Você conhece o E a Terra Nunca Me Pareceu Tão Distante?

, por Alexandre Matias

EATNMPTD-2016

“‘Medo de Morrer’ e ‘Medo de Tentar’ são realmente uma fotografia do momento que estamos vivendo, amostras de novos caminhos que pretendemos seguir”, me explica em entrevista o guitarrista Lucas Theodoro, um dos fundadores do grupo de pós-rock paulistano E a Terra Nunca Me Pareceu Tão Distante, que lança o single duplo com exclusividade pelo Trabalho Sujo. A banda instrumental, formada no início de 2012, conseguiu criar uma pequena reputação desde sua criação e agora aos poucos prepare-se para alçar novos voos: “O plano é tocar muito pelo Brasil em 2016 enquanto compomos o primeiro disco completo, que queremos lançar em 2017”.

“Nossas influências sempre foram muito diversas”, continua Lucas. “A lista de cada um passeia por rap, jazz, indie dos anos 90, música eletrônica estranha, é mesmo muita coisa. Nunca ficamos presos a moldes e estruturas específicos de um ou outro tipo de música. O termo “pós-rock” tem feito com o público se identifique com o tipo de música que fazemos, mas não passamos cada composição por esse filtro.” A banda cresceu principalmente a partir do ano passado, quando colheram os frutos do segundo EP, Vazio, lançado no final de 2014. As duas faixas refletem duas facetas do grupo: “Medo de Tentar” é mais abrasiva e intensa, enquanto “Medo de Morrer” é mais rítmica e sintética. O single será lançado neste domingo em um show gratuito no Teatro Décio de Almeida Prado, no Itaim (mais informações aqui).

Além de Lucas, a banda é composta por Luden Viana na outra guitarra, Luccas Villela no baixo e Rafael Jonke na bateria. “Ao mesmo tempo que nos identificamos com bandas instrumentais atuais, como ruído/mm e Kalouv, encontramos afinidade com outras bandas sonoramente muito diferentes, como Inky, Ombu, Raça, Quarto Negro, Jair Naves, Lava Divers, Caffeine Lullabies, entre várias outras que envolvem pessoas com quem fizemos shows juntos ou que construíram laços com a gente, marcando shows, nos hospedando etc. Acho que a safra de bandas que queremos pertencer é a de pessoas que se apoiam e ajudam a construir um cenário musical melhor”, continua o guitarrista.

Que conclui: “É agridoce ser independente. Nos últimos anos, muitas bandas ótimas surgiram mas, ao mesmo tempo, casas de show importantes do país estão passando dificuldades. O 92 Graus, em Curitiba, e a Audio Rebel, no Rio de Janeiro, por exemplo, são lugares extremamente importantes para o cenário nacional que tiveram que fazer campanhas de financiamento coletivo para se manter funcionando. Foi bonito ver que conseguiram bater as metas e continuar oferecendo condições honestas para as bandas, mas, ao mesmo tempo, parece que tem algo fora do lugar. Acima de tudo, é um prazer fazer parte desse cenário que se ajuda a se manter de pé. O independente sempre arruma um jeito de existir.”

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