 6, Barretos dia 7, Guaíra dia 8, Itapetininga dia 20, Piraju dia 21 e Botucatu dia 22), o Bixiga 70 (que se apresenta durante o mês de março por Monte Aprazível dia 6, Buritama dia 7, Lençóis Paulista dia 8, Avaré dia 20, Ourinhos dia 21 e Bariri dia 22), o Jardim das Horas (que leva o show Cidadela durante março a Matão dia 13, Pirassununga dia 14, Catanduva dia 15, Promissão dia 24, Pompéia dia 25 e Itaí dia 26), o grupo The Beetles One (que toca em março em Ibitinga dia 6, São Joaquim da Barra dia 7 e Brodowski dia 8 e em abril em Lins dia 17, Penápolis dia 18 e Araçatuba dia 19), a cantora Marcia Castro (passa por Miracatu dia 20, Iguape dia 21 e Registro dia 22 de março e Guariba dia 16, Orlândia dia 17 e Serrana dia 18 de abril), Rafael Castro (passa por Batatais dia 27, São José do Rio Pardo dia 28 e Espírito Santo do Pinhal dia 29 de março e Martinópolis dia 10, Tupã dia 11 e Mirandópolis dia 12 de abril) e o grupo Originais do Samba (homenageando o ex-integrante Mussum em março em shows em Bertioga dia 6, Ilhabela dia 7, José Bonifácio dia 13 e Jales dia 14 e durante abril nos dias 10 em Diadema e 11 em Vargem Grande do Sul). Abaixo, o texto que escrevi sobre a curadoria deste ano. Mais informações podem no site do Circuito Cultural Paulista:

As transformações que vêm chacoalhando a indústria fonográfica e o mercado da música, desde a popularização da internet no final do século passado, pegaram todo mundo de surpresa. Discografias baixadas às torrentes, um mundo de artistas que se lança através de vídeos online ou redes sociais, encontros digitais improváveis que materializam colaborações e parcerias de artistas de toda espécie. O ecossistema da música, que antes era enraizado no palco, na rádio, na loja e nas gravadoras, espalhou-se por plataformas, marcas e desdobramentos
inimagináveis antes da ascensão do digital.

Para nós, brasileiros, isso não chegou a ser um susto. Passada a fase do download irrefreado, aos poucos entendemos que o mundo digital vem provocando mais do que mudanças econômicas, sobre hábitos de consumo e métricas de sucesso. Estamos assistindo a uma musicalização do planeta, e o mundo está se acostumando a viver um pressuposto que é típico da fusão musical de nosso país.

Habituados a conviver com todos os tipos de música e gêneros musicais, temos apresentações ao vivo em nosso DNA. Gostamos de nos reunir em pequenas e grandes multidões para cantar e dançar junto, e também ficamos em silêncio para ouvir o artista cantar baixinho suas paixões e suas dores. A relação brasileira com a música é mais intensa do que aquilo que é vendido em prateleiras de lojas de discos ou em pastas de armazenamento de arquivos digitais. Por isso a ênfase do Circuito Cultural Paulista de 2015 será a reunião de nomes de diferentes estilos musicais, faixas etárias, cidades e abordagens musicais para contemplar a vastidão musical do Brasil – que agora começa a se espalhar pelo mundo.

Vida Fodona #482: O apocalipse desaba no final de cada dia de verão

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Antes do calorão…

Trio Esperança – “Vamos Sacudir”
Curumin – “Doce”
Céu – “Mil e Uma Noites de Amor”
Ty Segall – “The Clock”
Erlend Øye – “Peng Pong”
Tim Maia – “The Dance is Over”
Metronomy – “The Most Immaculate Haircut”
Mac DeMarco – “Brother”
Sinkane – “Yacha”
Goat – “The Light Within”
Damon Albarn – “Hostiles”
Bárbara Eugênia – “Coração”
Angel Olsen – “Lights Out”
Nina Becker – “Coisa de Mulher”
The Band – “When I Paint My Masterpiece”
Stephen Malkmus + the Jicks – “Houston Hades”
Taylor Swift – “I Know Places”
National – “Sea of Love”

Vem cá.

Vida Fodona #445: O tempo está sendo perdido o tempo todo

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Antes de uma pausa estratégica no finde, um VF só com música brasileira.

