Neil Gaiman: “Make good art”

, por Alexandre Matias

A Juliana, do blog Trapeixe, linkou a tradução que fez do discurso que Neil Gaiman deu na University of the Arts da Filadélfia que eu postei outro dia. Então emendando tudo num só lugar: eis o vídeo, a tradução e, em seguida, a transcrição em inglês:

Eu nunca realmente esperei me encontrar dando conselhos para pessoas se graduando em um estabelecimento de ensino superior. Eu nunca me graduei em um desses estabelecimentos. E nunca nem comecei um. Eu escapei da escola assim que pude, quando a perspectiva de mais quatro anos de aprendizados forçados antes que eu pudesse me tornar o escritor que desejava ser era sufocante.

Eu saí para o mundo, eu escrevi, eu me tornei um escritor melhor na medida em que escrevia mais, e eu escrevi um pouco mais, e ninguém nunca parecia se importar que eu estava inventando na medida em que eu prosseguia, eles simplesmente liam o que eu escrevia e pagavam por isso, ou não, e frequentemente eles me encomendavam alguma outra coisa pra eles.

O que me deixou com um saudável respeito e admiração pela educação superior do quais meus amigos e familiares, que frequentaram universidades, se curaram há muito tempo atrás.

Olhando para trás, eu trilhei uma caminhada memorável. Não tenho certeza de que posso chamá-la de uma carreira, porque uma carreira implica que eu tivesse algum tipo de plano de carreira, e eu nunca tive. A coisa mais próxima que tive foi uma lista que fiz quando tinha 15 anos com tudo que eu queria fazer: escrever um romance para adultos, um livro infantil, uma revista em quadrinhos, um filme, gravar um audiobook, escrever um episódio de Dr. Who… e assim por diante. Eu não tive uma carreira. Eu simplesmente fui fazendo a próxima coisa da lista.

Então pensei em contar para vocês tudo que eu gostaria de saber de saída, e algumas coisas que, olhando para trás pra isso, suponho que eu sabia. E também em dar o melhor conselho que já recebi, o qual falhei completamente em seguir.

O primeiro de todos: quando você começa em uma carreira nas artes você não tem ideia do que está fazendo.

Isso é ótimo. As pessoas que sabem o que estão fazendo conhecem as regras, e sabem o que é possível e o que é impossível. Vocês não. E vocês não devem. As regras sobre o que é possível e impossível nas artes foram feitas por pessoas que não tinham testado os limites do possível indo além deles. E vocês podem.

Se vocês não sabem que é impossível é mais fácil fazer. E porque ninguém fez antes, não inventaram regras para evitar que alguém faça de novo, ainda.

Em segundo, se você tem uma ideia do que você quer fazer, sobre o que você foi colocado aqui para fazer, então simplesmente vá e faça aquilo.

E isso é muito mais difícil do que parece e, algumas vezes, no fim, muito mais fácil do que você poderia imaginar.

Porque normalmente, há coisas que você precisa fazer antes de que você possa chegar aonde quer estar. Eu queria escrever quadrinhos e romances e histórias e filmes, então me tornei um jornalista, porque jornalistas têm permissão para fazer perguntas, e para simplesmente ir adiante e descobrir como o mundo funciona, e, além disso, para fazer essas coisas eu precisaria escrever e escrever bem, e eu estava sendo pago para aprender como escrever economicamente, claramente, às vezes em condições adversas, e em tempo.

Algumas vezes o caminho para fazer o que você espera fazer estará claramente delineado; e às vezes será quase impossível decidir se você estará ou não fazendo a coisa certa, porque você terá de balancear suas metas e esperanças, e alimentar-se, pagar as contas, encontrar trabalho, e se adequar ao que pode encontrar.

Uma coisa que funcionou para mim foi imaginar que onde eu gostaria de estar – um autor, principalmente de ficção, fazendo bons livros, fazendo bons quadrinhos e me mantendo através de minhas palavras – era uma montanha. Uma montanha distante. Minha meta.

