Nessa sexta-feira tem mais Inferninho Trabalho Sujo na Porta Maldita, quando reunimos três bandas que trabalham na base do improviso livre de natureza rock, com muito noise, microfonia e caos sonoro. Os Gialos já são uma banda clássica, o Tranze é o projeto beat do dono da Porta Maldita, o grande Tuta, e a bagunça do Pode Tudo Mas Não Pode Qualquer Coisa, reúne integrantes dos Fonsecas, Julio Lino e Julia Toledo. Shows completamente fora de controle, temperados pelo clima caseiro e aconchegante que só a Porta Maldita tem hoje – com discotecagem minha no final da noite. A Porta Maldita fica no número 400 da rua Luiz Murat, entre os bairros Pinheiros e Vila Madalena, e os ingressos já estão à venda neste link.
Não irei na Virada Cultura desse ano, quando o evento completa 20 anos como um dos principais acontecimentos culturais do calendário de festas no Brasil, mas falei um pouco sobre sua importância na série de programas Virada da Brasilidade que o jornalista Decio Caramigo fez na rádio Nova Brasil, e me colocando para falar ao lado dos cantores Jotapê, Paulinho Boca de Cantor e Paulinho Moska, da dançarina Aline Cortez e da cantora Josyara, além de políticos, público e outros convidados. Ouça a íntegra dos três programas abaixo. E boa Virada pra quem for hoje!
Noitaça daquelas no Picles nessa sexta-feira, quando reuni em mais uma edição do Inferninho Trabalho Sujo duas bandas nada próximas pra mostrar que, mesmo tocando estilos musicais diferentes e estando em fases distintas de suas carreiras, estamos diante de uma safra invejável de novas bandas, que se conversam e se frequentam. Fazendo sua primeira apresentação em São Paulo, o quarteto Movimento Náufrago, de Santo André, faz parte daquela safra de artistas desta década que são igualmente influenciados por indie rock, música brasileira e rock clássico, com um elemento poético colocado em primeiro plano graças à excelente vocalista Jeini Cristina, que além das letras literárias também tem um carisma que entretém o público entre as canções. A guitarrista Mari Oliver traz os elementos rock tocando seu instrumento de forma enxuta, melódica e sem firulas, para que o novo baixista Askov (que também toca na Cianoceronte) e o baterista Matheus Rocha encorpem as canções de forma igualmente concisa e precisa. Entre as curtas músicas que apresentaram, mostraram uma que foi finalizada na tarde daquela sexta, tão bem recebida pelo público que foi tocada pela banda novamente no bis. Bem bom.
Depois foi a vez dos cariocas da Glote infestarem o Picles com uma bruma elétrica pesada, hipnotizando os presentes com o peso do shoegaze tocado com duas baterias. Soando como um cruzamento do Television com o Sonic Youth, o grupo, liderado pela dupla de guitarristas João Autuori e Alvaro Mendes (que também respondem como a banda Drogma, em uma encarnação paralela), é 100% cria do Escritório, escola de indie lo-fi inventada por Lê Almeida no Rio de Janeiro, que converge a estética indie e o modus operandi faça-você-mesmo para uma realidade periférica brasileira. E no Glote essa brasilidade está nas letras – tanto no jeito de cantar quanto nos assuntos -, que trazem essa brasilidade para o mar de noise e microfonia tenro e adocicado que formam seus arranjos, sempre pesados, nunca agressivos. Um sonho bom, em que canções de poucos minutos parecem durar horas de transe coletivo ao redor do som. Uma noitaça que terminou com a minha discotecagem ao lado da Fran, numa madrugada particularmente inspirada para os dois, mesmo ela tendo esquecido parte de suas músicas e de ela ter cutucado o meu passado mashup, que eu nem sabia como estava sentindo falta. Só começando…
#inferninhotrabalhosujo #movimentonaufrago #glote #picles #noitestrabalhosujo #trabalhosujo2025shows 083 e 084
Sexta-feira tem mais @inferninhotrabalhosujo no Picles, quando reunimos duas bandas que nunca passaram pela festa. A noite começa com os cariocas do Glote e depois a bola é passada pro Movimento Naufrágo, apresentando nova formação. Depois dos shows, eu e Fran (aniversariante da semana ❤️) começamos a esquentar a pista pra mais uma noite daquelas. Os ingressos já estão à venda e quem segurar os seus antes pode entrar de graça até às 21h30. Se não chegar essa hora o preço é 20 reais. Se você não pegar antes, o ingresso custa 30 reais. Não dê mole que a noite vai ser quente! Garanta seu ingresso aqui/a>.
