Pé firme no chão

A apresentação que Maurício Tagliari fez nesta terça-feira no Centro da Terra partiu de seu trabalho de pós-graduação, quando o violonista e produtor, orientado pelo percussionista Ari Colares, visitou as células rítmicas da música afrobrasileira. A partir disso, Maurício começou a chamar instrumentistas mulheres para compor canções a partir desta pesquisa, o que começou a materializar-se no espetáculo Na Linha Guia, que mostrou no palco do teatro do Sumaré, ao lado das percussionistas Victoria dos Santos e Xeina Barros. Juntos, os três embarcaram em uma viagem pelas claves básicas que deram origem a desdobramentos específicos da música brasileira, mostrando composições ao mesmo tempo em que explicavam conceitos e davam exemplos, transformando a apresentação numa aula – e vice-versa. Por pouco mais de uma hora, o trio conduziu o grupo a reflexões sobre a natureza do que chamamos de música brasileira intercaladas por causos e canções, sempre os pés do ritmo batendo forte no chão.

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Maurício Tagliari + Victoria dos Santos + Xeina Barros: Na Linha Guia

Quem assume o palco do Centro da Terra nesta terça-feira é o trio formado por Maurício Tagliari ao lado das percussionistas Victoria dos Santos e Xeina Barros, que passeiam por canções criadas a partir de claves da linhagem musical afrobrasileira que foi a pesquisa de pós-graduação de Maurício. O espetáculo Na Linha Guia é o início de um novo trabalho de Maurício ao lado de instrumentistas mulheres, começa pontualmente às 20h e já está com ingressos à venda no site do Centro da Terra.

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Centro da Terra: Abril de 2025

Março está quase indo, por isso eis as atrações musicais de abril no Centro da Terra. Quem toma conta das segundas-feiras no teatro é o mestre mineiro Paulo Beto, que debruça seu projeto pessoal Anvil FX por quatro noites para celebrar seus 25 anos em São Paulo em noites que trarão diferentes parcerias: no dia 7 ele convida Marco Nalesso, Nivaldo Campopiano, Paulo Casale e Lucinha Turnbull para seu projeto Santa Sangre; no dia 14 ele chama Miguel Barella, Tatá Aeroplano, Edgard Scandurra e Luis Thunderbird para uma noite com seu projeto Zeroum; no dia 22 (uma terça, pois dia 21 é feriado) ele recebe Arthur Joly e Tatiana Meyer para sua Church of Synth e dia 28 faz sua versão Anvil Opake ao lado de Fausto Fawcett, Tatiana Meyer, Bibiana Graeff, Apolonia Alexandrina, Mari Crestani e Silvia Tape. As terças-feiras de abril começam com o espetáculo Noise Meditations, quando o grupo psicodélico Bike experimenta pela primeira vez ao vivo os temas que comporão seu próximo álbum. No dia 8 é a vez do grupo prog-indie Celacanto apresentar Falta Tempo, espetáculo em que mostra seu primeiro disco na íntegra antes do lançamento, que acontece ainda em abril. No dia 15, Maurício Tagliari, Victoria do Santos e Xeina Barros dividem uma noite chamada Na Linha Guia, em que apresentam canções criadas ritmicamente a partir de claves da musicalidade sagrada afro-brasileira, fruto de uma pós-graduaçao de Tagliari e preâmbulo de um futuro trabalho em que o musico, produtor e compositor mostra parcerias com mulheres musicistas. A programação de música do teatro em abril encerra no dia 29, quando o guitarrista pernambucano Lello Bezerra, conhecido por ter tocado na banda de Siba e pelas incursões de improviso livre, mostra seu próximo álbum, este baseado em canções. Os espetáculos acontecem sempre pontualmente às 20h e os ingressos já estão à venda no site do Centro da Terra.

