Vida Fodona #736: Sessão de descarrego

Pra espantar esse inverno mental.

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Vida Fodona #725: Let’s rock

Aquela dose de energia…

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Os 75 melhores discos de 2020: 65) Wire – 10:20

“Not belonging even caring, you embrace the ever-scaring”

Mais Wire

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O ano começou com o clássico grupo punk inglês Wire lançando seu décimo sétimo álbum de carreira, o ótimo Hive Mind, e nem bem o disco foi assimilado, seu sucessor já foi anunciado – para abril! 10:20 é um disco composto por canções que ficaram de fora dos discos mais recentes da banda ou que evoluíram ao vivo e se tornaram bem diferentes. O primeiro single, “Small Black Reptile”, é uma variação da faixa de mesmo nome do disco do grupo de 1990, Manscape.

O disco será lançado em abril, sua capa é aquela lá em cima e abaixo seguem os nomes das outras músicas:

“Boiling Boy”
“German Shepherds”
“He Knows”
“Underwater Experience”
“The Art of Persistence”
“Small Black Reptile”
“Wolf Collides”
“Over Theirs”

Sob a sombra do Wire

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Crucial na transição do punk para o pós-punk, o grupo inglês Wire está vindo com novo álbum agora em janeiro e segue desafiando paradigmas. Mind Hive (já em pré-venda) teve dois singles lançados (“Cactused” e “Primed and Ready”, ouça abaixo) e mantém a tradição do grupo por discutir política numa esfera pop, embora em canções não tão curtas quanto sua era de ouro, na virada dos anos 70 para os anos 80, como já havia feito no disco mais recente, o ótimo Silver/Lead, de 2017. Mas a sonoridade – punk e barulhenta – ganhou uma fina camada eletrônica que dá toda uma nova cara para o grupo.

A capa e o nome das músicas do disco vêm abaixo:

Wire-Hive-Mind

“Be Like Them”
“Cactused”
“Primed and Ready”
“Off the Beach”
“Unrepentant”
“Shadows”
“Oklahoma”
“Hung”
“Humming”

Pink Flag, 40 anos

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O mítico disco de estreia do Wire completa quatro décadas cada vez mais influente – escrevi o texto sobre a importância do disco no meu blog no UOL.

Quando 1977 chegou ao fim, parecia que o ano havia virado o rock do avesso. Depois de anos borbulhando no underground de Nova York e Londres, o punk finalmente vinha à tona – não apenas a partir da consolidação da safra nova-iorquina, que viu todas suas bandas (Television, Patti Smith Group, Ramones, Blondie e Talking Heads) assinar com grandes gravadoras encarnado, mas principalmente pela doutrina de choque e destruição dos Sex Pistols, primeiro porque a banda inglesa materializava visualmente aqueles novos ideais estéticos mas também porque validava o descontentamento de toda uma nova geração de adolescentes conterrâneos, que pegavam guitarras e máquinas de xerox, mas fazer sua própria cena musical longe das grandes casas de shows, das lojas de discos e das emissoras de rádio. Todas as grandes bandas do punk inglês surgiram ou se consolidaram ao mesmo tempo em que os Pistols: Clash, Damned, Buzzcocks, Jam, Slits e X-Ray Specs (além de artistas que orbitavam ao redor do punk, como o Police e as bandas de ska da gravadora 2Tone) saíram das garagens para as páginas dos jornais, provocando caos e desordem em shows cada vez mais rápidos e barulhentos.

Quando 1977 chegou ao fim, uma banda minúscula chamada Wire, criada naquele mesmo ano, lançou seu primeiro disco e correu riscos musicais para além dos três acordes e das palavras de ordem. Cruzando o limite que separava o punk das ousadias sonoras que viriam a ser conhecidas mais tarde como pós-punk, o grupo londrino ainda mantinha-se do lado original daquele movimento cultural, mas buscava fugir das imposições estéticas determinadas pelo próprio rock’n’roll. Ao lançar seu Pink Flag no dia 4 de dezembro de 1977, o Wire também explorava todas as possibilidades do punk – e seu legado mudaria inclusive a forma como o gênero seria percebido tanto nos Estados Unidos quanto no resto do mundo.

