Yo La Tengo ao pé do ouvido

Tá certo que ao fazer um show fora de festival, o Yo La Tengo garantiria um brilho especial para sua apresentação, mas o critério de desempate nem pode ser a duração, já que o show que fizeram nesta segunda-feira no Cine Joia teve quase a mesma duração (pouco mais de uma hora e meia) de seu show no festival na Balaclava, no dia anterior. Mas se no domingo rasgaram a microfonia em números gigantescos – e canções doces e singelas no percurso -, no show acústico preferiram não optar por um setlist pré-definido e foram atendendo aos pedidos do público (e escolhendo músicas entre si) à medida em que o show ia acontecendo, como fazem todo ano ao participar do programa beneficente da rádio nova-iorquina WFMU, quando tocam músicas que às vezes só conhecem de nome. E nem mesmo ao optar por versões delicadas de músicas conhecidas não foi o suficiente para domar o brio elétrico do guitarrista Ira Kaplan, que por vários momentos arrancou ruídos brancos do amplificador de seu violão, acompanhado do baixo presente de James McNew e da bateria reduzida a um surdo, pratos e caixa, que Georgia Hubley tocava de pé, ao centro do palco. E entre músicas menos cotadas (como a estreia ao vivo de “The Way Some People Die”, do primeiro disco da banda, “Satellite”, “Pass the Hatchet, I Think I’m Goodkind” e “Season of the Shark”), ainda se dispuseram a fazer várias versões, começando com uma versão instrumental para “Blitzkrieg Bop” dos Ramones e passando por músicas menos conhecidas do Love (“A Message to Pretty”), do The Scene is Now (“Yellow Sarong”), dos Angry Samoans (“Right Side of My Mind”) e Gary Lewis & The Playboys (“Count on Me”). Mas ao exibir suas próprias joias de indie de maior quilate, o grupo não teve modéstia e passeou por “From a Motel 6”, “Nowhere Near”, uma versão de chorar para “Tom Courtenay”, “Last Days of Disco”, “Damage”, “Black Flowers” e a dobradinha “Moby Octopad” e “Our Way to Fall”, que encerrou a primeira parte do show. No bis, os três voltaram brincando de fazer bossa nova (com a lindinha “Center of Gravity”), além do cover do Gary Lewis e a perfeita “My Little Corner of the World”. Foi perfeito.
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