Foto: Isabel Praxedes (Divulgação)

“Minha relação com instrumentos sinfônicos de orquestra começou cedo, aos 11 eu estudava percussão erudita e integrava a orquestra infanto-juvenil da EMIA”, lembra Yma, que está lançando o último single do primeiro capítulo de sua carreira, o disco Par de Olhos. “Aquilo Que Habito”, que você assiste em primeira mão no Trabalho Sujo, realiza seu sonho de gravar com instrumentos de cordas e foi justamente isso que perguntei pra ela por email. “Essa vivência com orquestra foi até meus 18 anos e me marcou profundamente. Lembrei agora da primeira vez que me emocionei no palco, com as Bachianas de Villa-Lobos. As cordas me estremeciam. Tem um tempo que venho maturando a ideia de trazer essa parte de mim para o que tenho feito agora. A canção surgiu na minha cabeça com o som das cordas e pronto. Foi a oportunidade perfeita, executada da melhor forma; por músicos excepcionais e com arranjo do super Luca Raele, clarinetista e arranjador que acompanho há tempos e que tem toda minha admiração”. Assista ao clipe abaixo:

O clipe marca o fim da primeira fase da cantora paulistana. “Esse é o terceiro single que lanço depois do Par de Olhos, olho pra esse percurso e entendo que a despedida vai acontecendo naturalmente”, continua, explicando como estes singles acabam funcionando como experimentos para futuros musicais. “Ao longo dos meus processos de composição tenho desejos de transitar por vários caminhos, minhas inspirações musicais e artísticas são muito diversas, coloco um Jorge Mautner pra escutar, leio as palavras de Clarice, assisto um Glauber Rocha, de repente estou em Debussy viajando nas imagens de Jean Cocteau e termino sambando ao som de PJ Harvey. Então acaba que essa experiência de músicas soltas, individuais, se torna um laboratório de possibilidades sonoras e estéticas das coisas que vou absorvendo e sentindo. Me sinto num campo de mergulhos intensos, porém mais breves por se tratar de uma música só.”

O clipe foi gravado com o casal A Couple of Things, que assina a direção. “Diana Boccara e Leo Longo me contataram por e-mail no começo desse ano, falaram do projeto e eu topei na hora”, lembra. “Eles fazem clipes em plano sequência, acho fascinante! Fomos construindo as ideias juntos por videochamadas, e até então estava tudo em nosso imaginário. Chegamos na cidade de Queluz, onde gravamos o clipe, e no dia seguinte gravamos. Não teve ensaio. Teve frio na barriga e entrega. Estava bastante ansiosa porque a música é longa, tinha medo de não conseguir sustentar a performance durante os quase cinco minutos. Mas bastou posicionarmos os elementos que cuidadosamente escolhemos: a cama, as cadeiras, tecidos, naquele lugar imenso repleto de montanhas, e logo fui me conectando com o espaço. Tinha absolutamente tudo a ver com a mensagem da música. Me senti em casa, respirei e AÇÃO!”

Ela ainda não cogita falar sobre o segundo disco, embora esteja preparando uma surpresa para daqui a pouco: um EP em parceria com a baiana Jadsa, dona de um dos melhores discos de 2021. “Estamos num processo muito gostoso e as músicas estão ficando incríveis”, comemora, salientando que ainda não vai fazer shows presenciais esse ano, mas já marcou sua volta aos palcos: “Posso adiantar que o primeiro show dessa retomada será no dia 15 de janeiro na Fabrique Club” – estarei lá.

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