Experiência surreal poder ver dois integrantes originais do King Crimson recriar três obras-primas que fizeram parte nessa sexta-feira, no Espaço Unimed, quando o projeto Beat reviveu a trilogia Three of a Perfect Pair que o grupo liderado por Robert Fripp fez no início dos anos 80, quando circulava com o Brian Eno e os Talking Heads. Ainda mais quando um de seus integrantes é o guitarrista Adrian Belew, um dos maiores monstros sagrados do seu instrumento e a prova de que o conceito guitar hero pós-punk é possível, por mais que possa ser contraditório. Mago supremo da guitarra, também era o mestre de cerimônias e anfitrião da corte do dia, deixando o público à vontade com seu carisma. Fazendo as vezes de Fripp estava ninguém menos que Steve Vai, comedido na autoindulgência que lhe é característica e soltando a mão nos grooves mais funk do grupo. No baixo, toda destreza e detalhismo do senhor Tony Levin, que ainda aproveitou o final da apresentação (como fez quando veio ao Brasil em 2019 com o próprio Fripp e seu King Crimson, naquela mesma casa de shows, que ainda se chamava Espaço das Américas), para tirar fotos do público com sua câmera analógica, que em breve aparecerão em seu site. E no lugar de Bill Brufford, o caçula da banda, Danny Carey, mais conhecido como baterista do Tool, que foi surpreendido com um parabéns no palco, assim que o relógio virou a meia-noite. Todos completamente entregues a um momento improvável da banda de rock progressivo mais séria de todos os tempos, três discos que fazem o público dançar e cantar juntos – mas à moda King Crimson. Escrevi sobre o show de sexta no primeiro texto que escrevi para o Toca do UOL.
E o King Crimson segue sua meticulosa tarefa de disponibilizar para os fãs a maior quantidade de sua música gravada a partir de versões expandidas de sua concisa discografia. Desta vez é o brutal Red, que completa meio século de idade neste 2024, a receber uma nova edição, reunindo novas mixagens, os “mixes elementais” feito pelo produtor e ex-empresário da banda David Singleton, gravações de shows da época e trechos das gravações do disco. Red – The 50th Anniversary Edition será lançado no dia 25 de outubro e já está em pré-venda, tanto em CD (que conta com um blu-ray com as gravações de nove shows que o grupo gravou em 1974) quanto em vinil. O disco marca o fim da primeira fase da banda clássica, com sua formação reduzida a um trio liderado – sempre – por seu fundador Robert Fripp na guitarra, Bill Bruford na bateria e John Wetton no baixo e vocais e traz a fase mais incisiva da banda, além de ser seu disco mais popular após o disco de estreia, In the Court of Crimson King, lançado cinco anos antes. O disco ainda conta com participações de músicos ligados a outras formações da banda, como David Cross, Mel Collins, Ian McDonald, Robin Miller e Mark Charig, mas seu cerne está na dinâmica entre os três instrumentistas principais, além de trazer a imortal “Starless”. A nova edição ainda traz os Elemental Mixes, feito pelo produtor e ex-empresário David Singleton da banda, que reuniu trechos das gravações para reimaginar o disco a partir de outras versões instrumentais, além de uma nova edição mixada em 2024 feita pelo às Steven Wilson sob supervisão de Robert Fripp. Veja abaixo a cara da nova edição do disco:
E a Balaclava aperta a veia prog ao anunciar mais um showzaço esse semestre, desta vez trazendo o violinista, tecladista e flautista David Cross, integrante de uma das fases clássicas do cabeçudaço King Crimson, para uma apresentação em que, ao lado de seu conjunto, irá tocar a íntegra do soberbo Larks’ Tongues in Aspic (1973), além de músicas dos discos Starless and Bible Black e Red, ambos lançados há 50 anos. O show acontece dia 28 de novembro na Casa Rockambole e ainda contará com uma roda de conversa antes do show em que Cross falará ao lado do baterista de sua banda (Jeremy Stacey, que toca na fase atual do King Crimson) e do produtor e empresário iugoslavo Leonardo Pavkovic, que à frente do selo MoonJune Records, mantém a chama progressiva acesa até hoje. Os ingressos já estão à venda.