E eu sabia que enquanto eu me mantivesse andando em direção à montanha eu estaria bem. E quando eu verdadeiramente não estava certo acerca do que fazer, eu podia parar, e pensar se aquilo estava me levando em direção à montanha ou me afastando dela. Eu disse não para trabalhos editoriais em revistas, trabalhos adequados que teriam pago um dinheiro respeitável porque eu sabia que, por mais atrativos que fossem, para mim eles estariam me deixando mais distante da montanha. E se essas ofertas tivessem aparecido mais cedo talvez as tivesse aceito, porque elas ainda me deixariam mais perto da montanha do que eu estava à época.

Eu aprendi a escrever escrevendo. Eu tendia a fazer qualquer coisa conquanto que parecesse uma aventura, e a parar de fazê-la quando parecia trabalho, o que significou que a vida não se parecia com trabalho.

Em terceiro lugar, quando você começa, você precisa lidar com os problemas do fracasso. Vocês precisam ser osso duro de roer, precisam aprender que nem todo projeto sobreviverá. Uma vida como freelancer, uma vida nas artes, é muitas vezes como colocar mensagens em garrafas, em uma ilha deserta, e esperar que alguém encontre uma de suas garrafas, e a abra, leia, e coloque algo em outra garrafa que fará seu caminho de volta até você: apreço, ou uma encomenda, dinheiro, ou amor. E vocês têm de aceitar que vocês poderão lançar uma centena de coisas para cada garrafa que aparecerá retornando.

Os problemas do fracasso são problemas de desencorajamento, de desespero, de ansiedade. Você deseja que tudo aconteça e você quer que as coisas aconteçam agora, e as coisas dão errado. Meu primeiro livro – uma peça de jornalismo que tinha feito pelo dinheiro, e que já tinha me comprado uma máquina de escrever eletrônica do adiantamento – deveria ter sido um bestseller. Deveria ter me pagado muito dinheiro. Se a editora não tivesse involuntariamente ido à bancarrota entre a primeira impressão se esgotar e a segunda sair, e antes que quaisquer direitos pudessem ser pagos, ele teria me dado muito dinheiro.

E eu dei de ombros, e eu ainda minha máquina de escrever eletrônica e dinheiro o bastante para pagar o aluguel por um par de meses, e decidi que eu faria o meu melhor para no futuro não escrever livros apenas pelo dinheiro. Se você não ganha o dinheiro, então você não tem nada. Se eu fizesse um trabalho do qual me orgulhasse, e não ganhasse a grana, ao menos eu teria o trabalho.

De vez em quando, eu esqueço essa regra, e sempre que o faço, o universo me bate com força e me relembra dela.

Eu não sei se isso é um problema para mais alguém além de mim, mas é verdade que nada que eu fiz na qual a única razão para fazê-lo fosse o dinheiro jamais valeu a pena, exceto como amarga experiência. Normalmente nunca dei o trabalho por encerrado ao receber o dinheiro, por outro lado. As coisas que fiz porque estava empolgado, e queria vê-las existirem na realidade, nunca me decepcionaram, e eu nunca me arrependi do tempo gasto com nenhuma delas.

Os problemas do fracasso são difíceis.

Os problemas do sucesso podem ser ainda mais difíceis, porque ninguém lhes avisa sobre eles.

O primeiro problema de qualquer tipo de sucesso limitado é a convicção inabalável de que você está fugindo com algo, e de que a qualquer momento irão descobri-lo. É a Síndrome do Impostor, algo que minha esposa Amanda batizou de Polícia da Fraude.

Em meu caso, eu estava convencido de que haveria uma batida na porta, e um homem com uma prancheta (não sei por que ele carregava uma prancheta, em minha cabeça, mas ele carregava) estaria lá, para me dizer que estava tudo acabado, e eles me pegariam e agora eu teria de ir e conseguir um trabalho de verdade, algum que não consistisse de inventar coisas e escrevê-las, e ler livros que eu quisesse ler. E então eu partiria silenciosamente e pegaria o tipo de trabalho no qual você não tem de inventar mais coisas.

Os problemas do sucesso. Eles são reais, e com sorte vocês irão experienciá-los. O ponto em que você para de dizer sim pra tudo, porque agora as garrafas que você lança ao oceano estão todas voltando, e você precisa aprender a dizer não.

