A presença de Anitta em 2017

anitta-

Escrevi no meu blog no UOL sobre como o Rock in Rio erra duas vezes ao esnobar Anitta, o maior fenômeno pop brasileiro de 2017.

A notícia do cancelamento do show de Lady Gaga no Rock in Rio, que começa nessa sexta-feira, literalmente na véspera foi o maior balde de água fria que o evento poderia receber. Para os fãs ela veio em dose dupla, que não só não iriam ver sua musa de perto como frustraram-se ao descobrir que o festival a havia trocado por uma nova apresentação do grupo californiano Maroon 5, que tocará no sábado. A distância estética entre as duas atrações é compatível com a dos brasileiros que abrem os shows no palco mundo do dia – foi como trocar um show da Ivete Sangalo por um show do Skank.

Ao mesmo tempo surgiu-se o questionamento sobre Anitta. Principal artista pop brasileira de 2017, Anitta encaixaria-se perfeitamente no recorte estético do público de Lady Gaga e compensaria de alguma forma a ausência da diva dance nova-iorquina. Mas fora toda a questão contratual, logística e financeira, além da correria em acertar agendas, a substituição de Lady Gaga por Anitta nunca aconteceria, mesmo que a brasileira não fosse a principal atração do dia (outra questão que o Rock in Rio precisa superar – assumir um headliner brasileiro ou pelo menos um dia inteiro dedicado à nossa música). Porque o Rock in Rio esnoba Anitta.

E isso é um erro.

Ok, já amadurecemos e saímos daquela fase que deveria ter sido ultrapassada ainda nos anos 90, quando as pessoas reclamavam que “Rock in Rio não tem rock” ao vociferar contra shows de Prince, George Michael, Britney Spears e Justin Timberlake. Desde o início o festival usa o nome do gênero como um atrativo que remete mais à “atitude” do que propriamente à música. A primeira edição, em 1985, teve shows de George Benson, Al Jarreau, Ivan Lins e James Taylor e a presença de brasileiros como Elba Ramalho, Moraes Moreira e Alceu Valença ampliavam os horizontes do festival para longe. E um de seus principais carros-chefe sempre foi a música pop.

E nenhum artista brasileiro é mais pop do que Anitta em 2017. Ela ultrapassou barreiras e mudou completamente a forma como se divulga um trabalho e se molda uma personalidade global, completamente afinada com as transformações do mercado da música digital. Começou o ano emplacando duas colaborações distintas – a primeira (“Loka”) com a dupla Simone & Simaria e a segunda (“Você Partiu Meu Coração”) com Nego do Borel e Wesley Safadão – e em menos de um mês, entre maio e junho, emplacou três hits um atrás do outro: “Switch”, com a rapper australiana Iggy Azalea; “Paradinha”, em espanhol; e “Sua Cara”, ao lado do grupo norte-americano Major Lazer e da drag brasileira Pabllo Vittar. No início deste mês ela lançou seu primeiro single em inglês, “Will I See You”, ao lado do produtor norte-americano Poo Bear.

O único brasileiro a ir tão longe no pop mundial foi Tom Jobim, ao transformar sua “Garota de Ipanema” em um dos maiores hits da história. Mas fora ele e outros luminares da bossa nova (João Gilberto, Marcos Valle, Sérgio Mendes), Anitta já ultrapassou outras histórias de brasileiros que fizeram sucesso no exterior, como o grupo punk Cólera, o Sepultura ou o Cansei de Ser Sexy. E a impressão é que ela está só começando…

Por isso o Rock in Rio erra ao não escalá-la para a edição deste ano. É um descompasso com a realidade da música brasileira, principalmente quando o próprio festival lança uma perspectiva global sobre si. Um show de Anitta no Rock in Rio seria uma vitrine enorme tanto para a artista quanto para o festival, algo parecido com o que poderia ter sido o show de Sandy e Júnior no Rock in Rio de 2001 (mas que ficou parecendo um musical da Globo com pouco orçamento).

A própria Anitta acha que é preconceito, não apenas com ela, mas com o funk, a cena musical de onde ela veio. Por mais que soe internacional nestes últimos singles, sua matriz é a do funk do Rio de Janeiro e ela não só não renega como ostenta, orgulhosa: “Se eu uso as artimanhas do funk pra fazer o meu show mais divertido, não tem como eu dizer que eu não sou do funk. Eu sou, assumo e tenho o maior orgulho, mas acredito sim que eu tô fazendo outros ritmos, não só o funk”, disse em entrevista à Veja São Paulo, concluindo: “Não gosta, não contrata”.

