Por Alexandre Matias - Jornalismo arte desde 1995.
Mês passado Sessa deu um gostinho de seu próximo disco em sua apresentação no Centro da Terra, quando aproveitou para mostrar algumas inéditas, tocar com os músicos que participaram da gravação (Biel, Cabral e Ina), além de apresentar um novo instrumento na formação (o piano) e revelar o nome de seu próximo disco em primeira mão. Pois hoje ele não só mostra a bela capa do novo trabalho, Pequena Vertigem de Amor, que será lançado no dia 7 de novembro e já está em pré-venda, como mostra seu primeiro single, a singela “Vale a Pena”, cujo verso do refrão – “viver vale a pena, minha galera” – sintetiza a onda do disco, gravado logo após ele ter se tornado pai e aberto seu próprio estúdio ao lado do baterista Biel Basile. Ele ainda traz um clipe para comemorar o novo lançamento, que você assiste abaixo:
Morre uma das principais autoras e intérpretes da música brasileira – Angela Ro Ro tem um espaço na história de nossa música – e cultura – que mal começou a ser investigado.
Mais uma segunda-feira teleguiada por João Barisbe, que nos convidou a mais um capítulo de seu Turismo Inventado, em que nos convida a conhecer lugares imaginários através de suas próprias composições, a cada semana com novos arranjos. Desta vez foi o momento em que ele exercitou o naipe de cordas, convidando o sublime Quarteto Ibá (formado pelas violinistas Leticia Andrade e Mica Marcondes, pela violista Elisa Monteiro e pelo violoncelista Thiago Faria) para voltar às músicas que apresentou na semana passada, mas sem sequer subir no palco para regê-las, juntando-se ao grupo apenas para tocar seu saxofone, deixando claro seu papel de arranjador mais do que de regente . Além do quarteto, Barisbe também convidou dois músicos reincidentes da semana passada para mostrar suas próprias canções – primeiro a maravilhosa Thais Ribeiro, que trouxe seu acordeão para mostrar sua “Meu Velho” e Gabriel Milliet, que primeiro visitou “Jardim da Fantasia”, de Paulinho Pedra Azul, que ele conheceu na versão definitiva que Renato Teixeira gravou com Pena Branca e Xavantinho no disco ao vivo que gravaram em 1992 em Tatuí, e depois a inédita “Prefiro Infinito”, parceria com o próprio Barisbe, quando apresentou-a ao lado do quarteto tocando violão. A noite terminou como a anterior, quando Barisbe voltou ao palco com o sax para cantar – sem texto, só com a voz de seu instrumento – a épica “Cometa Javali”, a mesma com a qual encerrou a primeira apresentação e cujo verso central parece não apenas resumir a temática de sua temporada quanto o que pode ser feito a partir do trabalho com a arte em seu verso central, “imaginação e possibilidade”. Bravo!
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Não esqueci da Dua Lipa não! Ela começou a perna norte-americana de sua turnê no início de setembro, quando passou primeiro pelo Canadá e depois seguiu para os EUA. E as escolhas que fez ao chegar nestes países – até agora – foram boas surpresas em homenagem ao repertório local. Primeiro com ela ressuscitando “I’m Like a Bird” da Nelly Furtado no primeiro show em Toronto e depois trazendo o rapper Mustafa the Poet para dividir “Name of God” com a presença do próprio. E ao entrar nos Estados Unidos nessa sexta-feira, Dua Lipa trouxe uma diva e tanto para acomapanhá-la em seu primeiro show em Chicago, quando convidou a mestra Chaka Khan para cantar juntas a irresistível “Ain’t Nobody”. No sábado, ela celebrou um dos maiores hits daquela cidade quando visitou a inconfundível “September”, do Earth Wind and Fire. Que maravilha.
