Treze 03

, por Alexandre Matias

Coluninha nova no Rraurl…

1) “You Are the Music (Playgroup Remix)” – M Craft
O australiano Martin Craft (não confundir com o MSTRKRFT!) já havia composto uma pequena obra-prima oitentista, mas essa mão de verniz electro besuntada por Trevor Jackson (cadê o segundo disco do Playgroup?) deixa a deliciosa “You Are the Music” com ares de neo-Depeche Mode, algo impensável, mas executado à perfeição.

2) “Girls (Geht’s Noch? Edit)” – Prodigy
A primeira música do disco quase-solo de Liam Howlett é devidamente passada pelo picotador de papéis – o resultado são microloops que se rebatem entre si como se um fliperama 2D fosse uma pista de dança.

3) “Message Coco Mix” – Maquinado
Lucio Maia tirou as músicas que devem compor o disco de sua banda-solo (que a Trama lança ainda neste semestre) do MySpace e em seu lugar colocou um mashup de “Coco Dub”, da Nação Zumbi ainda fase Chico Science, com “The Message”, do Grandmaster Flash and the Furious Five. O resultado balança, chapa e bate forte – tudo ao mesmo tempo.

4) “Terminal Velocity (Blamma! Blamma! Remix) – Maximo Park
Mais um caso de um remix que dá sobrevida à canção – nesse caso uma vida, porque “Our Velocity” original do Maximo Park é daquelas musiquinhas de se colocar em seriado adolescente querendo um mínimo de glamour rock. Com a dupla inglesa, a música é devidamente microeditada e reconstruída, e os vocais de Paul Smith emitem poucas palavras inteligíveis e utilizados com um instrumento musical que suspira, engole e arfa. E de um rockinho sem graça, a música torna-se um electro épico, com pitch indo pro psy 😛

5) “Uptown” – Pleasure
O norueguês Fred Ball colocou seu Pleasure de volta à ativa como se fosse um filhote nova-iorquino do segundo disco do Daft Punk. É electro safra original, DNA de Arthur Baker em algum lugar da certidão de nascimento, glamour neon como se não existisse dia – e a noite, sempre uma festa, fosse regra.

6) “Ice Cream (Thee Bang Gang Deejays remix)” – New Young Pony Club
Aqui a palavra-chave é “reconstrução”. Se a música originalmente tem um ritmo grudento e uma guitarra que espeta o tímpano, depois da releitura, teve um trecho de seu refrão destroçado e transformado em loop e seu beat vertido pro electro clássico e a mesma guitarra que antes só marcava o tempo torna-se um ruído persistente ao fundo.

7) “Rock’n’Lol” – Acid Jacks
Eles citam George Michael e Sting como influências, mas o riscado aqui é uma versão mais robótica do bom e velho big beat. É quase uma profecia do Devo acontecendo em frente aos nossos ouvidos – uma banda de rock qualquer estagnada num refrão que limita-se a repetir “freedom of choice”, que empilha riffs e uma batida quadrada, até que torna-se eletrônico.

8) “Champagne Girl” – The Zuckakis Mondeyano Project
As referências citadas misturam artes plásticas com pós-modernidade, mas musicalmente estamos no território da Sugar Hill Records. Picaretagem? Qual é o problema? Siga o flow desses gringos enclausurados na Islândia e cante com a gente: “Chapagne, marmalade, caviar, crême brulée”!

9) “Chop Suey” – Busy P
Bum-chacalaca-bum! Chacalaca-bum! Bum-chacalaca-bum! Busy P é o alter-ego de Pedro Winter, também conhecido como o empresário do Daft Punk e dono da gravadora Ed Banger Records, a casa do Justice (os franceses que transformaram “Never Be Alone” do Simian em “We Are Your Friends”). O beat sinistro que é cantado logo no início da música leva o chamado French touch pro meio do baile funk – e quem não dança, segura a criança!

10) “Died in Your Arms (Drop the Lime Remix)” – Cutting Crew
Sim, a música é aquela farofona que tocava nas propagandas dos cigarros Hollywood, mas devidamente reeditada pelo senhor Luca Venezia, o produtor nova-iorquino de breakcore que também atende pela alcunha de Drop the Lime. Beats rebatidos entre os ouvidos como bordoadas eletrônicas, só resta identificar aquela guitarrinha característica e o refrão dramático (e brega): “I just died in your arms tonight…”

11) “Pogo (Radio Edit)” – Digitalism
Mais um tijolo na construção do império Kitsuné, “Pogo” é a primeira música do novo disco do Digitalism e, ao mesmo tempo, o primeiro passo da banda alemã para fora do circuito da eletrônica. A faixa, como o nome indica, vai pro lado do rock – mas nada muito agressivo. Longe disso, seu riff constante parece perfeito para atrair fãs de Bloc Party, TV on the Radio ou Modest Mouse perdidos na pista de dança.

12) “Club Action (Chris Bagraider’s Sailing to Baltimore Edit)” – Yo Majesty
Mais um grupo que aponta pra era de ouro do hip hop, as meninas do Yo Majesty fazem reverência tanto à velha escola (tem muito Sequence no jeito de cantar delas) quanto ao meio dos anos 80 (também tem cheiro de Salt’n’Pepa na mistura), mas a reedição feita por Chris Bagraider joga a elemental Enya na mistura (em seu hit mais clichê) e o resultado é surpreendente!

13) “A Day in the Life” – Captain
Cover da última música do clássico Sgt. Pepper’s, dos Beatles, que comemora quarenta anos no próximo mês de junho, “A Day in the Life” foi revisitada pelo grupo londrino Captain em um tributo organizado pela revista Mojo. Mais que uma reverência a um dos ápices de ousadia sonora dos Beatles ou uma reinvenção mutcholoca, a banda optou por um tratamento soft rock, posicionando a faixa no cânone que dá origem aos Flaming Lips e ao Mercury Rev.