O empresário Roberto Medina, criador do Rock in Rio, foi confrontado com a situação e saiu-se de forma movediça ao ser confrontado com o tema em entrevista ao jornal Folha de São Paulo: “Não tenho afinidade com a música dela, não achei que encaixava, mas ela está indo para um caminho pop que a aproxima mais do Rock in Rio, como a própria Ivete (Sangalo) entrou nesse caminho. Não tenho nada contra, estou conversando com ela. Almocei com ela outro dia e fiquei impressionado. Ela é uma empresária, tem uma visão de marketing.” Mas não sem antes escorregar na saída: “Estou trabalhando uma ideia de fabricar uma favela dentro do próximo festival. Colorida, mais bonita, mais romântica, para ter a música da favela, fazer uma seleção (de artistas) nelas, empolgar o pessoal de lá. Trazer os botequins também”, não sem antes arrematar que “a música da favela está sendo consumida pela elite”.

O ato falho parece indicar que o problema em relação à música de Anitta não é apenas musical – e sim social. Favela colorida e romântica? Isso é um autoengano. Ao isolar seu pop de shopping center num parque temático musical nos confins do Rio de Janeiro, o Rock in Rio finge que a verdadeira música pop brasileira (que inclui não apenas o funk, mas o sertanejo e inúmeros outros gêneros e subgêneros populares) não existe pelo simples fato de não estar dentro de seu condomínio fechado. Essa separação é parente do preconceito que tenta vilanizar um gênero musical com decretos de lei, algo que já vimos acontecer no Brasil há cem anos com ninguém menos que o samba, que hoje é o grande gênero musical popular do país. Sempre que alguém fala que “isso não é música” (seja samba, rock, rap, reggae, funk) pode ter certeza que, sim, é música e, não, o problema não é a música – e sim quem canta e quem dança.

As 75 melhores músicas de 2015: 64) Anitta – “Bang!”

64-anitta

“Você sabe que eu gosto assim”

Vida Fodona #400: As 75 Melhores Músicas de 2013

vf400

Agora sim, 2014 pode começar.

M.I.A. – “Y.A.L.A.”
Lily Allen – “Hard Out Here”
Lana Del Rey – “Young and Beautiful”
Superchunk – “Me & You & Jackie Mittoo”
Disclosure + AlunaGeorge – “White Noise”
Phoenix – “Trying To Be Cool”
Strokes – “Tap Out”
Dorgas – “Hortencia”
Mac Miller – “Objects in the Mirror”
MGMT – “Alien Days”
Charles Bradley – “Victim of Love”
!!! – “One Boy/One Girl”
Rodrigo Amarante – “Maná”
Anitta – “Show das Poderosas”
Cícero – “Fuga nº3 da Rua Nestor”
Glue Trip – “Elbow Pain”
Toro Y Moi – “High Living”
Jagwar Ma – “The Throw”
Chvrches – “The Mother We Share”
Bruno Mars – “Treasure”
M.I.A. – “Bring The Noize”
Suede – “For the Strangers”
Chromeo – “Over Your Shoulder”
Mayer Hawthorne – “Designer Drug”
Lorde – “Tennis Court”
Weeknd – “Belong To The World”
Metronomy – “I’m Aquarius”
The National – “Graceless”
Caxabaxa – “Vizualizada”
Is Tropical – “Dancing Anymore”
Vampire Weekend – “Diane Young”
Paul McCartney – “New”
Daft Punk – “Giorgio By Moroder”
Blood Orange – “You’re Not Good Enough”
Bárbara Eugênia + Pélico – “Roupa Suja”
Holy Ghost! – “Bridge and Tunnel”
Justin Timberlake – “Take Back The Night”
Boogarins – “Lucifernandis”
Jagwar Ma – “Come Save Me”
Arcade Fire – “Reflektor”
Nick Cave & The Bad Seeds – “We Real Cool”
Warpaint – “Love Is To Die”
Daft Punk + Pharrell + Nile Rodgers- “Lose Yourself to Dance”
Of Montreal – “Obsidian Currents”
Robin Thicke + T.I. + Pharrell- “Blurred Lines”
Drake – “Hold On We’re Going Home”
Justin Timberlake – Mirrors – “”
Garotas Suecas – “Bucolismo”
James Blake – “Retrograde”
Arcade Fire – “Porno”
The National – “Sea Of Love”
My Bloody Valentine – “Only Tomorrow”
Arctic Monkeys – “Do I Wanna Know?”
David Bowie – “Love Is Lost (Hello Steve Reich’ remix by James Murphy)”
Pulp + James Murphy – “After You (Soulwax Remix)”
Blood Orange – “Chamakay”
Beyoncé – “Blow”
My Bloody Valentine – “New You”
Unknown Mortal Orchestra – “Swim and Sleep (Like a Shark)”
Daft Punk + Todd Edwards – “Fragments of Time”
Arctic Monkeys – “Why’d You Only Call Me When You’re High?”
Washed Out – “It All Feels Right”
Yo La Tengo – “Ohm”
Arcade Fire – “Afterlife”
Washed Out – “All I Know”
My Bloody Valentine – “In Another Way”
Emicida – “Crisântemo”
Daft Punk – “Get Lucky”
Darkside – “Paper Trails”
Marcelo Jeneci + Laura Lavieri- “Pra Gente Se Desprender”
Unknown Mortal Orchestra – “So Good At Being In Trouble”
Haim – “The Wire”
Lorde – “Royals”