Fundador, principal compositor e único integrante presente em todas as formações do Supertramp, o multiinstrumentista inglês Rick Davies morreu neste sábado e encerrou definitivamente a carreira da banda que fundou no final dos anos 60. Ele mesmo já havia largado essa carreira há dez anos, quando questões médicas o fizeram ter que parar de seguir o ritmo de vida do showbusiness, mas ele não parou de tocar, embora de forma esporádica e em muitas vezes sem intenções comerciais, tornando público que descartava a volta da banda que estabeleceu seu nome na história da música pop. Autor de clássicos do grupo como “Goodbye Stranger”, “Bloody Well Right”, “My Kind of Lady”, “Cannonball”, “From Now On” e “Crime of the Century”, ele dividia a banda com o outro compositor do grupo, Roger Hodgson (autor dos outros hits do grupo, como “Dreamer”, “Give a Little Bit”, “Take the Long Way Home”, “The Logical Song”, “It’s Raining Again” e “Breakfast in America”), que fez parte da banda até 1983. A saída de Hodgson do grupo desequilibrou a harmonia perfeita que caracterizava o grupo, tanto no casamento das vozes de Rick (mais grave) e Roger (mais aguda), quanto nos de seus respectivos principais instrumentos (piano e guitarra, respectivamente). Em algum ponto equidistante entre o pop rock, o soft rock e o rock progressivo, o Supertramp tomou as paradas de sucesso do planeta na virada dos anos 70 para os anos 80, mas a saída de Roger do grupo em 1983 fez o tecladista arrastar a banda sozinho até 1988, quando encerrou suas atividades para lançar-se em carreira solo. Anos depois, em 1996, voltou a ressuscitar o grupo (sem Roger) até parar de tocar com este nome em 2002. Entre 2010 e 2011 reuniu o grupo (novamente sem Roger) para as últimas apresentações, encerrando finalmente a história da banda – e sua rivalidade com Hodgson, que cresceu em escalas judiciais, com os dois briganndo na justiça por créditos das canções e impedindo um ao outro de tocar as músicas dos outros em seus próprios shows – com sua morte neste fim de semana, decorrente de um câncer.
Sempre é um prazer poder ver nossos amigos musicais escoceses quando eles vêm ao Brasil – e felizmente o show do Teenage Fanclub segue sendo aquela celebração ao alto astral, mesmo quando puxam canções mais melancólicas. Escrevi sobre esse momento pro Toca UOL.
Apesar de muitos nem saberem da existência da banda ou ter ouvido falar em seu nome, Mark Volman, norte-americano fundador dos Turtles que morreu nessa sexta-feira, nos anos 60, é autor de uma das músicas mais emblemáticas do período – e que manteve-se viva para além da década, sem nostalgia -, a deliciosa “Happy Together”, lançada em 1967. Embora o grupo tivesse emplacada outros hits (como sua versão para “It Ain’t Me Babe” de Bob Dylan como primeiro single, “Let Me Be”, “You Baby” e “She’d Rather Be With Me”), nenhuma música teve tanta proeminência quanto a citada anteriormente, que tirou “Penny Lane” dos Beatles do topo das paradas de sucesso dos EUA após seu lançamento. Mas o sucesso da banda foi atingido por questões contratuais com a gravadora White Whale, que registrou não só apenas o nome da banda como os dos próprios integrantes, que preferiram terminar com a banda e mudar de nomes a seguir com um contrato que negavam. Os fundadores dos Turtles – Mark e Howard Kaylan – adotaram respectivamente os pseudônimos de Flo & Eddie, que tornou-se seu nome artístico, como dupla. Eles foram adotados por Frank Zappa no início dos anos 70, que trouxe-os para sua banda, enquanto seguiram colaborando com outros artistas (participando de singles tão distintos quanto “Get it On (Bang a Gong)” do T.Rex em 1971 e “Hungry Heart’, que Bruce Springsteen gravou em 1982). Felizmente os dois recuperaram as fitas masters de seu antigo grupo da gravadora que os prendeu quando esta faliu no meio dos anos 70. Volman entrou para a universidade nos anos 90, estudando música e depois artes e roteiros, eventualmente deixando a vida acadêmica de lado para tocar Kaylan em shows esporádicos comemorativos dos Turtles. Morreu após uma breve doença, dois anos depois de ter sido diagnosticado com demência.
