29 anos de Trabalho Sujo

, por Alexandre Matias

29 anos são mais que uma vida, mas ainda sinto como se estivesse começando. Os 29 anos do Trabalho Sujo, completos oficialmente nesta quarta-feira, também selam 30 anos da minha carreira como jornalista, mas este único ano de diferença entre as duas datas é o que separa minha vida profissional (ênfase em “profissional”) da minha vida profissional (ênfase em “minha”). Ao rotular meu trabalho com um nome que eu havia criado para um fanzine (que acabou virando uma coluna num jornal impresso e depois virou site, blog, conta em redes sociais, podcast, festa, curso, programa de rádio, curadoria, direção e o que mais der na minha telha), sem querer separei o trabalho que não me interessa daquele que eu quero fazer e consegui ressignificar essa atividade sem que ela carregasse o peso profissional – e sempre carregando a minha assinatura, a minha edição, o meu ponto de vista. Carrego trabalho no nome e sempre que falo que meu signo é capricórnio a reação dos que acreditam em astrologia é um olhar arregalado de obviedade devido à minha dedicação à labuta. Mas por mais que canse (e, acredite, cansa), o Trabalho Sujo não é um frila que eu peguei pra fechar as contas, um emprego formal que me cobra horário e prazos, uma tarefa insuportável justificável apenas pelo preço pago. Mais do que isso, nesses 29 anos dou ênfase à palavra “vida” no que diz respeito à minha vida profissional quase três décadas passadas. Meu caráter foi formado antes mesmo de pensar em trabalho, ainda em Brasília, mas a maior parte da minha vida que comemoro agora consolidou o que meus pais, meus irmãos e minha cidade me ensinaram antes de me tornar maior de idade: a importância de fazer o que se quer, de colocar planos logo em prática, respeito e franqueza como principais filtros da vida e a importância da parceria. O Trabalho Sujo é um trabalho solitário sim, mas nunca estive só, mesmo porque sempre contei com pessoas importantes da minha vida próximas ao que faço – e não apenas relações profissionais. Laços que firmei ao longo destes trinta anos que são elos forjados para a vida inteira: não apenas coleguinhas de redação, parceiros de escrita, compadres e comadres com quem já discotequei e apresentei e projetei programas, mas também amigos que se tornaram irmãos, esposas, namoradas, professores, gurus, casos e confidentes, gente foda cuja relação transcende o trabalho e só ajudou a forjar as regras pelas quais pauto minha vida – e estou falando de centenas de pessoas, gente que dividi baias, quartos, redes, espaços virtuais e conexões físicas. O Trabalho Sujo só existe por causa de vocês – e vocês sabem quem vocês são. Amo todos a 29 anos ou menos – e pra que serve tudo isso se não há amor? Seguimos juntos, sempre. Bora que só melhora. ❤️

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