“É um disco pesado, Walverdes”, Mini já desconversa de cara. “Mas é verão, achamos que seria bom começar com o dub.” E assim o trio gaúcho azeita as engrenagens para o lançamento de mais um disco, puxado pelo dub “Desconstrução”, lançado em primeira mão aqui no Trabalho Sujo.
Liderado pelo compadre Gustavo “Mini” Bittencourt, que até o começo do ano passado tocava o falecidOEsquema comigo, o Bruno e o Arnaldo, os Walverdes são uma das principais bandas de rock do Brasil, atravessando décadas carregando a bandeira da formação baixo, guitarra e bateria aliadas às crônicas brasileiras compostas por Mini. Mas o novo disco, que ainda não tem nome mas deve ser lançado ainda no verão, reflete uma nova fase da banda: “Nos últimos anos a gente deu uma desacelerada. Já fizemos bastante coisa, discos, tours, temos família, filhos e trabalho, então agora entramos numa fase de fazer as coisas num tempo e de um jeito próprio. Ainda mais próprio.”
Ele detalha ainda mais o novo disco: “O disco está pronto. São apenas cinco músicas que gravamos de forma espaçada nos últimos três anos. Gravamos as bases ao vivo e depois fomos ajeitando guitarras e vozes. Foi tudo gravado pelo Júlio Porto, que entrou na banda depois de produzir o Breakdance. Ele chamou o Beto Machado pra mixar de novo. Estamos nos últimos acertos pra ver como lançar. Até março lançamos.”
Aproveito para perguntar o que ele tem achado do atual cenário musical brasileiro: “Sem dúvida mais livre e diverso, o que não significa que todo mundo está aproveitando a liberdade e diversidade, né. Às vezes acho que está todo mundo um pouco saturado pelos excessos. Tu mesmo falou num outro papo que tivemos sobre o tédio do excesso. De nossa parte, o que mudou mesmo radicalmente foi o lugar do rock na cultura. Fazemos um tipo de música que tinha um impacto dez anos atrás que não tem mais hoje. Não quer dizer que não tenha público e relevância, mas não é mais a mesma coisa. Isso não muda muita coisa no nosso fazer, muda na circulação, distribuição. Em termos de música, fazemos mais ou menos a mesma coisa das demos dos anos 90 com as naturais evoluções pessoais e musicais.”
Pergunto sobre a necessidade de atingir um público maior e Mini diz que “isso definitivamente não é mais uma questão pra nós”. “Nos organizamos pra disponibilizar a música, pra jogar ela no mundo da melhor forma possível nos parâmetros atuais”, continua. “Mas caçar público não é mais uma questão. Nunca foi muito. Caçar clique e view a qualquer custo essa altura do campeonato seria deprimente. A energia que a gente tem pra isso a gente coloca na música. “
Tirei da página do Patrick, dos Walverdes, no Facebook, que devia virar um blog (ou não, sei lá). O cara é uma metralhadora de bobagens foda, de vídeos do arco da velha (ele toca Neil Young e Rush na sequência), imagens do nível dessa daí de cima, lolcats, links bizarros e pérolas de sabedoria cujo poder de síntese implora pela publicação naqueles livrinhos que vendem em caixa de supermercado. Sente o nível:
”Mãe, tu devia parar de fumar, tu vai morrer”
“Tua tia avó viveu até os 99”
“Ela fumava?”
“Não, ela cuidava dos problemas dela”
Ou:
Hoje o dia tá tão modorrento que tô chamando ele de Lenine
Ou:
AQUELE CANTOR MODERNO O ARNALDO ITUNES
Ou:
O socialismo tem bons argumentos, mas o capitalismo tem essas TVs 3D 84 polegadas
Ou:
tu bota o blusão fica calor aí tu tira o blusão fica frio aí tu bota o blusão fica calor aí tu tira o blusão fica frio aí tu bota o blusão fica calor aí tu tira o blusão fica frio aí
Ou:
”Viajar de avião é mais seguro do que andar de carro” OLHA TU VAI ME DESCULPAR MAS DE CARRO NA OSWALDO EU NAO CORRO RISCO DE CAIR NO ATLANTICO
Ou:
O meu cabelo está armado e apontado para a cara do sossego
Ou:
Cada vez que alguém aplaude ou vaia um filme no cinema um filme de Natal do Didi é lançado.
