Às vésperas do fim do mundo, eu, Vlad e Tomate resolvemos problematizar o primeiro Carnaval pós-vacina e tentamos antecipar o momento em que todo o sentimento represado se soltará. Enquanto isso, tecemos observações sobre os aposentados do Brasil, o sentido de guardar dinheiro ante o apocalipse, o Danilo Gentili da Ucrânia, painéis eletrônicos em elevadores residenciais, um grupo de WhatsApp como performance, lembranças de Carnavais passados, a equivalência da liberação da maconha e do bingo, a sacada do peido do Lula e a profanação da farofa vegana.
Aparelho sempre investigando os grandes – e pequenos – enigmas da humanidade e desta vez, eu, Emerson “Tomate” Gasperin e Vladimir Cunha abrimos divagações sobre a quantidade de discos que torna uma banda clássica, como o 4K matou o passado do cinema, os macacos treinados de Stanley Kubrick, o verdadeiro inventor do algoritmo, o disco de easy listening do Stevie Wonder, a importância dos Chemical Brothers, uma praxada com cheiro de chulé, Blade Runner da tela verde, estudos sobre asfalto, o monolito de 2001 como escola técnica, a conexão hippie-punk-rajneesh, metonímias e marcas, o fim do Facebook, o crime de amar demais os Smiths, e agora, há uma bica lá fora – aqui dentro, sempre.
Em mais uma sessão do Aparelho, eu, Vlad e Tomate atravessamos ideias tão erradas quanto um cruzeiro de bandas de rock brasileiro do século passado, a possibilidade do presidente ser o emissário de paz no conflito da Ucrânia, a tradição pirata no trabalho dos Rolling Stones e de Bob Dylan, nosso excesso de prudência, a verdadeira importância da Semana de 22 e a falta que faz um sindicato da ganja.
Começamos falando de velho oeste, mas logo descambamos para a política, em mais uma sessão do Aparelho em que eu, Vlad e Tomate lamentamos a cara de pau de muitos que achavam que era tranquilo tirar uma presidenta eleita para abrir caminho para o elenco mais torpe do pior filme de terror do mundo. Inevitavelmente chegamos ao Iron Maiden quando perguntamos: quais integrantes da banda de metal apoiariam a Lava-Jato?
Em mais uma reunião semanal do jornalismo-fumaça, chamo Vladimir Cunha e Emerson “Tomate” Gasperin para discutir a saída de Neil Young – o melhor ser humano vivo atualmente? – do Spotify e como isso se desdobra para o resto da cultura como um todo. Mas aproveitamos para falar sobre Starbucks no Brasil, produtos importados nos anos 80, os pintinhos pisados pelo KISS, aulas de baixo de reggae, a malhação do Judas no impeachment do Collor, Cansei de Ser Sexy no Glastonbury, tretas com o clube dos colecionadores de MSX, contratos assinados com sangue, um caixão pra ser destruído, a pronúncia original do latim, a música nova da Anitta, a escala Búzios, a quinta geração do rock, o arquivo da internet, o novo Fausto Silva, como só Rod Stewart, o disco soviético do Iron e, claro, NFT, além do Tomate ameaçar queimar pólvora no programa.
Em mais um episódio da série NFT (não percebeu as iniciais?), eu, Vladimir Cunha e Emerson “Tomate” Gasperin mergulhamos no empirismo psicodélico que atrai fiéis e nutre desafetos. De Rolling Stones ao Primo Cruzado, da fase marroquina de Caetano Veloso às piadas de Robert Crumb que envelheceram mal, nosso olhar vesgo & ferino vasculha o patético e o sublime com o mesmo empenho. Com este presente bizarro e um futuro incerto, ninguém pode nos criticar por visitar o passado como se fôssemos o Silk Sonic da subversão-moleque.
Depois de tostar aquele que deixou a Cristina Prochaska (cheirar é coisa de aspirante, aqui só tem profissional), entramos numa ciranda de maluco regada a corote. É incrível como a simples menção da bebida imunizante abre um portal para o infinito. A diversidade conceitual – espraiada por autógrafos na era do selfie, reforma trabalhista e Faustão – converge para a única maneira de sobreviver em um país que já transcendeu tanto a lucidez que ficou translúcido, com todas as picaretagens à mostra. Não, não inveje o nosso tirocínio: alopre como (e com) a gente!
Primeira edição do ano, ainda impregnada por desassossegos provocados por artistas que gostavam de destruir escolas em seus videoclipes. Lá pelas tantas, surge a pergunta incontornável: e se essa coisa horrorosa for reeleita? Um frêmito de choque e pavor percorre a espinha de cada aparelher com a possibilidade de mais quatro anos de pesadelo. É bom nem cogitar para não atrair. Ou mudar de assunto, como armar para cobrir a posse do nosso presidente em Brasília. O homem nem assumiu ainda e já está fazendo o povo ter planos novamente!
Disseram que o fim não vinha, mas ele chegou batido. Os rolos, antes restritos ao bolso, agora atingem o presidente do cóccix até acima do pescoço. Insone, enfezado e prestes a surtar, em um último ato de desespero o pobre diabo se agarra na prova incontestável de seus poderes: a medalhinha. E assim, eu, Vlad e Tomate embrenhamos em mais um Aparelho – Jornalismo Fumaça. Vem com a gente!
Um espectro ronda o Alvorada – o espectro da prisão do 02. A ameaça de ver o filho dileto atrás das grades desgraça o neurônio solitário do patriarca, como confabulo ao lado de Emerson “Tomate” Gasperin e Vladimir Cunha, o “Vlad”, erm mais uma edição do Aparelho. Spoiler: seu pesadelo está apenas começando.