E os Yeah Yeah Yeahs continuam mantendo aquele climão na turnê Hidden in Pieces, que começaram no início do mês e que seguem, agora em território europeu, e depois de desenterrar algumas faixas que não tocavam ao vivo há mais de uma década e trazer uma versão deslumbrante para “Hyperballad” da Björk, eles começaram a abrir os shows citando David Lynch, um autor que é a cara da banda, ao incluir uma versão inacreditável para “In Heaven (Lady in the Radiator Song)”, presente no primeiro filme do mestre, Eraserhead, de 1977, que aos poucos se transforma em “Blacktop”. Lindo demais:
O grupo norte-americano Yeah Yeah Yeahs começou uma nova turnê esta semana, priorizando apresentações intimistas em teatros e aproveitando essa oportunidade para resgatar músicas que nunca tocaram ao vivo (ou que não tocam nos palcos há anos) e fazer versões que canções que admiram. A turnê Hidden in Pieces começou na terça passada, quando o grupo apresentou-se no Fox Performing Arts Center, na Califórnia, e além de tocar “Little Shadow”, “Mars” e “Let Me Know” pela primeira vez ao vivo (e resgatar para os palcos “Mystery Girl”, “Warrior” e “Isis”, que tocaram pela última vez há quinze anos), também aproveitaram para saudar Björk em uma versão deslumbrante para “Hyperballad”, com direito a cordas. De chorar.
Me acordem que ainda não sei se estava sonhando. A apresentação que os Yeah Yeah Yeahs fizeram nesta sexta-feira no Cine Joia foi um dos melhores shows do ano e prova que não é preciso muito mais que três músicos num palco para encantar uma plateia devota. Tudo bem que o grupo usou de elementos cênicos durante sua apresentação, como o gigantesco balão em forma de globo ocular e os lança-confetes disparados pela vocalista Karen O, mas bastava a presença do trio para fazer nossas personalidades grudarem na parede de trás do cérebro, tamanho impacto ao vivo. Eles são certamente a banda de sua geração que melhor envelheceu (a cena dos Strokes, Interpol, Liars etc), em grande parte por conta da presença magnética da vocalista. Karen O é um espetáculo, uma aula de estética misturada com uma sedução sobrenatural, e apesar de ser a mais baixa do trio (fui checar no seu google), ela se agiganta de forma soberba. Vestindo um maravilhoso vestido cheio de franjas brilhantes que, junto com seu cabelinho la garçonne, remetia imediatamente às melindrosas dos anos 20 do século passado, Karen dominava o público como se tivesse combinado uma coreografia com todos os presentes – e se divertindo demais. “É noite de sexta-feira em São Paulo com os Yeah Yeah Yeahs!”, gritava sorrindo. Mas esses momentos pedestres logo desapareciam quando ela começava a cantar e sua voz hipnótica vinha acompanhada de um domínio corporal que transformava o show no surgimento de um personagem mitológico, como se assistíssemos uma lenda secular descortinando em frente aos nossos olhos. E mesmo que as músicas do disco do ano passado não sejam memoráveis, a parede instrumental, sendo demolida entre tambores rufando e eletrochoques de microfonia, só emoldurava a imagem transcendental da deusa. Um show curto, pouco mais de uma hora, mas que pareceu durar eras dentro da bolha mágica inflada pelo trio – ainda estou preso no momento em que o grupo enfileirou “Gold Lion”, “Maps” e “Heads Will Roll”. E sem contar que esses shows de bandas indies deste século que já podem ser consideradas clássicas são sempre oportunidades perfeitas de encontrar TODO MUNDO. Uma noite perfeita.
A essa altura do campeonato você já deve saber que o Queens of the Stone Age cancelou sua participação no festival The Town, quando tocaria antes dos Foo Fighters, por motivos de saúde – e que seu substituto foi o trio nova-iorquino Yeah Yeah Yeahs. Mas a boa notícia mesmo é que quem quiser ver o grupo liderado por Karen O não vai precisar encarar a maratona de um festival, porque o Cine Joia acaba de confirmar que o grupo fará um show só seu no dia 8 de setembro – os ingressos podem ser comprados aqui. Que beleza, hein.
Phoenix, Grizzly Bear, Rapture, Yeah Yeah Yeahs, MGMT, Beach House, Passion Pit, Peter Bjorn and John, Tokyo Police Club, Neon Indian, Washed Out, Tennis, Ra Ra Riot, Miami Horror: o elenco do festival norte-americano Just Like Heaven, que acontece em maio em Long Beach na Califórnia, é uma espécie de Monsters of Rock da geração indie iTunes e quer festejar como se fosse 2009. Em outras palavras, quer dizer que os anos 10 nem bem terminaram e seu revival já começou.
E no meio disso tudo tem a volta do Rapture, hein…
Corre-corre-corre…
Marku Ribas – “Pacutiguibê Iaô”
Rodrigo Amarante – “Maná”
Caxa Baxa – “Vizualizada”
Kid Cudi + Kendrick Lamar – “Solo Dolo Pt. II”
John Cale + Terry Riley – “The Protegé”
James Blake + Brian Eno – “Digital Lion”
David Bowie – “Love is Lost”
Yeah Yeah Yeahs – “Area 52”
Deerhunter – “Neon Junkyard”
Of Montreal – “She’s My Best Friend”
Phoenix – “Trying to Be Cool”
Justin Timberlake – “Strawberry Bubblegum”
Knife – “Without You My Life Would Be Boring”
My Bloody Valentine – “Nothing Is”
Charles Bradley – “Victim of Love”
E não é piada de primeiro de abril, mas… será que vale?
Não sou fã dos Yeah Yeah Yeahs, mas confesso que essa “Sacrilege”, a primeira faixa de seu novo disco, Mosquito, que sairá em abril, tem aquela mesma estranheza pop que tornou seu primeiro hit, “Maps” (lançado há dez – !!! – anos), tão grudento. O coral gospel no final só confirma isso…
Inspirado pelo Moliére de André Paste, o Alemão fez o vídeo acima.