Marcelo D2 – “Fazendo Efeito”
Paulinho da Viola – “Roendo as Unhas (Victor Hugo Mafra Edit)”
Céu – “O Morro Não Tem Vez”
João Donato – “Nana das Águas”
Elis Regina – “Tereza Sabe Sambar”
Di Melo – “A Vida Em Seus Metodos Diz Calma”
Rica Amabis + Bonsucesso Samba Clube – “Na Ladeira”
Jair Rodrigues – “Coisas do Mundo Minha Nega”
Tom Zé – “Ma”
Chico Science & Nação Zumbi – “Amor de Muito (Mario Caldato Mix)”
Mombojó – “Tem Mais Samba”
Luiz Bonfá – “Don Quixote”
Milton Banana Trio – “Vou Deitar e Rolar”
Karina Buhr – “A Pessoa Morre”
Bárbara Eugênia – “O Peso dos Erros”
Cartola – “Minha”
Marcelo Jeneci + Marcelo Camelo – “Doce Solidão”
Lucas Santtana – “Alguém Assopra Ela”
Sérgio Sampaio – “Não Tenha Medo Não! (Rua Moreira, 64)”

Colaê.

Vida Fodona #437: Simplesmente aperto o rec

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Olha aí de novo.

Beastie Boys – “Mark on the Bus”
Walter Franco – “Feito Gente”
Nirvana – “All Apologies”
Daft Punk + Julian Casablancas – “Instant Crush”
Bárbara Eugênia – “Sozinha (Me Siento Solo)”
Garotas Suecas – “Bucolismo”
Hall & Oates – “Kiss On My List”
Robin Thicke + Pharrel + T.I. – “Blurred Lines”
Spice Girls – “Never Give Up On the Good Times”
N.W.A. – “Express Yourself”
Racionais MCs – “Pânico na Zona Sul”
Newcleus – “Computer Age (Push the Button)”
Disclosure – “When a Fire Starts to Burn”
Jimi Hendrix Experience – “Still Raining, Still Dreaming”
Chocolate da Bahia – “Ele Guenta”
Planet Hemp – “Contexto”
João Bosco – “Cobra Criada”

Vamo?

“Me dê motivo”, Bárbara Eugênia

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Bárbara deu uma palhinha cantando esse clássico do Tim Maia e não custa lembrar que o crowdfunding pra transformar seu disco Aurora em vinil (e em show) já está rolando

Bárbara Eugênia + Chankas = Aurora

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Encontrei Bárbara Eugênia no meio do ano passado, ainda empolgado com seu segundo disco É o que Temos, mas ela só conseguia falar do Aurora, novo projeto que vinha desenvolvendo com o Chankas, guitarrista do Hurtmold – um projeto que começou com uma inspiração beatle. “Estava de férias no fim do 2012, num sítio no interior de São Paulo, lendo um livro que fala da história por trás das músicas dos Beatles, quando comecei a ter algumas ideias, fui pensando na vida, em como se deu toda a transformação deles enquanto banda, enquanto indivíduos, e desandei a escrever… Não eram nem letras, algumas só ideias mesmo, elucubrações… Mas aquilo me deu a ideia de fazer um disco novo, um projeto à parte do meu trabalho solo. Algo específico falando sobre tudo aquilo que eu estava pensando e sentindo. Meu ex-namorado – tenho que dar todo o credito a ele mesmo… – me disse: ‘Por que você não chama o Chankas pra fazer esse’ E eu disse: ‘Claro, genial, vou chamar!'”

Fernando Cappi, guitarrista do Hurtmold que que assina seu trabalho solo como Chankas havia colaborado com o disco que a Bárbara lançou no ano passado, ao fazer o arranjo para “Não Tenho Medo da Chuva e Não Fico Só”, ao lado de Tatá Aeroplano. “Já tinha batido uma vontade de fazer mais coisas com ele. Então falei com ele, mandei as letras, textos e começamos a trabalhar. Fizemos quase tudo em parceria, harmonia, vozes, algumas eu já tinha uma ideia de melodia, uns textos que achei que precisassem de trabalho para virar letra quando vi, ele já tinha feito uma melodia linda… Muita sintonia e ele entendeu exatamente o que eu queria”.

