O primeiro curso Trabalho Sujo no Espaço Cult, na Vila Madalena, começa na próxima segunda e as inscrições podem ser feitas até o domingo. No curso, reuni velhos conhecidos e nomes de peso do cenário cultural brasileiro para conversar sobre as mudanças que estão acontecendo no mercado musical nos últimos anos. Em todas as aulas, mediarei um papo sobre diferentes facetas deste cenário, dissecando ao lado de nomes que lidam diretamente com áreas codependentes como as transformações da era digital estão mudando nossa relação com a música. Mais detalhes no site do Espaço Cult, que mudou de endereço e agora fica na Rua Aspicuelta, número 99. O time reunido é de primeira: João Marcello Bôscoli, Pablo Miyazawa, Evandro Fióti, Roberta Martinelli, Airton Valadão Jr., Tulipa Ruiz, Karina Buhr, Maurício Tagliari, Carlos Eduardo Miranda, Ronaldo Evangelista, Fabiana Batistela, Marcos Boffa, Patrícia Palumbo, Lucio Ribeiro, Ricardo Alexandre e André Forastieri.
Estão abertas as inscrições para o curso O Ecossistema da Música em 2014, que coordeno no final de agosto lá no Espaço Cult na Vila Madalena. Reuni uma turma boa pra participar de dez encontros em que discutirei como a música vem se transformando como negócio nos últimos anos e em que pé estamos no ano em que estamos. Abaixo segue a descrição do curso e quem quiser se inscrever pode acessar este link e seguir as coordenadas.
Outros colegas de trabalho lembram da convivência com o crítico Jean-Yves Neufville, que morreu no início da semana. Relembra o Camilo (de onde surrupiei a capa do especial Bizz que ilustra esse post:
Jean-Yves trabalhava na Folha Ilustrada (e freelava para a Bizz). Estava perto do segundo Rock In Rio e um dos escalados era o Happy Mondays. A banda estava no auge, representante maior de uma onda Manchester-acid house-freak. Jean-Yves entrevistou Shaun Ryder para o jornal e conseguiu uma declaração bombástica. Dia seguinte, primeira página, a manchete trazia algo como “Vocalista do Happy Mondays quer trazer 1000 ecstasies para o Brasil”
Semanas depois, estamos eu e Jean-Yves numa sala de um hotel de luxo no Rio nos preparando para entrevistar Ryder em carne e osso. Já era a semana do festival. Não tinha dado meio-dia, mas Ryder já entornava vodca e cerveja, intercalando os drinks com uma bomba de tabaco com haxixe.
Fomos entrevistando ele em dupla. Eu pergunto dos 1.000 ecstasies e Ryder se exalta. Diz que foi sacaneado, que nunca ia ser trouxa de falar algo assim para um jornalista. Jean-Yves conta que era ele o entrevistador e o contesta. Ryder fica puto, continua negando e fecha a cara. A entrevista, entre resmungos em forte sotaque nortista inglês, tragos e chapação, fica ainda mais incompreensível.
Vinícius, ex-Jazz+, também lembra da convivência com o jornalista:
Duas décadas depois, precisamente em 2003, conheci o Jean pessoalmente quando criei a revista Jazz+. Para a minha surpresa, o Jean roqueiro era um apaixonado pelo jazz. Logo que descobriu a primeira edição nas bancas tratou de me procurar para oferecer seus serviços. Aceitei sem pestanejar.
Quando debatíamos as pautas pelo telefone era possível escutar, ao fundo, bem baixinho, a trilha sonora de nosso bate papo. O tocador de músicas de sua casa (CD, vitrola, iPod?) produzia sons de Chet Baker, Bill Evans e outros notáveis do jazz. Nunca atendi a um telefonema do Jean cuja música de fundo não fosse jazz.
Quando a Jazz+ deixou as bancas definitivamente, em 2008, nosso contato enfraqueceu. Mas entre todas as matérias publicadas pelas 18 edições da revista, considero a reportagem sobre a vida do saxofonista Charlie Parker, escrita por Jean, a melhor de todas.
Jotabê lembra do estilo do crítico:
Cortês e elegante, não costumava cultivar a polêmica fácil e ficou conhecido no meio musical por sua doçura e resistência ao debate hostil. Recentemente, Neufville buscava voltar à atividade de crítico, que tinha abandonado desde que assumiu a de tradutor. Considerava que a música vivia um momento de impasse, sem criatividade, e ocupando-se mais de combinações de coisas pré-existentes do que da busca do novo.
