“A vida até parece uma festa”

, por Alexandre Matias

A primeira apresentação da turnê de reencontro dos sete fundadores dos Titãs em São Paulo foi o que deveria ser: um espetáculo impecável de entretenimento pop. O grupo poderia ter optado por inúmeros recursos cênicos e musicais para lapidar ainda mais as expectativas em relação a esta volta histórica aos palcos. Mas preferiu optar pela própria presença e a grande atração para além do grupo no palco era um telão espetacular que esfregava o rosto de qualquer um dos integrantes na cara de todo o público, não importasse se você estivesse na pista vip (e este show ainda tinha uma pista vip da pista vip, acredite) ou na última arquibancada. O impacto audiovisual que as imagens do grupo causavam ao espetáculo acentuavam ainda mais o principal aspecto desta nova leva de shows: a carga emocional do reencontro.

Acompanhados do compadre produtor e mutante Liminha, substituindo a guitarra do saudoso Marcelo Fromer (cuja presença foi celebrada com a participação de sua filha Alice no intervalo acústico do show), os sete Titãs originais estavam visivelmente emocionados e aquilo se traduzia tanto em texto quanto em música. A cada vez que um deles pegava o microfone para comentar essa sensação, praticamente se repetiam – mesmo porque a sensação é única e fazia o grupo voltar a ser a hidra de multicabeças que enfeitiçou os anos 80. Arnaldo Antunes pulava no palco com um sorriso de orelha a orelha, Paulo Miklos suava carisma e Branco Mello encheu os olhos do público de lágrimas ao falar de sua volta por cima.

O repertório foi o mesmí(ssi)ssimo de todos os shows da turnê, sem tirar nem por, o que repete o elemento mecânico de como colocar uma máquina de entretenimento daquelas sem que nada saia do lugar, mas isso não é propriamente um problema. O encadeiamento das músicas repassa quase todos os clássicos dos quatro clássicos da banda, costura hits new wave dos dois primeiros discos, sobrevoa superficialmente o início dos anos 90 para jogar luz na fase acústica – e mais popular – da história do grupo, no fim do século passado. O entrosamento dos caras entre si e com as câmeras que projetam seus corpos no telão é de tirar o fôlego e são quase duas horas e meia com poucos intervalos para todos tomar fôlego. Caberia alguma participação especial diferente ou música inédita pelo fato de estarem tocando em sua cidade-natal, mas pelo menos revisitaram “Ovelha Negra”, que tocaram em Salvador em homenagem a Rita Lee. Mas ainda tem outros dois shows e surpresas podem vir…

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