Think Tank 2011: A Terceira Via para o Direito Autoral

Participei de outro Think Tank, a mesa redonda organizada pelo Maurício e pelo Ronaldo pra falar sobre as transformações no mercado de música, com o Juliano e o Pena. Dessa vez o resultado foi ao ar quase na íntegra e está todo disponível no canal da YB no Vimeo, mas eu vou postando aos poucos durante a semana por aqui, afinal cada vídeo tem mais de dez minutos…

Gang of Four no Brasil

tinha levantado essa lebre mas não podia me aprofundar no assunto porque tava diretamente envolvido com ele. É que nesta quarta-feira foi oficializada a programação do 15º Cultura Inglesa Festival, o primeiro a ter uma abordagem mais pop, inagurando áreas de shows, casas noturnas, cinema e literatura. Para cada uma dessas áreas chamaram alguém para a curadoria, e eu cuidei da programação dos shows que vão rolar dia 29 do mês que vem, de graça, no Parque da Independência. Além do Gang of Four, também chamei os Blood Red Shoes e o Miles Kane para tocar no festival, que ainda vai ter os Mockers (o Cidadão Instigado sem Fernando Catatau) tocando Beatles e o Cachorro Grande tocando Who, além de três bandas que venceram o festival interno da escola de inglês, que vao abrir os shows, pela tarde.

Não estou sozinho: além de mim, o Lucio tomou conta da área de casas noturnas (e escalou o Alan McGee e o Glenn Matlock pra discotecar), a Flávia que também é lá do Estadão selecionou os filmes da mostra de cinema (que incluem uma retrospectiva Monty Python!) e o Rogério cuidou da área de literatura (que tem uma mostra de ficção científica e um debate com o Causo). Maiores informações no site do evento.

Partiu Floripa?

Passo o finde em Florianópolis, onde tenho duas atividades agendadas para este sábado. De tarde, participo do Florianópolis Music Trends, falando sobre o ponto de encontro entre as principais tendências de cultura pop e digital atual (indo do micro ao macro, do global ao local), papo que é seguido de um debate com os chapas Fabio Bianchini, Marcos Espíndola e Emerson Gasperin (tudo em casa…). De noite, discoteco no Jivago onde já me apresentei com a Gente Bonita – mas o vôo dessa vez é solo, quando toco na festa Convida, ao lado de uma trupe de bambas locais. O domingo tá livre, mas pelo que diz a previsão do tempo, não tenho dúvida: praia. Depois eu conto como foi…

Alexandre Matias auto-ajuda

O Lafaiete pegou uma série de frases em dois textos meus e transformou em um kit de “er, postais”, como ele mesmo diz. Originalmente, ele havia sugerido a hashtag #pensenisso, e antes de postar em seu Flickr me apresentou sua criação. Sugeri trocar para #semexa porque #pensenisso é meio estático e arrependido, enquanto a lógica dessas frases é mais dinâmica e pró-ativa. Ei-los:


Top 75 – 17 de janeiro de 2011

E o primeiro Top 75 do ano, na verdade, é uma lista das 75 melhores músicas do ano passado. A ilustração é minha.

