História onipresente

, por Alexandre Matias

Essa semana estréia Watchmen e aproveitei o gancho do filme para falarmos de narrativa transmídia…

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Quando uma história é apenas o começo…

Com a cultura digital, surge uma nova modalidade de ficção: a ‘narrativa transmídia’

A carinha sorridente amarela respingada com uma gota de sangue é só o ponto de partida. A partir dela, descortina-se não só um universo de super-heróis decadentes e de superpoderes usados como armas militares, como uma série de pequenas histórias paralelas que acontecem independente umas das outras e em formatos diferentes. Juntas, todas essas narrativas contam uma história complexa e multifacetada, que dificilmente teria o mesmo impacto caso contada de forma linear.

Watchmen, a clássica série em quadrinhos cuja aguardada adaptação finalmente chega aos cinemas na próxima sexta-feira, é um dos muitos exemplos de um novo tipo de ficção – a narrativa transmídia. Nem tudo na história original de Alan Moore e Dave Gibbons era contado em forma de quadrinhos – cada episódio terminava com páginas que poderiam trazer um capítulo de um livro fictício, o prontuário médico de um dos personagens, recortes de páginas de jornal.

Mas com a internet e a digitalização das mídias, essa narrativa que acontece em diferentes plataformas aos poucos vem deixando nichos e tomando conta do mercado de entretenimento. Sites, celulares, redes sociais, games, aplicativos e blogs – peças-chave da cultura digital – são hoje responsáveis por expandir universos criados em livros, filmes, histórias em quadrinhos e programas de TV. Mas eles vão além de simplesmente levar uma grife de entretenimento para outras plataformas. Interligando-se com o produto principal, eles criam tramas paralelas e ações fora da internet que expandem ainda mais a história central. Assim, cria-se um novo vínculo com o antigo leitor/espectador/ouvinte, agora convidado a participar da narrativa.

Mas isso não pressupõe produção de conteúdo ou aquela interatividade em que pode-se mudar o rumo da trama principal. O elemento participativo da narrativa transmídia reside no fato de que a história original pode ser ampliada à medida em que a experiência da mesma possa ser provada em diferentes meios – e isso não quer dizer que esses enredos paralelos tenham que se encontrar num ponto final. “A convergência ocorre dentro dos cérebros de consumidores individuais e em suas interações com outros”, explica o teórico Henry Jenkins, criador do termo “narrativa transmídia” em seu livro Cultura da Convergência, lançado no Brasil. Nessa edição, nos aprofundamos no tema, a começar pela própria campanha de lançamento do filme Watchmen – transmídia por natureza.

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E a matéria continua:
Como atrair quem não conhece a HQ?
Watchmen original
Narrativa transmídia vai além da mera campanha
J.J.Abrams conecta tudo que faz
Indústria inclui fã como produtor de conteúdo
Exemplos de narrativas transmídia
ARGs em 2009

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