Eu observei meus pares, e meus amigos, e aqueles que eram mais velhos que eu e observei quão infelizes alguns deles se sentiam: eu os ouvi contar pra mim que eles não podiam encarar um mundo no qual eles não podiam mais fazer o que sempre quiseram fazer, porque agora eles tinham de ganhar uma certa quantidade de grana todo mês apenas para se manter onde estavam. Eles não podiam ir e fazer as coisas que importavam, e que realmente queriam fazer; e isso me pareceu uma tragédia tão grande quanto qualquer problema de fracasso.

E depois disso, o maior problema do sucesso é que o mundo conspira para que você pare de fazer o que você faz, porque você é famoso. Houve um dia em que olhei e me dei conta de que eu tinha me tornado alguém que profissionalmente respondia a e-mails, e escrevia como um hobby. Eu comecei a responder menos e-mails, e fiquei aliviado por perceber que estava escrevendo muito mais.

Em quarto, eu espero que vocês cometam erros. Se vocês estão cometendo erros, significa que vocês estão por aí fazendo algo. E os erros em si podem ser úteis. Uma vez escrevi Caroline errado, em uma carta, trocando o A e o O, e eu pensei, “Coraline parece um nome real…”

E lembrem-se que não importa a área em que estejam, se você é um músico ou um fotógrafo, um artista fino ou um cartunista, um escritor, um dançarino, um designer, o que quer que você faça, vocês têm algo que é único. Vocês têm a habilidade de fazer arte.

E para mim, e para muitas das pessoas que conheci, isso tem sido um salva-vidas. O salva-vidas definitivo. Ele lhe leva através dos bons momentos e pelos outros.

A vida as vezes é dura. As coisas dão errado, na vida e no amor e nos negócios e nas amizades e na saúde e em todos os outros modos que a vida pode dar errado. E quando as coisas ficam difíceis, isso é o que vocês devem fazer.

Façam boa arte.

Eu estou falando sério. O marido fugiu com uma política(o)? Faça boa arte. Perna esmagada e depois devorada por uma jibóia mutante? Faça boa arte. IR te rastreando? Faça boa arte. Gato explodiu? Faça boa arte. Alguém na internet pensa que o que você faz é estúpido ou mau ou já foi feito antes? Faça boa arte. Provavelmente as coisas se resolverão de algum modo, e eventualmente o tempo levará a dor mais aguda, mas isso não importa. Faça apenas o que você faz de melhor. Faça boa arte.

Faça-a nos dias bons também.

E, em quinto: enquanto estiverem nisso, façam a sua arte. Façam as coisas que só vocês podem fazer.

O impulso, começando, é copiar. E isso não é uma coisa ruim. A maioria de nós só descobre nossas próprias vozes depois de termos soado como um monte de outras pessoas. Mas uma coisa que você tem que ninguém mais tem é você. Sua voz, sua mente, sua estória, sua visão. Então escreva e desenhe e construa e toque e dance e viva como só você pode viver.

No momento em que você sentir que, possibilidade, você está andando na rua nu, expondo muito de seu coração e de sua mente e do que existe em seu interior, mostrando demais de si mesmo. Esse é o momento em que você pode estar começando a acertar.

As coisas que fiz que mais funcionaram foram as coisas das quais menos estava certo, as estórias as quais eu tinha certeza de que ou funcionariam, ou, mais provavelmente, seriam o tipo de fracasso embaraçoso que as pessoas se juntam para falar a respeito até o fim dos tempos. Elas sempre tiveram isso em comum: olhando para em retrospectiva para elas, as pessoas explicam porque foram sucessos inevitáveis. Enquanto as estava fazendo, eu não tinha ideia.

E ainda não tenho. E onde estaria a graça de fazer alguma coisa que você soubesse que iria funcionar?

E às vezes as coisas que fiz realmente não funcionaram. Há estórias minhas que nunca foram reimpressas. Algumas delas nunca sequer saíram da casa. Mas eu aprendi com elas tanto quando aprendi com as coisas que funcionaram.