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De volta ao Opinião

Híbrido de peça e apresentação musical, o espetáculo Pega, Mata e Come: 60 anos de Opinião, que foi exibido em duas sessões neste fim de semana no Sesc Vila Mariana, foi concebido por Paulo Tó ao lado do Instituto Augusto Boal antes mesmo do período pandêmico, que acabou por adiar sua existência. Retomada dentro da programação Territórios do Lembrar que aquela unidade do Sesc está fazendo para que não esqueçamos da tragédia política e cultural que foi o golpe empresarial-militar de 1964, a peça musical aproveitou a infame efeméride para realçar a importância de um espetáculo que hoje é lembrado mais como o palco para os primeiros passos das carreiras de Nara Leão e Maria Bethania do que como o que realmente foi: a primeira obra artística a se revoltar contra o revolução de araque que as forças armadas e parte do empresariado brasileiro deu contra a democracia brasileira sob o pretexto de “interromper o avanço comunista”, mentira repetida até hoje por seus agentes até para justificar crises políticas do país neste século. Montado pelo herói do teatro brasileiro Augusto Boal, Opinião foi revisitado por seu filho Julian Boal e a dramaturga Mariana Mayor, companheira de Tó, que assina a direção musical do espetáculo, dirigido por Jé Oliveira. À frente da apresentação, Xis, Ellen Oléria, Xeina Barros, Alessandra Leão e o próprio Tó, apresentavam-se como os integrantes da montagem original, assumindo personalidades que ajudavam o público entender o contexto da época ao mesmo tempo em que desfilaram tanto as canções do espetáculo original (“Peba na pimenta” de Dominguinhos, “Guantanamera” que foi cantada pela viúva de Boal, Cecília Boal, “Borandá” de Edu Lobo e, claro, a faixa de Zé Kéti que batizou o espetáculo original e a de João do Valle que trouxe o verso que batiza esse novo espetáculo) quanto músicas contemporâneas que conversam com a alma do espetáculo, como “História Para Ninar Gente Grande” (samba-enredo da Mangueira em 2019), “Lama” (de Douglas Germano), “Zumbi” (de Jorge Ben) e “Obá Iná” (do Metá Metá), além de músicas dos próprios intérpretes: Tó (contemplado em “Samba do Perdoa” e “De Cara no Asfalto”), Ellen (que trouxe “Testando” e sua versão para “Miss Celie’s Blues”), Xis (“De Esquina” e “Us Mano e As Mina”) e Alessandra (com “Exu Chega”, “Atirei” e sua versão para “Xangô”). Na banda que acompanhou o grupo de perto, um grupo pesado formado por Marcelo Cabral, Thiago Sonho, Lua Bernardo e Rodrigo Caçapa. Pena só terem rolado duas apresentações, temporada curta para uma apresentação deste porte ganhar corpo e lacear entre os intérpretes. Vamos torcer para outras edições pintarem em outras unidades do Sesc.

Assista abaixo:  

Kiko Dinucci entre seus sambas

Que benção essa terceira apresentação de Kiko Dinucci no Centro da Terra, mais uma vez explorando diferentes possibilidades em sua temporada Pocas. Nesta segunda, ele dedicou-se à sua terra firme, o samba, e convidou os bambas Henrique Araújo, Xeina Barros e Alfredo Castro para desfilar seu repertório sem usar nenhum instrumento de corda, apenas o gogó e um ocasional instrumento de percussão. Visitou clássicos do Metá Metá, “Luz Vermelha” que fez para Elza Soares, uma homenagem ao Barba dos Barbatuques, a faixa-título de seu disco mais recente e músicas de seus mestres, tudo remixado ao vivo pelo mesmo Bruno Buarque que registrou seu Rastilho. Casa cheia para assistir a uma celebração mágica. Haja axé!

Assista aqui.  

Kiko Dinucci: Pocas

Quem toma conta das segundas-feiras de maio no Centro da Terra é o compadre Kiko Dinucci, que vem com a temporada Pocas experimentar possibilidades que nunca havia cogitado. Na primeira delas, dia 9, ele convida Guilherme Held e Lelo Bezerra para uma noite só com guitarras, com a parte visual a cargo de sua irmã, Gina Dinucci. Na semana que vem seu comparsa é Gustavo Infante, que vai fazer loops analógicos a partir de trechos de violão tocados na hora por Kiko, enquanto Maria Cau Levy cuida das projeções. Na terceira segunda-feira, dia 23, ele tira o dia para cantar samba, sem tocar nada, deixando os instrumentos com Alfredo Castro, Xeina Barros e Henrique Araújo, além das intervenções de Bruno Buarque. E, na última segunda de maio, ele chama o Test e Negravat pra uma noite que promete muito barulho. As apresentações começam pontualmente às 20h e os ingressos podem ser comprados aqui.