Ou:
Ou:
Imagina a dona Florinda dando um tabefe na cara do Cazuza e dizendo: “E da próxima vez vá contar segredos de liquidificador pra sua avó”
Ou:
ter duas caras é facil, quero ver é as duas caras serem bonitas
Ou:
APOCALIPSE: LULA SABIA E NÃO FEZ NADA. (via @reinaldoazevedo)
Ou:
a banda mais esse é o quinto fim do mundo desde que eu nasci da cidade
Ou:
imagina que loco se o mundo acaba amanhã mesmo e daí existe céu e deus mesmo de verdade
Sério, muito gênio. Umas dessas podiam virar camisetas, adesivos, fotomontagens.
Mini acabou de postar essa versão sossegada para “Seja Mais Certo”, talvez o grande hit de sua banda, os Walverdes.
É sério, não sei ainda.
TV on the Radio – “Will Do”
Foals – “Black Gold”
Wire – “Two Minutes”
Walverdes – “Fazendo Pouco”
Beastie Boys – “Finger Lickin’ Good”
M. Takara – “Na Avenida”
Toro y Moi – “Still Sound (Knight Stalker Remix)”
Memory Tapes – “Bicycle (Little Loud Remix)”
Jimi Hendrix Experience – “Crosstown Traffic”
Legião Urbana – “Plantas Embaixo do Aquário”
Dr. Dog – “Where’d All The Time Go”
Pulp – “The Fear”
Mopho – “Nada Vai Mudar”
Mallu Magalhães – “Angelina”
Jeff Tweedy – “I Am Trying to Break Your Heart”
Strokes – “Walk on the Wild Side”
Snoop Dogg – “Sensual Seduction”
Broken Social Scene – “Texico Bitches (Star Slinger Remix)”
E por falar no Mini, sua banda, os Walverdes, acabaram de lançar disco novo, o Breakdance. O disco está todo online, no YouTube. Mas ao contrário do que o título parece entregar, o disco não tem nada de hip hop: é o bom e velho Walverdes quebrando rock velho na sua moleira. Mini explica melhor.
O Mini está organizando o canal dos Walverdes no YouTube e desenterrando pérolas como esta, em que eles tocam “Summertime Blues” (Eddie Cochran, eternizada pelo Who) num programa de TV há mais de doze anos…
Legal é o que ele fala no fim do post:
Nós não somos uma banda independente, somos dependentes de uma série de figuras que sempre complementam nossa falta de braços.
Maior orgulho ter um site com esse cara, sério mesmo.
Don’t stop!
Não resisti e resgatei umas edições velhas do Trabalho Sujo impresso, tirei umas fotos e redimensionei pra colocar aqui no site. As fotos estão com cores diferentes não por conta da idade do papel, mas porque parte delas eu fiz de dia (as mais brancas) e a outra de noite (as amareladas). Dá uma sacada como era…
Nesta edição, dois segundos discos: o do Planet Hemp e o do Supergrass.
Nesta eu falei do Panthalassa, disco de remix que o Bill Laswell fez com a obra de Miles Davis, o segundo disco do Garbage, entrevista com Virgulóides, disco de caridade organizado pelo Neil Young e uma explicação sobre um novo gênero chamado… big beat.
Entrevistei os três integrantes do Fellini (Jair, Thomas e Cadão) para contar a história da banda, numa época em que eles nem pensavam em voltar de verdade (depois disso, eles já voltaram e terminaram a bandas umas três vezes). Também tem a história do Black Sabbath, uma entrevista que eu fiz com o Afrika Bambaataa e o comentário sobre a demo de uma banda nova que tinha surgido no Rio, chamada Autoramas.
Disco de remix do Blur, disco póstumo do 2Pac, Curve e entrevista com Paula Toller.
Discos novos da Björk, dos Stones, do Faith No More e do Brian Eno.
Discos novos do Wilco (Summerteeth), Mestre Ambrósio, coletâneas de música eletrônica (da Ninja Tune, da Wall of Sound – só… big beat – e de disco music francesa), resenha da demo da banda campineira Astromato e entrevista com o Rumbora.
Resenha do Fantasma, do Cornelius, do Long Beach Dub All-Stars (o resto do Sublime), do Ringo e do show dos Smashing Pumpkins em São Paulo, com a entrevista que fiz com a D’Arcy.
Vanishing Point do Primal Scream, disco-tributo ao Keroauc, Coolio e a separação dos irmãos da Cavalera.