Sexto. Eu passarei algum conhecimento secreto de freelancer. Conhecimento secreto é sempre bom. E é útil para qualquer um que alguma vez já planejou criar arte para outras pessoas, em entrar em um mundo de freelance de qualquer tipo. Eu aprendi isso com os quadrinhos, mas se aplica a outros campos também. E é isto:

As pessoas são contratadas porque, de algum modo, elas são contratadas. Em meu caso eu fiz algo que atualmente seria fácil de checar, e me colocaria em problemas, e quando eu comecei, naqueles dias pré-internet, parecia uma estratégia de carreira sensata: quando editores me perguntavam para quem eu já tinha trabalhado, eu mentia. Eu listei uma série de revistas que soavam razoáveis, e soei confiante, e consegui os empregos. Então transformei em uma questão de honra conseguir escrever algo para cada uma das revistas que eu listei para conseguir aquele primeiro emprego, de modo que eu não menti de fato, só fui cronologicamente desafiado… Você começa a trabalhar por qualquer maneira que comece a trabalhar.

As pessoas se matêm trabalhando, em um mundo de freelances, e mais e mais do mundo de hoje é freelance, porque seu trabalho é bom, e porque são fáceis de conviver, e porque elas entregam o trabalho em tempo. E você nem precisa de todos os três. Dois em três está bem. As pessoas irão tolerar quão desagradável você é se seu trabalho for bom e você o entregar no prazo. Elas perdoarão o atraso do trabalho se ele for bom, e elas gostarem de você. E você não precisa ser tão bom quanto os outros se você é pontual e é sempre um prazer ouvi-lo(a).

Quando concordei em fazer este discurso, eu comecei tentando pensar em qual tinha sido o melhor conselho que já tinha recebido ao longo dos anos.

E ele veio do Stephen King, há vinte anos atrás, no auge do sucesso de Sandman. Eu estava escrevendo um quadrinho que as pessoas amavam e estavam levando a sério. King gostara de Sandman e de meu romance com Terry Pratchett, Belas Maldições (Good Omens), e ele viu a loucura, as longas filas de autógrafos, tudo aquilo, e seu conselho foi esse:

“Isso é realmente ótimo. Você deveria apreciar isso.”

E eu não aproveitei. O melhor conselho que já recebi que ignorei. Ao invés disso, eu me preocupei com aquilo. Eu me preocupei com o próximo prazo, a próxima ideia, a próxima estória. Não houve um momento nos próximos quatorze ou quinze anos em que não estivesse escrevendo algo em minha cabeça, ou imaginando a respeito. E eu não parei e olhei em redor e pensei, isso é realmente divertido. Eu queria ter aproveitado mais. Tem sido uma caminhada incrível. Mas houve partes da trilha que eu perdi, porque estava muito preocupado em as coisas darem errado, sobre o que viria depois, para apreciar a parte em que estava.

Essa foi a lição mais difícil pra mim, eu acho: relaxar e curtir a caminhada, porque a jornada o leva a alguns lugares memoráveis e inesperados.

E aqui, nesta plataforma, hoje, é um destes lugares. (E eu estou curtindo isso imensamente.)

Para todos os graduandos de hoje: eu desejo a vocês sorte. Sorte é útil. Frequentemente vocês descobrirão que quanto mais duro vocês trabalharem, e mais sabiamente, mais sortudos vocês serão. Mas existe sorte, e ela ajuda.

Nós estamos em um mundo em transição neste momento, se vocês estão em qualquer campo artístico, porque a natureza da distribuição está mudando, os modelos pelos quais os criadores entregavam seu trabalho ao mundo, e conseguiam manter um teto sobre suas cabeças e comprar alguns sanduíches enquanto faziam isso, estão todos mudando. Eu falei com pessoas do topo da cadeia alimentar em publicações, vendas de livros, em todas essas áreas, e ninguém sabe com o que a paisagem se parecerá daqui a dois anos, que dirá daqui a uma decada. Os canais de distribuição que as pessoas construíram ao longo do último século ou mais estão contínua mudança, para os impressos, para artistas visuais, para músicos, para pessoas criativas de todos os tipos.

O que é, por um lado, intimidante e, por outro, imensamente libertador. As regras, as suposições, os agora nós devemos fazer de como você consegue expor seu trabalho, e o que você faz a seguir, estão ruindo. Os porteiros estão deixando seus portões. Vocês podem ser tão criativos quanto precisarem para conseguir visibilidade para seus trabalhos. YouTube e a web (e o que quer que venha depois do YouTube e da web) podem dar a vocês mais pessoas de audiência do que a televisão jamais deu. As velhas regras estão desmoronando e ninguém sabe quais são as novas regras.

