King Krule gigantesco

Foi excelente o show que o King Krule fez em São Paulo neste sábado. O jeito displicente e quase tímido que Archy Marshall se aproxima do microfone disfarça um maestro de melodia e ruído que usa sua guitarra como batuta, conduzindo sua banda entre o transe e a catarse, para delírio do público que lotou o improvável Terra SP. O grupo, composto de baixo, bateria, guitarra, teclado e sax, preenchia silêncios com camadas de microfonias e golpes de barulho, permitindo que as canções do inglês ganhassem uma profundidade ainda mais complexa que nos discos. E nisso a cumplicidade com o público, que conhecia todas as músicas e cantou quase todas as letras junto, era essencial. Show de rock sem os vícios do gênero e abrindo para inesperadas massas amorfas de eletricidade sonora que misturava improviso jazz, explosão noise, melancolia indie, letras balbuciadas como rap e melodias acridoces, acalentadas por uma pequena multidão – e como tinha gente conhecida entre aquelas milhares de pessoas. Talvez o único ponto negativo do show tenha sido o local, que ao menos não comprometeu o som da apresentação. Mas o Terra SP, além de ficar em Ohio (Ohio que o parta, tenho que manter vivo o humor infame que meus pais me passaram – a casa fica a 20 quilômetros do centro de São Paulo), comprometia a visão da audiência mesmo tendo espaço de sobra. O lugar é uma espécie de Áudio quadrado misturado com um Espaço das Américas de menor lotação e, com dois mezaninos, teoricamente teria ótimas opções para se assistir ao show. Mas duas pilastras no meio da casa criava bolsões vazios nos três andares atrás destas, que impediam o público de ver o palco e obrigando a acotovelar-se ao lado de espaços vazios para conseguir ver toda a banda. Mas, como comentei, isso felizmente não comprometeu a apresentação e marcou mais um golaço na trajetória da Balaclava Records, que ainda aproveitou para tirar sua onda ao anunciar, discretamente, que irá trazer o Tortoise tocando seu disco TNT no Brasil esse ano.

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Assista a um trecho aqui.

E é a Balaclava que está trazendo o Tortoise tocando o TNT na íntegra para o Brasil

Enquanto isso, espalhado pelo show do King Krule em São Paulo… já sabemos quem trará o show que já foi anunciado em Santiago. Resta saber a data, o local e o preço…

Os horários do Balaclava Fest 2023

E neste fim de semana teremos mais uma edição do festival indie promovido pela Balaclava Records. O selo paulistano reuniu mais artistas gringos que brasileiros desta vez, com elenco que conta com Whitney, American Football e Unknown Mortal Orchestra, entre outros. O evento acontece neste domingo a partir das 15h, no Tokio Marine Hall (ainda há ingressos à venda), e esses são os horários de suas apresentações. abaixo:  

E o Unknown Mortal Orchestra vem mesmo pro Brasil!

A Balaclava acaba de anunciar o elenco da edição 2023 de seu festival e, como se especulava, o grupo neozelandês Unknown Mortal Orchestra é sua principal atração. O festival acontece no dia 19 de novembro no mesmo Tokio Marine Hall em que foi realizada a edição do ano passado e, além do UMO, o selo ainda traz várias atrações norte-americanas (a estreia do American Football no Brasil, a segunda vinda do Whitney e o pequeno Thus Love), a australiana Hatchie, o trio inglês PVA e duas atrações de Curitiba, Terraplana e Shower Curtain. Os ingressos para o festival já estão à venda (neste link).

Tudo Tanto #128: Fernando Dotta + Rafael Farah (Balaclava Records)

Mais uma edição do meu programa sobre música brasileira, dessa vez conversando com um selo. Acompanho o trabalho do Fernando Dotta e do Rafael Farah à frente da Balaclava Records desde quando o selo era só uma ideia e é muito legal vê-los crescendo e completando uma década que mexeu bastante com o indie rock brasileiro. O aniversário de dez anos vai ser comemorado neste fim de semana, quando eles realizam a edição comemorativa do Balaclava Fest no Central nos dias 23 e 24 de abril (ingressos aqui) com uma edição sem nenhum artista internacional e contando com todos os nomes do selo, além de artistas que orbitam ao redor deste, preparando também algumas surpresas para o evento – algumas delas eles antecipam nesta entrevista (outras eles anunciam em suas redes sociais, segue ).

Assista aqui.  

Ride no Brasil!

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Flesch confirmou: o próximo Balaclava Fest, que acontece dia 27 de abril, no Áudio Club, terá como headliner o ícone do shoegazer Ride, além das participações do Terno Rei e da banda camaronense Vagabond (mais informações aqui). Quem contava com essa?