Forastieri também:
Jean-Yves era especializado, desesperado por música. Se preparava cuidadosamente para entrevistar os artistas. Ouvia álbuns repetidamente para preparar as resenhas. Aporrinhava editores com questiúnculas para ele da maior relevância, sempre com português preciso e aquele sotaque frrancês, Andrrê, Forrasta etc. Ouvia rock e jazz e MPB e música clássica com idêntica ausência de preconceitos. Eu, fundamentalista dos três minutos, não conseguia entender. Discutíamos música sem fim, traçando x-saladas e rabadas ao molho ferrugem nos botecos dos Campos Elíseos.
Parir uma crítica era trabalho de ourivesaria. Sofria, suava, levava século e meio. Uma vez, fechamento da Ilustrada atrasado, só faltava seu artigo. O secretário de redação veio cobrar aos gritos: desce como tá, vamos fechar já! Corta pelo pé (é como jornalista chama o fim da matéria, o pedaço mais dispensável). Jean-Yves deu o contra: é melhor cortar aqui – e começou a aparar as primeiras linhas do texto, onde, na teoria, deveria estar o mais importante… e a gente ao lado passando mal com a cena.
Uma vez veio pedir, todo educado: você já escreveu este ano sobre os novos discos da Legião Urbana e Titãs, não se incomoda se eu fizer os Paralamas? São as três bandas mais importantes do Brasil. Respondi que sim, lógico, besta com delicadeza do colega experiente, quase dez anos mais velho.
Vendi para ele meu primeiro computador, primeiro dele também, com impressora e uma mesa metálica trambolhenta pra acomodar tudo. Eu tinha dito que era um 386, me confundi, ignorante. Levei na casa dele, instalei, a máquina liga, é um 286. Ele tudo bem, sem problemas, vou usar é para escrever mesmo. E aí abriu uma cerveja, e passei horas explorando sua enciclopédica coleção de discos. Me apresentou sua mulher, Valéria, linda e inteligente. Pensei: Jean é um homem de sorte.
Mas ainda me impressiona que não haja nada da obra do crítico franco-paulistano online. Alguém consegue sacar alguns de seus textos clássicos de alguma cartola? Quem achar pode copiar nos comentários.
Desde o início do ano, eu, o Bruno (meu compadre, sócio e pupilo, o responsável pela criação dOEsquema), o Pedro Garcia (que também é do Queremos) e o Dudu Fraga (da Talk Inc.) estamos em reunião com o Multishow pra tentar reinventar seu prêmio anual de música brasileira. Bruno foi chamado para dar pitacos sobre o que poderia mudar na atual edição do prêmio (a décima nona versão) e reuniu os quatro para assinar a consultoria criativa desta nova etapa do prêmio do canal.
Acreditamos que o desafio proposto foi acertado. Ampliamos o conceito de música abordado pelo prêmio – indo para além da MPB ou da música pop – ao criar o slogan “Música importa”, que trata do papel central que a música exerce nos dias de hoje (Bruno dirigiu uma série de vinhetas em que diferentes artistas falam deste assunto). Reformulamos também as categorias – artista revelação, melhor disco e melhor show são os principais prêmios do ano – e bolamos um formato em que o programa, portanto, os shows, fossem o principal tema da noite. As apresentações também reunirão diferentes espectros do que é a música brasileira hoje, em parcerias que reúnem nomes tão diferentes quanto Maria Gadú, Cícero, Michel Teló, O Terno, Thiaguinho, Gaby Amarantos, Ana Carolina, Erasmo Carlos, Arnaldo Antunes e Nando Reis, Agridoce, Paula Fernandes, Felipe Cordeiro e Ivete Sangalo (veja a lista completa dos shows aqui) – que também é uma das apresentadoras da noite, ao lado do Paulo Gustavo, que é apresentador do canal. A direção artística ficou por conta do Kassin.
A votação dos melhores do ano acontece em três etapa: há o voto do público, o voto do júri especializado e um outro que chamamos de Super Júri. Nesta tribuna, estarão reunidos, durante a premiação, um júri formado por André “Cardoso” Czarnobai, André Forastieri, André Midani, Katia Lessa, Marcelo Castello Branco, Miranda, Pablo Miyazawa, Pedro Seiller, Ricardo Alexandre, Roberta Martinelli e Sarah Oliveira. Eles decidirão os três principais prêmios durante a transmissão dos shows, em transmissão feita pela internet. Acreditamos que tão interessante quanto ver os artistas se apresentando é entender como funcionam os critérios que vão definir os principais artistas do ano. Uma pré-votação já foi feita e, entre os nomes que disputam as principais categorias, estão Cícero, Lucas Santtana, Gal Costa, Gang do Eletro, Marcelo Camelo, Tulipa Ruiz, Silva e Marisa Monte. O bate-boca vai ser bom!