Então inventem suas próprias regras.

Alguém recentemente me perguntou como fazer alguma coisa que ela achava que seria difícil, em seu caso, gravar um audiobook, e eu sugeri que ela fingisse que ela era alguém que poderia fazê-lo. Não fingir fazê-lo, mas fingir que era alguém que podia fazer. Ela colocou uma nota para este efeito na parede do estúdio, e disse que isso ajudou.

Então sejam sábios, porque o mundo necessita de mais sabedoria, e se vocês não puderem ser sábios, finjam ser alguém que é sábio, e então apenas se comportem como eles se comportariam.

E agora vão, e cometam erros interessantes, cometam erros maravilhosos, façam erros gloriosos e fantásticos. Quebrem regras. Façam do mundo um lugar mais interessante por vocês estarem aqui. Façam boa arte.

E a transcrição, retirada daqui, vem abaixo:

I never really expected to find myself giving advice to people graduating from an establishment of higher education. I never graduated from any such establishment. I never even started at one. I escaped from school as soon as I could, when the prospect of four more years of enforced learning before I’d become the writer I wanted to be was stifling.

I got out into the world, I wrote, and I became a better writer the more I wrote, and I wrote some more, and nobody ever seemed to mind that I was making it up as I went along, they just read what I wrote and they paid for it, or they didn’t, and often they commissioned me to write something else for them.

Which has left me with a healthy respect and fondness for higher education that those of my friends and family, who attended Universities, were cured of long ago.

Looking back, I’ve had a remarkable ride. I’m not sure I can call it a career, because a career implies that I had some kind of career plan, and I never did. The nearest thing I had was a list I made when I was 15 of everything I wanted to do: to write an adult novel, a children’s book, a comic, a movie, record an audiobook, write an episode of Doctor Who… and so on. I didn’t have a career. I just did the next thing on the list.

So I thought I’d tell you everything I wish I’d known starting out, and a few things that, looking back on it, I suppose that I did know. And that I would also give you the best piece of advice I’d ever got, which I completely failed to follow.

First of all: When you start out on a career in the arts you have no idea what you are doing.

This is great. People who know what they are doing know the rules, and know what is possible and impossible. You do not. And you should not. The rules on what is possible and impossible in the arts were made by people who had not tested the bounds of the possible by going beyond them. And you can.

If you don’t know it’s impossible it’s easier to do. And because nobody’s done it before, they haven’t made up rules to stop anyone doing that again, yet.

Secondly, If you have an idea of what you want to make, what you were put here to do, then just go and do that.

And that’s much harder than it sounds and, sometimes in the end, so much easier than you might imagine. Because normally, there are things you have to do before you can get to the place you want to be. I wanted to write comics and novels and stories and films, so I became a journalist, because journalists are allowed to ask questions, and to simply go and find out how the world works, and besides, to do those things I needed to write and to write well, and I was being paid to learn how to write economically, crisply, sometimes under adverse conditions, and on time.

Sometimes the way to do what you hope to do will be clear cut, and sometimes it will be almost impossible to decide whether or not you are doing the correct thing, because you’ll have to balance your goals and hopes with feeding yourself, paying debts, finding work, settling for what you can get.

Something that worked for me was imagining that where I wanted to be – an author, primarily of fiction, making good books, making good comics and supporting myself through my words – was a mountain. A distant mountain. My goal.

And I knew that as long as I kept walking towards the mountain I would be all right. And when I truly was not sure what to do, I could stop, and think about whether it was taking me towards or away from the mountain. I said no to editorial jobs on magazines, proper jobs that would have paid proper money because I knew that, attractive though they were, for me they would have been walking away from the mountain. And if those job offers had come along earlier I might have taken them, because they still would have been closer to the mountain than I was at the time.

I learned to write by writing. I tended to do anything as long as it felt like an adventure, and to stop when it felt like work, which meant that life did not feel like work.

Thirdly, When you start off, you have to deal with the problems of failure. You need to be thickskinned, to learn that not every project will survive. A freelance life, a life in the arts, is sometimes like putting messages in bottles, on a desert island, and hoping that someone will find one of your bottles and open it and read it, and put something in a bottle that will wash its way back to you: appreciation, or a commission, or money, or love. And you have to accept that you may put out a hundred things for every bottle that winds up coming back.