Para batizar o novo projeto, todo cantado em inglês, Bárbara queria uma palavra só e um nome “meio universal… Tava bem difícil achar. Apesar de ter um tumblr chamado Me Llamo Aurora não tinha pensado nesse nome ainda” e o batismo veio, ora ora, via reiki. O disco finalmente vê a luz do dia nesta sexta-feira, pra download no Bandcamp dos dois e pra audição no Soundcloud da dupla. O show ainda está distante: “Queremos fazer o show quando tivermos o vinil na mão e, pra isso, vamos fazer uma campanha de crowdfunding para financiar essa prensagem”. É isso aí: se não tiver vinil não tem show. Abaixo, uma das músicas da dupla, em primeira mão pra cá:

Os 50 melhores discos de 2013: 14) Bárbara Eugênia – É o que Temos

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Vida Fodona #400: As 75 Melhores Músicas de 2013

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Agora sim, 2014 pode começar.

M.I.A. – “Y.A.L.A.”
Lily Allen – “Hard Out Here”
Lana Del Rey – “Young and Beautiful”
Superchunk – “Me & You & Jackie Mittoo”
Disclosure + AlunaGeorge – “White Noise”
Phoenix – “Trying To Be Cool”
Strokes – “Tap Out”
Dorgas – “Hortencia”
Mac Miller – “Objects in the Mirror”
MGMT – “Alien Days”
Charles Bradley – “Victim of Love”
!!! – “One Boy/One Girl”
Rodrigo Amarante – “Maná”
Anitta – “Show das Poderosas”
Cícero – “Fuga nº3 da Rua Nestor”
Glue Trip – “Elbow Pain”
Toro Y Moi – “High Living”
Jagwar Ma – “The Throw”
Chvrches – “The Mother We Share”
Bruno Mars – “Treasure”
M.I.A. – “Bring The Noize”
Suede – “For the Strangers”
Chromeo – “Over Your Shoulder”
Mayer Hawthorne – “Designer Drug”
Lorde – “Tennis Court”
Weeknd – “Belong To The World”
Metronomy – “I’m Aquarius”
The National – “Graceless”
Caxabaxa – “Vizualizada”
Is Tropical – “Dancing Anymore”
Vampire Weekend – “Diane Young”
Paul McCartney – “New”
Daft Punk – “Giorgio By Moroder”
Blood Orange – “You’re Not Good Enough”
Bárbara Eugênia + Pélico – “Roupa Suja”
Holy Ghost! – “Bridge and Tunnel”
Justin Timberlake – “Take Back The Night”
Boogarins – “Lucifernandis”
Jagwar Ma – “Come Save Me”
Arcade Fire – “Reflektor”
Nick Cave & The Bad Seeds – “We Real Cool”
Warpaint – “Love Is To Die”
Daft Punk + Pharrell + Nile Rodgers- “Lose Yourself to Dance”
Of Montreal – “Obsidian Currents”
Robin Thicke + T.I. + Pharrell- “Blurred Lines”
Drake – “Hold On We’re Going Home”
Justin Timberlake – Mirrors – “”
Garotas Suecas – “Bucolismo”
James Blake – “Retrograde”
Arcade Fire – “Porno”
The National – “Sea Of Love”
My Bloody Valentine – “Only Tomorrow”
Arctic Monkeys – “Do I Wanna Know?”
David Bowie – “Love Is Lost (Hello Steve Reich’ remix by James Murphy)”
Pulp + James Murphy – “After You (Soulwax Remix)”
Blood Orange – “Chamakay”
Beyoncé – “Blow”
My Bloody Valentine – “New You”
Unknown Mortal Orchestra – “Swim and Sleep (Like a Shark)”
Daft Punk + Todd Edwards – “Fragments of Time”
Arctic Monkeys – “Why’d You Only Call Me When You’re High?”
Washed Out – “It All Feels Right”
Yo La Tengo – “Ohm”
Arcade Fire – “Afterlife”
Washed Out – “All I Know”
My Bloody Valentine – “In Another Way”
Emicida – “Crisântemo”
Daft Punk – “Get Lucky”
Darkside – “Paper Trails”
Marcelo Jeneci + Laura Lavieri- “Pra Gente Se Desprender”
Unknown Mortal Orchestra – “So Good At Being In Trouble”
Haim – “The Wire”
Lorde – “Royals”

Por aqui.