Mais um Inferninho Trabalho Sujo no Redoma, reunindo duas bandas novíssimas que mostram como a nova cena vem se movimentando, desta vez com cada um dos grupos revelando uma das vertentes desse cenário. A noite começou com o quarteto Copo e Água, que encaixa-se na categoria “bandas de MPB” que comentei outro dia: grupos cuja formação e entrosamento é próximo das bandas de rock, mas que as influências são essencialmente brasileiras e quase sempre buscando referências em discos antigos e gêneros decanos. E assim o grupo liderado pela impressionante vocalista e violonista Amanda Iumatti, aparentemente pequena, mas que cresce no palco com uma presença incrível e um vozeirão surpreendente, passeia com energia por sambas, bossas novas, baladas e frevos acompanhada de uma cozinha precisa, formada pelos ótimos Rodrigo Bergamin e Rafa Sarmento (este último tambem baterista do Devolta ao Léu, que havia tocado na edição anterior da festa naquela mesma casa). O tecladista original, Miguel Allain, não pode comparecer e a banda chamou o xará Miguel Marques, que segurou muito bem a noite tanto em seu instrumento quanto nos vocais, às vezes dividindo números apenas com Amanda.
Depois foi a vez do trio Los Otros com seu rock direto e melódico que bebe tanto das bandas inglesas dos anos 60 quanto do rock brasileiro dos anos 70 e a cena new wave e pós-punk da década seguinte, mostrando todo o entrosamento que uma banda que mora junto pode ter. O casal Tom Motta (guitarra) e Isabella Menin (baixo) está cada vez mais confiante no palco e a química dos dois funciona muito bem, sempre sobre a bateria de Vinicius Czaplinski. O trio sintetizou ainda mais o repertório, deixando blocos de músicas românticas entre as canções, e fazendo apenas uma versão, a já tradicional “Papai Me Empresta o Carro”, de Rita Lee. Em sua segunda aparição no Inferninho, o grupo estreou no Redoma às vésperas de lançar seu primeiro single, “Rotina”, que usou para encerrar sua apresentação.
#inferninhotrabalhosujo #losotros #copoeagua #redoma #noitestrabalhosujo #trabalhosujo2025shows 073 e 074
Mais um Inferninho Trabalho Sujo à vista, desta vez no Redoma, ali no Bixiga, trazendo duas bandas que estão despontando na cena paulistanas, o trio Los Otros, formado por Tom Motta, Isabella Menin e Vinicius Czaplinski, que repete sua participação na festa às vésperas de lançamento de seu primeiro single, e os debutantes Copo e Água, que contam com Amanda Iumatti, Rodrigo Bergamin, Rafael Sarmento e Miguel Allain na formação, acabaram de lançar a primeira demo (chamada de Amanda e Os Besobedecem) e estão começando a preparar seu primeiro disco. A festa acontece na sexta, dia 2 de maio a partir das 21h, eu discoteco antes, entre e depois dos shows das bandas e o Redoma fica ali no Bixiga, no número 825A da Rua Treze de Maio, a festa começa às 21h e Vamos lá? Os ingressos já estão à venda!
Apesar da chuva, do frio e da quinta-feira, tivemos uma edição quente do Inferninho Trabalho Sujo no Picles com duas catarses lideradas por um homem só. A priimeira aconteceu na volta ensandecida de Monch Monch para o Brasil. Depois de uma temporada em Portugal, o frontman endiabrado Lucas Monch reuniu seu bando mais uma vez para tirar a poeira de músicas antigas e mostrar algumas novas que estarão em seu próximo disco, programado para sair ainda este semestre. O furacão elétrico de noise, rock e loucura contou com participações espontâneas, incluindo sax free jazz e gaita (esta tocada por ninguém menos que o tangolo mango Felipe Vaqueiro), e hits instantâneos como “Merda” e “Jeff Bezos Me Paga Um Pão de Queijo”. Como ele mesmo diz: “AAAAAAAAAAAAAAAAAAH!”
Depois foi a vez de Jair Naves fazer sua estreia (!) no Picles e apesar do tom grave e sério que começou sua apresentação (tocando violão), logo logo o cantor e compositor entrou no clima da noite e se jogou pra cima do público, transformando seu show naquela missa catártica e elétrica que quem acompanha sua carreira bem conhece. O público cantava de cor suas letras densas e quilométricas enquanto ele aproveitou para comemorar a inusitada (atrasada e obviamente festejável) prisão de Fernando Collor, pedindo pra que ela abrisse caminho pra que seu xará também chegasse à cadeia. Uma noite e tanto!