Por aqui.

As 75 melhores músicas de 2013: 62) Anitta – “Show das Poderosas”

MC Anitta divulga foto de top e minissaia

O “Show das Poderosas” cantado por Alcione, Clarissa Falcão, Céu, Marília Gabriela, Shakira, entre outras

show-das-poderosas

A cantora Luiza Caspary fez uma versão brasileira praquela brincadeira que a norte-americana Christina Bianco fez com “Total Eclipse of the Heart” e botou dez cantoras brasileiras (nove, pois tem a Shakira) para cantar um dos hits de 2013, veja abaixo:

 

Anitta na Forbes e Porta dos Fundos no New York Times

porta-dos-fundos-anitta

Haters gonna hate em dose dupla. Primeiro a Forbes sobre a Anitta:

Anitta’s freshness and girl next door beauty can be an asset in a moment when industry power brokers have learned to prioritize sexual attractiveness just as much as musical talent as they fight a crowded field for movie deals, magazine covers, and fashion lines, let alone record deals. The latest Forbes Celebrity 100 list just proves that, as 3 out of its Top 10 entertainers are female musicians who fit in that category (Lady Gaga, Beyonce and Taylor Swift).

If Anitta is to join them, only time will tell. But so far her meteoric career has indicated Brazil may be too small for her.

Depois é o New York Times quem comenta o Porta dos Fundos:

Brazil certainly offers the kind of environment in which a venture like Porta dos Fundos can thrive. The nation recently ranked second after the United States in both Facebook users and Twitter accounts, reflecting its effervescent social media use. Independent satirists and writers also generally feel unhindered in pushing the limits of freedom of expression in Latin America’s largest democracy.

When they are not shooting a video, the partners in Porta dos Fundos are incongruously serious and earnest in explaining their work. Fábio Porchat, a stand-up comedian who may be the troupe’s most famous member, says they draw inspiration from an array of sources, including Monty Python; Luís Fernando Veríssimo, a Brazilian writer and cartoonist; the British playwright Harold Pinter; and “South Park,” the adult animated sitcom in the United States.

“Humor puts a light on a certain subject,” said Mr. Porchat, 30, who has more Twitter followers than Romário de Souza Faria, the outspoken Brazilian soccer legend who is now a federal legislator. “You can understand a little bit more what’s happening about that subject laughing about it.”

E dizem que o Brasil vai mal. Como diz o novo ditado: “se isso é estar na pior…”

PRE-PA-RA…

poderosas

Que idéia foda, como ninguém tinha pensado nisso…?

Anitta ain’t no joke

anitta-01
anitta-02
anitta-03
anitta-04

Depois eu explico porque eu acho que “Show das Poderosas”, da Anitta, é uma das músicas mais importantes de 2013. Por enquanto, fiquem com essa versão espetacular e infame – na mesma medida – que o grupo Ain’t No Joke fez pra esse hit:

Justin Bieber e o show das poderosas

bieber

Eu também tou devendo falar sobre esse hit da Anitta…