Vermes do Limbo no Centro da Terra

vermes-do-limbo-centro-da-terra

Sexta-feira 13 no Centro da Terra não poderia ter menos que isso, quando os Vermes do Limbo lançam seu novo disco, O Sol Mais Escuro, tocando ao lado do Negro Leo, da Carla e da Paula do Rakta, da Taciana Barros e do Edgar Scandurra num encontro que promete causar geral. É a primeira noite de sexta da minha curadoria no pequeno grande palco do Sumaré e a noite não poderia ser menos atordoante que isso. Mais informações sobre a apresentação aqui.

Vermes do Limbo rumo ao outro lado

vermesdolimbo-osol

“Não estamos indo atrás do ocultismo, nós somos ocultos, frequentadores obscuros da música”, respondem em conjunto Guilherme Pacola (bateria, efeitos e voz) e Vinícius “Cebola” Patrial (baixo, voz e efeitos), que juntos são o lendário duo de improvisação noise paulistano Vermes do Limbo. Seu novo disco, O Sol Mais Escuro, lançado nesta segunda-feira em primeira mão no Trabalho Sujo, foi inspirado na enciclopédia ocultista Ciências Proibidas, lançada nos anos 80 pela editora Século Futuro em bancas de jornais, que trazia títulos como “Os Símbolos Secretos: Simbologia e Interpretação”, “Magia: Os Poderes Secretos”, “Astrologia: O Código das Estrelas”, “Iniciação ao Espiritismo”, “Morte e Reencarnação”, “Grandes Mistérios de Nosso Tempo”, entre outros.

A inspiração veio do lixo. “Achamos na rua alguns volumes da enciclopédia Ciências Proibidas e pegamos para fazer colagens com as ilustrações”, explicam. “Nos livros haviam muitas frases legais principalmente sobre viagens transcendentais, espaço-tempo, coisas do nosso cosmos e da nossa mente. Na real essa enciclopédia leva ‘proibidas’ no nome porque a religião dominante e a sociedade condenavam essas praticas e ainda condenam essas formas não tradicionais de entender coisas da natureza humana que ainda são tabus. A partir daí resolvemos construir um disco baseado nisso.” O resultado é um disco mais tenso e lento que o ruído tradicional dos Vermes, com algumas doses pesadas de bad vibe.

A dupla acha que a escolha quase aleatória reflete a fase deprimente que vivemos no país. “Esse nome ocultismo é puro preconceito com varias formas não convencionais de se entender a mente humana e sua espiritualidade, foi uma coincidência que veio a calhar nesse período obscuro em que vivemos, onde o sol mais escuro ainda não deixou de brilhar. Queremos luz, raio, estrela e luar… Para evitar que arte se transforme em ciência proibida”, explicam, citando Wando.

vermesdolimbo

A dupla contou com o guitarrista Fabio Fujita, que fazia parte da formação original da banda, e o disco foi gravado em três sessões. “Como se fossem EPs”, explicam. “Tudo foi criado do zero sem saber exatamente o que fazer até o momento do registro e depois fomos lapidando com overdubs. Tínhamos a vontade de tocar uma enciclopédia como inspiração de onde saíram as letras, nomes das músicas e o astral cósmico.” Além de Fujita, o disco também conta com as mãos de Adauto Mang na mixagem e Nick Smith na masterização. “Sempre que gravamos convidamos pessoas para participar, no dia a dia Vermes é baixo e batera, mas sempre cabe mais um, dois, três…”

Ao vivo as coisas podem fugir do riscado. “No show a ideia é tocar o disco na integra com alguns convidados especiais pro lance virar uma festa… E aí a coisa pode debandar pro improviso também.”

Os melhores discos de 2017: 68) Vermes do Limbo + Bernardo Pacheco – Berne Fatal

68-2017-bernefatal

“Fatal fatal”

Centro do Rock: Vermes do Limbo e Deaf Kids

vermes-do-limbo-deaf-kids-

O Centro do Rock continua nesta quinta com duas apresentações pesadas: a dupla Vermes do Limbo se une ao guitarrista Bernardo Pacheco para um encontro de pura improvisação elétrica, seguido pela força do grupo paulistano Deaf Kids. O show começa às 21h e você vê mais informações sobre o show aqui.

