Como foi o show do Spiritualized na quinta-feira passada em São Paulo

, por Alexandre Matias

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Foi de chorar.


Spiritualized – “Sound of Confusion”

Jason Pierce trouxe apenas o broder Tony Foster para acompanhá-lo ao teclado elétrico, enquanto empunhava apenas um violão à sua frente. Jason de branco, Tony de preto, um de frente para o outro, ladeados por oito brasileiras divididas em dois quartetos: de preto ao lado de Tony, as cordas; de branco ao lado de Jason, o coral.


Spiritualized – “Feel So Sad”

Uma formação simples que, auxiliada pelo sofrimento gospel das canções do Spiritualized elevou algumas almas na quinta-feira passada, no Audio Club. Cheguei depois do comecinho do show (perdi “True Love Will Find You In The End” de Daniel Johnston), pois saí correndo do curso que estava dando no Espaço Cult (depois falo mais dele aqui), mas consegui pegar mais de uma hora da apresentação que, embora tenha sido assistida em tom solene pela maioria do público, teve seu brilho arranhado por idiotas gritando “toca Raul” em pleno 2014 ou gritando time isso, time aquilo.


Spiritualized – “Stop Your Crying”

Fora esses, a apresentação foi exemplar, Jason moveu os corações dos presentes com suas músicas tristes e hinos a amores passados – não à toa vi mais de um marmanjo debulhar-se em lágrimas durante o show.


Spiritualized – “Ladies and Gentlemen We are Floating in Space”

Músicas simples, mantras circulares envoltos por cordas e um coral gospel que por vezes preenchiam delicadamente os vazios budistas de algumas canções, noutras dava o tom épico ou emotivo que a melodia original apenas insinuava.


Spiritualized – “Broken Heart”

Mas a apresentação Acoustic Mainlines, por mais comovente que pôde ser, é metade do que é o Spiritualized. Várias canções pediam o início de arrebatamento tradicionalmente puxado por viradas de baterias retumbantes ou riffs de guitarra espaciais – e por mais que nossos egos fossem dissipados pelos singelos versos gospel sussurrados por um Jason que quase não se comunicou com o público, fora alguns vagos “obrigado”.


Spiritualized – “Too Late”

Visitando músicas de seus discos mais recentes, a apresentação teve, entre seus grandes momentos, a versão abrasileirada de “I Think I’m in Love”, quando o coral revelou-se brasileiro, respondendo ao refrão com versos em português. Alguns torceram o nariz e acharam brega, mas achei um bonito gesto de saudação ao público brasileiro que não destoou do clima reverente da canção original.


Spiritualized – “I Think I’m In Love”

Um show comovente, mas que funcionou mais como aperitivo para um show completo do Spiritualized, que, um dia, quem sabe, dá as caras por completo por aqui.


Spiritualized – “Goodnight Goodnight”

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