Adeus aos palcos

Uma provocação sobre lançar um disco de 2020 que ainda não havia sido propriamente lançado acabou tornando-se uma sessão de terapia aberta ao público sobre as dificuldades e o sentido de ser uma mulher artista musical no Brasil atual. Seja tocando seus instrumentos (violão e acordeão) ou apenas no gogó, a cantora e compositora Marília Calderón abriu suas angústias em público, trazendo à tona a personagem Cida, uma versão sua que lhe atormenta em pesadelos. Contando com a ajuda de uma girafa cênica – vivida genialmente pela atriz e sapateadora Paula Ravache, que a ajudou a conceituar o espetáculo -, ela ainda recebeu participações especiais – a atriz Zenaide e a cantora e poeta Socorro Lira – que a ajudaram a ampliar a intensidade de seu drama em canções confessionais que ajudaram a compartilhar sua decisão de encerrar a carreira nos palcos, numa apresentação que misturou show, teatro de revista, vaudeville e comédia. Eu mesmo duvido disso (e falei pra ela, mas dê tempo ao tempo), mas foi um processo bonito de se acompanhar.

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Marília Calderón: Que Cida Decida

Como assim último show? No espetáculo Que Cida Decida, a cantora e compositora paulistana Marília Calderón se submeteu-se a uma autoanálise de sua carreira que culminou com uma escolha drástica: fazer sua última apresentação ao vivo. Confrontada pelas questões do meio profissional musical ao mesmo tempo que firmava carreira como psicanalista, ela joga essas dúvidas e ansiedades no meio de seu repertório, transformando o que seria uma apresentação de transição num salto no escuro. Para a noite desta quarta-feira no Centro da Terra, que tem direção musical de Felipe Salvego, ela contará com as participações de Socorro Lira e Zenaide, que adensam ainda mais sua indecisão geral. O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos podem ser comprados antecipadamente através deste link.