Washington Olivetto, que morreu neste domingo, era um publicitário acima da média. Mas mais do que celebrar seus feitos na área – campanhas históricas, personagens icônicos e slogans que até hoje estão em nossas cabeças -, vale reputar duas conquistas que fogem dos certames de sua área: a criação da Democracia Corintiana e a redescoberta de Jorge Ben. Com a primeira recuperou a auto-estima do principal time de São Paulo e criou uma mitologia que até hoje embasa o ser corintiano, ao usar o modus operandi do time no início dos anos 80 – de organização horizontal e participativa – para questionar a ditadura militar. Com o segundo, tirou um dos maiores nomes da nossa música de um ostracismo estético que o deixava para longe do panteão da MPB – e mesmo que “W-Brasil”, o hit que emplacou o nome de sua agência de publicidade nas paradas de sucesso do Brasil, não seja um dos grandes momentos de Ben (embora tenha bordões que citamos até hoje), fez sua carreira voltar a ser falada e tocada, reajustando um correção de curso que o tirou do Olimpo da MPB nos anos 70 para transformá-lo em um artista menor, algo que, graças a Olivetto, ficou para trás. Só por isso, ele já tem seu nome na história.