O grupo King Crimson acaba de anunciar uma edição de aniversário para um de seus maiores clássicos, Larks Tongues In Aspic, lançado no início de 1973, que virá a público no próximo dia 13 de outubro. O álbum marcou mais uma mutação na banda dirigida pelo guitarrista Robert Fripp, a terceira, quando recriou o grupo de dispensar Mel Collins, Boz Burrell e Ian Wallace (coautores do soberbo Islands) e convocar o baterista do Yes Bill Bruford, o ex-baixista da Family John Wetton, o violinista e tecladista David Cross e o percussionista Jamie Muir. Na nova formação, o grupo (louvado hoje por Fripp como “a versão mais King Crimson do King Crimson, uma banda mágica!”) começou a explorar novos limites de sua musicalidade, entre as fronteiras do jazz rock, música erudita do leste europeu e improviso livre (chegando a um horizonte de ruído que o metal só atingiria na década seguinte), consolidando-se como a banda mais ímpar do rock progressivo.
A nova edição do disco, já em pré-venda no site da banda, reúne em dois CDs e dois Blurays tudo que já foi reunido nas outras edições de aniversário do disco, além de novas mixes feitos neste ano em Dolby Atmos, DTS-HD MA 5.1 Surround Sound e Estéreo em Alta Resolução, todos feitos por Steven Wilson e outros feitos por David Singleton, que mixou todas as sessões de gravação do disco, além do áudio-documentário Keep That One, Nick, feito para a edição de 30 anos do disco. A nova edição também vem em vinil duplo, ambas versões em capa dupla, com encarte escrito pelo biógrafo da banda, Sid Smith. Coisa fina.
E o Marko viu o post que fiz nesta segunda sobre a inteligência artificial esticando as bordas de discos clássicos brasileiros e resolveu fazer essa mesma experiência com discos estrangeiros, botando Led Zeppelin, Beatles, Miles Davis, John Coltrane, King Crimson, The Who, Patti Smith, Pink Floyd, entre outros, para ampliar seus horizontes visuais à base de inspiração robô.
Sai fora, frio.
Toro y Moi – “Ordinary Pleasure”
Broken Bells – “Good Luck”
Def – “Casa (Paulo)”
Wilco – “Before Us”
Angel Olsen – “Spring”
Lana Del Rey – “Venice Bitch”
O Terno – “Nada / Tudo”
Blur – “Death of a Party”
King Crimson – “Red”
Beatles – “You Never Give Me Your Money (Take 36)”
David Bowie – “Kingdom Come”
Crime Caqui – “Gostosinha”
La Leuca – “Saliva Salina”
Velvet Underground – “Some Kinda Love”
Em seu aniversário de 50 anos, o primeiro disco do King Crimson, In the Court of the Crimson King recebe tratamento de luxo ao ser transformado em uma caixa com quatro LPs ou 3 CDs, que trazem além da íntegra do álbum com mixagem 5.1 stereo (no formato blu-ray), versões ao vivo, instrumentais e só com os vocais isolados, remixados por Steven Wilson e David Singleton e aprovados pelo próprio Robert Fripp. Esta edição (já em pré-venda) fará parte de uma caixa ainda maior, chamada Complete 1969 Session, que será lançada em um futuro próximo que reúne tudo que o grupo fez em seu primeiro ano de atividade. E tudo isso faz parte de um enorme projeto lançado no início deste ano para revisitar toda a discografia da banda. Enquanto isso, o grupo toca aqui em dois shows no mês que vem…
É o que anuncia o Flesch no Destak ao começar a investigar os desdobramentos do Rock in Rio: além do King Crimson, o Weezer também deve vir pra São Paulo depois de se apresentar no festival carioca (Dave Matthews Band também, mas quem se importa?).