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Um papo com Nolan Bushnell, o criador do Atari

Conversei na semana passada com Nolan Bushnell, o fundador da Atari e pai do entretenimento eletrônico doméstico com o conhecemos hoje, que veio para São Paulo como uma das atrações da Campus Party na semana passada. Segue a íntegra abaixo:

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Conversamos com o pai do Atari
Nolan Bushnell, um dos convidados da Campus Party 2013, falou a Galileu sobre videogames e educação, como inspirou a Apple e a Nintendo e como quase popularizou a internet dez anos antes

Em uma Campus Party com poucas atrações célebres, Nolan Bushnell, que completa 70 nesta terça-feira, dia 5 de fevereiro, talvez seja o nome mais famoso do evento que encerrou suas portas neste domingo. Ele só divide atenções com o ex-astronauta Buzz Aldrin. Mas enquanto o segundo lugar de Aldrin – o segundo homem a pisar na Lua – não foi o suficiente para lhe garantir lugar na história (Neil Armstrong, que morreu no ano passado, sempre será o grande astronauta da Nasa, pelo menos no século 20), a prata de Bushnell não foi tão problemática. Afinal, ele foi o segundo empresário a lançar uma linha comercial doméstica de jogos eletrônicos, no início dos ano 70. O primeiro console da história, o Magnavox Odyssey, lançado seis meses antes, não sobreviveu, enquanto o por Bushnell, o pai do Atari, por um bom tempo foi sinônimo de videogame. E é da fama do Atari que este norte-americano vive até hoje – foi ela que o trouxe à Campus Party 2013 e que me permite entrevistá-lo quarenta anos depois de seu grande feito.

Quando refiro-me a ele como uma lenda viva, ele graceja: “Sempre pergunto às pessoas que dizem isso: ‘O que tenho feito recentemente para você?’”, ri. E, realmente, depois que vendeu a Atari para o grupo Warner no meio dos anos 70, Nolan Bushnell saiu do holofote mundial e deixou o mundo dos games comerciais para dedicar-se à educação. Sua atual empresa, a Brainrush, foi criada para aproveitar-se de um momento em que, graças aos meios digitais e à internet, o autoaprendizado torna-se não apenas complexo quanto divertido.

Foi disso que falou durante sua apresentação na Campus Party, sobre como o formato de aula tradicional restringe o aprendizado ao capturar a atenção apenas nos minutos iniciais. Bushnell crê no que ele chama de “tempestade perfeita”, uma situação de condições ímpares que irá acelerar o aprendizado em dez – “talvez vinte”, completa – vezes nos próximos cinco anos. “A aproximação entre software onipresente, redes robustas, hardware barato e ciência do cérebro irá provocar algo que nunca vimos antes, será uma mudança sem precedentes”, explicou, enfatizando que sua empresa aposta bastante no último ingrediente desta equação – a exploração do cérebro humano. “Hoje já fazemos testes que conseguem medir o quão rápido é o seu aprendizado. E sabe o que é engraçado? As crianças que estão tirando as piores notas hoje em dia são, na verdade, aquelas que aprendem mais rápido. Mas elas se chateiam mais rápido e por isso não conseguem mostrar um bom desempenho”, explica.

Embora afastado do universo do comércio digital, Bushnell sabe de sua importância para este mercado. “Acho que não foi por acaso, por exemplo, que Steve Jobs e Steve Wozniak trabalharam para a Atari. Eles construíram o primeiro computador Apple com partes de um Atari… Gosto de pensar nisso como raízes comuns para esta cultura de criatividade e inovação que une a computação pessoal aos videogames”, explica.

O fortalecimento desta indústria do outro lado do planeta também tem influência do trabalho de Bushnell na Atari, empresa norte-americana que adotou um nome japonês apenas pela sonoridade. Anos após se tornar a principal empresa de games dos EUA, a Atari viu surgiu, no Japão, sua primeira grande concorrente, a Nintendo, que impulsionou toda a indústria por lá. “Pong foi o jogo que deu origem ao negócio de jogos eletrônicos para o consumidor no Estados Unidos”, explica. “Mas, no Japão, como eles têm famílias menores, um jogo para duas pessoas não fez tanto sucesso, pois eles não têm o hábito de chamar amigos para jogar em casa. Então era preciso que um jogo bom para ser jogado sozinho e foi Breakout, justamente o jogo que Jobs desenvolveu, que deu origem ao mercado de jogos eletrônicos para o consumidor naquele país.”

A lógica dos jogos o acompanha desde o tempo da faculdade, antes de aplicá-la aos computadores. “Paguei minha faculdade como gerente de um parque de diversões. Eu trabalhava no verão e estudava no inverno, era uma combinação perfeita de empregos. E foi isso que me fez pensar em jogos. Desenvolvi uma sensibilidade ao ver milhares e milhares de pessoas jogando todos os dias. Via o que elas gostavam e o que elas não gostavam. Quando você empreende qualquer tipo de negócio, você tem de ter uma certa flexibilidade para lidar com seu público e acredito que minha experiência em parques de diversão me ajudou muito com isso”, explica.

