Wado na novela das 8

Rafa quem cantou a bola, que confirmei via Coelho: “Uma Raiz, Uma Flor”, sonzeira do primeiro disco do Wado (que eu acho redondíssimo, perfeito – dá pra baixar não só o Manifesto da Arte Periférica como todos os quatro discos de Wado em seu site), está na trilha sonora de O Caminho das Índias, aquela novela da Globo que parece um episódio do Chapolim na Índia.

“Uma raiz é uma flor, que despreza a fama…”, canta Wado em Uma Raiz, Uma Flor, composição de sua autoria com Alvinho Cabral e Georges Bourdoukan que entrou recentemente para a trilha sonora da novela Caminho das Índias, da Rede Globo, após ser gravada pelo Fino Coletivo. Um marco histórico para a música local, num feito até então exclusivo de Djavan.

De fato, a “porção alagoana” do Fino Coletivo precisou cortar raízes para perseguir o caminho da fama. Há cerca de quatro anos, eles foram bater no Rio de Janeiro e, sob o sol que embeleza o Corcovado e bronzeia as garotas de Ipanema, entraram em sintonia com músicos e compositores cariocas e formataram uma promissora tentativa de alcançar a sobrevivência artística. Após temporadas bem-sucedidas em casas noturnas, a banda lançou o CD de estreia em 2007 e chamou a atenção da crítica especializada com uma festiva arquitetura sonora que combina samba, pop, funk e MPB.

E o próprio Wado manda avisar que João Paulo (o homem-Mopho) entrou em sua banda e também gravou músicas em seu próximo disco, que ele mesmo diz “é 70% afoxé” – e descola uma das músicas novas, mixada pelo Kassin: “‘É um medley de uma minha (‘Jejum’) com o clássico ‘Cavaleiro de Aruanda’ do Tony Osana, guitarrista argentino da banda que acompanhou Caetano”.

Boas notícias 🙂


Wado – “Jejum/ Cavaleiro de Aruanda

Titãs e Rick Bonadio = lixo

Sim, essa é o resultado da decana banda paulistana com o produtor dos Mamonas Assassinas e do CPM 22. É triste ver esse que já foi um dos grupos mais importantes da história do rock brasileiro chafurdando-se na lama alheia com tanto gosto. Vai tocar no rádio? Claro, porque é música da novela. Os caras vão ganhar dinheiro? Sim, essa é a especialidade da música produzida por Bonadio (não todas, afinal seu toque de Midas – um toque de merda, na minha opinão – funciona na base de atirar pra todos os lados, vai que pega em algum alvo).

Fico pensando no trabalho psicológico que cada titã deve fazer individualmente para continuar tocando músicas desse naipe – algo que deve ter começado na época do deprimente Acústico (lançado há DOZE anos): “A música é uma merda, mas eu estou nessa desde o começo, sou um titã, esse é o meu trabalho, não posso largar isso agora”. E isso bem depois da banda ter lançado um documentário coberto de elogios e tom nostálgico, A Vida Até Parece uma Festa.

Acredito que os Titãs poderiam lançar um disco bom (embora irrelevante – e aí está a chave do problema), mesmo sem Arnaldo, Nando e Frommer – se não fossem tão inseguros como foram ao chamar o Jack Endino para fazer o “disco grunge” dos caras, Titanomaquia. Mas nenhuma música do disco de 93 consegue ser tão deprimente quanto essa música nova. Eles vivem um dilema entre ser uma banda conhecida, rentável, popular e adolescente ao mesmo tempo. Se optassem por um esquema lo-profile, poderiam até lançar algo que preste. Mas, desse jeito, segue a teoria do Vlad de que o Titãs é tipo aquele tio gordo que, nas festas de família, grita “ah, eu tou maluco” e canta “Robocop Gay” no karaokê. Uma espécie de Márcio Canuto do rock.

Vale aquele papo de que um dos problemas do Brasil é que as bandas não sabem a hora de acabar.