O Rock in Rio começa nessa sexta-feira e, apesar de empolgar milhões de pessoas no Brasil inteiro por motivos óbvio, ele é literalmente um evento em que só vou se me pagarem – como foi nas três edições que assisti (2001, 2015 e 2017), em que fui por estar trabalhando. O tamanho gigantesco – e todas as hipérboles que partem disso – nem é o único motivo de me cansar do festival sem nem precisar pisar o pé na cidade do rock, mas principalmente o fato do evento ser um shopping center a céu aberto em que marcas e vendedores tentam capturar a atenção de um público que, em sua imensa maioria, não frequenta shows regularmente, o que acaba associando o nome do acontecimento a um perrengue interminável. Mas isso não quer dizer que o Rock in Rio não traga bons shows, muito pelo contrário – e a partir disso fui chamado para votar nos melhores shows do festival em uma eleição feita pelo portal G1 entre 150 jornalistas que cobrem cultura para elencar os melhores shows da história do evento, que ano que vem completa 40 anos. Diferente de alguns votantes (que escolheram shows que assistiram pela TV ou pela internet), preferi citar apenas os shows em que estive presente e fiquei fez em saber que, dos cinco nomes que escolhi (Neil Young, Who, R.E.M., Iron Maiden e Beck) só um (o último) não entrou na lista final. Para acessar a relação dos 40 nomes escolhidos (todos com link para ver os vídeos online) siga este link.
E o Marko viu o post que fiz nesta segunda sobre a inteligência artificial esticando as bordas de discos clássicos brasileiros e resolveu fazer essa mesma experiência com discos estrangeiros, botando Led Zeppelin, Beatles, Miles Davis, John Coltrane, King Crimson, The Who, Patti Smith, Pink Floyd, entre outros, para ampliar seus horizontes visuais à base de inspiração robô.
1° de novembro – O lançamento da revista Billboard, o dia que o mundo conheceu o disco Abbey Road, a morte de Yma Sumac e o aniversário de Pabllo Vittar
2 de novembro – Carly Simon lança “You’re So Vain”, a primeira vez do termo “Beatlemania” é a prisão do pai de Marvin Gaye
3 de novembro – “Ice Ice Baby” levando o rap ao topo das paradas pela primeira vez, a volta dos Righteous Brothers e censura a shows de rock!
4 de novembro – Os Beach Boys lançam “Good Vibrations”, My Bloody Valentine lança o Loveless e morre Fred “Sonic” Smith
5 de novembro – Aniversário de D2, Thaíde e Mr. Catra, a estreia do programa de Nat King Cole e a morte de Link Wray
6 de dezembro – Taylor Swift lança 1989, os Sex Pistols estreiam ao vivo (por dez minutos!) e os Monkees lançam um filme lóki
7 de novembro – O nascimento de Ary Barroso, o último show de Aretha Franklin e a morte de Leonard Cohen
8 de novembro – O lançamento do quarto disco do Led Zeppelin, David Bowie no programa da Cher e o filme que deu um Oscar pro Eminem
9 de novembro – É lançada a revista Rolling Stone, o disco 36 Chambers do Wu-Tang Clan, John conhece Yoko e Bowie toca ao vivo pela última vez
10 de novembro – A gravação do clipe de “Bohemian Rhapsody”, o primeiro rap a entrar na lista dos mais vendidos e Chaka Khan com Prince, Stevie Wonder e Melle Mel
11 de novembro – John & Yoko lançam Two Virgins, Bill Haley chega ao topo das paradas e Dylan lança seu primeiro livro
12 de novembro – Madonna lança o disco Like a Virgin, o estúdio Abbey Road é fundado e o Velvet Underground faz seu primeiro show
13 de novembro – Atentado terrorista no show do Eagles of Death Metal, “Feelings” ganha o disco de ouro e morre Ol’ Dirty Bastard
14 de novembro – Michael Jackson lança o clipe de “Black Or White”, Ray Charles chega pela primeira vez ao topo e Pete Townshend assume que é bissexual
15 de novembro – Empresário do Milli Vanilli assume que dupla é uma fraude, Janis Joplin é presa por xingar um guarda e os Dire Straits dominam as paradas