Além de inspirar Apple e Nintendo, a Atari poderia ter acelerado a popularização da internet em pelo menos uma década. “A internet foi criada pelo governo e depois se tornou privada, mas 1976, tínhamos um projeto chamado Ataritel, em que construímos os modems mais rápidos no mundo e iríamos construir uma rede de troca de informações através das linhas de telefone. A ideia era reunir jogadores de uma região que tivesse o mesmo código de área em uma central que conversasse com outras centrais de outras regiões com códigos de área diferentes, de forma que as pessoas não tinham que pagar interurbano para jogar com pessoas de outros estados. Acontece que esta é exatamente a arquitetura da internet (ri)!”

Ele culpa o fracasso do projeto à venda da Atari para a Warner, naquele período. “Eles achavam que não tinha sentido fazer as pessoas jogarem games através de linhas telefônicas, que era uma ideia estúpida”, ri, sem graça. “A Atari é um dos raros casos – talvez o único – em que uma companhia que era líder em seu segmento cometeu
suicídio!”, lamenta. “Não foi homicídio, foram engravatados idiotas que trabalhavam na empresa que mataram a própria Atari.”

Pergunto se isso não tem a ver com a lógica corporativa industrial, que parece perseguir, em vez de incentivar, a inovação. “Acho que quem faz sucesso sem saber porquê tem muito medo de perder este status. Eles acham que qualquer tipo de mudança é perigosa e, por isso resistem a mudanças. Por isso que a próxima grande batalha que está vindo acontecerá nas escolas e universidades. Quem hoje é o detentor do conhecimento, que diz querer ajudar as pessoas, está completamente alheio e fechado às novas tecnologias que ensinam muito mais rápido do que um cara com um giz na frente de uma pequena multidão. Nos próximos anos vamos ver isso mudar muito rápido, na medida em que pessoas que não assistem aulas e não frequentam cursos começarem a superar as pessoas que frequentam escolas”, profetiza, voltando para seu tema atual favorito, a educação.

Mas é inevitável que o assunto volte aos jogos eletrônicos, uma vez que são justamente eles que o motivam a enveredar pela educação. Para Bushnell, são os games que vão salvar a educação da chatice. “Jogos fazem parte da textura psíquica dos seres humanos, desde que nós éramos homens das cavernas e brincávamos com fogo, até os dias de hoje. E à medida em que a tecnologia evolui, os jogos dão um jeito de se inserir nela. E do mesmo jeito que a tecnologia melhora, os jogos também melhoram. Eu me sinto muito mais um veículo deste fluxo do que um criador”, conclui.

Noites Trabalho Sujo apresenta Tiago Lyra e Bruno Correia

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Resolvi comemorar o aniversário de São Paulo chamando dois cariocas pra fazer a Noite Trabalho Sujo chacoalhar: Bruno Correia – também conhecido com o Cavalo Correia – pertencia ao coletivo carioca Hang the DJ e volta às pistas com toda seu dandimalandrismo típico. Já Tiago, o homem que transformou o Trenzinho Carreta Furacão em hit da internet graças a um mashup com uma música do Phoenix, é bissexto nos CDJs, mas irá nos brindar com seu bom gosto de baixo calão. E eu medio essa conversa de malucos numa daquelas noites que prometem pegar fogo – afinal, também é dia de comemorar a sexta vez consecutiva em que o Trabalho Sujo é eleito o melhor blog do Brasil! Para quem ainda não sabe como é o esquema da festa, tá tudo detalhado na página do evento no Facebook ou no site do Alberta – e dá pra mandar nomes pra lista de desconto para o email noitestrabalhosujo@gmail.com até às 20h. E como hoje é feriado, o Alberta só abre às 22h. Nos vemos lá!

ANALÓGICODIGITAL VERÃO 2013

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Chegou aquela hora. Aquele momento em que todas as forças se juntam para celebrar uma nova fase, uma nova etapa, um novo começo. 2013 já tem seus quase vinte dias de existência, mas a chuva e o frio em São Paulo não deixaram o ano e o verão começar plenamente – e isso é um trabalho para ANALÓGICODIGITAL. Aquele momento em que corações e mentes se unem num espaço mágico no centro da metrópole para transformar uma madrugada de sábado para domingo numa experiência psicodélica sonora que só quem já passou por lá tem idéia do que esperar.

Depois de subir a escada espiral atrás da discreta portinha em um prédio quase em uma das esquinas do Largo do Paissandu, você tem duas opções – seguindo o corredor por um dos lados, você passa pelo bar e por uma área de convivência até cair na pista Analógica, capitaneada pelo Veneno Soundystem. E o trio Peba Tropikal, Maurício Fleury e Ronaldo Evangelista recebem o argentino El Hermano del Espacio e o mestre MZK – todos armados com seus bolachões pretos cheios de grooves de diferentes épocas, países e gêneros musicias, sempre prontos para derreter as mais rígidas convicções pelo movimento dos quadris. Seguindo no outro rumo, os corredores lhes levam para o inferninho da pista digital do Trabalho Sujo de Alexandre Matias, que recebe Danilo Cabral, Luiz Pattoli e Babee Leal para mais uma celebração da história da música pop em ordem cronológica. Será que é a última vez que esse set acontece? Se eu fosse você, na dúvida, não perderia por nada.