  1. Breakbot + Irfane – “Baby I’m Yours
  2. Spoon – “Written in Reverse
  3. Ariel Pink’s Haunted Grafitti – “Round and Round
  4. Black Keys – “Tighten Up
  5. Two Door Cinema Club – “Something Good Can Work (Twelves Remix)
  6. Darwin Deez – “Up in the Clouds
  7. Nina Becker – “Toc Toc
  8. Caribou – “Odessa
  9. Chromeo – “Hot Mess
  10. Hot Chip – “Thieves in the Night
  11. Talib Kweli + Estelle – “Midnight Hour
  12. JJ – “Let Go
  13. Neon Indian – “Sleep Paralysist
  14. Tulipa – “Brocal Dourado
  15. Cee-Lo – “Fuck You
  16. Two Door Cinema Club – “What You Know
  17. Generationals – “Trust
  18. Lissie – “Pursuit of Happiness
  19. Scissor Sisters – “Any Which Way
  20. Tame Impala – “Half Full Glass of Wine (Canyons Remix)
  21. Yeasayer – “O.N.E.
  22. Spoon – “The Mystery Zone
  23. Dr. Dog – “Where’d All The Time Go?
  24. Bárbara Eugênia – “Haru
  25. Foals – “Miami
  26. National – “Afraid of Everyone
  27. Mavis Staples + Jeff Tweedy – “You Are Not Alone
  28. Best Coast – “Boyfriend
  29. Apples in Stereo – “Dance Floor
  30. Rox – “My Baby Left Me
  31. She & Him – “In the Sun
  32. Charlotte Gainsbourg – “Time of the Assassins
  33. Broken Social Scene – “Texico Bitches
  34. LCD Soundsystem – “All I Want
  35. Broken Bells – “Sailing to Nowhere
  36. Teen Daze – “Let’s Fall Asleep Together
  37. Javiera Mena + Jens Lekman – “Sufrir
  38. MGMT – “Brian Eno
  39. Chemical Brothers – “Swoon (Lindstrom and Prins Thomas Remix)
  40. Cut Copy – “Where I’m Going
  41. Radio Dept. – “Heaven’s on Fire
  42. Jamie Lidell – “The Ring
  43. Belle & Sebastian – “I Want the World to Stop
  44. Crystal Castles + Robert Smith – “Not in Love
  45. Deadmau5 – “Right This Second
  46. Janelle Monáe + Big Boi – “Tightrope
  47. Jamaica – “I Think I Like U2
  48. Sharon Jones & the Dap Kings – “Better Things to Do
  49. Lurdez da Luz – “Ziriguidum
  50. Kavinsky + Lovefoxxx – “Nightcall (Breakbot Remix)
  51. Ratatat – “Neckbrace
  52. Of Montreal – “Sex Karma
  53. Aloe Blacc – “I Need a Dollar
  54. Gorillaz – “On Melancholy Hill
  55. Do Amor – “Morena Russa
  56. Delorean – “Stay Close
  57. Miles Kane – “Inhaler
  58. Sebastian Tellier – “Look
  59. Mombojó – “Papapa
  60. Bidê ou Balde – “Me Deixa Desafinar
  61. Duck Sauce – “Barbra Streisand
  62. Vampire Weekend – “Giving Up the Gun
  63. Sleigh Bells – “Infinity Guitars
  64. Arcade Fire – “The Suburbs
  65. Eli “Paperboy” Reed – “Name Calling
  66. ZZT – “ZZAfrika
  67. Maquinado – “Pode Dormir
  68. 80Kidz + Lovefoxxx – “Spoiled Boy
  69. Karina Buhr – “Plástico Bolha
  70. Florrie – “Call 911 (Fred Falke Remix)
  71. Franz Ferdinand + Marion Cotillard – “The Eyes of Mars
  72. Miami Horror + Kimbra – “I Look to You
  73. Garotas Suecas – “Olhos da Cara
  74. Lucy & the Popsonics – “Multitarefa
  75. Bo$$ in Drama – “I’ve Got Tonight

Retrospectiva em tempo real

E eis a primeira novidade do Link em 2011: mal começamos o ano e já estamos fazendo um apanhado de tudo que acontece, dia a dia, já pelo ponto de vista do retrovisor (McLuhan feelings), como disse no meu blog lá no Link.

Influência digital

O papo no YouPix foi sobre influência nos meios digitais e a TVO conversou comigo, com o PC Siqueira e com o Maurício Cid no vídeo abaixo.

E o comecinho do debate, quando PC Siqueira explicou como se tornou um fenômeno online, foi filmado no vídeo abaixo. O cara tem mais de 200 mil seguidores no YouTube, se você não o conhece, a culpa é sua.

Cultura binária

O Bruno foi estagiário no Link até o final do ano passado (hoje está na Istoé Dinheiro, e segue cobrindo tecnologia) e seu trabalho de conclusão de curso foi sobre as mudanças que o meio digital vem impondo à cultura – e A Cultura Na Era Digital é tanto um blog quanto um livro de entrevistas. Fui entrevistado para sua publicação e ele finalmente põe no ar o longo papo que tive com ele (que, editado sem as perguntas, ficou com cara de artigo, a seguir):

