“Vamos caçar monstros!”

, por Alexandre Matias

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O ator David Harbour faz um apaixonado discurso anti-Trump ao receber o prêmio em nome do elenco de Stranger Things na premiação SAG deste ano. Veja o discurso lá no meu blog no UOL.

A série de ultrajes políticos que o presidente norte-americano Donald Trump tem cometido diariamente desde que assumiu o cargo no meio de janeiro tem servido de combustível para toda uma sorte de discursos e ações contra as intenções mesquinhas deste vilão de desenho animado da vida real. Não foi diferente no palco da 23ª premiação do Screen Actors Guild, mais conhecido como SAG, que aconteceu no domingo passado no Shrine Auditorium em Los Angeles, nos Estados Unidos. E entre discursos pesarosos e tiradas fortes, os apresentadores e vencedores da premiação mostraram o quanto são contra o perigoso rumo político para onde os EUA caminham.

O destaque ficou para o discurso do ator David Harbour, que falou em nome do elenco da excelente série Stranger Things. Visivelmente emocionado, o ator, que na série faz o policial Jim Hopper, parecia não acreditar ter desbancado os elencos de pesos pesados como The Crown, Game of Thrones, Westworld e Downton Abbey. Mas ele deixou a emoção de lado e leu um discurso forte e emotivo, que mesmo sem mencionar nominalmente o novo presidente norte-americano, funcionou como uma convocação para aqueles que trabalham com comunicação e cultura. Vale a transcrição na íntegra:

“À luz de tudo o que está acontecendo no mundo hoje, é difícil celebrar a já celebrada Stranger Things. Mas este prêmio vem de vocês, que levam seu ofício a sério e sinceramente acreditam, como eu, que uma grande atuação pode mudar o mundo, é uma convocação de nossos colegas artistas homens e mulheres para ir mais fundo e, através da nossa arte, lutar contra o medo, o egocentrismo e a exclusividade de nossa cultura predominantemente narcisista. E através do nossa arte, cultivar uma sociedade mais compreensiva e com mais empatia, que revela verdades íntimas que funcionam como um forte lembrança para as pessoas de que, quando elas se sentem mal ou com medo ou cansadas, elas não estão sozinhas. ”

“Estamos unidos, no sentido em que somos todos seres humanos e estamos todos juntos neste passeio horrível, doloroso, alegre, emocionante e misterioso que é estar vivo. Agora, enquanto agimos na narrativa contínua de Stranger Things, nós, os moradores do meio-oeste de 1983 brigaremos contra os valentões, abrigaremos os esquisitos e estranhos – aqueles que não têm nenhuma esperança. Vamos ultrapassar as mentiras. Vamos caçar monstros! E quando estivermos perdidos em meio à hipocrisia e à violência casual de certos indivíduos e instituições, vamos, como o chefe Jim Hopper, dar um soco na cara de algumas pessoas quando elas tentam destruir os fracos e os desamparados e os marginalizados. E faremos tudo com alma, com coração e com alegria. Agradecemos por essa responsabilidade.”

A reação da Wynona Rider ao discurso é uma atração à parte. E ele tem razão: é disso que precisamos.

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