A volta dos Strokes, por Victor Bianchin

, por Alexandre Matias

Outro brasileiro tava lá no show, o Victor Bianchin, que deu o seguinte relato ao Move That Jukebox e eu publico parte dele aqui.

Cheguei em Camden umas 18h e dei umas voltas ao redor do lugar. Não tinha ninguém na frente do Dingwalls, o que eu estranhei, mas tinha uma galera na porta do fundo. Perguntei pra uma menina se aquilo era a fila pros Strokes e ela confirmou que sim. A maioria ali não tinha ingresso. Os que tinham, compraram no eBay ou no Gumtree por 150, 200, 250 libras. Ouvi uma história de uma menina que não só tinha pagado 200 libras pelo ingresso, como tinha pegado um avião até Londres só pelo show. Era insano.

Conforme o tempo foi passando, várias celebridades foram entrando: Zane Lowe, o apresentador. Nick McCarthy, do Franz Ferdinand. Luke Pritchard, dos Kooks. Gente do The Cribs e do Biffy Clyro. O Coldplay inteiro (Chris Martin posou pra fotos antes de entrar). E nós lá. Eu já tinha perdido as esperanças. E aí o show começou.

Consegui entrar porque, durante a espera, dei uns xavecos num funcionário da casa. A resposta dele era sempre a mesma: “desculpe, mas não dá”. Só que aí, na terceira música do show, ele veio pra mim na fila com um ingresso de convidado. A galera voou em cima, mas o ingresso era pra mim e os seguranças me ajudaram a ficar com ele.

Agradeci mil vezes ao cara e entrei. Porra, era lindo. O Dingwalls tem uma pista com degraus, tipo o Via Funchal (SP), mas guardadas as devidas proporções, claro. No Dingwalls só cabem umas 400 pessoas. Eu fui pra frente tanto quanto deu, mas preferi não descer no gargalo porque a coisa ali tava infernal. Muuuuuito empurra-empurra, não ia dar pra curtir o show. Então fiquei de boa no segundo degrau.

Eu pirei muito, mas MUITO com as músicas. Um clássico atrás do outro, foi muito foda. Tocaram varias das minhas preferidas, como “Hard to Explain” (entrei com ela rolando), “Someday”, “You Only Live Once” e “Juicebox”. Fecharam com “Heart in a Cage” e Take it or Leave it”, e o lugar quase veio abaixo. O pessoal cantou junto todas as músicas, batendo palma e gritando o quanto dava. O lugar estava quente, mas melhor que o Franz em SP nesse ano, e o teto pingava água do vapor que subia. Juro, parecia que tinha goteiras em todo o galpão, era incrível a quantidade de água pingando. Você olhava pras paredes e elas estavam molhadas.

Apesar do calor, Albert Hammond Jr. passou o show inteiro de blazer e Julian Casablancas de jaqueta de couro e óculos de sol. Só o Nick Valensi que optou por uma regata larguíssima, que deixava à mostra seus bracinhos finos e seu peitoral, que não é lá muito bombado. Nikolai Fraiture ficava no canto quietinho e Fab Moretti tocava a bateria com muita energia. Strokes é muito foda.

Julian passou o show inteiro falando “I’m just fuckin’ around”. Ele também falava bastante com o pessoal no gargalo, dava as mãos e tal. Em um momento, ele disse “this is like the first show we do in 4 years, so thank you”, e o povo vibrava, e ele respondia “this is too much, guys, this is too much”.

Falando em gargalo, a coisa ficou tensa por ali. Os seguranças desceram até ali e meio que ficaram protegendo as três primeiras filas, que tinham gente quieta. Eles formavam uma barreira que não deixava o pessoal pulador bater neles. E como eles faziam isso? Dando empurrões animais que faziam belas “ondas” na platéia. De cima, de onde eu tava, dava pra ver bem.

Um dos seguranças era um armário de 2 metros de altura e uns 130 kg, no mínimo. O cara era um gigante. Vi ele pegando pela gola da camisa e levando pra fora pelo menos 3 malacos causadores. Imagine ser arrastado pra fora de um clube por um gigante. Era tragicômico.

Foram umas onze musicas no show e mais umas cinco no bis. Adorei todas. Strokes é muito bom e o show foi histórico, de verdade.


Depois do show, o Victor ainda encontrou o Nicky do Franz e foi lá bater uma foto

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