16 de novembro – A morte de Candeia, a prisão do baterista do Clash e os Stones tocam na festa privê de um bilionário
17 de novembro – Morre o maestro Heitor Villa-Lobos, o primeiro disco das Spice Girls e Patti Smith ganha o National Book Award
18 de novembro – Genesis lança o clássico The Lamb Lies Down on Broadway, morre Danny Whitten da Crazy Horse de Neil Young e o Nirvana grava seu Acústico MTV
19 de novembro – Michael Jackson pendura o filho bebê na varanda, Carl Perkins grava “Blue Suede Shoes” e Zappa conclui sua ópera Joe’s Garage
20 de novembro – Keith Moon passa mal e fã termina o show tocando bateria com o Who, Isaac Hayes chega ao topo e Bo Diddley é banido da TV
21 de novembro – A morte de Peter Grant, o empresário que fez o Led Zeppelin acontecer, Olivia Newton John emplaca “Physical” e os Beatles lançam Anthology
22 de novembro – A morte acidental do líder do INXS, Michael Hutchence, o início da carreira de Simon & Garfunkel e Pearl Jam apenas em vinil
23 de novembro – Jerry Lee Lewis é preso após baixar armado na casa de Elvis Presley, Pink Floyd nas paradas de sucesso e morre Adoniran Barbosa
24 de novembro – Morre Freddie Mercury, Howlin’ Wolf toca na Inglaterra e o Crowded House encerra suas atividades
25 de novembro – Estreia Guarda-Costas o filme que catapultou a carreira de Whitney Houston, surge a primeira gravadora online e morre Nick Drake
26 de novembro – O clube Haçienda é leiloado, o Cream faz seu último show e Richey Edwards, dos Manic Street Preachers, é declarado morto
27 de novembro – O clipe de “Justify My Love” é banido da MTV, Hendrix comemora aniversário num show dos Stones e o Pavement termina ao vivo
28 de novembro – John Lennon toca pela última vez ao vivo (ao lado de Elton John), Kurt Cobain zoa o Top of the Pops e Britney dá a volta por cima
29 de novembro – O fenômeno Susan Boyle cumpre a promessa em seu primeiro álbum, morre George Harrison e Taylor Swift substitui a si mesma no topo
30 de novembro – Morre Cartola, Michael Jackson lança Thriller, Madchester chega ao Top of the Pops e Joey Ramone vira um quarteirão em NY
28 de outubro – Lorde chegava ao topo da parada britânica, Stevie Wonder lança Talking Book e Afroman emplaca “Because I Get High”.
29 de outubro – Bob Dylan aceita o Nobel de literatura, o Who lança “My Generation” e Enya chega ao topo das paradas.
30 de outubro – George Michael lança o disco Faith, Jim Morrison é multado por por o pau pra fora e vem aí Beatles Rock Band
31 de outubro – O início do Acústico da MTV, a batalha judicial pelo nome Pink Floyd e Flea assistindo à morte de River Phoenix
Na Máquina do Tempo do site Reverb, o dia 21 de outubro lembra o último show de Keith Moon com o Who, as mortes de Shannon Hoon e Elliott Smith e o primeiro vinil com dois lados – por aqui.
Encerrando a cobertura que fiz do Rock in Rio para o UOL, segue a lista dos cinco melhores shows do segundo finde do festival, que postei lá meu blog no portal.
Passei os dois últimos fins de semana andando feito um camelo pelo Rock in Rio, submetido a uma maratona de shows uns épicos, outros insuportáveis e mesmo que a exaustão final ainda se abata, é possível lembrar dos grandes momentos do festival. Havia publicado a lista com os cinco melhores shows do fim de semana anterior neste link, abaixo refiro-me aos cinco melhores do fim de semana passado.
1) The Who
O melhor show de todo o festival e uma apresentação que já entrou para a história tanto do festival quanto dos grandes shows internacionais no Brasil. Pagando uma dívida de meio século sem nunca ter vindo ao país, os remanescentes do grupo original – seu vocalista Roger Daltrey e o guitarrista Pete Townshend – mostraram-se em plena forma mesmo com mais de setenta anos de idade.