The problems of failure are problems of discouragement, of hopelessness, of hunger. You want everything to happen and you want it now, and things go wrong. My first book – a piece of journalism I had done for the money, and which had already bought me an electric typewriter from the advance – should have been a bestseller. It should have paid me a lot of money. If the publisher hadn’t gone into involuntary liquidation between the first print run selling out and the second printing, and before any royalties could be paid, it would have done.

And I shrugged, and I still had my electric typewriter and enough money to pay the rent for a couple of months, and I decided that I would do my best in future not to write books just for the money. If you didn’t get the money, then you didn’t have anything. If I did work I was proud of, and I didn’t get the money, at least I’d have the work.

Every now and again, I forget that rule, and whenever I do, the universe kicks me hard and reminds me. I don’t know that it’s an issue for anybody but me, but it’s true that nothing I did where the only reason for doing it was the money was ever worth it, except as bitter experience. Usually I didn’t wind up getting the money, either. The things I did because I was excited, and wanted to see them exist in reality have never let me down, and I’ve never regretted the time I spent on any of them.

The problems of failure are hard.

The problems of success can be harder, because nobody warns you about them.

The first problem of any kind of even limited success is the unshakable conviction that you are getting away with something, and that any moment now they will discover you. It’s Imposter Syndrome, something my wife Amanda christened the Fraud Police.

In my case, I was convinced that there would be a knock on the door, and a man with a clipboard (I don’t know why he carried a clipboard, in my head, but he did) would be there, to tell me it was all over, and they had caught up with me, and now I would have to go and get a real job, one that didn’t consist of making things up and writing them down, and reading books I wanted to read. And then I would go away quietly and get the kind of job where you don’t have to make things up any more.

The problems of success. They’re real, and with luck you’ll experience them. The point where you stop saying yes to everything, because now the bottles you threw in the ocean are all coming back, and have to learn to say no.

I watched my peers, and my friends, and the ones who were older than me and watch how miserable some of them were: I’d listen to them telling me that they couldn’t envisage a world where they did what they had always wanted to do any more, because now they had to earn a certain amount every month just to keep where they were. They couldn’t go and do the things that mattered, and that they had really wanted to do; and that seemed as a big a tragedy as any problem of failure.

And after that, the biggest problem of success is that the world conspires to stop you doing the thing that you do, because you are successful. There was a day when I looked up and realised that I had become someone who professionally replied to email, and who wrote as a hobby. I started answering fewer emails, and was relieved to find I was writing much more.

Fourthly, I hope you’ll make mistakes. If you’re making mistakes, it means you’re out there doing something. And the mistakes in themselves can be useful. I once misspelled Caroline, in a letter, transposing the A and the O, and I thought, “Coraline looks like a real name…”

And remember that whatever discipline you are in, whether you are a musician or a photographer, a fine artist or a cartoonist, a writer, a dancer, a designer, whatever you do you have one thing that’s unique. You have the ability to make art.

And for me, and for so many of the people I have known, that’s been a lifesaver. The ultimate lifesaver. It gets you through good times and it gets you through the other ones.

Life is sometimes hard. Things go wrong, in life and in love and in business and in friendship and in health and in all the other ways that life can go wrong. And when things get tough, this is what you should do.

Make good art.

I’m serious. Husband runs off with a politician? Make good art. Leg crushed and then eaten by mutated boa constrictor? Make good art. IRS on your trail? Make good art. Cat exploded? Make good art. Somebody on the Internet thinks what you do is stupid or evil or it’s all been done before? Make good art. Probably things will work out somehow, and eventually time will take the sting away, but that doesn’t matter. Do what only you do best. Make good art.

Make it on the good days too.

And Fifthly, while you are at it, make your art. Do the stuff that only you can do.

The urge, starting out, is to copy. And that’s not a bad thing. Most of us only find our own voices after we’ve sounded like a lot of other people. But the one thing that you have that nobody else has is you. Your voice, your mind, your story, your vision. So write and draw and build and play and dance and live as only you can.

The moment that you feel that, just possibly, you’re walking down the street naked, exposing too much of your heart and your mind and what exists on the inside, showing too much of yourself. That’s the moment you may be starting to get it right.