A Cultura na Era Digital, por Alexandre Matias

“Pra cultura, pro público, pra uma nova geração de artistas e pra humanidade como um todo as mudanças pelas quais a indústria cultural vem passando nos últimos anos tendem a ser mais benéficas, pois abrem maiores possibilidades de criação e de imaginação e permitem que cada vez mais gente possa ter a experiência de ser artista, antes restrita a um grupo pequeno de celebridades e executivos, que são justamente os que estão sofrendo com essa mudança – e para quem os efeitos são mais negativos, pois mudam a forma como eles lidam com a própria remuneração. Mas as mudanças do mundo digital não são exclusivas do meio cultural e atingem toda a sociedade a ponto d reinventar o próprio ser humano. As primeiras manifestações do digital nesta virada de século são mínimas se comparadas com o seu potencial. E negar essa mudança é pior até para aquele que mais sofre com a mudança neste momento inicial, pois ele não irá saber como lidar com a transformação que já aconteceu.”

“Ainda não vimos a maior transformação, que é a superação destes formatos (disco, filme, livro) rumo a uma integração maior entre os diferentes suportes – o tal transmídia. Mas acho que isso ainda deve levar um tempo para se consolidar, mesmo porque existem algumas gerações que ainda vão consumir livros, filmes e discos como coisas separadas. Mas acho que a tendência maior inclui a participação da publicidade na narrativa. O fim do espaço comercial como conhecemos hoje inevitavelmente fará com que empresas busquem novas formas de mostrar o que querem vender para seu público. Se hoje a publicidade vem em forma de banners em videogames ou empresas que bancam obras de determinados artistas (modelos que já estão aí há algum tempo, mas que estão longe de serem estabelecidos), acredito que, no futuro, as marcas irão se associar a produtores de conteúdo que tenham alguma afinidade para desenvolver projetos e obras culturais que se desdobrem em diferentes áreas. O consumidor, no entanto, não deverá ficar refém de uma história que, para ser compreendida em sua totalidade, deve ser absorvida à exaustão. Pelo contrário: o conteúdo cultural do futuro deverá oferecer tanto pequenos aperitivos quanto universos narrativos complexos. O leitor/ouvinte/espectador é que escolhe o quanto deve se aprofundar.”

“Acho que não existe regra, mas, como antes da internet, acho que o principal é definir o que o artista quer da vida – se é reconhecimento público, ter um salário, se satisfazer pessoalmente ou fazer sucesso. Acho que a última opção é a mais tênue hoje em dia, uma vez que o conceito de sucesso mudou drasticamente – ou, pelo menos, deixou de ser mensurável. Acredito que o principal para qualquer artista hoje seja definir o que ele considera sucesso. Para muitos, produzir arte sem interferência de patrocinadores ou concessões ao público já pode garantir o sucesso pessoal. Para outros, sobreviver a partir da própria arte é outro novo parâmetro de sucesso. A decisão cabe ao artista e pode determinar o resto de sua carreira”.

“A principal contribuição do meio digital para a indústria – e não apenas cultural – é inverter a mão-única que era a regra da era industrial. Hoje não existe uma fórmula para fazer sucesso, uma regra para ser bem sucedido artística e comercialmente, um modelo de negócios padrão que deve ser seguido. Cada um deve descobrir o modelo de negócios que melhor se adeque a seu parâmetro de sucesso”.

“Pela legislação atual, a troca de arquivos pela internet é pirataria. O problema é que quando a sociedade muda, as leis devem mudar. As leis são feitas para se adequar ao comportamento das pessoas – e não o contrário. Já foi permitido, um dia, ter escravos humanos, por lei. E até o começo do século XX a mulher tinha menos direitos legais do que o homem. As leis relacionadas a esses assuntos mudaram porque a sociedade mudou. A troca de conteúdos digitais via internet é um fenômeno muito recente e as leis ainda não se adequaram a ele. Por isso mesmo, a definição de pirataria nesta época é vaga – da mesma forma que definir quem perde ou quem ganha com ela. Como você mesmo citou, o próprio Paulo Coelho advoga a favor da pirataria de seus livros. E há uma frase de Hermeto Paschoal que ilustra bem esse dilema: ‘Por favor, me pirateiem – se não ninguém vai ouvir minha música’.”

