Ary Toledo (1937-2024)

, por Alexandre Matias

Ícone do humor brasileiro, Ary Toledo, que morreu neste sábado, era um resistente. Começou na carreira artística ainda adolescente, mas só aos 27 anos passou ao dedicar-se ao humor, afiando um estilo que, em vez de criar personagens ou bordões, como muitos de seus contemporâneos, o tornou um especialista em contar piadas – apimentar e adocicar histórias cômicas com o auxílio de olhares, caras imprevisíveis, silêncios, caras e bocas, quase sempre de conotação sexual e de duplo sentido. Tanto que, 60 anos depois, seguia fazendo exatamente isso, associando seu nome a essa categoria do riso concentrada em pequenas historietas sórdidas. Começou no rádio e logo depois foi para a televisão, além de ter tentado brevemente carreira na música e no cinema ndos anos 60 e foi preso na ditadura militar por causa de uma piada (“quem não tem cão caça com gato, que não tem gato caça com ato”). Era o principal nome de um serviço prestado pela estatal de telefonia brasileira chamado “Disque Piada”, em que o público ligava para um número (em Brasília era 137) para ouvir uma piada nova todo dia, contada por ele. Foi casado com sua eterna musa, a vedete Marly Marley (que faleceu em 2014), por 40 anos.

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