TV Serge Gainsbourg – Parte 3


France Gall – “Poupée de cire poupée de son”

A principal guinada na carreira musical de Serge Gainsbourg aconteceu em 1965, depois que ele assumiu que o pop em inglês que vinha dominando as paradas de sucesso de seu país não era seu inimigo e sim seu bilhete para o sucesso nacional. Resolveu que iria entrar de cabeça naquele novo mercado na França e se viu concorrendo no programa Eurovision, o show de calouros europeu que, vez por outra, revela algum talento de fato (como dez anos mais tarde aconteceria com o Abba). Compôs “Poupée de Cire, Poupée de Son” para ser cantada pela adolescente (recém-completos dezoito aninhos) France Gall. A música não só ganhou o concurso como deu início tanto à transformação de Serge Gainsbourg num Phil Spector tarado por meninas mais novas como à parceria de France com Serge, que durou tempo o suficiente para estabelecer a carreira de ambos na França.


France Gall – “Nous ne sommes pas des anges”


France Gall – “Laisse Tomber Les Filles”


France Gall – “Baby Pop”


France Gall – “Teenie Weenie Boppie”


France Gall – “N’écoute pas les idoles”

Desde a faixa campeã, Serge já mostrava que sabia onde estava pisando e que não iria disfarçar – seu título pode ser traduzido tanto como “Boneca de Cera, Boneca de Estopa” quanto como “Boneca de Cera, Boneca de Som”, numa clara referência ao fato do talento da cantora ser manipulado pelo compositor da canção. A partir daí, Serge passa a compor alucinadamente não apenas para France Gall, mas para toda uma geração de jovens intérpretes (de preferência, mulheres; de preferências, bem jovens), criando praticamente seu próprio gênero, o “Baby Pop”. Assim, conseguiu se estabelecer como um popstar em seu país.


Serge Gainsbourg & France Gall- “Pauvre Lola”

Esperto, aos poucos vai se inserindo na paisagem, em duetos que aos poucos vão revelando uma personalidade sendo construída ao vivo. É quando ele, aos poucos, vai deixando de cantar para apenas tornar sua voz mais falada, assume-se como de uma geração mais velha que a de seus ouvintes e faz com que toda ironia discreta de suas letras torne-se explícita.


Serge Gainsbourg & France Gall- “Denis De Lait Denis De Loup” / “Les Sucettes” / “Marilu”


Serge Gainsbourg & France Gall- “Les Sucettes”

O auge da parceria dos dois acontece com a faixa “Les Sucettes” (“Os pirulitos”) cujo hoje óbvio duplo sentido da faixa (açucarado por versos que falam de gostar de sentir o doce escorrendo pela garganta) só foi percebido por France quando a faixa já estava vendendo rios de discos. Os dois romperam a relação por um tempo, mas logo voltaram a trabalhar juntos. Menos, porque à medida em que a década entrava em sua segunda metade, Gainsbourg foi sendo atraído para outros patamares…


France Gall – “Les Sucettes”

TV Serge Gainsbourg – Parte 2

Ao contrário de toda sua geração do início dos anos 60, que teve uma reação contrária à chegada do rock inglês e americano à França, Serge Gainsbourg se interessou pela novidade. A princípio a usava quase como paródia, tocando o novo som como se fosse uma variação elétrica de um ritmo caribenho ou africano, como uma espécie de exotismo tribal. E aos poucos foi percebendo que o rock permitia o uso de ruídos, trocadilhos e aliterações que tornavam sua poesia ainda mais melódica. Nas faixas abaixo ele aos poucos vai reconhecendo a influência daquela música estrangeira e percebendo que em vez de tomar o espaço da música francesa, ela poderia ser o veículo para levar a música francesa para o resto do mundo. Mas logo viria a ruptura definitiva, que selaria o destino e a carreira de Serge Gainsbourg como uma versão irônica e autodepreciadora do que se esperaria de um playboy, uma espécie de bon vivant existencialista.


Serge Gainsbourg – “Le Poinçonneur des Lilas”


Serge Gainsbourg – “Le Claqueur de Doigts”


Serge Gainsbourg – “Le temps des yoyos”


Serge Gainsbourg – “Negative Blues”


Serge Gainsbourg – “L’Appareil a Sous”

TV Serge Gainsbourg – Parte 1

Está entrando no ar a TV Serge Gainsbourg – um apanhado de vídeos do YouTube com o cara que eu fiz enquanto afundava em sua obra. Na primeira parte, seguem seus primeiros hits. Pianista de formação clássica, Serge – que se chamava Lucien Ginsburg, originalmente – queria ser artista plástico. Mas como o pai, pianista da noite, começou a receber muitas propostas de trabalho, passou algumas para o filho que, aos poucos, foi entrando no mundo da composição e interpretação. Esses primeiros vídeos são de sua fase inicial, quando ainda compunha sob a influência da canção tradicional francesa, antes de ser atingido pelo raio da música pop, que mudou completamente sua carreira e a percepção de seu trabalho junto ao público. Na época dos vídeos abaixo, Serge era apenas mais um nome promissor da cena da margem esquerda do Rio Sena, um grupo de artistas e intelectuais que freqüentava clubes e cafés até altas horas e que, ocasionalmente, lançava discos e tocava na TV ou no rádio. Algumas músicas (mais no final) foram compostas depois de seu contato com o pop, mas ainda refletem a importância que este tipo de canção tinha em sua composição. Nada de choque, de afrontas ou escândalos – a obra de Serge ainda era comportada e, no máximo, cogitava expressões de duplo sentido. No primeiro vídeo, Juliette Greco, um dos principais nomes desta cena, canta a primeira música de Gainsbourg a ter repercussão fora desse métier.


Juliette Greco – “Les Amours Perdues”


Serge Gainsbourg – “Le poinçonneur des Lilas”


Serge Gainsbourg – “La Nuit d’Octobre”


Serge Gainsbourg – “Adieu Créature”


Serge Gainsbourg – “Du Jazz dans le Ravin”


Serge Gainsbourg – “La Chanson de Prévert”


Serge Gainsbourg – “Ce Mortel Ennui”


Serge Gainsbourg – “L’Alcool”


Serge Gainsbourg – “Elaeudanla Teïtéïa”


Serge Gainsbourg – “La Javanaise”