Formada pelo guitarrista e vocalista Colin Newman, pelo guitarrista Bruce Gilbert, pelo baixista Graham Lewis e pelo baterista Robert Gotobed, o Wire começou ao redor do guitarrista e vocalista George Gill, dono de um conceito que evoluiu para uma banda chamada Overload, no início de 1977. Mas os ensaios não empolgavam, as letras e músicas do dono da banda eram vistas com desprezo pelos outros integrantes e bastou que Gill faltasse a um ensaio (depois de quebrar a perna tentando roubar um amplificador de guitarra de outra banda), que os quatro integrantes de seu grupo percebessem que a banda tinha um problema: seu fundador. Ao mostrar para o grupo suas primeiras canções, Newman conseguiu rapidamente que os outros músicos entendessem que a falta de fluência musical vinha da presença de Gill, e aos poucos puderam ir para além das fronteiras estabelecidas pelo punk. Seus primeiros shows aconteceram em abril de 1977 e já nas primeiras apresentações experimentavam algo inédito no gênero: o corte seco das músicas pela metade, quebrando completamente a expectativa do público, que se engalfinhava em rodas de pogo conduzidas pelo barulho.

Aos poucos reduziam o tempo das canções drasticamente, muitas vezes por considerarem o material desenvolvido em um único ensaio suficiente. As músicas às vezes não tinham refrão, só duas estrofes, ancoradas sempre por riffs de guitarras secos e minimalistas como o ritmo tribal de sua percussão, deixando o baixo e o vocal livres para explorar novas frentes melódicas. Ao assistir a shows dos Buzzcocks e dos Ramones no meio daquele ano os fez perceber que a velocidade também era um limite a ser rompido – daí passaram a compor faixas ainda mais curtas e diretas, bem como números com andamento mais lento que aquele do punk tradicional.

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Pink Flag sintetizava todo o espírito da banda de forma definitiva. Eram vinte e uma canções em pouco mais de meia hora de disco, com músicas que nem mesmo um minuto tinham, em alguns casos. Os temas eram muito mais diversos que os explorados pelo punk: a tensa “Reuters”, que abria o álbum, descrevia uma zona de conflito do ponto de vista de um correspondente de guerra; a urgência de “Start to Move”, “It’s So Obvious” e “12XU” contrastava com o ar contemplativo de canções sentimentais como “Fragile”, “Strange”, “Lowdown” e “Feeling Called Love”, questões políticas fugiam de discussões partidárias em faixas como “Mr. Suit”, “The Commercial”, “Brazil” e a faixa-título. Todas as canções pareciam pequenos manifestos modernistas e poderiam ter suas letras sido escritas no início do século 20, com frases de efeito que tinham origens futuristas, dadaístas, situacionistas e pós-modernistas. A novidade estética era a urgência dos sons e palavras, quase sempre indo além do que se esperava de um disco de punk rock.

A inventividade e a criatividade do grupo logo o levariam para além daquele lugar musical. Nos discos seguintes, especialmente Chairs Missing, de 1978, 154, do ano seguinte e o ao vivo Document and Eyewitness, de 1981, o Wire transcendia a pressa e a selvageria do punk primal, abraçando a natureza artística que acompanhava o grupo desde seus primeiros passos. Novos instrumentos, temas e andamentos foram incorporados ao som do grupo e cada um destes quatro primeiros álbuns poderia ter sido gravado por uma banda diferente, tamanhos os saltos evolutivos que deram entre um registro e outro, quase sempre negando os preceitos tecidos no trabalho anterior.

Mas o impacto de Pink Flag atravessaria o Atlântico e teria uma influência muito maior do que em seu país de origem, mesmo não vendendo bem em nenhum dos mercados. Mas como os Estados Unidos estavam ainda entendendo o que era o punk a partir do punk inglês (pois haviam pouquíssimas bandas punk para além das de Nova York), todos os discos punk ingleses que apareciam eram tratados como mensagens vindas de um planeta utópico – e Pink Flag parecia ensinar que o punk poderia ir para muito além da cartilha dos três acordes básicos, descendentes do rock mais cru.

Assim, o disco tornou-se fundamental para uma nova geração de bandas punk. Ele praticamente serviu como um dos pilares da cena de hardcore de Nova York, com músicas regravadas pelo Minor Threat (“12XU”) e por Henry Rollins (“Ex-Lion Tamer”), repercutiu na cena californiana (sua “Mannequin” foi regravada pelo Firehose e os Minutemen sempre assumiram o disco como influência para suas músicas curtíssimas), além de ter sido regravado pelo R.E.M. em seu disco Document (com a música “Strange”). Seu legado norte-americano praticamente consolidou um novo gênero musical descendente do punk, o hardcore, que evoluiria ainda mais com outras influências locais.

