Com a correria da viagem, esqueci de postar o Link de segunda aqui.
• Uma semana com Mark Zuckerberg • Fotografando direito com uma câmera simples • Em baixa, fotografia aposta em novidades para reagir • Celulares provam que qualidade não é tudo na hora da foto • No Brasil, Migux tem mais usuários do que o Facebook • O conflito que travou o Twitter • Vida Digital: Judão •
• Cuidado com o que você faz online • Internet amplifica gafes e deslizes • Endereço de site pode estar com seus dias contados • Será a morte da URL? • Microsoft + Yahoo ou Twitter? Twitter! • Transmídia, ‘Avatar’ é marco zero do novo 3D • Meca pop reúne nerds que são ‘super-heróis’ • Vida Digital: Ray Kurzweill •
Os Massaroca explicam o Twitter.
• Comércio 2.0 • Internauta vira lojista quase que por acaso • Entrevista: Helisson Lemos (MercadoLivre) • Saiba como vender online • 2009: o ano em que todos podem ir para o espaço • No olho do furacão do Twitter • Ataque de hacker expõe dados da empresa • Twitter é coisa de adulto, dizem adolescentes • Os jovens nos ensinam a viver no caótico mundo digital • Mercado digital de filmes começa a engrenar no Brasil • ‘Ghostbusters’ pode ser o jogo do ano • Vida Digital: José Mindlin •
Feitas na medida pra quem não gosta de largar o mundo digital nem quando desliga tudo. Daqui.
• TV 2.0 – O nascimento da ‘geração Lost’ • Internet: o canal que passa seu programa de TV na hora em que você quer • A TV está ficando com a cara da internet… • …E a internet está ficando com conteúdo de televisão • Firefox 3.5 mira no futuro com vídeo, 3D e geolocalização • HTML 5 abre novas rotas de navegação • Carros do Google Street View tomam as ruas de SP em um mês • Exposição GamePlay apaga limite entre arte e diversão • Pensadores pop discutem sobre o preço do futuro • #ForaSarney e a mobilização no Twitter • Lei Azeredo está em vias de ser derrubada • Vida Digital: Harvey Levin, do TMZ •
Um passo em falso e…
Cheguei em casa depois do show do Tommy Guerrero no Espaço +Soma, me estiquei na minha poltrona para assistir um filme no pay-per-view (o deliciosamente tosco Death Race – Jason Stantham e Roger Corman, como pode dar errado?) e ia me preparar para programar os tweets pra essa segunda-feira quando me deparei com isto:
Logo em seguida, um tweet do Inagaki me botava na seguinte companhia:
Eu, a miss Twitter, a editora do blog do programa de treinamento em jornalismo diário da Folha e a dona de um site que se chamava Sexto Sexo. Nunca tinha ouvido falar da última, acompanho e retwitto a segunda e pautei uma matéria com a primeira. Em comum, além do apreço pela nova ferramenta, – vejam só – o fato de usar o Twitter para divulgar links espalhados pela internet. Eis que, entre os termos de uso do Twitter, deparo-me com o seguinte item:
Ou seja: eu não posso divulgar links? Se eles não conseguem checar se os links que envio encurtados são para um mesmo site ou para vários, problema deles. Mesmo se conseguirem, vão ver que, além dos links pro próprio O Esquema e para o Link, envio links de sites de amigos e conhecidos, além dos, sei lá, 40% de links aleatórios que colho no próprio Twitter. Se o sistema de reconhecimento de spam deles vê isso como propaganda, é bom eles se arrumarem logo.
Porque eles ainda não perceberam que o Twitter não é sobre “o que você está fazendo” e sim sobre “o que está acontecendo agora”. Eis a pergunta que deveria estar na home do site, banindo de vez tweets inúteis sobre hábitos alimentares, pitis infantilóides ou #QualquerMerda. Ao perguntar – e ele pergunta, mesmo sem saber – o que está acontecendo agora, o Twitter amplia o contexto de tempo-real para além do ao vivo, daquilo que realmente está acontecendo neste exato momento e o transforma em um período mais fluido e mais extenso que o instantâneo “agora”, podendo se estender para uma hora ou até quase uma semana, dependendo do impacto do assunto. A ferramenta nos apresenta a um novo agora, menos urgente e amplo o suficiente para incluir opiniões conflitantes, gritos de guerra, comemorações e lamentos, gols e atentados, artigos, fotorrespostas, entrevistas, gifs animados e posts curtos. O que é mais quente e exige mais atenção, necessariamente vai estar mais evidente, mais tudo aquilo que não for, por exemplo, a morte de Michael Jackson, vai continuar circulando, independente do fato mais importante. Não é como a TV que precisa ficar insistindo no tema enquanto há audiência ou um site que precisa esmiuçar diferentes pontos de vista de um assunto principal. Há a corrente principal, mas também uma série de afluentes que não param de correr.