Marrakesh e Terno Rei no CCSP

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Duas bandas indies da gravadora Balaclava – a curitibana Marrakesh e a paulistana Terno Rei apresentam-se neste domingo, na Sala Jardel Filho, a partir das 20h (mais informações aqui).

A ascensão da Balaclava

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Entrevistei Fernando Dotta e Rafael Farah para a revista Trip, fundadores da Balaclava Records, núcleo de produção indie que, com a nova edição de seu festival, dá passos firmes para se estabelecer como um dos principais players do mercado independente brasileiro. Um trecho da conversa com os dois:

O selo ainda contou com a sorte ao fechar a vinda de sua primeira turnê com um artista gringo poucos meses antes de seu disco projetá-lo para um público maior: “Foi um choque”, lembra Dotta. “Era uma aposta, a gente fechou o show dele um mês antes do lançamento do disco Salad Days e o disco tinha acabado de vazar na internet. No dia do show todas as pessoas estavam cantando todas as músicas no Sesc Belenzinho”. Farah completa ao lembrar de outro momento emblemático com o indie alto astral. “Um ano depois tínhamos a Audio lotada para ver o show dele e uma turnê que passava por sete cidades do Brasil — e isso só um ano depois do primeiro show. E o mais legal foi que o Mac era o único headliner gringo e o povo chegou cedo, pra ver as outras bandas brasileiras”.

A segunda vinda de DeMarco para o Brasil foi na segunda edição do Balaclava Fest, que o selo lançou em abril de 2015 no Centro Cultural São Paulo, ao trazer o fundador do Superchunk e dono da gravadora Merge para apresentar-se sozinho em São Paulo. Em novembro daquele ano, trouxeram Mac DeMarco acompanhado de artistas como Mahmed, Terno Rei, Séculos Apaixonados, Jovem Palerosi e Nuven. As outras edições do Balaclava Fest trouxeram o Swervedriver (no Cine Joia, em maio de 2016), Mild High Club (no Clash Club, em novembro daquele ano), Slowdive, Clearance e Widowspeak (no Cine Joia, em maio de 2017) e Washed Out e Homeshake (no Tropical Butantã, em novembro do ano passado), além de uma edição em Porto Alegre (com Yuck e Tops, em novembro de 2016). Todas as edições do Balaclava Fest contaram com pelo menos duas bandas brasileiras em cada show, e não apenas bandas que pertenciam ao selo. Além dos artistas do festival, também fizeram shows do Sebadoh e do Tycho, além de levar as bandas Câmera e Terno Rei para tocar no festival espanhol Primavera em 2015.

Mas eles sabem que não conseguiriam fazer o que fazem se não fossem os pioneiros do rock independente brasileiro, como o selo carioca Midsummer Madness, que citam como referência. “Um cara que nos ajudou muito foi o [produtor mineiro Marcos] Boffa, que nos ajudou muito e deu várias consultorias, e também o [produtor sergipano] Bruno Montalvão, que já tinha uma expertise de produção, a gente não sabia como começar uma planilha”, reconhecem. Mas mesmo estando numa fase relativamente estável, sabem que não é fácil. “É mais insistência. A gente sabe que não pode deixar a bola baixar, porque senão acaba”, resume Dotta.

A íntegra pode ser lida aqui.

A primeira vez do Røkr

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Parado há quatro anos, o projeto solo do pernambucano Roberto Kramer finalmente sai do quarto no Balaclava Fest, comemoração do selo paulistano que reunirá Washed Out, Cinnamon Tapes e Homeshake no mesmo evento, dia 5 de novembro (mais informações aqui). Inicialmente pensado como um projeto de estúdio, o Røkr ficou em estado de hibernação após seu EP de estreia, pouco antes de seu autor mudar-se para o Canadá. De volta para o Brasil, ele adaptou o projeto para o palco e debuta ao mesmo tempo em que lança seu primeiro LP. E o clipe que abre os trabalhos, de estética indie lo-fi parente da sonoridade chillwave do projeto, estreia em primeira mão no Trabalho Sujo.

Sobre selos, festivais e cenas

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Fui convidado para fazer a mediação de um debate neste sábado dentro da Feira de Selos e Publicações, que a Balaclava Records organiza no Sesc Bom Retiro. O evento, gratuito, começa às 14h e reúne bancas de selos como EAEO, Rosa Flamingo, Sinewave, Assustado, PWR, Desmonta, Dissenso, Laboratório Fantasma, Risco, Midsummer Madness, entre outros, além de shows da Luiza Lian e da banda curitibana Marrakesh ʘ. Participo da segunda mesa do dia, que começa às 17h20 e fala sobre festivais e cenas musicais no Brasil, com a participação da Anna Penteado (do festival Vento), da Karen Cunha (que faz o Mês da Cultura Independente) e o Ricardo Rodrigues (do festival Contato). Tem mais informações sobre o evento, além da programação completa, lá na página do evento do Facebook.