25 discos brasileiros para o primeiro semestre de 2017

25discos-2017-01

Estes são os 25 brasileiros escolhidos na categoria melhor disco do primeiro semestre deste ano pelo júri da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), do qual faço parte.

Aláfia – SP Não é Sopa
Boogarins – Lá Vem a Morte
Corte – Corte
Criolo – Espiral de Ilusão
Curumin – Boca
Do Amor – Fodido Demais
Domenico Lancellotti – Serra dos Órgãos
Don L – Roteiro Pra Aïnouz vol.3
A Espetacular Charanga do França – Chão Molhado da Roça
Felipe S. – Cabeça de Felipe
Giovani Cidreira – Japanese Food
Hamilton de Holanda – Casa de Bituca
João Donato + Donatinho – Sintetizamor
Juliana R – Tarefas Intermináveis
Kiko Dinucci – Cortes Curtos
Lucas Santtana – Modo Avião
Luiza Lian – Oya Tempo
Matéria Prima – 2Atos
Mopho – Brejo
My Magical Glowing Lens – Cosmos
Rincon Sapíencia – Galanga Livre
Rodrigo Campos – Sambas do Absurdo
Trupe Chá de Boldo – Verso
Vermes do Limbo + Bernardo Pacheco – Berne Fatal
Zé Bigode – Fluxo

Muita coisa boa sendo lançada este ano – e vem mais coisa boa neste semestre. O júri é composto por mim, José Norberto Flesch e Marcelo Costa e no segundo semestre escolheremos mais outros 25 discos. O Pedro antecipou a lista e publicou os links para ouvir os 25 discos em seu blog no Estadão.

Centro do Rock 2017

centro-do-rock

A partir do dia 11 de julho, o Centro Cultural São Paulo abre-se para o melhor do rock moderno brasileiro, reunindo nomes como Rakta, Garage Fuzz, Boogarins, Test Big Band, Meu Reino Não é Desse Mundo, Thiago Pethit, Luís E a Terra Nunca Me Pareceu Tão Distante + Ventre, MQN, Maglore, Vermes do Limbo + Bernardo Pacheco, Thiago Nassif, Jonnata Doll e os Garotos Solventes, Labirinto e The Baggios, além de debates, filmes e uma edição do Concertos de Discos dedicada à história do rock brasileiro. Mais informações no site do CCSP.

Domingo na Paulista

diademusica

Se você ainda tem fôlego pós-Virada Cultural ou se o frio te venceu e te deixou em casa nesse sábado, a boa é pegar as atrações do Dia da Música que acontecem pelo decorrer da Paulista. São seis palco espalhados pela avenida, dois a cada estação do metrô entre a Brigadeiro e a Consolação, cada um deles com curadoria de gente que entende mesmo de música nova. São artistas essencialmente novos, nomes que você até pode ter ouvido falar mas que ainda estão em fase de maturação – imagine que você possa assistir à programação de um ano de Prata da Casa, aquele projeto de novas bandas do Sesc Pompeia, em um único domingo. Por isso pode ser que algum deles faz um show histórico para sua carreira, que engatilhe uma série de desdobramentos futuros que os tornarão mais conhecidos.

A programação está toda no site do Dia da Música, mas faço aqui minhas indicações: no palco curado pelo Dago, do Neu, perto do Itaú Cultural, vale sacar o show instrumental dos Soundscapes e as batidas tortas do CESRV, da turma da Beatwise. No palco do Lariú, do Midsummer Madness, perto da Brigadeiro, vale dar uma sacada no Digital Ameríndio, broder dos Supercordas. O palco do Mancha, da boa e velha casinha, fica perto do prédio da Fiesp tem três boas pedidas: Camila Garófalo, o ótimo Quarto Negro e os cariocas Simplício Neto e os Nefelibatas. No palco da Pâmela, da produtora Alavanca, devem valer a pena os shows dos goianos do Carne Doce e o pós-rock do E a Terra Nunca Me Pareceu Tão Distante. No palco perto do Belas Artes, tocado pela Ângela Novaes, vale dar uma sacada no show dos Vermes do Limbo. E no palco organizado pelo Kamau, perto da esquina com a Angélica, vale ver os shows do Mesclado e da dupla Drik Barbosa & Mike. Fora que tem gente que eu não conheço nem de nome e pode surpreender. Vale passear pela Paulista nesse domingo e torcer pra que um dia, a avenida cartão postal, possa ser fechada (ou aberta?) aos domingos.