Lost por Fred Leal

, por Alexandre Matias

Eu nunca lembro o que acontece em Lost. Esse é um dos principais motivos para eu gostar tanto da série. Todo dia de episódio, fico esperando até tarde da noite para o torrent aparecer e o download chegar ao fim. Mesmo em época de horário de verão, quando esse processo todo costuma acabar pra lá das quatro da manhã – e acho que isso ajuda na fugacidade da memória.

E antes que comecem as piadinhas dizendo que “é melhor esquecer, mesmo”, explico: todo episódio fica ainda mais surpreendente. E não é que eu não faço ideia do que acontece nos episódios, eu só me guio mais facilmente pelas emoções que pelos detalhes factuais. Eu não sei, por exemplo, em que momento aquela galera das tochas no meio do mato virou uma cohab dos anos 70, mas lembro que odeio o Locke desde que ele explodiu a porra do submarino só porque achava que estavam todos lá “por um motivo”. Em uma nota paralela: quer ficar, fica, mas não mela o bonde dos outros, porra.

Também confesso que até hoje não entendi porque, ao serem resgatados, os Oceanic Six não avisaram ao mundo da existência do resto da ilha. Mesmo que fosse pra proteger a parada toda, custava pelo menos fretar a porra de um barco pra resgatar o resto da galera? Enfim, sei que quase todo mundo que assinou um post sobre Lost nesse blog nos últimos dias é capaz de me oferecer uma explicação razoável para cada um desses questionamentos. Ou eu poderia simplesmente procurar na Lostpedia. Mas voltando ao que eu queria dizer, a série fica muito mais surpreendente. Nunca fui capaz de desenvolver uma teoria sobre o que é a ilha e porque estavam todos ali por sempre esbarrar em detalhes que me passavam completamente despercebidos.

É uma experiência quase psicodélica, e a montanha-russa de acontecimentos estupefacientes faz com que eu nunca ache um episódio de Lost ruim. Eu mal consigo isolar os acontecimentos sob um único título, como posso querer apontar dedos para os diretores e roteiristas e acusá-los de enrolação? O que me importa são os personagens e a mitologia que os envolve. Iniciativa Dharma. Números mágicos. Viagem no tempo. A sensação é de que a cada episódio surge uma nova loucura que em nada explica a anterior, mas que me deixa desesperadamente ansioso pela próxima.

* Fred Leal é um dos caras. Melhoraê, compadre!

Tags: ,