Me acordem que ainda não sei se estava sonhando. A apresentação que os Yeah Yeah Yeahs fizeram nesta sexta-feira no Cine Joia foi um dos melhores shows do ano e prova que não é preciso muito mais que três músicos num palco para encantar uma plateia devota. Tudo bem que o grupo usou de elementos cênicos durante sua apresentação, como o gigantesco balão em forma de globo ocular e os lança-confetes disparados pela vocalista Karen O, mas bastava a presença do trio para fazer nossas personalidades grudarem na parede de trás do cérebro, tamanho impacto ao vivo. Eles são certamente a banda de sua geração que melhor envelheceu (a cena dos Strokes, Interpol, Liars etc), em grande parte por conta da presença magnética da vocalista. Karen O é um espetáculo, uma aula de estética misturada com uma sedução sobrenatural, e apesar de ser a mais baixa do trio (fui checar no seu google), ela se agiganta de forma soberba. Vestindo um maravilhoso vestido cheio de franjas brilhantes que, junto com seu cabelinho la garçonne, remetia imediatamente às melindrosas dos anos 20 do século passado, Karen dominava o público como se tivesse combinado uma coreografia com todos os presentes – e se divertindo demais. “É noite de sexta-feira em São Paulo com os Yeah Yeah Yeahs!”, gritava sorrindo. Mas esses momentos pedestres logo desapareciam quando ela começava a cantar e sua voz hipnótica vinha acompanhada de um domínio corporal que transformava o show no surgimento de um personagem mitológico, como se assistíssemos uma lenda secular descortinando em frente aos nossos olhos. E mesmo que as músicas do disco do ano passado não sejam memoráveis, a parede instrumental, sendo demolida entre tambores rufando e eletrochoques de microfonia, só emoldurava a imagem transcendental da deusa. Um show curto, pouco mais de uma hora, mas que pareceu durar eras dentro da bolha mágica inflada pelo trio – ainda estou preso no momento em que o grupo enfileirou “Gold Lion”, “Maps” e “Heads Will Roll”. E sem contar que esses shows de bandas indies deste século que já podem ser consideradas clássicas são sempre oportunidades perfeitas de encontrar TODO MUNDO. Uma noite perfeita.
A essa altura do campeonato você já deve saber que o Queens of the Stone Age cancelou sua participação no festival The Town, quando tocaria antes dos Foo Fighters, por motivos de saúde – e que seu substituto foi o trio nova-iorquino Yeah Yeah Yeahs. Mas a boa notícia mesmo é que quem quiser ver o grupo liderado por Karen O não vai precisar encarar a maratona de um festival, porque o Cine Joia acaba de confirmar que o grupo fará um show só seu no dia 8 de setembro – os ingressos podem ser comprados aqui. Que beleza, hein.
Phoenix, Grizzly Bear, Rapture, Yeah Yeah Yeahs, MGMT, Beach House, Passion Pit, Peter Bjorn and John, Tokyo Police Club, Neon Indian, Washed Out, Tennis, Ra Ra Riot, Miami Horror: o elenco do festival norte-americano Just Like Heaven, que acontece em maio em Long Beach na Califórnia, é uma espécie de Monsters of Rock da geração indie iTunes e quer festejar como se fosse 2009. Em outras palavras, quer dizer que os anos 10 nem bem terminaram e seu revival já começou.
E no meio disso tudo tem a volta do Rapture, hein…
Corre-corre-corre…
Marku Ribas – “Pacutiguibê Iaô”
Rodrigo Amarante – “Maná”
Caxa Baxa – “Vizualizada”
Kid Cudi + Kendrick Lamar – “Solo Dolo Pt. II”
John Cale + Terry Riley – “The Protegé”
James Blake + Brian Eno – “Digital Lion”
David Bowie – “Love is Lost”
Yeah Yeah Yeahs – “Area 52”
Deerhunter – “Neon Junkyard”
Of Montreal – “She’s My Best Friend”
Phoenix – “Trying to Be Cool”
Justin Timberlake – “Strawberry Bubblegum”
Knife – “Without You My Life Would Be Boring”
My Bloody Valentine – “Nothing Is”
Charles Bradley – “Victim of Love”
E não é piada de primeiro de abril, mas… será que vale?
Não sou fã dos Yeah Yeah Yeahs, mas confesso que essa “Sacrilege”, a primeira faixa de seu novo disco, Mosquito, que sairá em abril, tem aquela mesma estranheza pop que tornou seu primeiro hit, “Maps” (lançado há dez – !!! – anos), tão grudento. O coral gospel no final só confirma isso…
Inspirado pelo Moliére de André Paste, o Alemão fez o vídeo acima.
Como tento explicar rapidamente na introdução, inauguro aqui o terceiro “álbum” do Vida Fodona – a cada 100 MP3s, uma tag de “album” nova, que dá início a uma série de mudanças no podcast. Além de assumir o formato Vida Fodona Soundsystem – abandono de vez as intervenções faladas entre as músicas como um programa de rádio e cogito o elemento mixtape como premissa básica do VF -, comemoro o quarto ano do podcast reinventando-o lentamente. Muitos já vieram me falar que o programa salvou madrugadas, idas para o trabalho e até mesmo festinhas e esse é exatamente o tipo de contribuição que espero com o podcast – minha “remuneração” vem em forma de sorrisos despertos pelo som e por simplesmente ser capaz de por um corpo em movimento – seja o pisar ritmado do pé, o balanço da cabeça ou o molejo dos quadris. Estou tocando para uma galera escutar junto, não só para ouvintes isolados em seus fones de ouvido. Aumente o som – e deixe-o reverberar na atmosfera, deixe-o domar o cômodo (fisico ou mental), incomode os vizinhos, ponha a caixa de som na janela. Os anos 10 estão só começando e eu tenho certeza de que vamos dançá-los juntos.
Hot Chip – “One Life Stand”
Stardust – “Music Sounds Better With You (Short Circuit Remix)”
Little Boots – “New in Town”
Knife – “We Share Our Mother’s Health”
Snoop Dogg + Kid Cudi – “That Tree”
David McCallum – “The Edge”
White Panda – “Shooting Superstars”
Hood Internet – “The XX Gon Give it To Ya”
Spoon – “The Mystery Zone”
Hawa – “D.A.N.C.E.”
Sharon Jones + Dap Kings – “Tell Me”
Breakbot + Irfane – “Baby I’m Yours”
Calvin Harris – “Stars Come Out”
Xaphoon Jones – “Testify”
La Roux – “Tigerlily (B.Rich Remix)”
Yeah Yeah Yeahs – “Pin”
Two Door Cinema Club – “Something Good Can Work”