“Do mesmo jeito que a tendência para produtos fabricados em escala industrial tende a cair, existe uma série de outras soluções que estão sendo pensadas para estes profissionais que não existiam antes e hoje já são fonte de renda. A troca de arquivos via internet não fez as pessoas pararem de comprar disco – e, sim, ofereceram outras formas de você conhecer e pagar pela obra dos artistas – grande parte deles que sequer tinham o mínimo de visibilidade que a internet lhes proporcionou. Não sei responder sobre fontes de renda alternativas para estes profissionais porque: 1) o novo mercado está mudando o tempo todo; 2) cada artista deve descobrir qual melhor forma de conseguir transformar sua arte em seu sustento; 3) não sei se essas novas fontes de renda são alternativas ou se serão a regra vigente”

“Do mesmo jeito que a produção cultural será acessível de forma gratuita. O artista vai ganhar dinheiro com o contato direto com o público, com produtos impossíveis de serem digitalizados que acompanhem uma obra digital, com licenças de acesso a seu conteúdo que podem liberar sua obra para o espectador à medida que ela for sendo realizada, achando um patrocinador que queira associar sua marca àquele artista. Se for bom, as pessoas vão querer pagar. O problema é saber quando isso irá acontecer.”

“A indústria de tecnologia tem ganhado muito dinheiro com download, veja que, entre os sites mais acessados do mundo, figuram vários que permitem o compartilhamento de arquivos (como Rapidshare, Megaupload, etc.). E empresas como Google, Amazon, Microsoft, Apple e outros nomes do mercado digital também – seja com venda direta ou com anúncios atrelados aos downloads. Concordo que a tendência é que o streaming supere o download em relação à presença online (mesmo porque senão, todo mundo teria de ter HDs gigantescos para armazenar tudo que produz – fora o que consome), mas não acho que o streaming ou o download sejam mais ou menos vantajosos para a indústria cultural do passado, acostumada a ganhar dinheiro sobre cópias físicas de um produto que hoje não precisa mais de cópia física.”

“Acho ruim ficarmos lamentando as vantagens e desvantagens disso ou daquilo para essa indústria cultural, pois parece que ela é especial e não está suscetível a essas mudanças, como o resto da sociedade. Quando a fotografia foi inventada, os pintores reclamaram que iam perder a função de retratistas. Felizmente, não havia uma indústria que representasse os pintores para fazer campanhas contra o uso da fotografia. Felizmente porque, se isso acontecesse, talvez o impressionismo e o modernismo – as soluções que os artistas, e não a indústria, propuseram – demorariam mais tempo para acontecer”.

“É crucial [a participação do fã neste contexto]. A principal mudança para o artista tradicional que estamos vendo é o fato de a indústria cultural não servir mais como intermediário entre artista e consumidor – seja numa sala de chat, num fórum de discussão, ao pagar pela arte de outra forma ou no contato após o show. É a principal mudança porque faz com que o artista se pergunte sobre quem ele deve agradar e responder – se ao empresário, ao produtor, à gravadora, à editora de direitos autorais ou a quem consome apaixonadamente sua música. Vendo desta forma, é fácil entender porque a indústria estabelecida se volta tão ferozmente contra o digital – ela está perdendo o controle da redoma que havia criado ao redor do artista. E, principalmente, o artista está deixando de ser esse alguém iluminado, que precisa de tempo para se inspirar, para ser encarado como um profissional e ponto.

“O que estamos vendo é um movimento que permite que a humanidade, como um todo, possa ter acesso ao que ela mesma produz, todo dia, o tempo todo. Artistas estabelecidos e indústria cultural são só obstáculos no meio dessa comunicação total que estamos começando a assistir“.

Trabalho Sujo + Rio Fanzine

Falando nessas minhas colaborações para o Rio Fanzine, desenterrei duas edições impressas por aqui. Uma sobre os dez anos da Matador, em que entrevistei o dono da gravadora, Gerard Cosloy:

E outra sobre o pós-rock, em que fiz uma cronologia das “subversões” na história do rock:

Ah, minha juventude…

“Sunny days… Happy times…”

Fico quatro dias fora de novo – e só volto na quarta-feira. Deixo-lhes com a Margo Guryan aqui no meu som.

Sunny days, happy times
Take a picture so we can remember
The way it feels to love each other
Just in case of cloudy days to come

See the smile on my face
Take a picture so we can remember
The things you do to make me smile this way

Ask a stranger to take a picture
We should have one side by side
Look at me, and say `I love you’
Aren’t I the picture of pride

Sunny days, happy times
Take a picture so we can remember
The things we share, the dreams we’re dreaming of
Come and take a picture of love

Juízo, hein. E até.