Imagine um festival reunindo Chico Buarque, Caetano Veloso, Maria Bethania, Elis Regina, Jorge Ben, Gilberto Gil, Nara Leão, Wilson Simonal, Vinícius de Moraes, Toquinho, Raul Seixas, Jair Rodrigues, Wilson Simonal, Erasmo Carlos, Jorge Mautner, Jards Macalé, Sergio Sampaio, MPB4, Wanderléa, Odair José e muitos outros artistas no auge da ditadura militar dos anos 70 — e também da chamada MPB? O Phono 73 aconteceu há 50 anos, quando, nos dias 11, 12 e 13 de maio de 1973, o Palácio de Convenções do Anhembi, em São Paulo, foi inaugurado com este elenco estelar, que fazia parte da principal gravadora do gênero à época, a Phonogram, liderada pelo visionário André Midani. Foi ele que vislumbrou um festival em que os artistas nao competiam e sim colaboravam, gerando encontros históricos como o que fez Gil e Chico criar o hino antiditadura “Cálice” (que nao foi tocado por censura prévia, fazendo com que o baiano mostrasse a música dias depois no histórico show que fez na USP, poucos dias depois), que reuniu Caetano Veloso e Odair José para cantar a polêmica “Eu Vou Tirar Você Deste Lugar” (um dos primeiros hits do segundo, sobre prostituição) e colocou Gil e Jorge Ben para tocar juntos pela primeira vez a clássica “Filhos de Gandhi”. O festival foi registrado para se transformar em filme, mas infelizmente pouco mais de meia hora sobreviveu ao tempo. Felizmente esse pouco que sobrou foi parar no YouTube, para nossa alegria. Saca só.
O clássico encontro de Vinícius de Moraes e Baden Powell no mais clássico terreiro da música brasileira ressurge em vinil em seu aniversário de 50 anos. Os Afro-Sambas é uma obra crucial em nossa música por diversos pontos de vista: consagra a autonomia criativa e musical de Vinícius de Moraes, que ainda estava preso ao sucesso da bossa nova; apresenta o mágico violão de Baden Powell em sua obra-prima; eleva magistralmente o universo da cultura africana ao panteão central da música brasileira e consagra a religião afro-brasileira como parte central de nossa identidade. O disco será relançado em edição especial do clube de vinil Noize Record Club (mais informações aqui).
“É uma honra termos esse disco tão relevante pra história da cultura brasileira e tão forte não só na musicalidade, mas também na poesia. Vinicius de Moraes e Baden Powell são referência pra grande parte dos músicos brasileiros que vieram depois, é inegável”, me explica Marília Feix, editora do Noize Record Club e da revista Noize. O clube, que já lançou vinis de Tulipa Ruiz, Curumin, Banda do Mar, Otto e Apanhador Só envereda pela primeira vez rumo ao século passado e a um clássico da música brasileira, mas não necessariamente é uma mudança de rumo do serviço. “A ideia do Noize Record Club é trabalhar com álbuns de qualidade, que valham a pena serem colecionados em vinil”, continua Marília. “Claro que os clássicos acabam sendo sempre álbuns relevantes, pois resistiram ao tempo, e acabam se tornando um conteúdo muito rico também para a revista. Mas temos muitos artistas novos no Brasil que também podem ser considerados, que a gente acredita que poderão ser clássicos no futuro.” Ela diz que o próximo disco do clube já está definido e deve ser anunciado ainda este ano.
E se você nunca ouviu os Afro-Sambas, faça-se esse favor.
Mais uma office chart do Thom Yorke.
Low Anthem – “Hey, All You Hippies!”
Baden Powell + Vinicius Moraes – “Canto de Ossanha”
Bem-vinda à maioridade, menina.
O saite Desmonta botou três MP3 do Trio Esmeril tocando os Afro-Sambas de Vinícius e Baden para download. Pra quem não conhece, o Trio é composto somente por Maurício Takara (Hurtmold), Guilherme Mendonça (o Guizado) e Junior Boca (ex-Cidadão Instigado). Finíssimo.
