Nick Cave e Warren Ellis sozinhos no deserto

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Parceiros de longa estrada, Nick Cave e Warren Ellis assinam juntos a trilha sonora do novo filme estrelado por Viggo Mortensen, o francês Loin des Hommes, dirigido por David Oelhoffen. O filme é inspirado no conto existencialista de Albert Camus O Hóspede, em que um policial tem que atravessar o deserto da Argélia para levar um condenado ao julgamento. É o segundo filme com Mortensen que tem a trilha da dupla – o primeiro foi outra jornada crua, o distópico A Estrada, de 2009, baseado no livro homônimo de Cormac McCarthy.

Cosmopolis, por Warren Ellis

Ou, como o próprio autor de Planetary explica no título de seu post, “por que o filme não me deixou odiá-lo“:

I watched this twice, last week. Well, maybe one and a half times. I watched it once and didn’t like it. And the next day I watched some bits again because, for no reason, parts of it were sticking in my head.
It’s stagey. Stilted. Not all the actors can pull off the Don DeLillo dialogue that Cronenberg (ever a writer’s screenwriter) transposed from book to film. It’s short and still feels flabby in places. The thread of a fairly simple plot gets lost. Among other things.

And yet.

There is something almost brilliant in here, in places. The weird back-projection of the world outside the car the film (mostly) takes place in is a great choice. There are ideas, and ambitions, and… I’m going to have to watch the damn thing again. Because it’s making me think about it.

E você, assistiu? Gostou? Odiou?

Impressão digital #128: Só melhora!

E a minha coluna nessa edição do Link foi a continuação da coluna da semana passada

Só melhora: o otimismo é a mola mestra de nossa evolução
A ficção científica não previu o celular

Engraçado ver como um assunto repercute. Na coluna da semana passada, me referi a um texto do comediante norte-americano Louis C.K. para comentar como passamos o tempo todo reclamando e não percebemos como a época em que vivemos é fantástica. Muitos aplaudiram, outros contestaram e a discussão ficou dividida entre os que consideraram o texto deslumbrado e os que se identificaram com meu otimismo. E, claro, muitos apenas reclamaram, uns com argumentos, outros só por prazer.

E, no meio da repercussão, um link me foi enviado quatro vezes. Ele remetia ao site do escritor inglês Warren Ellis, autor de quadrinhos que já são clássicos modernos, como Transmetropolitan, Authority e Frequência Global (todos lançados no Brasil). Ellis usa os quadrinhos como veículo para discutir temas que ainda são ficção científica, mas que ele trata como realidade iminente, justamente pela onipresença da tecnologia em nossos dias (como robótica, inteligência artificial, transferência de consciência, a fusão homem-máquina).

O texto, chamado Como ver o futuro, foi apresentado durante a conferência de ficção científica Improving Reality, que foi realizada no início do mês passado na Inglaterra. Ele começava o texto explicando que a obsessão tecnocêntrica de nossos dias tem nos deixado apáticos em relação aos avanços do presente e, desta forma, desiludidos em relação a qualquer tipo de futuro melhor.

E, em dado momento, cita uma das principais passagens do pensador maior da era digital, Marshall McLuhan: “Olhamos para o presente pelo espelho retrovisor. Marchamos de ré para o futuro. Devido à invisibilidade de qualquer tipo de ambiente durante este período de inovação, o homem só passa a perceber conscientemente o ambiente que veio anteriormente. Em outras palavras, um ambiente só se torna inteiramente visível quando é substituído por um novo ambiente. Assim, estamos sempre um passo atrás de nossa visão do mundo. O presente é sempre invisível porque ele é o próprio ambiente em que vivemos e assim acaba saturando todo nosso campo de atenção de forma implacável. É por isso que vivemos no dia de ontem.”

Isso foi escrito em 1969. E Warren Ellis destrincha o tema no texto: “Você não consegue ver o presente propriamente pelo retrovisor. Ele está à sua frente. Bem aqui.”

E descreve o nosso presente fantástico e invisível: “Exatamente agora, há seis pessoas morando no espaço. Há pessoas imprimindo protótipos de órgãos humanos e pessoas imprimindo tecidos compostos por nanofios que vão misturar a carne humana com o sistema elétrico humano. Já fotografamos a sombra de um único átomo. Temos pernas mecânicas controladas por ondas cerebrais.”

Ele continua: “Nos últimos dez anos, descobrimos duas espécies desconhecidas ao ser humano. Conseguimos fotografar erupções na superfície do Sol, aterrissagens em Marte e até mesmo na lua de Titã. Isso parece sem graça para você? É porque está acontecendo agora, neste exato momento. Olhe as horas no seu relógio, pois este é o presente e essas coisas estão acontecendo. O telefone celular mais simples é, na verdade, um dispositivo de comunicação que envergonharia toda a ficção científica, todos os rádios no pulso e comunicadores portáteis. O Capitão Kirk tinha de sintonizar seu comunicador, que não conseguia mandar mensagens de texto, nem tirar fotos em que ele poderia colocar um filtro Polaroid por cima. A ficção científica não antecipou a chegada do telefone celular.”

Mais uma citação para encerrar a coluna dessa semana (mas não o assunto). O escritor de ficção científica inglês Arthur C. Clarke repetia que “toda tecnologia suficientemente avançada é indistinguível de magia”. Imagine nossos avós no começo do século passado, antecipando a nossa rotina do século 21. Mais do que comemorar feitos fantásticos, eles ficariam espantados a nos ver vivendo como… magos.

O otimismo é a mola mestra de nossa evolução, e não o pessimismo. Digo e repito meu mantra: só melhora.

Warren Ellis sobre Alan Moore

Imagine você atender o telefone e, do outro lado, tá o Alan Moore. Warren Ellis passou por isso:

Um super-herói para os nossos tempos

James Stokoe, via Warren Ellis.

Feliz dia do lobisomem

*

Melhor que comemorar o dia dos namorados americano, que tal celebrar o paganismo puro e simples? Afinal, o velho Warren Ellis nos lembra que, antes de transformarem o 14 de fevereiro no Valentine’s Day, ele era o dia em que os lobisomens saíam apavorando por aí.

* E, putz, como eu adoro esse filme

Dinheiro mundial?

Já cogitou essa hipótese? Sem problemas de câmbio, sem notas de diferentes cores, valores e formatos, todo mundo falando uma mesma moeda – com um Casa da Moeda na Lua, para não ter problema de localização. Que tal? E, por ser na Lua, os homenageados seriam grandes visionários de todo o planeta que enxergaram em nosso satélite o primeiro ponto de partida para irmos além (Gagarin, Ptolomeu, Kepler, Beethoven, Copérnico, Verne e Neil Armstrong). Uma invenção do English Russia, pescada via Warren Ellis.