Mas o grupo, que está na ativa até hoje, sempre fugiu de fórmulas. Tanto que quando fez sua primeira turnê pelos Estados Unidos, no final dos anos 80, cientes que estavam sendo esperados pela influência de seu primeiro disco, contratou a banda Ex-Lion Tamers para tocá-lo na íntegra como show de abertura. Assim, os punks que queriam apenas ouvir seu disco favorito da banda sentiam-se satisfeitos logo no início e o grupo não precisaria se preocupar em revirar o passado. Um dos discos mais influentes do punk inglês, Pink Flag continua sendo passado de geração para geração como um segredo, uma lenda urbana, uma comunicação em código. Felizmente.

Vida Fodona #528: Contra o frio

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Uma trilha para esquentar o cérebro.

Raul Seixas – “Novo Aeon”
O Terno – “Medo do Medo”
Talking Heads – “New Feeling”
The Fall – “Cruiser’s Creek”
B-52’s – “Party Out of Bounds”
Wire – “Start to Move”
Pere Ubu – “Heart of Darkness”
Metá Metá – “Obá Kossô”
Sonic Youth – “Skip-Tracer”
Tiny Fingers – “The Fall”
Young Marble Giants – “Include Me Out”
Fellini – “Massacres da Coletivização”
Doors – “Strange Days”
Stranglers – “Walk On By”
XTC – “Making Plans for Nigel”
Legião Urbana – “A Dança”
Public Image Ltd. – “Swan Lake”
Cure – “One Hundred Years”
Jards Macalé – “Let’s Play That”
Tom Zé – “Mã”
Gilberto Gil + Jorge Ben – “Filhos de Ghandi”
Elis Regina – “Cobra Criada”
Mariana Aydar – “Mamãe Papai”

Vida Fodona #517: Ainda não tô em clima de retrospectiva

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Vamos lá que ainda tem muito 2015 pela frente….

Drake – “Hotline Bling (Instrumental)”
Mopho – “A Carta”
Erasmo Carlos – “Grilos”
Gorillaz – “Empire Ants (Miami Horror Remix)”
Kendrick Lamar – “The Blacker the Berry”
Wire – “Keep Exhaling”
Spoon – “Rainy Taxi”
Elza Soares – “Maria da Vila Matilde”
Rodrigo Ogi – “7 Cords”
Diogo Strausz – “Não Deixe de Alimentar”
Lana Del Rey – “High by the Beach”
Carly Rae Jepsen – “Run Away With Me”
Ryan Adams – “Style”
Siba – “O Inimigo Dorme”
Tulipa Ruiz – “Oldboy”
Wilco – “Pickled Ginger”

Vamo lá.

Vida Fodona #490: Mais um programa, mais novidades

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Eu falei que esse mês vem coisa…

Wire – “Joust & Jostle”
Madonna – “Living for Love”
Racionais MCs – “Você Me Deve”
Thomas Dolby – “She Blinded Me with Science”
Cidadão Instigado – “Contando Estrelas”
Taylor Swift – “Style”
Will Butler – “Take My Side”
Tame Impala – “Let it Happen”
Grimes – “REALiTi”
Young Guv + Jef Barbara – “Wrong Crowd”
All We Are – “Stone”
Tobias Jesso Jr. – “Leaving LA”
Giancarlo Ruffato – “Estrada da Vida”
Vetiver – “Current Carry”
Toro y Moi – “Yeah Right”

Por aqui.

Vida Fodona #486: Tudo de volta nos trilhos

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Vamos lá?

Wire – “Keep Exhaling”
Courtney Barnett – “Depreston”
Mac McCaughan – “Lost Again”
Spoon – “Rainy Taxi”
Violeta de Outono – “Declínio de Maio”
Blur – “Trimm Trabb”
Chromatics – “Lady Night Drive”
Strausz + Ledjane Motta + Maria Pia – “Não Deixe De Alimentar”
Katy Perry + Juicy J – “Dark Horse”
Christina Aguillera – “Genie in a Bottle”
Disclosure + Eliza Doolittle – “You & Me (Flume Remix)”
Tops – “Outside”
Haim – “If I Could Change Your Mind”
Guilherme Arantes – “O Melhor Vai Começar”
Toro Y Moi – “Empty Nesters”
Of Montreal – “Bassem Sabry”

Vem aqui.