Começamos o mês já enfiando o pé na porta pra não deixar ninguém parado – por isso toma Desaniversário logo no primeiro sábado do mês, dia 6 de setembro, pra já expurgar toda aquela energia ruim na pista de dança que eu, Claudinho, Clarice e Camila fazemos no nosso querido Bubu, que fica na marquise do estádio do Pacaembu (Praça Charles Miller, s/nº). A festa começa cedo (19h) e termina cedo (meia-noite) pra todo mundo aproveitar bem o domingo, curtindo aquela tranquilidade de quem passou a noite anterior se acabando de dançar. Vem dançar com a gente!
Confesso que fiquei balançado ao ver a escalação do aniversário de 20 anos do Festival Convida, em Brasília. Afinal de contas, olha esse elenco que reúne Edu Lobo com Bixiga 70, Juçara Marçal com Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo, Mombojó com Pelados, Mari Jasca com Varanda, Móveis Coloniais de Acaju com Gaivota e várias outras bandas pequenas locais. Infelizmente, os shows não acontecem todos ao mesmo tempo em um mesmo espaço conjunto e sim durante diferentes datas de setembro na casa de shows Infinu, parada obrigatória para quem quiser fazer shows de médio porte na capital federal. Mas já é possível notar uma mudança de postura em relação à noção de festivais que nos assolou no período pós-pandêmico, que reúnem dezenas de artistas sem o menor critério curatorial, apenas para mostrar números e quantidade para justificar investimentos e patrocínios. Apesar de trazer artistas de diferentes estaturas e gêneros musicais, o festival brasiliense deixa evidente suas armas ao apostar em uma escalação pouco óbvia e comercial, privilegiando mais nomes inventivos e ousados do que propriamente populares. É de se comemorar – e notar que estamos em meio a uma mudança em curso…
Morreu nesta sexta-feira um dos principais nomes da história do hardcore. Embora não seja um dos fundadores do Flipper, uma das principais bandas da variação do punk rock que floresceu na costa oeste nos Estados Unidos, Bruce Richard Calderwood – que adotou o sobrenome fantasia depois de entrar na banda – gravou o clássico Album – Generic Flipper em 1982, abrindo uma nova vertente para o gênero ao divergir da pressa e velocidade para valorizar o peso e a distorção, característica intimamente ligada à entrada de Loose na banda, que além de vocalista também assumia o papel de segundo baixista na banda (que já contava com o Will Shatter, que também cantava, tocando o instrumento), aumentando ainda mais o volume e a pressão do som do grupo, que já vinha ruidosa graças à guitarra absurdamente barulhenta de Ted Falconi, que, ao lado do baterista Steve DePace, segue no grupo até hoje. Loose tornou-se o timbre vocal característico da banda e manteve-se na função até 2015, quando foi substituído primeiro por David Yow (ex-Jesus Lizard), que por sua vez saiu em 2022 para a entrada de Mike Watt (célebre baixista da cena punk americana, fundador do Minutemen, do Firehose e integrante temporão dos Stooges de Iggy Pop). A influência do grupo foi para além da cena hardcore especificamente por seu som lento e pesado, primordial na consolidação do som de Seattle, tanto que o ex-baixista do Nirvana, Krist Novoselic, tocou com o grupo entre 2006 e 2009, e o próprio Kurt Cobain não cansava de passear com uma camiseta da banda feita por ele mesmo (presente no clipe de “Come as You Are” e no encarte do disco In Utero, de 1993). Bruce morreu de ataque cardíaco e foi confirmada na página do Facebook da banda.