O prêmio acontece amanhã a partir das 21h45 no Rio de Janeiro e será transmitido ao vivo pelo canal, consagrando a ótima fase da atual música brasileira.
Foto: UOL
Mais gente falando sobre o caso da semana, em diferentes textos. Começo com o Matheus Pichonelli, da Carta Capital:
Ao que tudo indica, a ocupação da reitoria da USP foi de fato patrocinada por um grupo de aloprados, que atropelou o rito das assembleias realizadas até então e, num ato de desespero (calculado?), fez rolar morro abaixo uma pedra que, aos trancos, deveria ser endereçada para pontos mais altos da discussão.
Uma vez que essa pedra rolou, como se viu, tudo desandou. Absolutamente tudo, o que se nota pela declaração do ministro-candidato-a-prefeito (algo como: bater em viciado pode, em estudante, não) e do governador (vamos dar aula de democracia para esses safadinhos), passando pela atitude da própria polícia (tão aplaudida como o caveirão do Bope que arrebenta favelas), de cinegrafistas (ávidos por flagrar os “marginais” de camiseta GAP) e de muitos, mas muitos mesmo, cidadãos que só esperavam o ataque aéreo dos japoneses em Pearl Harbor para, em nome da legalidade, arremessar suas bombas atômicas sobre Hiroshima.
O episódio, em si isolado, é sintomático em vários aspectos. Primeiro porque mostra que, como outros temas-tabus (questão agrária, aborto…), a discussão sobre a rebeldia estudantil é hoje um convite para o enterro do bom senso. O episódio foi, em todos os seus atos, uma demonstração do que o filósofo e professor da USP Vladimir Safatle chama de pensamento binário do debate nacional – segundo o qual a mente humana, como computadores pré-programados, só suporta a composição “zero” ou “um”. Ou seja: estamos condicionados a um debate que só serve para dividir os argumentos em “a favor” ou “contra”, “aliado” ou “inimigo”.
Vale analisar a tal dicotomia exposta por Safatle:
De fato, o Brasil tem de conviver atualmente com debates onde o mundo parece se dividir em dois. Não há nuances, inversões ou possibilidades de autocrítica.
Jean-Paul Sartre costumava dizer que o verdadeiro pensamento pensa contra si mesmo.
Este é, por sinal, um bom ponto de partida para se orientar em discussões: nunca levar a sério alguém incapaz de pensar contra si mesmo, incapaz de problematizar suas próprias certezas devido à redução dos argumentos opostos a reles caricatura.
Afinal, se estamos no reino do pensamento binário, então só posso estar absolutamente certo e o outro, ridiculamente errado. Daí porque a única coisa a fazer é apresentar o outro sob os traços do sarcasmo e da redução irônica. Mostrar que, por trás de seus pretensos argumentos, há apenas desvio moral e sede de poder.
Isso quando a desqualificação não passa pela simples tentativa de infantilizá-lo. Alguns chamam isso de “debate”. Eu não chegaria a tanto.
Infelizmente, tal pensamento binário tem cadeira cativa nas discussões políticas.
Se você critica as brutais desigualdades das sociedades capitalistas, insiste no esvaziamento da vida democrática sob os mantos da democracia parlamentar, então está sorrateiramente à procura de reconstruir a União Soviética ou de exportar o modelo da Coreia do Norte para o mundo.
Se você critica os descaminhos da Revolução Cubana ou a incapacidade da esquerda em aumentar a densidade da participação popular nas decisões governamentais, criando, em seu lugar, uma nova burocracia de extração sindical, então você ingenuamente alimenta o flanco da direita.
Esse binarismo só pode se sustentar por meio da crença de que nenhum acontecimento ocorrerá. Tudo o que virá no futuro é a simples repetição do passado. Não há contingência que possa me ensinar algo. Só há acontecimento quando este reforça minhas certezas.
