Quando Billy Corgan está bem humorado…

, por Alexandre Matias

A única expectativa que tinha pro show dos Smashing Pumpkins que aconteceu em São Paulo neste domingo no Espaço Unimed era que confirmasse a boa fase de seu líder Billy Corgan e que isso pudesse proporcionar um show em que as canções clássicas do grupo não se misturassem à cacofonia metal industrial que tomou conta de seu imaginário musical desde o início do século. O disco lançado este ano, Aghori Mhori Mei, já dava uma boa pista que Billy conseguira exorcizar a paranoia que tinha que sua banda soasse nostálgica e abraçou a psicodelia noise que forjou no início dos anos 90, trazendo inclusive de volta para o grupo dois integrantes fundadores, James Iha e Jimmy Chamberlin. O começo do show não ajudou nessa impressão, com uma introdução brega, músicas menores e o som embolado característico daquela casa de shows, que praticamente descaracterizou o que poderia ter sido uma ótima versão para “Zoo Station” dO clássico eletrônico do U2 Achtung Baby. Mas à medida em que o show foi passando, o som foi se acertando e estava nítido o bom humor de Billy Corgan, que inclusive improvisou e saiu do script, ao incluir duas versões acústicas que tocou sozinho no violão: “Landslide”, do grupo Fleetwood Mac e “Shine On, Harvest Moon” da esquecida cantora Ruth Etting, que já foi um dos grandes nomes do showbusiness dos Estados Unidos. O clima ia melhorando à medida em que o show passava e, salvo alguns porcos momentos em que a banda parecia um subgrupo de new metal ou uma paródia da pior fase do Iron Maiden, a precisão aparentemente solta dos hits dos clássicos Gish e Siamese Dream e a grandiosidade opulenta das canções de Mellon Collie & The Infinite Sadness vieram com força e gosto, para deleite dos fãs, em sua maioria contemporâneos da banda. E entre “Today”, “Tonight, Tonight”, “Mayonaise”, “Bullet with Butterfly Wings” e “1979”, encerraram o show com chave de ouro e astral tão alto (nunca vi Corgan sorrir tanto!) que às vezes parecia contradizer a melancolia das canções originais, o grupo terminou a noite celebrando clássicos do rock, ´primeiro citando Black Sabbath, AC/DC e Led Zeppelin na hora que a banda foi apresentada, depois misturando o riff de “Are You Gonna Go My Way” do Lenny Kravitz com o de “Zero”, logo depois de uma versão excelente de “Cherub Rock”. A banda ainda pegou todo mundo de surpresa ao voltar com um inesperado bis, em que tocaram nada menos que “Ziggy Stardust” de David Bowie, com Iha nos vocais. Um final épico para um show que, apesar de começar mal, acertou exatamente na expectativa que tinha.

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