Aparentemente, o problema foi com o uso do Tweetlater, um sistema de atualização programada de posts do Twitter que nós quatro usávamos. O próprio sistema avisou que contas que usavam o serviço foram suspensas. Mas, por outro lado, ainda consigo acompanhar quem eu seguia – só não consigo postar. O que significa que minha conta ainda existe e, após o ocorrido, mandei uma mensagem ao serviço explicando o que havia ocorrido. Conversando com a Twittess, concluímos que o serviço foi entendido como algo da mesma natureza do script que surrupia seguidores.
Me desculpa, mas eu não vou ficar na frente do computador twittando o tempo todo, não. Muito menos falando da minha vida, se eu tou na fila do banco, com fome ou sem vontade de trabalhar. Nada contra quem faz isso (quer dizer, dependendo do grau de minúcia, tudo contra), mas eu não quero usar o Twitter como a câmera do meu big brother pessoal – e sim como um RSS filtrado, um Delicious com suingue. Do mesmo jeito que não passo o dia inteiro postando coisas no Trabalho Sujo (posto coisas pela manhã que vão entrar no ar no decorrer do dia), deixo o Twitter programado para twittar links que acho interessante serem lidos. Quero compartilhar o conhecimento de links encontrados aleatoreamente, sejam artigos em revistas científicas, PDFs com centenas de páginas, vídeos bizarros, posts egomaníacos (como este) ou matérias de jornal. Ele agilizou a forma como passo informação pelo Trabalho Sujo e agora passa por esses ajustes, que podem comprometer seu próprio funcionamento. Porque hoje foi eu, amanhã pode ser você e podemos optar pelo Facebook como alternativa ao Twitter (eles mudaram a sua interface, né?) ou pelo aguardado Google Wave ou por quem aproveitar a derrapada do serviço. Preferir o concorrente não é uma regra da realidade digital, mas por aqui as coisas caminham em passos muito mais rápidos do que no mundo análogo: lembram-se quando o Hotmail apareceu no meio da década passada? Lembram-se que só depois que ele foi comprado pela Microsoft que o povo começou a migrar para o Yahoo!Mail no final dos anos 90? E depois para o Gmail, em 2004/2005?
Eis o desafio dos caras: inventaram uma nova forma de comunicação, que ainda não se sustenta economicamente, e estão se equilibrando como se caminhassem numa corda bamba – qualquer ajuste fora de hora pode fazer toda credibilidade do sistema ir pro saco. Agradeço o #FREE_@trabalhosujo que apareceu logo em seguida ao anúncio, mas, ora bolas, se o Twitter não me quiser, o problema não é meu.
Updeite: parece que eles já perceberam a cagada e se explicaram em seu próprio blog:
Vamos ver se até amanhã cedo isso já está resolvido. Afinal, seis horas é o meu conceito de agora, segundo o Twitter.
E para deixar marcado essa data, eis uma decisão: Twitter só entre terça e sexta-feira. A partir de hoje, a segunda torna-se um dia do fim de semana – pelo menos para o microblog.
Novo updeite: Tudo resolvido, amanhã o Leitura Aleatória volta ao ritmo dos dias úteis – lembrando que, a partir de hoje, segunda é dia inútil.
Atenção que tem um vírus rolando via Twitter – e dos mais ridículos, já que pede para que você entre num site chamado Twiiter.tk. Detalhe: o vírus vem em português…
• Da rua para a rede, da rede para a rua • Mídia digital abre um dos países mais fechados do mundo • Internet e Irã: que semana! • Entrevista: John H. D. Downing • Febre do Twitter também atinge o Congresso • Reino Unido quer população toda conectada à internet até 2012 • Links patrocinados: anúncio só para quem tem algum interesse • Campanha exige monitoramento • Vida Digital: Amelia Andersdotter (do Partido Pirata da Suécia) •
De verde, jovens protestam nas ruas do Irã (foto: AP)
Escrevi dois textos pra matéria de capa do Link de hoje:
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Da rua para a rede, da rede para a rua
Protestos no Twitter e em Teerã mostram a força da mobilização online e reforçam a importância política dos meios digitais
Começou, veja só, no Twitter. Após o resultado da eleição para a presidência do Irã ter sido anunciado e sua veracidade ser posta em xeque por entidades internacionais, o país passou a restringir o acesso de correspondentes estrangeiros em suas fronteiras e a cortar as comunicações de sua população com o resto do mundo. O interesse mundial se agravou de tal forma que fez aparecer, no domingo passado, uma nova hashtag na rede de microposts: #IranElections.