Reedição do Loaded do Velvet Underground, Being There do Wilco e o show em tributo á causa tibetana.
Especial Bob Dylan, sobre a fase elétrica do sujeito no meio dos anos 60, com direito à entrevista com o Dylan na época, que consegui através da gravadora e um texto de Marcelo Nova escrito especialmente para o Sujo: Quem é Bob Dylan?
30 anos de Sgt. Pepper’s e o boato da morte de Paul McCartney.
Terror Twilight do Pavement, Wiseguys (big beat!), o disco de dub do Cidade Negra (sério, rolou isso), a demo do 4-Track Valsa (da Cecilia Giannetti) e entrevista com o Rodrigo do Grenade.
Pulp, Nação Zumbi, Ian Brown e Seahorses, uma coletânea de clipes ingleses e entrevista com Roger Eno, irmão do Brian.
30 anos de Álbum Branco, show do Man or Astroman? no Brasil, primeiro disco do Asian Dub Foundation, entrevista com a Isabel do Drugstore e demo do Crush Hi-Fi, de Piracicaba.
Os melhores discos de 1997: 1 – OK Computer, 2 – Vanishing Point, 3 – When I Was Born for the 7th Time, 4 – Homogenic, 5 – O Dia em que Faremos Contato, 6 – Dig Your Own Hole, 7 – Sobrevivendo no Inferno, 8 – I Can Hear the Heart Beating as One, 9 – Dig Me Out, 10 – Brighten the Corners… e por aí seguia.
20 anos de Paul’s Boutique, do Beastie Boys, disco do Moby, demo do Gasolines e entrevista com Humberto Gessinger.
Rancid, Superchunk e entrevista com o Mac McCaughan (do Superchunk), Deftones e Farofa Carioca (a banda do Seu Jorge).
Simpsons lançando disco e a lista dos 50 melhores do pop segundo Matt Groening, segundo disco do Dr. Dre, entrevista com Júpiter Maçã que então lançava seu primeiro disco.
A coletânea Nuggets virou uma caixa da Rhino, a cena hip hop brasileira depois de Sobrevivendo no Inferno, disco dos Walverdes e entrevista com Henry Rollins.
Sleater-Kinney, Fun Lovin’ Criminals, Little Quail, demo do MQN e entrevista com o Mark Jones, da gravadora Wall of Sound (o lar do… big beat).
25 anos de Berlin do Lou Reed, disco novo do Pin Ups, disco do Money Mark e entrevista com Chuck D, que estava lançando um livro na época.
Especial soul: a história da Motown e da Stax (lembre-se que não existia Wikipedia na época) e caixas de CDs do Al Green e da Aretha Franklin.
Retrospectiva 1998: comemorando um ano que trouxe artistas novos para a década…
…e os melhores discos de 1998: 1 – Hello Nasty, 2 – Mezzanine, 3 – Fantasma, 4 – Jurassic 5 EP, 5 – Carnaval na Obra, 6 – Deserter’s Songs, 7 – This is Hardcore, 8 – Mutations, 9 – The Miseducation of Lauryn Hill, 10 – Samba pra Burro. Em minha defesa: só fui ouvir o In the Aeroplane Over the Sea em 1999. Não tente entender visualmente, era um método muito complexo de classificação dos discos, um dia eu escaneio e mostro direito.
Beastie Boys, Scott Weiland e Boi Mamão.
A história do Kraftwerk (que vinha fazer seu primeiro show no Brasil), o acústico dos Titãs, Propellerheads (big beat!) e entrevista com Ian Brown.
Segundo disco do Black Grape, coletânea de 10 anos da Matador e entrevista com o dono da gravadora, Gerard Cosloy.
A carreira de Yoko Ono, disco novo do Ween, coletânea de Bauhaus, John Mayall e Steve Ray Vaughan e a trilha sonora de O Santo (cheia de… big beat).
Stereolab, Racionais, Metallica e 3rd Eye Blind (?!).
Disco de remixes do Primal Scream, caixa do Jam, entrevista com DJ Hum, Sugar Ray e disco solo do James Iha.
Cornershop, show à causa tibetana vira disco, Bob Dylan, Jane’s Addiction, Verve e entrevista com Lenine.
Disco de remixes do Cornelius, Sebadoh, Los Djangos, Silver Jews, entrevista com o Lariú e demo do Los Hermanos.
Disco de remixes da Björk e o novo do Guided by Voices.