Forastieiri olha por sobre os grupos envolvidos e procura os chefes:
O reitor da USP, João Grandino Rodas, iria ser diferente de seus patrões? As denúncias contra ele se acumulam, e vão da mera extinção de cursos e compra duvidosa de imóveis a atitudes francamente brucutus, como chamar a Tropa de Choque para resolver outra ocupação (em 2006) e realizar demissão em massa de 270 funcionários em janeiro de 2011.
Chamado pela Assembleia Legislativa para se explicar, simplesmente não apareceu. Chegou a ser declarado Persona Non Grata pela congregação da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, com apoio do Centro Acadêmico 11 de Agosto.
Este último foi só mais um enfrentamento. Outros necessariamente acontecerão. E não só entre os estudantes e as autoridades da USP. Porque o problema não é a USP, ou seus estudantes, ou a PM. O problema não é nem o reitor.
O problema é quem indica o reitor, a quem interessa a militarização do governo, e principalmente quem comanda os comandantes. Da próxima vez, sugiro à rapaziada começar a ocupação pelo Palácio dos Bandeirantes.
O Pablo Ortellado segue ampliando a discussão sobre a situação da USP:
Mas o elemento importante, ausente no debate, é a ameaça de uso da força policial para reprimir o movimento estudantil e o movimento sindical. Permitam-me uma breve digressão para argumentar como as duas coisas se juntam.
Maquiavel, teórico da política, defendia numa obra famosa (Os discursos sobre a primeira década de Tito Lívio) que a causa da intensa e fratricida violência política da cidade de Florença era a não institucionalização dos seus conflitos. Em Florença, dizia Maquiavel, cada partido (os guelfos e os gibelinos, os negros e os brancos, os nobres e o povo) consolidavam a vitória com a expulsão do partido adversário da vida política da cidade – de maneira que só restava ao grupo derrotado atuar de fora do jogo político estabelecido, preparando um golpe de estado. O resultado era uma vida política violenta e sanguinária, sem estabilidade política e sem paz interna.
Guardadas as grandes diferenças de contexto histórico, essa é uma excelente explicação para a conturbada vida política da Universidade de São Paulo. Ao contrário das outras grandes universidades públicas, como a Unicamp ou as federais do Rio, Minas e Rio Grande do Sul, a gestão da USP é incrivelmente não democrática, o que, com os anos, empurrou todos os setores não alinhados com o grupo no poder para ação extra-institucional – simplesmente por falta de opção. As eleições para reitor na USP são definidas por um colegiado de apenas 100 pessoas – dessas, há 1 representante dos professores doutores (que compõem a maioria dos docentes), 14 representantes dos estudantes e apenas 3 dos funcionários. Os demais são representantes dos órgãos de direção que, com poucas exceções, se autoperpetuam no poder. Todas as comissões estatutárias são compostas pelas mesmas pessoas que se alternam nas diferentes funções há décadas. É um jogo marcado, viciado e sem qualquer espaço para que a comunidade de 80 mil alunos, 15 mil funcionários e 5 mil professores consiga se manifestar ou influir efetivamente nas decisões. Essa forma institucional excludente e arcaica empurrou as forças políticas para atuar por meio de greves, piquetes e ocupações de prédios, já que simplesmente não têm outra maneira efetiva de atuar.
Para complicar ainda mais a situação, nem mesmo esses injustos procedimentos de eleição de reitor foram honrados, já que na última eleição o governador escolheu o segundo colocado na lista tríplice. E esse segundo colocado, o reitor João Grandino Rodas, tem tido uma gestão fortemente confrontativa, impondo decisões injustas e ameaçando a dissidência com o uso de força policial. Quando ainda era apenas diretor da Faculdade de Direito, o atual reitor usou a força policial para expulsar o MST do prédio da faculdade e, noutra ocasião, fechou o prédio e suspendeu as aulas para impedir que uma passeata de estudantes entrasse no edifício. Ele também foi o principal articulador da entrada da polícia no campus para desocupar a reitoria, o que resultou numa abusiva ação policial que feriu professores e estudantes. Pois é exatamente este reitor que está agora autorizando a atuação ilimitada da polícia no campus o que, dado o seu histórico, não pode deixar de ser visto como uma ameaça do uso deste contingente para reprimir as únicas formas efetivas de atuação política do movimento estudantil e dos sindicatos.