#inferninhotrabalhosujo #jairnaves #monchmonch #picles #noitestrabalhosujo #trabalhosujo2025shows 067 e 068
O próximo Inferninho Trabalho Sujo acontece numa quinta-feira, dia 24 de abril, no clássico Picles, quando reunimos dois bardos de gerações diferentes que se entregam para o público em catarses apoteóticas. Abrindo a noite temos o jovem Lucas Monch, que, depois de uma temporada em Portugal, reúne um monte de gente boa para colocar seu projeto solo pela segunda vez no palco do clássico sobrado de Pinheiros. Depois é a vez do mestre Jair Naves trazer suas baladas intensas e rock cru para adensar ainda mais a noite, que vira uma pista de dança logo em seguida, quando eu e a Fran entramos com os hits que transformam a noite em uma pista de dança interminaável. Oa ingressos já estão à venda – e se liga que agilizando essa compra até um dia antes da festa, dá pra deixar seu nome numa lista que permite a entrada de graça antes das 21h. Vamo nessa!
Meu camarada Carlos Albuquerque, o bom e velho Calbuque, está na equipe da recém-lançada edição brasileira da clássica revista norte-americana Esquire, que chega impressa ao Brasil em edições especiais. E no primeiro número, ele organizou uma enquete com um júri da pesada incluindo jornalistas, executivos da indústria e artistas (este que vos escreve incluso) para descobrir quais são os 20 discos mais importantes desde 2020 até hoje e o resultado (que pode ser visto abaixo) está nas bancas com um texto de apresentação do próprio Calbuque.
Eu e Arthur Amaral, o capo da Porta Maldita, estamos criando uma pequena tradição nas edições do Inferninho Trabalho Sujo que realizamos naquele segundo andar da rua em frente ao Cemitério São Paulo, ao reunir bandas de diferentes públicos e sonoridades para trazer gente diferente, legal e interessada nos nomes que estão surgindo nesta década que, apesar de na metade, ainda tem cara de nova devido aos seus primeiros e terríveis anos. A noite desta quinta-feira começou com o trio Polly Noise & The Cracks, banda paralela do núcleo Der Baum, já clássica banda new wave synthpop do ABC paulista, desta vez liderada pela guitarrista Fernanda Gamarano, que deu a cara sem rosto ao grupo, que mergulha nos oceanos da melancolia gótica de Robert Smith. É o primeiro projeto paralelo do Der Baum, que vai preparando seu próximo álbum enquanto os outros integrantes da banda vão soltando seus novos trabalhos, como me disse Ian Veiga, que, como Fernanda, é fundador do Der Baum e que toca bateria como um dos Cracks, e que ainda conta com a videomaker Priscilla Fernandes no baixo gallupiano. Show curto, mas eficaz.
Depois foi a vez de Lauiz subir ao palco com a cozinha do grupo Celacanto num formato banda de rock, longe dos experimentos eletrônicos pop que caracterizam sua discografia – o que pode marcar o início de uma nova fase de seu trabalho, por assim dizer um “Lauiz rock”. Com Matheus Costa no baixo e Giovanni Lenti na bateria, ambos celebrando o lançamento do primeiro disco de sua banda em clima da farra na Porta Maldita, a nova formação do show de Lauiz ganhou inevitáveis peso e força, liberando inclusive seu comparsa Marcos M7i9 para soltar sua faceta guitarrística, chegando ao auge quando, depois de passar versões pesadas das músicas de seu Perigo Imediato e uma inédita, Lauiz – vestido com uma camiseta Pepsi Gangster – convidou o guitarrista Vicente Tassara, compadre tanto na banda Pelados quando no projeto de plunderfonia YouTube Shorts – para três músicas, duas delas versões de clássicos do indie rock com W maiúsculo: “Undone (The Sweater Song)” do Weezer e uma inacreditável versão para “Roses Are Free’, do Ween. E se o Lauiz antecipou a vibe country do Cowboy Carter de Beyoncé em seu último disco, talvez possa antecipar a fase rock da diva no próximo trabalho. A ver.
A noite fechou com um show inacreditável do Tutu Naná, banda de Chapecó baseada em São Paulo, cuja química mistura noise, shoegaze, free jazz, dream pop rock e até bossa nova numa formação precisa, com os vocalistas e guitarristas Akira Fukai e Jivago Del Claro (que reveza-se entre o baixo e a guitarra), a bateria à Keith Moon do impressionante Fernando Paludo e a flauta transversal da esplendorosa vocalista Carou Acaiah, que equilibram-se em linhas instrumentais que vão do esporro ao sussurro hipnotizando todos os presentes. A banda, que mora no mesmo lugar há um ano, é um segredo bem guardado da cena indie brasileira que deve começar a ser conhecido neste ano, quando possivelmente lançam dois (!) discos. Muito foda.
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