2) BaianaSystem
O melhor show do Brasil atualmente não se conformou com o espaço reduzido do Palco Sunset e misturou o climão de carnaval de rua ao de festas jamaicanas e show de punk rock, inflamando o público como poucas apresentações durante todo o festival. A presença da MC angolana Titica, flerte que o grupo já acalentava há anos e que o Rock in Rio conseguiu proporcionar, apenas temperou a massa sonora com uma pimenta estética forte, bem ao gosto da conexão Salvador-Luanda.
3) Tears for Fears
Ninguém poderia prever o arrebatamento emocional causado pela dupla formada por Roland Orzabal e Curt Smith, mesmo com a quantidade de hits no repertório. Uma apresentação precisa, cujo timbre cristalino dos vocalistas ajudou o público a lembrar porque eles foram uma das principais bandas pop dos anos 80, fazendo aquilo que os Pet Shop Boys deveriam ter feito no fim de semana anterior.
4) Ceelo Green
Que vocalista, que showman, que carisma! Metade da dupla Gnarls Barkley, Ceelo conquistou o público apenas com sua presença, chacoalhando seu corpo compacto enquanto alcançava vocais agudos que arrebatavam as canções para um nível acima. Com uma banda da pesada, ainda recepcionou a brasileira Iza em dois duetos (entre eles uma canção de Michael Jackson) e a vocalista quase roubou a cena, encantando a todos com sua presença magnética. O melhor ficou para o fim, quando o saxofonista da banda roubou o holofote para tocar a melodia do hit carioca “Deu Onda” pouco antes de cair numa versão arrasa-quarteirão para “September”, do grupo Earth Wind & Fire.
5) Alice Cooper
A idade só faz bem para Alice Cooper e longe de acelerar sua decadência artística, a transforma em trunfo: o vocal mais grave, o rosto mais cheio de rugas e a presença mais ranzinza no palco só ajudam a aumentar a personalidade insana do pai do rock de horror. Os elementos cênicos certamente são metade do show e toda a banda que o acompanha (incluindo aí a sensacional guitarrista Nita Strauss e uma palhinha bem-vinda do aerosmith Joe Perry) também não faz feio, mas todo o show está concentrado no contato visual e vocal do público com Cooper, que rege expectativas e refrãos como um maestro do inferno. Que figura!
De um lado o Who fez um show redentor, do outro o Guns N’Roses fez um show vergonhoso – escrevi sobre estas apresentações e outras do sábado no Rock in Rio como parte da cobertura que estou fazendo para o site.
E segue firme o ritmo de reencontro do Oasis, as paralelas Liam e Noel inevitavelmente começam a se convergir para um cruzamento num horizonte próximo. Dessa vez foi Liam Gallagher quem juntou-se a dois ex-integrantes de sua banda pra tocar “My Generation” com o Roger Daltrey numa homenagem ao aniversário de vinte anos do programa TFI Friday. No mesmo dia teve Blur tocando “Coffee & TV” – postei os vídeos lá no meu blog do UOL.
Adventure Time talvez seja um dos grandes trunfos culturais dessa década, ainda crescendo lentamente rumo ao topo do pop. A popularização do desenho já está em estágio avançado de massificação e se você não sabe do que se trata, faça-se o favor de se informar e cair na melhor psicodelia do século até agora. Os personagens do programa do Cartoon Network aos poucos estão se embrenhando em nosso inconsciente e não duvide se 2015 assistir ao momento em que eles se tornarão mais populares que o Mickey, o Snoopy ou o Super Mario para todas as faixas etárias. Essa compilação de capas de discos clássicos mashupadas com o imaginário do título, reunida por este blog, já dá uma vaga noção de que o desenho não é mais um segredo entre crianças apaixonadas, pais vidrados e doidões deslumbrados:
E ainda tem mais essa.
Who – “I Can’t Explain”
Fratellis – “Chelsea Dagger”
Dr. Dog – “Heart it Races”
Spoon – “Inside Out”
Alvvays – “Adult Diversion”
Giancarlo Ruffato – “Alfredo”
Bonifrate – “Aldebaran”
Beck – “Sunday Morning”
Christopher Owens – “Riviera Rock”
Erlend Øye – “Fence Me In”
Pretenders – “Brass in Pocket”
War on Drugs – “Red Eyes”
Foster the People – “Whodini”
Norman Greenbaum – “Spirit in the Sky”
Marilene – “Sinal Vermelho”
João Bosco – “Cobra Criada”
Tatá Aeroplano – “Na Loucura”