Leonardo Borges Calderoni e Pedro Ferraracio Charbel aprofundam-se nesse tema:
Reconhecer os problemas da gestão Rodas é, sem dúvida, um passo importante. É fundamental, todavia, entendermos que o reitor que está sob investigação do Ministério Público encontrou na estrutura da própria universidade as possibilidades para assim atuar. Mais do que uma “persona non grata”, há na USP toda uma “estrutura non grata”. E no caso da Cidade Universitária, além da estrutura decisória, também a estrutura física precisa ser rearquitetada.
Quando o diálogo não for mais uma promessa vazia e a democracia uma propaganda enganosa, aí sim a USP poderá deixar seus dias de ilha e autonomia seletiva para trás. A USP não deve mais ser um enorme terreno desértico, hostil e sem iluminação; assim como deve se afirmar enquanto universidade pública à serviço da comunidade. A universidade deve ser permeável à sociedade em sua totalidade, não só no que diz respeito à polícia – cuja atuação e estrutura devem ser questionadas dentro e fora do campus. Só assim, a Cidade Universitária será um lugar muito mais seguro e, principalmente, muito mais útil à cidade que a abriga e aos cidadãos que a sustentam.
Fernando Henrique Cardoso, canabista e acadêmico, saiu pela tangente (embora condene a repressão):
Depende, porque a lei especifica quantidades diferentes… Mas eu acho que tem que ter um certo recato. O fato de você estar ali abertamente é uma provocação, não vejo razão para isso.
E tanto o Dafne, o Antonio Prata e o Marcelo Rubens Paiva lembram-se dos seus tempos de universidade para voltar ao tema principal. O melhor é que tudo isso está sendo posto em discussão – e os reaças de plantão seguem latindo sozinhos, sem participar desse diálogo.
Bom ponto levantado pelo Forastieri:
A única diferença gritante desta novela para as da minha infância: as protagonistas estão na casa dos cinquenta e tantos. Têm filhos adultos, neto. Impensável em outras épocas. Obrigatório em 2011. Por quê? Porque hoje só coroa assiste novela.
Os jovens estão na internet, nos games, nas redes sociais, no celular. Hoje, menos de um terço dos televisores brasileiros estão ligados, no horário nobre. Temos mais o que fazer, e quando mais jovem, mais multitarefas. Jovem não tem saco para ouvir uma música até o fim, imagine suportar oito meses uma novela.
Fui conferir a lista completa de personagens da novela. Renata Sorrah, Angela Vieira, Arlete Salles – é realmente elenco de novela dos anos 70, time de estrelas de cinquentonas para cima. Os galãs todos mais novos, que surpresa… Na rabeira do elenco, uma multidão de jovenzitos estilo Malhação, rapazes bombadinhos, garotas fitness, em papéis secundários pra baixo.
Continua lá.
A boa reflexão do Forasta em relação ao 11 de setembro foi a deixa para que ele também linkasse essa curta e precisa história do Alan Moore, desenhada por sua mulher Melinda Gebbie, inspirada nos eventos que aconteceram há 10 anos. A história também deu origem a esse curta de um minuto:
Daqui a pouco falo na Campus Party sobre credibilidade online – mas não sozinho, olha a bula:
“…o assunto fala tanto de Facebook quanto de WikiLeaks, de credibilidade e segurança de informação. O papo será mediado por Gil Giardelli, coordenador do Centro de Inovação e Criatividade da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), e contará com a presença de Demi Getschko, do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), do jornalista André Forastieri, da editora de mídias sociais do Terra Ana Brambilla, além deste que vos escreve. O debate começa às 11h15, nesta quarta.”
Fizemos, nesta edição do Link, um guia com as principais atrações do evento e estamos mantendo um blog dedicado ao tema. Quem vai?
Ele anunciou na sexta passada, depois de comemorar ao som de Bon Jovi, e agora é oficial: Forastieri mudou-se de sua casa própria para ocondomínio de blogs do novo site da Record, o R7, na companhia de Rosana Herrman, Gugu, Luciano Szafir, Theo Becker, Britto Jr., Daniel Castro. E estréia elogiando a casa nova.
Acho que é cedo pra falar disso, mas prestem atenção em como se desenrola o novo projeto do Forasta, o Bis. Justo ele, que passou anos renegando sua melhor qualidade, escrever sobre cultura pop, finalmente volta ao ramo, desenterrando até mesmo alguns zumbis editoriais. E com a atual ausência de conteúdo da emissora misturada com a lógica 2.0 por trás desse novo projeto, resta saber se isso pode criar um bom site de pop no Brasil ou se é só mais um sinal de que a volta dos anos 90 está para acontecer.