Ave King Crimson
Uma das bandas mais complexas e completas da história, o King Crimson vem passando discretamente por uma fase inacreditável, que começou como um rumor sobre uma formação com vários integrantes, boatos sobre um possível primeiro show desde anos 70, que materializou-se em não apenas um, mas alguns shows, transformou-se em turnê e agora chega ao disco numa versão da banda com sete cabeças tocando ao mesmo tempo. O guitarrista maestro Robert Fripp reuniu integrantes de diferentes fases da banda (o saxofonista e flautista Mel Collins, o baixista Tony Levin, o guitarrista Jakko Jakszyk e três bateristas, Pat Mastelotto, Gavin Harrison e Bill Rieflin) numa formação dos sonhos que tem revivido alguns dos momentos mais emblemáticos da carreira do grupo ao vivo. A caixa Radical Action to Unseat the Hold of Monkey Mind reúne três discos com gravações da banda do ano passado no Japão, na França e no Canadá e tem versões que trazem registros em vídeo desta apresentação, como a impressionante versão ao vivo para “Starless”. Como o produtor e parceiro de longa data de Fripp David Singleton escreve no encarte do box:
“É uma espécie de truísmo na história do Crimson que qualquer show que seja filmado não será aquele em que o céu encontra-se com a terra e descem os anjos. A presença de câmeras e de operadores introduz um elemento intrusivo na relação entre o artista, a música e o público. Nossa solução foi voltar ao conceito de “TV pirata” e priorizar a música e a performance mais do que as imagens. Tínhamos um único câmera – Trevor Wilkns, que sofreu! – nesta turnê e ele filmava todas as noites com uma série de câmeras escondidas discretamente no palco onde a elas não atrapalhariam nem o artista ou o público. O compromisso portanto não é o visual e sim o da música.”
Aos céticos ou não-iniciados na banda que se convenceram pela balada inicial sugiro que joguem o cursor lá praquele tempo mágico, 4:20 – e boa viagem.
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