The things I’ve done that worked the best were the things I was the least certain about, the stories where I was sure they would either work, or more likely be the kinds of embarrassing failures people would gather together and talk about until the end of time. They always had that in common: looking back at them, people explain why they were inevitable successes. While I was doing them, I had no idea.

I still don’t. And where would be the fun in making something you knew was going to work?

And sometimes the things I did really didn’t work. There are stories of mine that have never been reprinted. Some of them never even left the house. But I learned as much from them as I did from the things that worked.

Sixthly. I will pass on some secret freelancer knowledge. Secret knowledge is always good. And it is useful for anyone who ever plans to create art for other people, to enter a freelance world of any kind. I learned it in comics, but it applies to other fields too. And it’s this:

People get hired because, somehow, they get hired. In my case I did something which these days would be easy to check, and would get me into trouble, and when I started out, in those pre-internet days, seemed like a sensible career strategy: when I was asked by editors who I’d worked for, I lied. I listed a handful of magazines that sounded likely, and I sounded confident, and I got jobs. I then made it a point of honour to have written something for each of the magazines I’d listed to get that first job, so that I hadn’t actually lied, I’d just been chronologically challenged… You get work however you get work.

People keep working, in a freelance world, and more and more of today’s world is freelance, because their work is good, and because they are easy to get along with, and because they deliver the work on time. And you don’t even need all three. Two out of three is fine. People will tolerate how unpleasant you are if your work is good and you deliver it on time. They’ll forgive the lateness of the work if it’s good, and if they like you. And you don’t have to be as good as the others if you’re on time and it’s always a pleasure to hear from you.

When I agreed to give this address, I started trying to think what the best advice I’d been given over the years was.

And it came from Stephen King twenty years ago, at the height of the success of Sandman. I was writing a comic that people loved and were taking seriously. King had liked Sandman and my novel with Terry Pratchett, Good Omens, and he saw the madness, the long signing lines, all that, and his advice was this:

“This is really great. You should enjoy it.”

And I didn’t. Best advice I got that I ignored.Instead I worried about it. I worried about the next deadline, the next idea, the next story. There wasn’t a moment for the next fourteen or fifteen years that I wasn’t writing something in my head, or wondering about it. And I didn’t stop and look around and go, this is really fun. I wish I’d enjoyed it more. It’s been an amazing ride. But there were parts of the ride I missed, because I was too worried about things going wrong, about what came next, to enjoy the bit I was on.

That was the hardest lesson for me, I think: to let go and enjoy the ride, because the ride takes you to some remarkable and unexpected places.

And here, on this platform, today, is one of those places. (I am enjoying myself immensely.)

To all today’s graduates: I wish you luck. Luck is useful. Often you will discover that the harder you work, and the more wisely you work, the luckier you get. But there is luck, and it helps.

We’re in a transitional world right now, if you’re in any kind of artistic field, because the nature of distribution is changing, the models by which creators got their work out into the world, and got to keep a roof over their heads and buy sandwiches while they did that, are all changing. I’ve talked to people at the top of the food chain in publishing, in bookselling, in all those areas, and nobody knows what the landscape will look like two years from now, let alone a decade away. The distribution channels that people had built over the last century or so are in flux for print, for visual artists, for musicians, for creative people of all kinds.

Which is, on the one hand, intimidating, and on the other, immensely liberating. The rules, the assumptions, the now-we’re supposed to’s of how you get your work seen, and what you do then, are breaking down. The gatekeepers are leaving their gates. You can be as creative as you need to be to get your work seen. YouTube and the web (and whatever comes after YouTube and the web) can give you more people watching than television ever did. The old rules are crumbling and nobody knows what the new rules are.

So make up your own rules.

Someone asked me recently how to do something she thought was going to be difficult, in this case recording an audio book, and I suggested she pretend that she was someone who could do it. Not pretend to do it, but pretend she was someone who could. She put up a notice to this effect on the studio wall, and she said it helped.

So be wise, because the world needs more wisdom, and if you cannot be wise, pretend to be someone who is wise, and then just behave like they would.

And now go, and make interesting mistakes, make amazing mistakes, make glorious and fantastic mistakes. Break rules. Leave the world more interesting for your being here. Make good art.

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