Juntos, Veneno e Trabalho Sujo causam a ANALÓGICODIGITAL, uma grande celebração de todas as camadas do prazer a partir da boa música e do encontro com pessoas incríveis. Uma festa que já entrou na história e nos corações de seus frequentadores, sempre de surpresa, sempre alto astral, sempre sempre.

E não custa lembrar que só entra com nome na lista!

ANALÓGICODIGITAL VERÃO 2013
SÁBADO 19 DE JANEIRO DE 2013
VENENO + TRABALHO SUJO
No som os DJs: Maurício Fleury, Ronaldo Evangelista, Peba Tropikal, MZK, Hermano Del Espacio, Alexandre Matias, Luiz Pattoli, Danilo Cabral e Babee Leal.

Trackertower
Rua Dom José de Barros 337, esquina com av. São João
$25 (lista: baile@venenosoundsystem.com – só entra com nome na lista!)

Como foi a Noite Trabalho Sujo com o Camilo Rocha

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Só quem foi na minha festa de aniversário sabe como incrível a Noite Trabalho Sujo com o Camilo Rocha (que ainda teve uma palhinha do Pattoli e a presença do compadre Arnaldo – demais!). As fotos da Bárbara, abaixo, dão só uma idéia geral do que aconteceu por lá…

 

Noites Trabalho Sujo apresenta Camilo Rocha

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Domingo agora completo mais um verão ao redor do sol e pra exorcizar o fim do inferno astral, convidei o chapa e mestre Camilo Rocha pra experiência coletiva transcendental que é a Noite Trabalho Sujo – e se você sabe da importância de Camilo para a pista de dança brasileira, pode recolher seu queixo do chão. No repertório, clássicos instantâneos e o obscuros, pérolas impensáveis e hits óbvios de todas as épocas – a trilha sonora perfeita para se acabar de dançar numa noite fria dum verão paulistano. Para chegar lá, basta seguir as dicas que estão tanto no site do Alberta e quanto na página do evento no Facebook – e os nomes para a lista de desconto podem ser enviados para o email noitestrabalhosujo@gmail.com até às 20h. Chega mais pra me dar os parabéns!

Noites Trabalho Sujo apresenta Cacá (do Copacabana Club)

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Como foi de feriado de ano novo, conseguiu descansar, tudo certinho, São Paulo tá ótima nessa época, esse frio não tem nada a ver com verão e… sexta-feira é dia de Noites Trabalho Sujo, que retomam seus trabalhos este ano com a ilustre presença da vocalista do Copacabana Club, Camila Cornelsen – a Cacá – que divide os CDJs comigo para receber 2013 em 220 volts, puro verão pop! Para não se perder, é só seguir as coordenadas no site do Alberta e na página do evento no Facebook. E é claro que rola de incluir nome na lista de desconto, claro. É só mandar o seu nome e os de seus amigos o email noitestrabalhosujo@gmail.com até às 20h. Vamos começar bem o ano?

Retrospectiva OEsquema 2012: Osso calcificado

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Por mais que profecias maias, furacões, eleições e o show de volta das Spice Girls possam ter marcado o ano que termina, pessoalmente ele vai ser sempre o ano em que consertei meu braço. Quebrado num acidente de trânsito nos idos dos anos 60, meu úmero direito ganhou uma tala de titânio interna para tentar voltar a ser um só, mas por décadas ele resolveu não calcificar, me privando de pegar peso com o braço direito e de dirigir. Depois de anos de procrastinação física, resolvi dar um jeito nisso e, durante dois meses de licença médica, voltei à ativa em uma nova realidade. Aproveitei a cirurgia pra botar a vida nos trilhos (“projeto verão”, riem os amigos – “projeto 80 anos”, falo sério de volta) e esse movimento sincronizou-se tanto na vida diurna – quando, ao comandar o Link remotamente por dois meses, eu consegui provar pro Filipe e pra Tati que eles conseguiriam tocar o caderno como editores (o que acabou acontecendo após a minha ida para a editora Globo, outra prova da conspiração cósmica , convite que recebi na última semana da licença médica – quanto na vida noturna – quando Pattoli, Babee e Danilo me ajudaram a manter a Noite Trabalho Sujo semanal, como seguirão fazendo no ano que vem. Por isso o início do segundo semestre de 2012 não foi apenas crucial para meu entendimento do ano, mas também como marco zero de uma nova fase que começa agora (sem contar a possibilidade de finalmente arrumar as coisas em casa – aquela outra procrastinação que envolvia organizar livros, discos, arquivos digitais, fotos – enfim, o escritório). Meus amigos sabem bem como o fim dessa história era importante pra mim – e agora vamos à mais uma fase desse jogo chamado vida.