Disco novo do Sonic Youth, reedição dos discos do Pussy Galore e entrevista com Edgard Scandurra.
Cobertura dos shows do Superchunk no Brasil, Pólux (a banda que reunia a Bianca ex-Leela que hoje é do Brollies & Apples e a Maryeva Madame Mim), Prince e Maxwell, coletânea da Atlantic e entrevista com os Ostras.
…e na cobertura dos shows do Superchunk eu ainda consegui que a banda segurasse o nome do Trabalho Sujo para servir de logo na página.
Editei o Sujo impresso entre 1995 e 2000. Durante esse período, ele teve vários formatos. Começou como uma coluna na contracapa do caderno de cultura de segunda e em 1996 virou uma coluna bissemanal ocupando 1/6 da página 2 do mesmo caderno. No mesmo ano, voltou a ter uma página inteira, nas edições de sábado e entre 1997 e 1999 ocupou a central do caderno de domingo. Neste último ano, voltou a ter apenas uma página, nas edições de sábado. Na época em que eu fazia o Sujo impresso, eu era editor de arte do Diário do Povo e, por este motivo, participei da criação do site do jornal em 1996 – e garanti que o Sujo tivesse uma versão online desde seu segundo ano. Foi o suficiente para que ele começasse a ser lido fora de Campinas (onde já tinha um pequeno séquito de leitores, que compravam o Diário apenas para ler a coluna) e ganhasse algum princípio de moral online, que carrego até hoje.
Na época, eu dividia o gostinho de fazer a coluna com dois outros compadres – o Serjão, que era editor de fotografia do jornal e que hoje está no Agora SP, e o Roni, um dos melhores ilustradores que conheço. Os dois são amigos com quem lamento não manter contato firme, mas são daquelas pessoas que, se encontro amanhã, parece que não vi desde ontem. Juntos, éramos uma minirredação dentro da redação – tínhamos reunião de pauta, discussões sobre o layout da página e trocávamos comentários sobre os discos que eu trazia para resenhar. No fim, eu fazia tudo sozinho na página (como faço até hoje), da decisão sobre o que entra ao texto, passando pela diagramação. Sérgio e Roni entravam com fotos e ilustras, mas, principalmente, com o feedback pra eu saber se não estava viajando demais ou de menos. Nós também começamos a discotecar juntos, mais um quarto compadre, o William, e, em 97, inauguramos o Quarteto Funkástico apenas para tocar black music e groovezeiras ilimitadas, em CD ou em vinil. Não era só eu quem escrevia no Sujo (eu sempre convidava conhecidos, amigos e alguns figurões), mas Roni e Serjão, por menos que tenham escrito, fizeram muito mais parte dessa história do que qualquer um que tenha escrito algo com mais de cinco palavras.
No ano 2000 eu fui chamado pelo editor-chefe do jornal concorrente, o Correio Popular, maior jornal de Campinas, para editar seu caderno de cultura, o Caderno C, cargo que ocupei durante um ano, antes de me mudar para São Paulo. Neste ano, para evitar confusões entre os dois jornais sobre quem era o dono da coluna (e não correr o risco de assistir a alguém depredar o nome que criei no jornal que comecei a trabalhar), decidi tirar o Sujo do papel e deixá-lo apenas online. Criei minha página no Geocities para despejar os textos que publicava em outra coluna dominical, no novo jornal, chamada Termômetro. Mas, online, seguia o Trabalho Sujo -até que, do Geocities fui para o Gardenal, e isso é ooooutra história.
Um dia eu organizo tudo bonitinho, isso é só pra fazer uma graça – e matar a minha saudade.
E por falar no Mini, vale linkar a demo Demasiada Seqüela, em que os Walverdes (a banda dele, pra quem ainda não sabe) gravaram em 2002 – e que foi posta para download há pouco pelo ótimo Hominis Canidae. Baixa lá.
O Wilsera fez mais uma coleta foda, desta vez dedicada à melhor banda de rock em atividade no Brasil, os Walverdes do meu compadre e sócio nOEsquema Gustavo Mini Bittencourt (é oficial, aboli as aspas de seu nome do meio). Se você concorda comigo no fato da tríade guitarra, baixo e bateria ser uma das grandes invenções do século 20, aumente o volume para ouvir uma das poucas bandas no mundo que não grilam de ser rotuladas como grunge (embora, no fim das contas, seja apenas rock mesmo). O disco pode ser baixado aqui.