Amanhã não, segunda – nesse domingo não tem Trabalho Sujo.
• A volta do Legião Urbana •
• Gravações raras de João Gilberto ressurgem na internet: tanto as gravações que fez na casa do fotógrafo Chico Pereira em 1958 (o técnico de som Christophe Rousseau fala mais sobre o assunto), quanto o show ao lado de Tom Jobim, Os Cariocas e Vinícius de Moraes em 1962 e as gravações do tempo do Garotos da Lua, em 1950 (que repercutem) •
• Lost: Jughead •
• Sílvio Santos portátil •
• Dakota Fanning, 15 anos •
• Little Joy em São Paulo •
• Moleque chapa no dentista, é remixado e vira desenho •
• Entrevista: Matt Mason (Pirate’s Dilemma) •
• Vazou o disco de Lily Allen •
• Trailers novos: Transformers 2 e Jornada nas Estrelas (com menção ao Cloverfield) •
• Rick Levy se aposenta da naite •
• 50 anos do dia em que a música morreu •
• Banda Calypso é indicada ao Nobel da Paz •
• Lux Interior (1948-2009) •
• Legendas.tv fora do ar (e hackers sacaneiam o site da APCM – deu no G1) •
• A história do Kraftwerk •
• Krautrock dance •
• Emma Watson, 18 anos •
• Paul’s Boutique comentado pelos Beastie Boys •
• Soulwax faz set só com introduções de músicas (uma idéia que o Osymyso já tinha tido) •
• Alan Moore e a televisão do século 21 (que aproveita para falar de sua participação nos Simpsons) •
• Phelps dá pala, devia ter respondido assim, mas é punido; Ronaldo sai em sua defesa •
• Um herói candango •
• Vocalista do Gogol Bordello já agitou feshteenha no Rio e vai tocar no carnaval do Recife com Mundo Livre e Manu Chao •
• Saiu a escalação do festival de Boonnaroo •
• Forgotten Boys sem Chucky •
• Comentando Lost: The Lie •
• A história do krautrock •
• Entrevista: Lawrence Lessig •
• Comentando Lost: Jughead •
• Kraftwerk 1970 •
• Oito episódios para o fim de Battlestar Galactica •
• Of Montreal tocando Electric Light Orchestra •
• Fubap de cara nova •
• “Friday I’m in Love” sem palavras •
• Todas as mortes em Sopranos •
• Christian Bale estressa com produtor e é remixado •
• Montage papai •
• As calcinhas da Kate do Lost são brasileiras •
• Lykke Li 2009 •
• Cansei de Ser Sexy x Chromeo •
• Visita à discoteca Oneyda Alvarenga •
• Moleque do dentista e Christian Bale são remixados •
Mais uma pérola não-lançada da música brasileira aparece online, dessa vez o mitológico show que não apenas reuniu no mesmo palco Tom, João, Vinícius e Os Cariocas como apresentou ao mundo uma de suas músicas mais conhecidas, “Garota de Ipanema”. Organizado pelo produtor Aloysio de Oliveira, o show, batizado de O Encontro, foi realizado na casa Au Bon Gourmet, em Copacabana, no Rio de Janeiro, no dia 2 de agosto de 1962. O momento era crucial – Tom e João estavam de malas prontas para os Estados Unidos e Vinícius começava sua parceria etílica com Baden Powell. Se esse show não acontecesse, os três nunca mais se reencontrariam no palco. Para contrapor o trio de ouro da nova cena carioca, Aloysio chamou o grupo vocal Os Cariocas para criar certo atrito criativo entre as duas gerações – e fizeram isso não apenas com seu canto de apoio ao mesmo tempo sofisticado e nostálgico como na canção “Bossa Nova e Bossa Velha”, em que brincam com a mudança de valores proposta pelos bossanovistas. E além da estréia mundial de “Garota de Ipanema” (cuja introdução tem forma de bate-papo), o show ainda conta com performances impecáveis dos três. Histórico é pouco – baixa aqui.