13 de 2013: Sussa

sussa

Há dez anos alimento a idéia de uma festa vespertina. Que começaria um pouco antes de um almoço lento e demorado num sábado, teria chefs convidados e bandas e DJs tocando um sonzinho tranqüilo à medida em que a tarde cai. Cheguei a tentar algo do tipo na época da Gente Bonita, quando comecei a conversar sobre isso com o pessoal do Espaço +Soma, mas não foi pra frente – e olhando em retrospecto, foi bom que tenha sido dessa forma. Até que, quando o Alberta #3 suspendeu suas atividades por quase três meses no início do segundo semestre, bateu a crise de abstinência de discotecagem e comecei a caçar lugares onde poderia fazer uma edição extra das Noites Trabalho Sujo. Falei com o velho compadre Dago sobre a disponibilidade de noites do Neu e ele me falou que pra agendar alguma noite tava meio em cima da hora e emendou “mas estamos começando a fazer festas no domingo, começando a tarde e o próximo domingo está vago…”

Plim!, acendeu-se a velha lâmpada sobre minha cabeça. Acionei os suspeitos de sempre da Noites Trabalho Sujo – meus queridos irmãos Babee, Danilo e Pattoli – e o Klaus, com quem já vinha conversando sobre esse tipo de festa devido a afinidades sonoras, e os lembrei da idéia da Sussa. “Vamos nessa!”, responderam todos em uníssono digital. O famoso “plus a mais adicional” veio por intermédio da minha esposa, cujo recém-sócio Bruno Alves (2014 promete!), estava disposto a levar seus hambúgueres artesanais, que ele só fazia para os amigos, para a rua. Acionei o Silvano, que faz os flyers das Noites Trabalho Sujo, para pensar em um conceito visual para a festa, criei uma conta no Instagram apenas para a novidade, conversa daqui, conversa de lá e no dia 29 de setembro estreamos a primeira Sussa no quintal do Neu. O tempo estava dos piores, aquele domingo domingo nublado em que você implora para não ter de sair da cama, mas mesmo assim 70 heróis vieram ver o que seriam a versão vespertina da festa que começou no Alberta #3.

A festa evoluiu intercalando edições entre o Neu e a Casa do Mancha – pois já havia assuntado outro velho compadre, o Mancha, quem havia chamado para dividir outra festa na Trackers, sobre a possibilidade de fazer uma Sussa em sua casinha na Vila. Soube que a Fefa vinha para São Paulo com seus Sweet Grooves, que já acompanhava via internet, e perguntei se eles não queriam fazer uma jornada dupla depois da festa em que tocariam no sábado, e eles vieram. Na edição seguinte, o Dago perguntou se eu não era a fim de fazer shows e, no domingo anterior à terceira edição da festa, morreu o Lou Reed. Perguntei pra Lulina se ela não animava fazer um show em homenagem ao nosso herói e, no estilo “vambora” que tem sido uma das marcas da festa, ela topou e ensaiou um show em menos de uma semana. Na última edição do ano foi a vez de colocar Rafael Castro e Bárbara Eugênia para tocarem músicas próprias e de compositores de sua geração. E o tempo frio foi desanuviando, o sol começou a abrir e o clima foi ficando cada vez mais na medida.

Enquanto o Bruno virava seus Kød Burgers Artesanais e o som variava entre o Washed Out, o Blood Orange e os Boogarins, crianças corria pelo quintal e a pista virava atração secundária – estamos mais preocupados em fazer uma boa trilha sonora pra gente legal bater papo numa tarde de domingo do que fazer as pessoas dançar. E o povo vinha me cumprimentar sobre a iniciativa, que para mim sempre me pareceu inevitável e, com o passar dos anos, óbvia. Às vésperas dos 40 anos (faço 39 no próximo dia 13), muitos amigos que lamentam não poderem ir às minhas outras festas noturnas (ou por terem filhos pequenos ou por não se verem mais fora de casa depois das três da manhã) finalmente puderam comparecer e aos poucos estou definindo meu futuro na manha. Fora que depois de uma certa idade, a noite fora de casa perde um pouco o sentido se for além de um jantarzinho.

Só tivemos cinco Sussas até agora. Por isso, aproveito esse momento retrospectiva 2013 para agradecer publicamente o empenho de quem esteve diretamente envolvido na festa – Dago, Gui e o povo do Neu, Mancha, Tomáz e a rapeize da casinha, Klaus, Danilo, Babee e Pattoli (que ainda tá devendo a discotecagem numa Sussa – do ano que vem não passa!), a Dre (♥) e a Helena (♥) que toparam fotografar, além da Lulina, Bárbara Eugênia, Rafael Castro e os Sweet Grooves, que aceitaram tocar de tarde quase sempre de supetão – e de coração aberto. A festa já é um sucesso graças ao carinho de vocês – e prometo fazer tudo para que 2014 seja bem mais… Sussa 😉