Ela surgiu acompanhada de outra, chamada #cnnfail, que ironizava o fato de a emissora de notícias americana CNN não estar cobrindo a situação como deveria. Na segunda-feira, a CNN – motivada ou não pelo Twitter, a emissora não comentou – passou a dar mais espaço para o tema em sua programação. E os usuários do Twitter passaram a mudar os fusos horários de seus perfis para o de Teerã, para confundir o governo de lá, ao mesmo tempo em que pintavam suas fotos de verde, a cor do país, em solidariedade à causa iraniana.
Isso foi só o início de uma reação em cadeia que transformou não apenas o Twitter, mas as principais comunidades da web 2.0 (Facebook, YouTube) em canais de comunicação entre o Irã e o mundo. Logo, iranianos estavam nas ruas, protestando contra o presidente reeleito Mahmoud Ahmadinejad ao mesmo tempo em que filmavam, fotografavam e reportavam tudo para o resto do mundo via web.
Não é a primeira vez que os meios digitais são usados para difundir causas que não têm destaque na mídia tradicional – pelo contrário. Remonta ao mexicano Subcomandante Marcos, passa pela “Batalha de Seattle” em 1999, pelos protestos contra a invasão do Iraque pelo governo Bush no mundo inteiro e culmina na surpreendente campanha online que levou Barack Obama à presidência dos EUA. E quando até parlamentares brasileiros aderem ao Twitter para estreitar suas relações com seu eleitorado, uma coisa é certa: a internet está trazendo a política de volta para as ruas.
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Há trinta anos pesquisando o impacto da mídia e da comunicação na política, o inglês John H. D. Downing é autor de Mídia Radical (Ed. Senac), em que traça diferentes movimentos políticos pelo mundo que começaram como pequenas manifestações regionais e localizadas para, a longo prazo, ganhar proporções globais – e os exemplos vão do movimento ambientalista à Anistia Internacional e ao movimento europeu pelas rádios livres. Diretor do Centro de Pesquisa de Mídia Global na SIUC, nos EUA, ele tem acompanhado a evolução de causas políticas com a internet com atenção e falou com o Link por telefone, de Paris.
Qual a principal diferença entre o Irã em 1979 e o que está acontecendo hoje?
Em termos de tecnologia, houve algo mais ou menos parecido em 1979 com os gravadores portáteis, que eram usados para gravar o que estava acontecendo no país e mostrar para o resto do mundo.
Mas quando o ‘gravador’ de hoje em dia – o celular – consegue filmar e tirar fotos…
Tudo muda. A comunicação através do Facebook, do Twitter e outras redes sociais é imediata, ao contrário dos gravadores que tinham de ser usados secretamente. O outro uso da internet além do celular acontece em lan-houses, que dão um fator social muito mais dinâmico ao movimento. O lugar onde as pessoas estão postando estas informações é um ambiente coletivo e público, elas não estão isoladas em suas casas. E ainda há o fato de que grande parte da população das grandes cidades no Irã hoje é formada por jovens, gente com menos de 25 anos. Isso tem um impacto tremendo neste aspecto urgente que estamos vendo. Quando estas três coisas acontecem, fica ainda mais evidente a importância da internet hoje.
Seria possível algo desta natureza acontecer na primeira eleição de Bush, no ano 2000?
Creio que não. Primeiro, há uma questão cultural, que faz que as classes que atingiram certo nível econômico nos EUA não tenham o hábito de protestar por nada. Mas isso é algo que tem mudado: nos últimos 30 anos, uma grande parte da população do país pode estudar até a universidade, muitas mulheres estão entrando em áreas que eram dominadas apenas por homens e acredito que isso vá mudar a dinâmica desta cultura.
É possível pensar que o processo político pode ultrapassar o conceito de representação parlamentar? As pessoas podem substituir o congresso, quando todos estiverem online?
Não gosto desta ideia, pois existe uma grande possibilidade deste resultado ser manipulado. Na minha opinião, o exemplo mais recente disso que vimos foi a manipulação da eleição californiana sobre a questão do casamento entre pessoas do mesmo sexo. E isso foi apenas um referendo, sobre um tema. Imagine envolvendo várias questões.
A internet está despertando a consciência política das pessoas?
Sim, e em muitos níveis. Um deles diz respeito àquele tipo de situação que já ouvimos falar, em que duas pessoas podem jogar um mesmo jogo ou frequentar uma comunidade online, em partes diferentes do mundo, com idades diferentes e mesmo assim conseguem manter um diálogo – que pode ou não continuar fora do jogo. Isso é um nível. Mas quando entram em pauta essas redes sociais, estamos falando de algo que é complementar à interação pessoal, cara a cara. E a internet torna-se cada vez mais complementar às nossas vidas.