Yma submarina
Depois de lançar um dos melhores discos do ano passado, a cantora paulistana Yma começa a ensaiar seu futuro próximo e lança o primeiro single após Par de Olhos nessa sexta-feira, antecipando a balada beatlesca “No Aquário” em primeira mão aqui para o Trabalho Sujo. A faixa faz parte da coletânea Emaranhado, produzida pelo site Crush em Hi-Fi, que propôs uma espécie de amigo oculto entre cantores e compositores, deixando o acaso formar parcerias. A letra de “No Aquário”, composta pelo músico Lau, do projeto Lau e Eu, foi parar nas mãos de Yasmin Mamedio, que trouxe a letra solitária para o universo misterioso de Yma.
“Esse single foi uma experiência mágica e inteiramente coletiva”, ela me explica por email. “Quando recebi a letra do projeto Emaranhado, me veio uma melodia de samba, me juntei com o Uiu e o Dreg e fizemos um sambão. Ficou interessante, mas tinha a sensação de que ainda poderia ser outra coisa. Não lembro se foi no mesmo dia, mas Dreg começou arranhar uma harmonia aqui, Uiu foi ajudando e colocando as notas no baixo ali, e eu falei que tinha que ter a onda a graça e malemolência de ‘Grilos’ de Erasmo Carlos. Logo fui soltando a melodia e voi là! Depois de um show que participei da banda de jazz do baterista Marquinho, fomos pro estúdio gravar. Pensa que a sessão de gravação começou 1h da madrugada e o Nando Rischbieter, o produtor, é uma pessoa super matinal. Acho que a parte graciosa e sonhadora do arranjo tem a ver com isso, ele já estava em outro plano naquela hora”, ri.
Quando pergunto sobre o futuro de seu trabalho após o disco de estreia, ela se estende: “Acho que tem muita novidade em relação ao Par de Olhos. O disco tinha uma amarração, uma atmosfera de voz bem peculiar. E pra mim single é uma oportunidade de ser mais inconsequente, no bom sentido. Testar, entortar as coisas, ver no que dá… Mas sinto que mantém aquela energia surreal, onírica. Acho bem Yma. Vejo esse single dessa forma: uma experiência divertida, gostosa, ao mesmo tempo desafiadora – não foi fácil abrir mão dos efeitos do pedal de voz. É cedo dizer que indica um novo caminho… Não sei. Pode ser. Talvez… Quem sabe?”
Ela no entanto não tem nada do segundo disco definido. “Tô compondo, sem pressa. Acho que o assunto segundo disco ainda vai pintar no horizonte. Quero experimentar e me aventurar nos singles enquanto isso. Mas é um dia por vez. Agora temos que ser criativos também para resolver a logística de se fazer música e ser artista nessas condições”, conta. Quando pergunto sobre o lançamento acontecer na quarentena, ela me conta que o lançamento já estava previsto para agora, mesmo antes do confinamento começar. “A pandemia virou tudo de cabeça pra baixo e pensei muito no que significa lançar alguma coisa neste cenário”, divaga. “Ouvi recentemente ótimos trabalhos que me trouxeram momentos de paz e alegria e me senti encorajada a seguir em frente. E acabou que a letra de ‘No Aquário’ parece dialogar com tudo isso do isolamento.”
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